“Preste atenção nas quinquilharias espalhadas pelas próximas páginas. São um verdadeiro tratado sobre como funcionam as memórias. Elas são fantasia. São traiçoeiras. Dançam conforme a música. A “festa americana” por onde andou o menino Beto não foi daquele jeito. Nunca saberemos o que se deu, porque o passado não existe mais. Mas a festa não acabou, cá nos neurônios. Esse menino encontra as palavras no presente para trazê-la de volta, imperfeita, engraçada, fazendo sentido. Contudo, as palavras não são a verdade. São mais do que isso – são a imaginação. Traduzem o que sentimos agora, pois o agora é tudo o que temos. Quem discorda, bem, que não leia crônicas. Não as do Beto, esse sacana que nos põe para andar numa loja de badulaques e achar tudo o máximo. Depois do passeio, só falta pedir para a gente lavar a louça suja que deixou na pia. Não duvidem.”
(José Carlos Fernandes)