TFG Bia Gama Apart Hotel Urbano um novo conceito de habitação para a terceira idade

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U NIVERS IDAD E FE D E R AL D O CEAR Á C U RS O D E A RQ UITE TUR A E UR BA N IS M O C E NTRO DE TE C N O LO G IA T R A B A L H O F IN A L DE G R A DUAÇÃO

POR

Beatriz Borges da Gama

O RI E NTAÇÃO

Prof. Dr. Ricardo Alexandre Paiva


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) G176a

Gama, Beatriz Borges da. Apart hotel urbano : um novo conceito de habitação para a terceira idade / Beatriz Borges da Gama. – 2016. 164 f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2016. Orientação: Prof. Dr. Ricardo Alexandre Paiva. 1. Idoso. 2. Moradia assistida. 3. Desenho universal. 4. Inclusão. 5. Turismo. I. Título.

CDD 720


B eatr i z B o rg es d a G a m a

Apar t Hotel Ur b an o _ UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PAR A A TERCEIR A IDADE

Tr a b a l h o F i n a l d e G r a d u a ç ã o a p res en tado como requisito para obtenção do tí tu l o d e A rq u i teto e U r b a n i s ta p el a U n iver s i d a d e Fed er a l d o C ea r á .

BAN CA E X A MI NAD O R A

___________________________________ Prof. Dr. Ricardo Alexandre Paiva O RI E N TAD O R CT - U FC

___________________________________ Profa. Dra. Zilsa Santiago PRO F E S S O R A CO N VI DADA CT - U FC

___________________________________ Arq. Ricardo Henrique Muratori de Menezes C O N VI DAD O

Aprovada pela banca examinadora em 18 de julho de 2016.


“Arquitetura pode comunicar memória, mas também pode comunicar valores e um sentimento de lugar.” [ Norman Foster ]


Dedico este trabalho a minha bisavó Helenita Mota, meu maior exemplo de resiliência e congregação de família e amigos.


Agradecimentos

Em primeiro lugar, sempre a Ele, arquiteto do mundo e da minha vida, a quem devo minhas forças nos momentos difíceis e meus agradecimentos nas minhas vitórias e à N. Senhora, minha mãe e intercessora maior; A meus pais e irmãos, por não me deixarem desistir nas dificuldades, por respeitarem meu tempo e amadurecimento e por serem minha maior inspiração. A meus pais por terem dado minha fé, que é meu porto-seguro, minha educação e meus princípios. Meu pai José Carlos Gama por ser meu maior exemplo de competência profissional com sua inteligência e visão de mercado, um referencial na área que escolhi seguir, mas antes de tudo por ser um grande pai. Obrigada por, apesar de ser um homem de poucas palavras, quando solicitadas, são sempre sábias e confortantes. Minha mãe Valéria Gama, por ser a minha maior companheira e incentivadora, além de ser a minha certeza diária de felicidade. Eu tenho a sorte de ter tido o apoio não apenas em palavras, mas também em atitudes, por isso, mãe, meu muito obrigada por cada vez que você deixou de dormir para me acompanhar nas noites de PAs e PUs de cada semestre para que eu conseguisse entregá-los a tempo e por me ajudar a levar tudo isso com mais leveza. A meus irmãos, por serem a mais linda mistura de caráter dos nossos pais. Ao meu irmão José Carlos Gama Filho, pelo carinho, interesse e preocupação constantes, por me orientar para o melhor caminho na minha vida pessoal e profissional e me ajudar a encarar os desafios com sua tranquilidade nata. À minha irmã Thaís Gama Medeiros, por sempre ter exercido o “cargo” de irmã mais velha com tanta facilidade, sendo a certeza de uma ajuda e de uma companhia para a vida toda e ainda sendo meu grande e eterno referencial de pessoa, mulher e profissional apenas sendo ela mesma, sempre tão dedicada, tão coerente e tão presente. Obrigada por ter confiado em mim para ajudar no projeto de seu apartamento. Não podia deixar de mencionar, a Melzinha, que nesses anos tem sido a minha parceira certa nas noites bem dormidas ou nas de projeto, por ser uma companhia silenciosa, mas que preenche nossa casa e nossos corações.


Aos meus cunhados que já estão em nosso convívio há tanto tempo e desde o colégio me acompanham, Marina e Raul, obrigada pelo apoio, torcida e carinho de sempre. Às minhas sobrinhas Malu e Mila, pelo simples fato de existirem e me darem o presente de ser tia. Mesmo ainda tão pequenas, são as responsáveis por muitos dos dias mais felizes da minha vida. À minha bisavó, meus avós ( Lleo, Berenice, Uirandé e Dolores ), tios e primos, pela torcida. Em especial em nome da Tia Ângela, pela presença e preocupação constante e Tia Germana, pelo engajamento com meu trabalho, desde a escolha do tema até a conclusão, opinando e pedindo que fosse, de fato, construído. A meu querido Jeferson Böes, pelo amor e parceria ao longo desses 3 anos e meio, em especial pela paciência e incentivo nessa reta final. À sua mãe e à sua avó que também em muito me ajudaram a chegar na escolha do tema e a entender a importância e impacto do mesmo. Um agradecimento especial a uma pessoa que sem me conhecer, me ensinou bastante: Cristiane D’Andrea, mentora do Hiléa, projeto de referência no meu tema, obrigada pelo material acerca do empreendimento, pelas indicações de livros e pelas agradáveis conversas acerca do assunto. Obrigada aos amigos que essa escola me deu, em especial, Camila Studart, Nayanne Guerra, Gisela Parente e Fernanda Zednik e aos que a arquitetura fortaleceu, em especial, Beatriz Fontenele, Isabela Castro, Matheus Serrano e Natalia Benevides. Vocês tornaram essa trajetória mais divertida e já saudosa. As amigas Danielle Nina e Isadora Pierre, por dividirem comigo a paixão por viajar, pelo riso leve e pela arquitetura. Pelo apoio mesmo que a distância.


Não poderia deixar de agradecer aos amigos não arquitetos, mas que diante da convivência sabem a dimensão de um PA/PU, conhecem termos arquitetônicos, me ouviram incansavelmente, entenderam minha ausência e me apoiaram sempre: Lara e Tiago Ximenes, Beatriz Adjafre, Eduarda Quinderé, Allan Vila Nova, Paulo Mota, Juliana Souto, Isabel Lobo e Mariana Barros e, em especial, ao Felipe Nobre e à Camila Caldas por não terem “soltado minha mão”. Sempre com palavras de apoio, confiança e incentivo durante todo o curso. Aos eternos chefes Anelise, Nathalie, Regina e Rafael, agradeço pelos dois anos de maior aprendizado que tive nessa trajetória, mas principalmente, junto com Roseli, pelo convívio prazeroso, incentivador e amistoso. Aos amigos de meu pai, Paulo Cunha e Eugenio Celso, que já os tenho como meus amigos por tanta ajuda que já me prestaram. Pelo apoio na prática de mercado e pelo acompanhamento de meu amadurecimento como aluna, sempre me incentivando. Obrigada por terem me recebido com as portas e os braços abertos em dias e horas quaisquer quando precisei. Ao professor Francisco Hissa, por todo o conhecimento de hotelaria que adquiri junto a ele. Obrigada por todas as palavras sempre tão sábias e humildes ao mesmo tempo. Ao professor Ricardo Fernandes, pelo belíssimo trabalho que tem realizado em nossa escola como coordenador, sempre tão prestativo, perfeccionista e acolhedor. Apesar de não ter sido sua aluna, levo muito dele e de suas opiniões comigo. À professora Beatriz Diógenes, ou como prefiro chamá-la Tia Bia, por ter sido uma mãe nessa casa me incentivando e me guiando com conselhos. Obrigada por dividir comigo a paixão pela História da Arte e da Arquitetura. À professora Márcia Cavalcante, pelos conselhos e sugestões para este trabalho, mas principalmente, pelos maiores ensinamentos que levo daqui, pelo incentivo constante nessa trajetória, por ter me ajudado a crescer como pessoa e como profissional ao seu lado. Você tem minha eterna gratidão e admiração como arquiteta, líder e mulher.


À professora Zilsa Santiago, ícone da nossa escola em Desenho Universal e acessibilidade, por não ter poupado esforços em transferir seus conhecimentos para esse trabalho, pelas agradáveis conversas sobre o tema e que sempre se estendiam sobre a vida. Muito obrigada por participar de minha banca; Ao arquiteto Artur Novaes, por ter aceitado participar da banca, mas que diante de imprevistos pessoais não pôde comparecer. Me deixou, no entanto, com outro grande nome da arquitetura de Fortaleza, Ricardo Muratori, a quem agradeço pelo aceite repentino e por enriquecer a banca com seus conhecimentos de mercado. Aos amigos Abner, Lana, Regina, Thaís e Jeferson pela ajuda e esmero com esse trabalho. Por fim, mas não menos importante, o meu muito obrigada ao Professor Orientador Ricardo Paiva, por ter aceitado esse desafio e se entusiasmado com o tema desde o primeiro dia. Por todo o apoio dado ao longo dessa fase final, mas principalmente, obrigada por ter se mostrado uma grande pessoa quando ainda no quarto semestre, em PA2, eu precisei de alguém que ouvisse minhas inseguranças na arquitetura e não apenas de um professor que cumprisse um roteiro de aula. Naquela ocasião, te agradeci com um trecho da escritora Martha Medeiros que diz: “Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo.”

Então, o meu muito obrigada ao Paiva e a todos que insistiram em mim para que eu chegasse no dia de hoje com a certeza de uma linda formação. Vocês se formam junto comigo.



Resumo

A carência de equipamentos acessíveis e assistidos para a terceira idade e para o público com deficiência em geral é um fato em Fortaleza. Assim, este projeto, caracterizado como um empreendimento para pessoas de renda alta, não busca ser a solução, mas uma alternativa de moradia com foco na terceira idade, buscando a integração com outros usuários. O projeto consiste em um equipamento de uso misto, envolvendo o setor hoteleiro e os setores de comércio/serviço, de esportes, de saúde e de oficinas de cursos. Esse programa de necessidades é decorrente de estudos sobre os anseios dos idosos e sobre a viabilidade econômica do equipamento. Vale salientar que o projeto segue os preceitos do Desenho Universal, visando aos usuários que estão marginalizados de muitos espaços da cidade. A ideia é que essas pessoas sintam que o equipamento foi pensado, desde o princípio, para elas, não que foram incluídas marginalmente no empreendimento. Para atender ao turismo convencional, mas também ao idoso como morador, o apart hotel conta com quartos e apartamentos (todos acessíveis), em um projeto estudado de forma modulada para que o mercado possa definir seu uso final. O projeto buscou uma solução que intermediasse as necessidades desse público específico com a exequibilidade para o empreendedor, buscando alcançar, assim, os indicadores urbanos exigidos por lei, mas garantindo espaços de qualidade para os usuários. O trabalho leva a uma reflexão sobre o tema e sua diversidade, questionando a atual produção imobiliária para esse público.

Palavras-chaves: Idoso, Envelhecimento, Integração, Inclusão, Socialização, Hotel, Apart-hotel, Moradia assistida, Habitação, Acessibilidade, Desenho Universal, Arquitetura.


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Apresentação

Sobre a terceira idade

Habitação para terceira idade

Gerontologia e Geriatria [ 20 ]

Resorts [ 54 ]

O idoso e a sociedade: do Global ao Local [ 24 ]

Sênior Co-housing [ 56 ]

[ 14 ]

O idoso e as patologias [ 36 ]

Lares [ 58 ]

O idoso e a violência [ 41 ] O idoso e a família [ 44 ] O idoso e as legislações [ 45 ] Acessibilidade e o Desenho Universal [ 47 ]

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Hotel urbano para terceira idade

Referências arquitetônicas

Hiléa [ 15 ]

Kennedy Square [ 00 ]

Lev Residencial [ 15 ]

Artsy [ 00 ]

Jan Van Der Ploeg [ 15 ]


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O empreendimento

O Lugar

O Programa

Conceito e Potencialidades [ 80 ]

O Bairro [ 88 ]

Programa de Necessidades [ 100 ]

Público-alvo [ 85 ]

O Terreno e o entorno [ 93 ]

Aspectos Econômicos [ 86 ]

A Legislação vigente [ 98 ]

8 O Projeto

Considerações finais

Memorial Justificativo [ 106 ]

[ 156 ]

Desenho técnico [ 115 ]

Referências bibliográficas [ 158 ]


Apresentação

Diante de dados do IBGE e da ONU que apontam o envelhecimento da sociedade e de fatos que mostram a carência de equipamentos de moradia, lazer e, principalmente, integração e desenvolvimento de idosos no Brasil, o presente trabalho se propõe a conceber uma solução arquitetônica com base em uma reflexão sobre este tema. O projeto é um apart hotel urbano, em Fortaleza, que atenda tanto ao turismo convencional quanto à necessidade de moradia assistida para a terceira idade. A proposta é que o edifício conte com equipamento de saúde, de esporte, de cultura e de lazer, em que os hóspedes e 14

moradores terão livre acesso, enquanto o público externo possa usufruir através de um programa de associados. Assim, por meio das visitas dos parentes, do convívio com os turistas e com os associados, o equipamento proposto surge como forma de promover o envolvimento do idoso com pessoas de todas as demais faixas etárias, aspecto fundamental para um envelhecimento saudável. Vale salientar que o projeto foi feito com base nos preceitos do Desenho Universal, trazendo para si mais uma “problemática” atual que é a necessidade urgente de projetos pensados nos usuários com deficiência ou mobilidade reduzida desde o princípio. Por se tratar de um tema ainda pouco estudado e com crescente desenvolvimento, o presente trabalho se mostra com enorme relevância para a sociedade refletir e buscar meios de garantir o direito dos idosos em todos os quesitos, desde o direito à moradia até o respeito a seus anseios e a suas necessidades.



Justificativa Em países europeus e nos Estados Unidos, a proposta de um apart hotel urbano como uma opção de moradia para a terceira idade é uma realidade. Ressalte-se que o tema, que reúne o conceito de moradia e centro de integração para a terceira idade, constitui importante programa arquitetônico na contemporaneidade, uma vez que o índice de envelhecimento já é apontado como crescente no Brasil, sem previsão, em contrapartida, de propostas espaciais e infraestrutura edilícia diante para as novas demandas. O momento do desapego do lar é complicado para o idoso e para os de seu convívio, mas se, por qualquer motivo, revela-se necessária essa decisão, ter a opção de estar inserido no contexto urbano, em ambientes especialmente projetados para as suas necessidades, diminui a angústia do idoso e da família nesse momento, oferecendo a esperança de uma vida confortável e assistida material e socialmente.

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Em um momento no qual a vida na cidade se torna cada dia mais acelerada, a opção ora apresentada surge como mantenedora e facilitadora de laços, por estar localizada em região estratégica da cidade, perto do trabalho, da escola ou da casa da família, incentivadora da independência dos idosos, ainda que pequena, por estar perto de mercadinhos, centros comerciais e farmácias, além de tranquilizadora, por assegurar o acompanhamento profissional médico específico para cada idoso, bem como suas atividades sociais e físicas. Além do convívio com os hóspedes nas áreas comuns do hotel e nos cursos (dança, academia, natação, artes, tricô, clube leitura, entre outros), que podem ser frequentados pelo idoso morador, pelo turista e por pessoas externas associadas, há também o serviço 24hs de hotel que permite a visitação a qualquer momento. O tema proposto funcionaria de forma que uma porcentagem dos quartos do apart hotel estaria destinada a esse público alvo fixo, com apartamentos flexíveis que pudessem ser adaptados à necessidade de cada idoso, por exemplo o acompanhamento de cuidador, quarto extra para um membro da família ou casal de idosos, entre outras necessidades, inclusive físicas. Os quartos restantes estariam destinados ao turismo convencional. Nesse quesito, o tema se mostra inovador e desafiador. Como o projeto foi pensado de forma modular, torna-se ainda mais flexível essa mudança, entre o que será quarto convencional de hotel e o que será apartamento.


Assim, foi escolhido um terreno no bairro perto da Praia de Iracema, para que se pudesse aproveitar o visual e o uso da praia, ponto forte da cidade de Fortaleza no quesito turismo, mas que também estivesse em um centro urbano caracterizado por distâncias curtas para se atingir equipamentos culturais, de saúde e de lazer para o turista, mas principalmente para o idoso, visando seu sentimento de independência. Dessa forma, ao propor um conceito de moradia para idosos com apoio médico profissional e as condições de socialização sem perder a individualidade, privacidade e independência, mesmo que já reduzidas pelo estágio avançado da idade, proporciona-se um envelhecimento com mais qualidade de vida. Além disso, configura-se uma dinâmica mais interessante ao edifício, que disporá de usos e públicos mistos. Não somente o Estado do Ceará, mas o Brasil, apresenta uma enorme deficiência em serviços para esse público alvo, razão pela qual o presente trabalho contribui positivamente para a sociedade, ainda que seja para a reflexão acerca do tema, sua diversidade de soluções e a urgência de explorá-lo. Um projeto como esse, sendo efetivado, traria para a sociedade um novo conceito de morar e envelhecer, com saúde e acessibilidade. Para a cidade, concretizaria uma nova proposta de edifício, promovendo a inovação e o pioneirismo, ao mesclar moradia para terceira idade com turismo convencional e abrir alguns setores para o público externo. Seria também uma referência nacional por estar inserido integralmente no Desenho Universal. Para mim, como aluna graduanda, esse trabalho permitiu enxergar na carência do mercado, a necessidade de uma arquitetura que ampliasse e qualificasse as opções que os idosos têm de morar e de vivenciar a cidade. Além disso, permitiu um amadurecimento arquitetônico, ao superar os desafios de trabalhar com esse público alvo, que requer tantas especificidades, manejando constantemente conceitos dicotómicos, como: oferecer privacidade, mas também integração, apresentar caminhos seguros, mas também estimular a transposição de obstáculos, respeitar a individualidade de cada usuário, mas garantir o padrão de um hotel, entre outras questões, que serão enfrentadas pela gestão do equipamento, mas, antes de tudo, foram pensadas arquitetonicamente.

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Objetivo Geral Conceber um projeto arquitetônico de um apart hotel urbano voltado para as funções residenciais e meios de hospedagem, atendendo, concomitantemente a demanda de moradia para idosos e oferta de hotelaria para o turismo convencional. Propõe-se um edifício híbrido que agregue usos distintos como residencial, hospedagem, comércio e serviços, considerando a importância de assegurar o respeito e a dignidade do idoso enfatizando o desenho universal.

Objetivos Específicos •

Elaborar um projeto que agregue comércios e serviços ao empreendimento proposto a fim de reunir públicos diversificados propiciando a integração com

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a cidade e o convívio de todos os usuários, além de estimular o uso da cidade em horários diferentes; •

Projetar espaços de permanência, de passagem e de contemplação;

Respeitar o entorno e dialogar com o mesmo;

Atender o desenho universal.


Metodologia Os estudos foram iniciados por uma análise da situação das pessoas idosas de uma perspectiva global à local, por meio de dados da ONU e do IBGE. Foi necessário um estudo de demanda para estimar a capacidade do equipamento e entender melhor o usuário. Concomitantemente, ocorreu um entendimento melhor das necessidades, das doenças mais costumeiras, dos pensamentos e das vontades do público em estudo através de conversas com alguns idosos, com cuidadores e com familiares que convivem com eles, além de fontes bibliográficas de psicologia, de medicina, de gerontologia e de geriatria. Ocorreu também uma visita a uma instituição que recebe idosos para passar o dia chamado CITI. Em seguida, foram analisados projetos de referência de hotéis e de moradias para terceira idade e buscou-se agregar seus valores positivos. O objetivo era traçar um programa de necessidades que atendesse aos anseios de todos os envolvidos e um bom projeto arquitetônico para a cidade e para seus usuários. Localizou-se um terreno que permitisse a independência do idoso, mesmo que limitada, e que fosse também atrativo para o turista. Analisou-se seu entorno, no intuito de respeitá-lo, absorvendo características e necessidades do local. Em seguida, foi estudada a legislação que ampara o idoso no Brasil, para cumprir com todas as normativas referentes à terceira idade. Temas como habitação segura e a norma de acessibilidade foram bastante aprofundados, pois durante todo o trabalho, os ambientes foram planejados levando em conta as especificidades de cada idoso, seja cego, surdo, obeso, ou cadeirante, por exemplo, buscando, assim, um projeto que atendesse ao denominado Desenho Universal.

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Sobre a terceira idade

1 1.1 Gerontologia e Geriatria Com o recente, gradativo e generalizado processo de inversão da pirâmide etária, surgiram áreas especializadas para estudar o idoso: a Geriatria, como uma especialidade médica que estuda as patologias, e a Gerontologia, como uma área da ciências que abrange o processo do envelhecimento de forma mais ampla, analisando as doenças, mas também o psicológico, a família, a cultura e até a história do indivíduo.

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“A gerontologia configura-se, portanto, como uma ciência multidisciplinar e, predominantemente, orientada para o social. Ela se propõe a rever aspectos que se referem, também, a situações familiares e satisfação vivencial, além de problemas de aposentadoria, habitação e institucionalização.” (FRAIMAN, 2004, p. 20)

Envelhecer é um processo natural e inerente a toda espécie desde os primórdios. Ainda é, no entanto, um tema pouco discutido e, por isso, imbuído de medos e conflitos. “Longe de ser estável, a meia-idade é um período altamente conturbado por mudanças biológicas, fisiológicas, afetivas e sociais. Umas são previstas e estão ao alcance da decisão das pessoas. Outras são imprevistas e independem da vontade. Esta nova fase da vida exige que a pessoa se readapte, não só ao mundo social, como também à imagem que tem de si própria.” (FRAIMAN, 2004, p. 125)


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UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

De acordo com Santana e Santos (2012) existem várias teorias biológicas sobre o envelhecimento, como a imunológica, a do uso e desgaste, a dos radicais livres, a neuroendócrinas, a genética. Assim como várias teorias psicológicas e sociológicas. Isso mostra que o envelhecimento é um fenômeno multidimensional e ainda com opiniões diversas. Percebem-se contradições até nas terminologias e conceitos usados: velho versus idoso versus terceira idade versus melhor idade versus idade de ouro ou ainda velhice versus envelhecer, entre outros. Para alguns estudiosos, idoso é o que atinge uma certa idade, mas não necessariamente se caracterizando como velho. Outros consideram velho, a pessoa que já não é mais economicamente ativa, há ainda aqueles que conceituam a velhice como a limitação da independência. Há ainda os que frisam que tudo isso é ser velho, mas não idoso. Há, também, aqueles que consideram o velho, o mais rico de experiências. De acordo com Fraiman (2004), os conceitos de idade variam em: 22 Š

Idade cronológica: medida abstrata, criada principalmente em função de prá-

ticas administrativas; Š

Idade biológica: ocorre desde o momento que se nasce, está relacionada ao processo que o corpo sofre;

Š

Idade social: determinada por regras e expectativas sociais, categoriza as pes-

soas em termos de direitos e deveres que têm como cidadãos relacionadas às idades cronológicas e biológicas. Š

Idade existencial: é a menos levada em consideração para fins sociais, econô-

micos e administrativos dentro do nosso sistema de política social. Refere-se à somatória de experiências pessoais e de relacionamentos, da riqueza vivenciada, refletida e acumulada ao longo dos anos.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), nos países desenvolvidos a pessoa é considerada idosa a partir de 65 anos de idade, enquanto nos países em desenvolvimento a partir de 60 anos.


SOBRE A TERCEIRA IDADE

Diante de tantos parâmetros para o termo, foi preciso definir que, para esse estudo, será abordado o conceito legal do Estatuto do Idoso, que assim é chamado aquele a partir de 60 anos. Vale ressaltar que muitas pessoas dessa idade, atualmente, são totalmente independentes, são livres de patologias comuns ao estágio avançado da vida e ainda são economicamente ativas, indo de encontro aos demais conceitos e evidenciando a necessidade de uma modernização da legislação. A decisão de seguir com o conceito legal foi pela praticidade na obtenção de resultados junto ao IBGE, OMS e a ONU, por exemplo. Vale salientar que os termos serão usados como sinônimos e livre de qualquer significado pejorativo. Afinal, acredita-se que essa é uma mudança de mentalidade que deve iniciar o quanto antes como forma de respeito e educação para que um dia se possa de fato usar esses termos sem paradigmas e com orgulho. A Gerontologia vem contribuindo bastante nessa questão socioeducativa de mudança cultural acerca do conceito de idoso/velho e nos mitos de envelhecer. Nessa área, a velhice não é vista como uma fase de decadência do ser humano, com patologias e problemas para a família e para a sociedade, mas sim como um processo natural que deve ser estudado pelo próprio idoso e pelos que convivem com ele, pois ao compreender melhor o processo de envelhecimento, as perdas e os ganhos, passa-se a entender o que o outro está vivendo e assim, respeitar seus novos limites.

FIGUR A 01

À esquerda, elementos presentes na promoção de bem-estar ao tornar-se idoso. À direita, Elementos presentes na identificação de mal-estar ao ser velho Fonte: Santana, 2004

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UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

1.2 O Idoso e a Sociedade: do Global ao Local “As ciências sociais começaram a criar um campo específico para pensar e produzir conhecimento acerca dos idosos. Isso só ocorreu, conforme afirmam Moraes e Barros (2003), porque na década de 1960 surgiu um novo fenômeno: o rápido aumento da população de mais de 60 anos, fazendo com que os idosos se tornassem um problema social, o que afetou a estrutura financeira das empresas.” (FIGUEREDO et al., 2012, p. 10).

De acordo com estudos da ONU, o processo de inversão da pirâmide etária está presente em muitos países, isso significa que o número de pessoas idosas está crescendo em ritmo maior que o número de pessoas que nascem. As perspectivas para 2050, segundo a ONU, é de 2 bilhões de idosos o que representa 20% da população mundial. 24

“Apesar da maior duração de vida, o relatório mostrou que não há evidências de que os idosos dessa geração tenham uma vida mais saudável do que a de seus antepassados. As pessoas que vivem de forma mais saudável costumam ser as de classe alta. De acordo com o diretor do departamento de Envelhecimento e Ciclo de Vida da OMS, John Beard, “lamentavelmente os 70 anos ainda não parecem ser os novos 60, mas poderiam e deveriam ser”. (ONU, 2015).

Os investimentos de governo devem, portanto, acompanhar essa mudança de perfil da sociedade, para evitar que ser idoso se transforme em um “problema”. É necessário que as cidades e suas atividades se adaptem à nova realidade visando o respeito a esse público. “Em relação aos países da América Latina, o Brasil assume uma posição intermediária com uma população de idosos correspondendo a 8,6% da população total. Mas, a região latino-americana apresenta uma grande diversidade, com a proporção de idosos variando de 6,4% na Venezuela a 17,1% no Uruguai. As populações européias apresentam, caracteristicamente, proporções mais elevadas, com os idosos representando algo em torno de 1/5 da população de seus países”. (IBGE, 2002, p.12). “A América Latina é uma das regiões mais envelhecidas do mundo. “O envelhecimento e pessoas idosas não são o problema, mas a perda de 10


SOBRE A TERCEIRA IDADE

FIGUR A 02

Proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade em países selecionados. Fonte: biblioteca.ibge.gov.br

anos de vida saudável como consequência dos nossos sistemas de saúde e segurança social não estarem preparados, sim”, afirmou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne. O relatório destaca ainda que enquanto alguns países europeus demoraram 150 anos para se adaptar ao aumento de 10 a 20% da população idosa e lugares como o Brasil terão que se adaptar em menos tempo – um pouco mais de 20 anos.” (ONU, 2015).

Frisando que a citação e o gráfico acima são referentes ao ano 2000, por falta de atualização desse estudo no IBGE, serve, no entanto, para dar um panorama mundial. “Em 2020 teremos pela primeira vez na história o número de pessoas com mais de 60 anos maior que o de crianças até cinco anos”, reportou a OMS em uma série sobre saúde e envelhecimento na revista médica The Lancet”. (ONU, 2010).

Medidas a nível global já estão sendo tomadas, no sentido de propor políticas específicas para essa faixa etária. De acordo com uma matéria da ONU, a Assembleia Geral convocou a 1ª Assembleia Mundial sobre Envelhecimento em Viena em 1982. Em 1991, adotou o Princípio das Nações Unidas em Favor das Pessoas Idosas. Em 2002, ocorreu a 2ª Assembleia Mundial sobre Envelhecimento, em Madrid, em que foram aprovados dois documentos principais: uma Declaração Política e o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento de Madrid. Segundo a ONU, os documen-

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UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

tos incluíam compromissos dos governos para desenvolver e implementar medidas para enfrentar os desafios colocados pelo envelhecimento. Com mais de 100 recomendações, os documentos baseavam-se em três temas prioritários: pessoas idosas e desenvolvimento; promoção da saúde e bem-estar na velhice; e assegurar ambientes propícios e favoráveis. A partir daí era responsabilidade das comissões regionais das Nações Unidas adaptar o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento em planos de ação regionais que refletissem as especificidades demográficas, econômicas e culturais de cada região. O Plano visa mudanças de atitudes políticas e práticas em todos os níveis para respaldar o processo de envelhecimento no século XXI. “Uma sociedade para todas as idades possui metas para dar aos idosos a oportunidade de continuar contribuindo com a sociedade. Para trabalhar neste sentido é necessário remover tudo que representa exclusão e discriminação contra eles. ” (ONU, 2002, p. 14).

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No âmbito nacional, a taxa de crescimento de pessoas idosas é analisada através da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) do IBGE. Em 2009, esse estudo relatou 21 milhões de pessoas de 60 anos ou mais. O gráfico abaixo, além de retratar o crescimento dessa população, apresenta os mesmos dados acerca dos idosos de 65 anos ou mais (idade para a velhice em países desenvolvidos), agregando valor ao estudo pela possibilidade de comparação com estes países. “De acordo com último Censo Demográfico, feito em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil considerado um país jovem, conta com mais de 20 milhões de pessoas idosas (maiores de 60 anos). Estimativas apontam que serão 32 milhões de idosos no país em 2025, deixando o Brasil em sexto lugar no ranking de países com maior número de idosos no mundo.” (FIGUEREDO; SANTOS; TAVARES, 2012, p. 3).

É possível ainda traçar um resumo do perfil socioeconômico do idoso, em que a maioria é mulher e branco. 64,1% ocupam papel de pessoa de referência de domicílio (antigo “chefe de domicílio”, termo usado em pesquisas anteriores do IBGE, mas que caiu em desuso). A escolaridade dos idosos brasileiros ainda é baixa, além disso quase a metade (43,2%) vive com apenas 1 salário mínimo e 66% já são aposentados, conforme gráfico abaixo.


SOBRE A TERCEIRA IDADE

F IGUR A 03

Proporção de idosos de 60 anos ou mais e de 65 ou mais de idade – Brasil – 1999/2009. Fonte: IBGE (2009)

F IGUR A 04

Pessoas de 60 anos ou mais de idade, segundo algumas características – Brasil - 2009. Fonte: IBGE (2009)

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UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Com essa revolução demográfica apontada nos dados, são necessárias alterações nas pensões pagas no Brasil ou novas políticas fiscais que acompanhem e amparem a nova situação populacional, além de reestruturação no sistema de saúde e desenho urbano. É preciso repensar a cidade e suas políticas e oferecer facilidades para o público idoso. “Se hoje 12% da população total brasileira é composta de idosos, uma das menores do mundo, o país, em contrapartida, possui uma das pensões previdenciárias mais altas do mundo, equivalente a do Japão, onde 39% da população tem mais de 60 anos. Por essa razão, o estudo acredita que o Brasil terá um dos mais graves impactos fiscais da região no futuro”. (ONU, 2014).

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FIGUR A 05

Distribuição percentual da população projetada, por grupos de idade – Brasil – 2020/2060. Fonte: IBGE (2013)


SOBRE A TERCEIRA IDADE

FIGUR A 06

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais de idade, segundo o sexo, a cor ou raça, a situação do domicílio e a condição no domicílio - 2012. Fonte: IBGE (2013)

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FIGUR A 07

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais de idade, segundo os anos de estudo, a previdência, o rendimento mensal de todas as fontes e o rendimento mensal domiciliar per capita – Brasil - 2012. Fonte: IBGE (2013)


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

A nível estadual, os dados do IBGE mostram que, em 2030, mulheres acima de 60 anos representarão 10,31% (Brasil) e 9,15% (Ceará), e homens 8,31% (Brasil) e 7,1% (Ceará), enquanto que, em 2015, mulheres acima de 60 anos representam 6,54% (Brasil) e 6,0% (Ceará) e homens 5,2% (Brasil) e 4,6% (Ceará) |V ER GR ÁF ICOS NA PÁG INA 31| . Urge, assim, que, os brasileiros mudem seus olhares para o bem-estar dos idosos de seu convívio.

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FIGUR A 8

Comparativo das pirâmides etárias 2000-2030 – Exibindo os anos de 2015 e 2030. Fonte: IBGE (2015)

FIGUR A 9

Evolução dos grupos etários a nível nacional e estadual e um comparativo dessa evolução. Período: 2000 e 2030 - Brasil e Ceará. Fonte: IBGE (2015)


SOBRE A TERCEIRA IDADE

Com a comparação dos mapas do Ceará a seguir, percebe-se o aumento da terceira idade no estado. Em 10 anos, todos os municipios revelam um crescimento e o mapa se torna predominantemente vermelho (acima de 9%). Ressaltando que Fortaleza também demonstra o aumento dessa faixa etária saindo do amarelo (até 6%) para o laranja claro (6,01% a 7%). Em 2012, a cidade de Fortaleza foi escolhida juntamente com a de João Pessoa como as melhores cidades do Brasil para se viver na aposentadoria, levando em conta custos e qualidade de vida. A pesquisa é realizada pela organização internacional International Living que faz anualmente esse ranking. De acordo com essa organização, Fortaleza foi escolhida pelas belas praias, excelentes restaurantes, pela vida noturna agradável ao público da terceira idade, além de atender a todos os gostos com sua modernidade, atrativos naturais e históricos e o maravilhoso e constante clima.

2 000

2010

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FIGUR A 10

Comparativo do percentual da população com idade acima de 64 anos - 2000-2010. Fonte: IPECE (2010).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Com a tabela ao lado do Censo de 2010 do IBGE consegue-se ter uma ideia da representatividade do idoso na população de Fortaleza. A partir de dados da tabela ao lado apreende-se que há 237.775 pessoas acima de 60 anos em Fortaleza, que possui 2.452.185 habitantes, de acordo com censo do IBGE 2010, o que representa em torno de 9,7% da população. O perfil do idoso já observado em escala mundial e nacional, de que há mais mulheres do que homens, repete-se novamente em dados locais, com a sua devida proporção. Vale salientar que há diferença no perfil no idoso (também guardadas as devidas proporções), quando analisado o aspecto socioeconômico, registrando-se, por exemplo, um aumento expressivo de morbidade nos de classe mais baixa, obviamente devido a uma jornada de trabalho mais árdua e assistência à saúde mais precária.

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Isso revela que os dados apresentados servem para uma contextualização geral do que vem ocorrendo, do global ao local, mas deve-se lembrar que o perfil apresentado pode variar, conforme o quesito de descriminação escolhido, como o poder aquisitivo ou a região analisada, na forma explicada pela citação abaixo. Assim, embora o processo de envelhecimento seja mundial, como já foi mencionado, não cabe uma generalização do perfil do idoso. “Existem múltiplas velhices; tantas como sociedades, culturas e classes sociais (STUART; LARAIA, 2001. aput OLIVEIRA, 2012, p. 220). “Nas sociedades pré-industriais, os idosos chegaram a ocupar papéis importantes. Detentores do poder econômico, usufruíam de um considerável respeito, que lhes garantiu posições de conselheiros do grupo familiar, guardiões dos valores morais, juízes e muitas outras funções socialmente reconhecidas.” (SALGADO, 2004, p. 13).

Depois desse breve panorama com os dados da realidade e das projeções da população, cabe uma reflexão sobre a citação acima e o papel da terceira idade nas sociedades. Além dos fatores já mencionados, a participação do idoso muda também com o tempo. “Pode-se considerar que, nessa época, a velhice, não era apenas um tempo de vida. Pelo contrário, era um valor caracterizado pela experiência, determinando, inclusive, grande ascendência moral sobre os grupos de jovens das sociedades.” (SALGADO, 2004, p. 13).


SOBRE A TERCEIRA IDADE

FIGUR A 11

Pirâmide Etária – Fortaleza/Ceará/Brasil Fonte: IBGE (2010).

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FIGUR A 12

Números da Pirâmide Etária – Fortaleza/Ceará/ Brasil. Fonte: IBGE (2010).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

A ideia exposta na citação acima é realidade até hoje no Japão. Essa cultura forte e milenar de respeito ao idoso é exemplo que deveria ter sido seguido por todas as sociedades. Para os japoneses, as decisões da casa devem antes passar pelo ancião, assim como no destino político, o qual envolve muitas consultorias aos idosos. A pessoa mais velha é sinônimo de sabedoria, e sua vasta experiência é bastante enaltecida. Os jovens se orgulham de seus membros mais velhos. Todavia, na maioria das demais culturas, no entanto, o capitalismo aparece nos estudos como o principal causador da desvalorização do idoso na família e na sociedade atual. Abaixo, seguem citações de livros diferentes expondo essa ideia. “No entanto, é quase certo dizer que os idosos em nossa sociedade estão marginalizados. Estão excluídos da produção contra sua vontade, pois não conseguem emprego; tornam-se pouco consumidores porque não tem dinheiro; consomem recursos da saúde porque adoecem, e adoecem mais porque não tem recursos para cuidar da saúde. Falar em velhice em nossa sociedade é sinônimo de morte, sofrimento e abandono. Essa sociedade marcada pela corrida ininterrupta pelo acúmulo de bens e posição social rejeita o idoso à medida que ele não oferece mais a sua

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produtividade.”(OLIVEIRA, 2012, p. 209). “A perda de status dos idosos está diretamente relacionada com o desenvolvimento e a característica de priorizar a produção como o grande, senão o maior, valor humano. É a mística de que valemos mais pelo que produzimos do que pelo que, efetivamente, somos. Dessa concepção resulta a tendência de os homens velhos e economicamente inativos, sejam considerados, socialmente, mortos e banidos das esferas de poder.” (SALGADO, 2004, p. 13).

Com o aumento da população idosa no Brasil e as modificações das famílias brasileiras pela diminuição da natalidade, aumento da longevidade, ingresso crescente das mulheres no mercado de trabalho e, somando-se a tudo, poucas ações do poder público para acompanhar essas mudanças e respaldar os idosos e suas famílias, instalase hoje, um sentimento de culpa em algumas famílias, por não poder cuidar de seus idosos ou ocasiona situações de abandono e descaso. “Os idosos também estão sob a responsabilidade do Estado, e não só das famílias e/ou agências filantrópicas.” (FIGUEREDO; SANTOS; TAVARES, 2012, p. 5).


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É necessária uma ação conjunta da sociedade e do governo para que o Brasil respeite os mais velhos, com projetos em todos os âmbitos (política, saúde, segurança, trabalho, entre outros), mas principalmente uma mudança cultural de valorização do idoso. Esse trabalho se justifica exatamente nessa necessidade de mudança. Com todo o estudo feito, foi possível perceber o quão amplo é o universo do idoso, motivo pelo qual o projeto tem como parâmetro estar inserido no Desenho Universal, programa de necessidades diversificado, e oferecer plantas flexíveis, para atender a uma maior gama de especificidades e anseios de cada usuário. “O envelhecimento ocorre de forma individual e ainda precisa ser repensado na sociedade brasileira, porque a velhice tem representações (imagens, ideias), configurações e valores diversos, ainda não incluídos nas práticas e/ou na produção de conhecimento.” (FIGUEREDO; SANTOS; TAVARES, 2012, p.4).

É notório também o quão falha é nossa sociedade e nossa cidade com os idosos. Assim, o projeto tem imbuído no seu conceito a inserção do idoso na cidade, proporcionando uma relação com a sociedade por meio do programa de necessidades e do estímulo de sua independência, evitando, assim, a alienação e o aceleramento do envelhecimento, além de oferecer mais qualidade de vida com uma estrutura urbana e arquitetônica planejada para eles, que ofereça facilidades, ao invés de marginalizá-los com barreiras. “A forma de cuidar dos idosos envolve a criação de motivos de atenção não só da saúde, mas também da produção. Eles precisam ser e se sentir úteis de alguma forma, e isso precisa ser estimulado na cultura brasileira.” (FIGUEREDO; SANTOS; TAVARES, 2012, p. 7).

Acredito também que um equipamento como o proposto, inserido no contexto urbano, além dos benefícios para a terceira idade que já foram citados, funcionaria como um convite aos turistas, aos usuários das áreas comuns e aos transeuntes da cidade para conviver e entender sobre esse público, ajudando, portanto, nessa mudança de mentalidade e quebrando paradigmas e preconceitos contra o idoso.

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1.3 O Idoso e as Patologias As doenças que acometem os idosos podem ser ocasionadas por fatores biológicos, mas também psicológicos e sociais, ou seja, a renda, a participação na sociedade e no mercado e o poder de decisão são tão importantes para a saúde quanto os problemas relacionados à perda de mobilidade, de visão, de audição e demais doenças que podem vir com a idade. Sabe-se que muitas pessoas, quando alcançam a idade da aposentadoria, reduzem seu padrão de vida, pois passam a depender somente da previdência social como fonte de renda, privando-os da oportunidade de adquirir novos bens, investir no conforto, medicamentos, atividades físicas, entre outras privações. A renda afeta, assim, diretamente a saúde e as condições de vida, podendo impossibilitar investimentos na saúde como prioridade ou até resultar em um quadro de depressão.

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“Infelizmente, os recentes aumentos dos benefícios da previdência social no Brasil ainda não têm acompanhado o custo de vida e as necessidades básicas dos idosos. Qualquer economia pessoal ou familiar pode ser prejudicada por um simples, porém catastrófico, problema de saúde.” (SILVA, 2012, p.57).

A não participação e a retirada de poder de decisão dentro de casa, no trabalho e na sociedade são fatores igualmente importantes para acelerar o processo de envelhecimento. O sistema capitalista em que se vive é o principal causador desse aspecto, pois cobra da sociedade o máximo de produtividade e lucro. É como se o indivíduo que não produzisse, não tivesse mais seu valor para a comunidade. O que se perde de vista, no entanto, é que essa pessoa já foi ativa e já contribuiu demais e, no seu atual momento, o idoso tem outras formas de contribuição e participação pouco exploradas na cultura brasileira. A respeito das patologias de origens biológicas, maiores são as chances de se contrair uma doença crônica, como hipertensão, doença de coluna, artrite ou reumatismo, doença de coração, diabetes, depressão, asma, tendinite, insuficiência renal, entre outras com o avanço da idade. “Na maioria dos países das Américas do Sul e do Norte, as doenças crônicas estão entre as oito maiores causas de mortalidade de idosos e também lideram as estatísticas de causas de morbidade.” (UNITED STATES, 1999. aput SILVA, 2012, p.60).


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FIGUR A 13

Proporção de pessoas de 60 anos ou mais de idade que declararam sofrer algum tipo de doença crônica, segundo os principais tipos – Brasil - 2008. Fonte: IBGE (2010).

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Um estudo do IBGE titulado como “Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2010” relata que 77,4% dos idosos apresentam doenças crônicas e desses, 48,9% afirmam que possuem mais de uma. “Pode-se dizer que envelhecer sem doença crônica é uma exceção, entretanto ter a doença não significa necessariamente exclusão social. Se o idoso continua ativo na sociedade, mantendo sua autoestima, é considerado “saudável” pelos estudiosos. Nas avaliações sobre o seu estado geral de saúde, os idosos, além de considerar propriamente a doença, levam em conta, também, sua participação na sociedade.” (IBGE, 2013).

Considerando isso, o IBGE, ampliou sua pesquisa perguntando a opinião própria do idoso que sofria de alguma dessas doenças sobre sua saúde. O resultado foi de 45,5% declarando que considerava sua saúde boa ou muito boa. Os dados revelam ainda que os 12,6% que afirmam ter seu estado como ruim ou muito ruim, em sua maioria possuem renda mais baixa e/ou possuem mais de 75 anos.


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FIGUR A 14

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais de idade, por percepção do próprio estado de saúde, segundo algumas características – Brasil – 2008. Fonte: IBGE (2010).

Deve-se, portanto, desmistificar a associação de idoso com doença e, incentivar sua autonomia e independência, ainda que limitadas, pois restou demonstrado que esses fatores também são essenciais para um envelhecimento sadio. Urgem, assim, novas exigências em termos de políticas públicas de saúde e meios de inserir de forma ativa os idosos na vida social. Dando continuidade às pesquisas, o IBGE considera o parâmetro para incapacidade funcional a inabilidade de caminhar 100 metros, dificultando, por consequência, a realização de muitas atividades de vida diária (AVD), que são as atividades referentes ao próprio corpo, como comer, banhar-se, vestir-se, ir ao banheiro, entre outras. Na pesquisa de 2008, os dados revelam que as mulheres (15,9%) tem mais dificuldades de caminhar do que os homens (10,9%) pelo fato de elas terem expectativa de vida maior (77anos) que eles (69 anos). Aponta também que os idosos de renda mais alta possuem menos dificuldades, graças a melhores serviços de apoio. O estudo frisa ainda que os resultados crescentes para esse índice de incapacidade funcional são justificados exatamente pelo aumento de expectativa de vida.


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FIGUR A 15

Distribuição percentual das pessoas de 60 anos ou mais de idade, por capacidade de andar 100 metros, segundo algumas características – Brasil - 2008. Fonte: IBGE (2010).

“O comprometimento da capacidade funcional do idoso tem implicações importantes para a família, a comunidade, o sistema de saúde e a vida do próprio idoso, uma vez que a incapacidade ocasiona maior vulnerabilidade e dependência.” (SILVA, 2012, p.62). “As estratégias das políticas no Brasil passaram por uma importante reorientação no início da década de 1990, com a implementação de ações de prevenção e promoção de saúde. Somente em 1994 foi lançado o Programa Saúde da Família, que, além das ações de prevenção, inclui a recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes. Este programa prevê implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde, responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada”. (IBGE, 2013).

A partir de então, foi realizada uma pesquisa para levantar dados sobre o cadastro do domicílio no programa saúde da família ou em planos de saúde particulares, e o resultado foi de 32,5% dos idosos (um número expressivo, segundo o IBGE) não possuíam

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nenhum dos dois. Na região Nordeste, a pesquisa apontava que 67,8% dos idosos em geral estavam cadastrados nesse programa. A porcentagem do gráfico abaixo é referente aos domicílios cadastrados: o Nordeste possui 35,4%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, embora as pessoas estejam vivendo mais, isso não significa que estejam envelhecendo de forma saudável. Para tanto, são necessárias reformas no sistema de saúde e de assistência social, mas também outras medidas para melhorar a qualidade de vida dos idosos. “São necessárias estratégias para melhorar a prevenção e o gerenciamento de condições crônicas, disponibilizando cuidados de excelência acessíveis a todos os idosos, levando em consideração o ambiente físico e social.” (BEARD, 2014).

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Diante desses dados, o projeto do presente trabalho tem como objetivo e responsabilidade oferecer qualidade de vida através de ambientes e caminhos que estimulem a independência e a segurança física e emocional do idoso, além de espaços voltados diretamente para a saúde, como o setor de esportes e o de clínicas médicas. O próprio conceito de instalar o equipamento em um meio urbano também favorece o envelhecimento sadio, como já foi justificado por estudos.

FIGUR A 16

Distribuição dos domicílios particulares permanentes cadastrados no Programa Saúde da Família, por Grandes Regiões -2008. Fonte: IBGE (2010).


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1.4 O Idoso e a Violência “Ao afirmar a existência dos idosos e incluí-los na dinâmica coletiva, cria-se o cenário ideal no qual saúde e dignidade estão ligados à vida dos idosos.” (FIGUEIREDO; TONINI, 2012, p. V).

Quando se fala de violência contra o idoso não se refere apenas à física, mas também à psicológica, ao abandono, à exploração financeira, à negligência, a agressões médicas, à violência familiar, à violência ideológica (causada pelo Estado), entre outras. Palavrões e castigos, não ouvir o desejo do idoso e passar dos limites e necessidades dele, ou estimular o confinamento e dependência também são formas de violência. “De uma outra forma, pode-se dizer que a violência contra o idoso é toda situação não acidental que ocasiona danos físicos, psíquicos, econômicos ou privação das necessidades básicas, resultantes de ato ou omissão daquele que cuida.” (VIEIRA; FIGUEIREDO, 2012, p. 75).

Existe, no entanto, uma dificuldade de encontrar dados estatísticos referentes à incidência de casos de violência, tanto por omissão/medo do próprio idoso ou da família como por falta de conhecimento sobre o tema, ou seja, muitos não sabem o que se configura como violência ou a quem recorrer, outros têm receio do abandono ou de ainda mais lesões como consequência de uma denúncia. Essa precariedade de registros acaba diminuindo a visibilidade do problema.

FIGUR A 17

Tipos de violações contra pessoas idosas. Fonte: Brasil (2015).

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“A pesquisa pioneira, compilada no Relatório Global sobre a Prevenção da Violência 2014, avaliou os esforços nacionais para responder a violência interpessoal, incluindo os abusos contra os idosos. Entre os achados, concluiu que dos 133 países estudados, 41% não possui qualquer plano para lidar com a violência sofrida por essa camada da população. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) abuso é um “ato individual ou repetido, ou falta de ação apropriada, ocorrido dentro de uma relação onde há uma expectativa de confiança que causa dano ou sofrimento a uma pessoa mais velha”. Dentro desta definição, entre 4 e 6% dos idosos relataram algum tipo de abuso no último mês (refere-se a novembro de 2014), especialmente nos países em desenvolvimento, o que se traduz em milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, esta cifra pode ser muito mais alta. A OMS deixou constância sobre a dificuldade de obter dados sobre a extensão dos abusos sofridos por idosos, principalmente pela escassez de informação fornecida sobre atos de violência ou negligência ocorrida contra essas pessoas dentro de hospitais, casas de repouso e outros centros de tratamento. Além disso, a agência de saúde da ONU indicou que em muitos casos os próprios anciãos temem relatar

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os casos de abuso às autoridades, famílias e amigos.” (ONU, 2014).

Para entender um pouco mais essas violências, que vão além da lesão física, segue um breve resumo de algumas delas, baseado em dois livros já citados nesse trabalho Coisas da Idade de Fraiman (2004) e Gerontologia atuação da enfermagem no processo de envelhecimento de Figueiredo e Tonini (2012). As agressões médicas se configuram por prescrições de remédios errados, pela perpetuação de preconceitos com o idoso através do modo de falar com o paciente, exposição desnecessária do corpo a ser consultado, incompetência de tratar de assuntos de sexualidade, ao aconselhar a separação de casais em asilos de único gênero. “Prescrever drogas inadequadas, que mantêm a fármaco-dependência dos idosos ou cometer erros de diagnósticos e procedimentos, ainda acobertados, são algumas das violências que essa população suporta por parte dos médicos. Mas não as únicas”. (FRAIMAN, 2004, p. 103).

A violência familiar caracteriza-se, por exemplo, quando um membro é conivente com qualquer violência, quando não respeitam ou sequer ouvem a opinião e a vontade do idoso.


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Já a violência ideológica, que tem o Estado como agressor, ocorre quando há falta de políticas de apoio a grupos menos favorecidos (que inclui a terceira idade) e/ou a falta de concretização das mesmas, levando a uma carência, muitas vezes, dos direitos básicos. O Estado também aparece como corresponsável das violências urbanas, juntamente com a sociedade, evidenciando falta de civilidade e de cidadania. Calçadas mal assentadas, estreitas, desniveladas ou com materiais especificados erroneamente, excesso de velocidade dos carros, ausência de caminhos para cegos, rampas para cadeirantes, sinais sonoros para pedestres, iluminação baixa, entre outros, são exemplos dessa forma de agressão. “A vida nas cidades gera um sem-número de agressões à pessoa. Os idosos são igualmente vitimados, não porque tem mais idade, mas por residir e transitar nos centros urbanos. (...) a surdez, os passos lentos, a distração e a degeneração mental, entre outros distúrbios, muitas vezes os impedem de perceber os carros que surgem “de repente” em baixa ou alta velocidade. Outras vezes, acabam feridos devido às arrancadas súbitas dos coletivos, o que caracteriza violência gerada pela ausência de cidadania.” (FRAIMAN, 2004, p. 101).

43 Cabe aqui a reflexão sobre o motivo de o presente trabalho defender a implantação desse equipamento em um contexto urbano. Primeiramente, ressalto que o projeto e seu conceito deve ser uma opção, não a solução para moradia para a terceira idade, afinal como já foi dito, cada processo de envelhecimento é único e peculiar, e o idoso pode preferir as alternativas afastadas de urbanidades ou pode não ter renda alta para usufruir de equipamentos assim ou preferir a tradicional opção do lar convencional. Enfim, essa questão é ampla. Em seguida, defendendo o conceito escolhido para esse projeto, friso o aumento de independência por estar próximo de hospitais, farmácias, mercados, academias, lazeres, pontos de taxi, ônibus entre outros, além de estimular relação com a cidade evitando/ desacelerando o devaneio por ainda estar convivendo com a diversidade de pessoas e em contato com a realidade. Aponto ainda a escolha de um terreno em uma rua da cidade, Av. Monsenhor Tabosa, que já possui características mais pensadas na escala do pedestre, não do carro. Assim, até mesmo por seu caráter comercial, possui passeios largos e, depois de uma recente reforma, conta também com alguns espaços para descanso sombreado com pergolados, material mais adequado para o idoso, pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, caminho para cego (embora esse seja ainda alvo de algumas críticas), faixas de pedestre em todas as esquinas e “trafic calm”, que é um artifício urbano para nivelar a rua com


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a calçada facilitando a travessia do pedestre e proporcionando a diminuição da velocidade do carro através de uma lombada de nivelamento. Esses elementos serão levados para o projeto, dando continuidade visual à avenida e propagando um bom exemplo de diminuição dos riscos, proporcionando conforto e segurança ao caminhar pela cidade. “O idoso é sujeito-cidadão, produtivo, que tem deveres e o direito a uma vida que lhe garanta dignidade e qualidade no que diz respeito ao seu bem-estar, à ausência de risco e ao conforto”. (FIGUEREDO; SANTOS; TAVARES, 2012, p. 4).

Voltando para a temática geral do presente tópico, vale ressaltar que o idoso nem sempre é o alvo da violência. De acordo com Fraiman (2004), muitas vezes ele ocupa o papel inverso: de agressor. Esclarece ainda que a agressão mais comum praticada por eles é o preconceito e o racismo e que a discriminação pode ocorrer até mesmo contra outros velhos, pois muitas vezes se tornam tão amargurados que já não querem a convivência com ninguém. 44

1.5 O Idoso e a Família “O envelhecimento é definido como um fenômeno biológico e psicológico que influencia o meio familiar e social e caracteriza-se pela perda gradual das funções orgânicas.” (OLIVEIRA, 2012, p. 209).

Não existe uma regra geral para o futuro do idoso, que fluirá de acordo com as necessidades, anseios e economias da família, mas também, e, principalmente, com a vontade do próprio idoso, se tiver condições de decidir por si. É muito importante que, no processo de envelhecimento, o idoso seja ouvido e respeitado em sua opinião. Assim, alguns preferem permanecer em suas casas e, para isso, existe a opção de cuidadores, outros são levados para dentro do ambiente familiar de um de seus parentes, enquanto outros são levados para os lares ou casas de repouso. Sabe-se do dilema na hora dessa decisão, mas é preciso realmente ter cuidado e conhecimento sobre as opções, pois uma decisão errada pode vir a piorar os laços familiares e até acelerar o processo de envelhecimento com a perda de identidade do


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idoso, ao ter que se desfazer de seu espaço próprio, podendo ensejar um quadro de depressão. Ou a cultura de trabalho e produtividade se transforma para proporcionar mais tempo em casa aos parentes para dar auxílio aos idosos ou é necessário que se revejam as opções. A Política Nacional dos Idosos estimula a criação de alternativas de atendimento ao idoso no seu Artigo 10 com centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas -lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros. Com essas opções, o idoso é estimulado físico e mentalmente, participa de atividades e trabalhos, promove-se o convívio com família e com a comunidade. Infelizmente, poucas cidades dispõem dessas modalidades de prestação de serviço, e o presente trabalho propõe exatamente uma alternativa para essa questão de uma forma que o idoso tenha seu lugar para morar, com as facilidades de serviços de hotelaria e com um programa de necessidades que estimula o convívio com a família e com outras pessoas.

1.6 O Idoso e as Legislações Há ainda um enorme distanciamento entre as legislações existentes e a realidade brasileira do idoso. Uma das formas de diminuir este hiato é exercer a cidadania, trazendo a consciência para a sociedade e para o próprio público em questão dos direitos do idoso, de forma que possa ser exigido e praticado e ainda ajudando a acabar com o preconceito e exclusão social, trazendo para a nossa cultura uma nova forma de ver o ancião. “Como a cidadania é exercício, é movimento, educar para a cidadania é estabelecer o desenvolvimento de um processo de aprendizado social na construção de novas formas de relação, contribuindo para a formação e a constituição de cidadãos como sujeitos sociais ativos”. (MILNITZKY; SUNG; PEREIRA, 2004).

Quanto aos direitos dos idosos na legislação Brasileira, destacam-se a própria Constituição Federal de 1988, A Política Nacional do Idoso (PNI) de 1994, a Lei sobre a Organização da Assistência Social (LOAS) e o Estatuto do Idoso de 2003.

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A Constituição de 1988 é considerada um marco, por ter ampliado as perspectivas dos idosos como cidadãos, garantindo uma posição ativa nos problemas a eles referentes. Além disso, introduziu o conceito de Seguridade Social e determinou outros direitos específicos a essa camada da população. A Política Nacional do Idoso, através da Lei n° 8.842/94, aparece então como uma concretização de uma determinação constitucional. De acordo com o texto da referida lei, a política nacional do idoso tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Também nessa lei são criados os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais do Idoso, que deverão zelar pelo cumprimento dos direitos do idoso. Vale ressaltar as disposições do Artigo 3° desta lei, que trata o envelhecimento populacional como uma questão de interesse da família, da sociedade e do Estado e reconhece a necessidade de considerar as diferenças econômicas, sociais e regionais existentes no País na formulação de políticas direcionadas aos idosos. 46

Em seguida, criou-se o Estatuto do Idoso, pela Lei n° 10.741, de 1° de outubro de 2003, mais rigoroso do que a PNI, consolidando os direitos já existentes na Constituição Federal, reafirmando os direitos como pessoa e trazendo direitos mais específicos aos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, respaldando-os nesse processo. O estatuto regulamenta saúde, transporte coletivo, violência e abuso, entidades de atendimento ao idoso, lazer, cultura e esporte, trabalho, habitação, política de atendimento ao idoso, acesso à justiça. A nível arquitetônico referente ao edifício proposto, têm-se como principais normas a Resolução nº 283 da ANVISA (2005), que busca estabelecer um padrão mínimo para funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos, de caráter residencial, governamentais ou não, e a ABNT NBR 9050 de 2015, recentemente atualizada, que trata de acessibilidade.


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1.7 Acessibilidade e o Desenho Universal “A massificação dos processos produtivos após a Revolução Industrial e a especulação imobiliária crescente acarretaram um distanciamento entre o produto final e as reais necessidades do usuário.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 15).

A estandardização de medidas e padrões se deu por motivos econômicos em um cenário mundial e, visando ao lucro, conseguiu-se rapidez no processo de projetar e construir. O que acabou se criando, no entanto, foi uma arquitetura seletiva, temporária e descartável. Seletiva, porque em alguns equipamentos se notam as barreiras arquitetônicas que impedem o acesso de todos. Temporária e descartável, pois, ao se pensar nas moradias, por exemplo, quando o usuário envelhece, ele é forçado a mudar de lugar ou a adaptá-lo, gastos que não foram pensados no momento da compra. Urge mudança na forma de projetar, pois está indo contra um dos grandes pilares atuais que é a sustentabilidade. Conceito esse que não se refere somente ao uso de materiais e sistemas renováveis, mas também à durabilidade do processo construtivo. É preciso que se projete residências que possam ser usadas até o envelhecimento do usuário e equipamentos que possam ser usados por qualquer pessoa. “É um mito e uma simplificação o uso do homem-padrão como referencial para o desenvolvimento de projetos de arquitetura e urbanismo (...) o que impera é, na verdade, a diversidade de usuários. ” (CAMBIAGHI, 2012, p. 10).

Um projeto baseado nos princípios de desenho universal garante a acessibilidade, mas também segurança, conforto e ergonomia, facilitando na concepção de um lugar prazeroso e funcional. É necessária uma maior difusão dos conhecimentos de desenho universal, começando pelo próprio campo de arquitetura, urbanismo e design, para que ocorra essa mudança de mentalidade. “São muitas expressões empregadas com o sentido de desenho universal: projetar para todos, projetos para longevidade, respeito pelas pessoas, design para a diversidade e, ainda, arquitetura inclusiva ou sem barreiras. ” (CAMBIAGHI, 2012, p. 74).

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FIGUR A 18

Parâmetros Antropométricos. Fonte: Cambiaghi (2012).

O desenho universal aparece na literatura questionando a “sociedade de mínimos” em que atualmente se vive, questionando as normas e certos conceitos. Assim, por que projetar um espaço para atender tal norma, no lugar de projetar para a pessoa se sentir tão bem quanto os demais usuários? A ideia é trabalhar com o princípio da equidade, ou seja, oferecer às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida condições pensadas para que elas tenham acesso aos mesmos espaços e oportunidades que os demais. É importante estar ciente de que, se alguém se sente excluído em um ambiente construído, a responsabilidade é, em grande parte, do arquiteto, que criou barreiras arquitetônicas e de design que proporcionaram esse sentimento no usuário.


SOBRE A TERCEIRA IDADE

“Todas as pessoas têm problemas com os ambientes quando não são respeitadas suas diferenças, dificuldades e características funcionais.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 54).

Para que essa exclusão não ocorra, é necessário trabalhar com parâmetros antropométricos diversos, levando em consideração dois grupos de estudo: as pessoas com deficiência e as pessoas com mobilidade reduzida (PMR). Vale frisar que não se usa o termo pessoa portadora de necessidades especiais nem portadora de deficiência, pois o verbo portar significa que você tem a deficiência no momento, mas pode não tê-la mais, o que nem sempre é verdade e é preciso respeitar. Essas terminologias foram variando ao longo do tempo e da evolução do conceito e da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. “Segundo o Censo Demográfico 2010, 23,9% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência, seja ela motora, visual, auditiva, intelectual, seja cognitiva.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 31).

As deficiências podem ser físicas, auditivas, visuais, mentais e múltiplas. Enquanto mobilidade reduzida são todas as pessoas que não estão enquadradas no grupo anterior, mas que, por algum motivo, estão com dificuldade na movimentação e na percepção, de forma temporária ou permanente. “Pessoas com mobilidade reduzida para definir o grupo social com problemas de acesso e utilização dos ambientes construídos. Essa denominação inclui pessoas com deficiência, crianças, idosos, pessoas carregando pacotes, empurrando carrinhos de bebê, carrinhos de compra e aquelas que estão com alguma lesão temporária.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 44).

Outro debate ainda em evolução e discutido por Cambiaghi (2012) consiste no uso dos termos integração e inclusão. Cambiaghi (2012) defende que integração traz a conotação de um relacionamento de mão única, ou seja, a pessoa deficiente é que tem que se adequar aos espaços da sociedade não deficiente para que haja a integração, enquanto o termo inclusão é uma via de mão dupla, em que as duas partes se adaptam ao outro e às especificidades de cada um, para terem as mesmas oportunidades.

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UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

“Esse foi o caso da Convenção da Guatemala que, ao abolir o conceito de integração, que prevê a adaptação da pessoa com deficiência a uma sociedade organizada para pessoas sem deficiência, e ressaltar o valor da inclusão, inovou quanto à forma como deve ser encarada a questão da deficiência. Sua proposta trouxe a ideia de tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. (...). É uma mudança de olhar sobre o mundo. A inclusão diz respeito à percepção interna de cada indivíduo. A diversidade passa a ser vista como valor (...) todos possam conviver em condições de equiparação de oportunidades. A inclusão é, portanto, uma via de mão dupla (...) A integração se fundamenta no conceito de incapacidade, pois foca aspectos relacionados às limitações geradas pelas deficiências. É, portanto, uma via de mão única” (CAMBIAGHI, 2012, p. 32).

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Em uma conversa com Zilsa Santiago1, ficou claro que existe uma ansiedade em todos que se aprofundam nesses estudos de desenho universal quanto ao seguinte quesito: como então se resolve um projeto que atenda a realmente todos os grupos? Como atender a medida ideal de um adulto e a de uma criança? De um cego e de um surdo? De um anão? De um obeso? Enfim, todas as variações pensadas para todos os espaços, todos os caminhos e todos os objetos arquitetônicos como altura de maçanetas e de janelas, largura de portas, de cadeiras? Aprendem-se os princípios, aprendem-se os termos, mas e a solução? A resposta é que o desenho universal é um campo de estudo ainda muito recente e, por isso, ainda é um processo em constante mudança de conceitos, parâmetros e verdades e, se o projeto for concebido com esse estudo em mente, já é uma grande conquista. “A heterogeneidade das limitações físicas, porém, constitui uma das principais dificuldades que envolvem a determinação dos parâmetros válidos no campo da supressão das barreiras arquitetônicas. ” (CAMBIAGHI, 2012, p. 28).

Uma ferramenta constantemente citada no livro Desenho Universal: Métodos e Técnicas para Arquitetos e Urbanistas muito importante para a evolução desse estudo é a avaliação de pós-ocupação (APO), pois a partir da experiência consegue ser medida a satisfação do usuário.

1 Professora do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Ceará.


SOBRE A TERCEIRA IDADE

“Esse tipo de avaliação é um importante instrumento para inserir o desenho universal no programa de necessidades e no partido arquitetônico.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 11).

Com o aprofundamento dos estudos sobre Desenho Universal percebeu-se o quão fundamental era sua aplicação no presente trabalho, pois se tornaria muito superficial limitar-se às normas. Vale a reflexão de que as normas, ao exigir o mínimo, já ajudaram muito, no entanto, ao trabalhar com integração (normas) em vez de inclusão (desenho universal), acaba-se projetando espaços que, ao invés de eliminar, reforçam esse sentimento de exclusão, uma vez que apenas uma pequena parte do ambiente é própria para as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. “Elaborar um projeto de ambiente plenamente utilizável por todos desde a sua concepção, contudo, é uma prática ainda não muito difundida. Nesse contexto, portanto, as normas técnicas constituem referenciais mínimos para garantir funcionalidade, embora não qualidade e conforto.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 61).

51 Além disso, com a decisão de aplicar o Desenho Universal, o público alvo do presente trabalho vai além do idoso e passa a receber também todos os contemplados nesse ramo, que perceberão nesse equipamento um lugar projetado para eles, desde os caminhos até os ambientes com seus mobiliários. A ausência de barreiras arquitetônicas, urbanas e físicas traz para o usuário mais independência, segurança e sentimento de pertinência ao lugar, sem tratamento discriminatório por suas dificuldades. “Desde o início da década de 1980, sabia-se que a capacidade funcional das pessoas aumentava quando as barreiras ambientais eram removidas.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 47).

Já para o equipamento, garante usuários, infelizmente, ainda pouco contemplados na cidade. “Não se trata simplesmente de incorporar o que os códigos de obras e normas técnicas determinam para os ambientes não sejam discriminatórios e cumpram regras de acessibilidade como se atendessem a uma legislação de exclusão, determinando áreas a que alguns podem ou não ter acesso, demarcadas pelo símbolo internacional convencionado. Trata-se, sim de projetar sob o conceito da arquitetura inclusiva e com base nas reais necessidades dos usuários com mobilidade reduzida.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 88).


Habitação para terceira idade

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Até chegar no conceito de apart hotel urbano com porcentagens divididas para idosos e para turistas, alguns outros conceitos foram estudados e refutados, muitas vezes, pelo isolamento da cidade e/ou pelo confinamento entre idosos.

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Os casos expostos a seguir não passaram por uma seleção por ser internacional ou local, para público de classe mais alta e ou de classe mais baixa, nem sequer pela arquitetura do projeto, foram escolhidos exclusivamente para representar esses conceitos e por, dentre vários outros exemplos estudados, esses foram o que se teve maior contato direto com pessoas que conheciam.



UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

2. 1 Resorts Esse conceito se trata da ideia de condomínios fechados para idosos, ainda que tratados como resorts ou spas, que se vendem como sendo “a idade para diminuir o ritmo e relaxar” e que isso seja, de fato, atraente, isolando-os não somente de familiares e amigos, mas de todo o contexto urbano e seus agentes, o que acelera o processo de solidão, desapego, depressão e, por consequência, o próprio envelhecimento. O idoso pode e até deve manter contato com todas as faixas etárias de maneira natural. Dessa forma, um espaço como esse é interessante como algo de caráter temporário, assim como as férias para as demais idades. Dentro desse conceito, o empreendimento Excellence Assisted Living Facility, embora não seja no Brasil, foi o mais estudado, em razão do contato direto por correio eletrônico com uma das organizadoras do empreendimento.

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Além desse contato mais próximo, também foi escolhido por já apresentar a questão inovadora de se unir moradia, lazer e cuidados médicos, proposta buscada para esse trabalho. O aspecto refutado, no entanto, foi a exclusividade para terceira idade e o afastamento da cidade. Ana Flávia Andreazza trabalha na Florida Christian University como uma das organizadoras do empreendimento e o define como: “São 131 quartos, com capacidade para 160 residentes. É um projeto totalmente inovador, pois os nossos residentes contarão com: clínica médica e odontológica completa, salão de beleza, academia de ginástica e flex room, serviços de fisioterapia, restaurante com capacidade para 240 pessoas, com todo o plano de alimentação referenciado por profissional especializado em nutrição para a 3a idade, auditório, salão de artes e manualidades, biblioteca, dentre outros serviços. Todos os nossos residentes terão passe anual para a Disney, podendo desfrutar de todos os parques com familiares e amigos. Nós teremos também uma parceria com o “Ventura Golf Club”, aonde os residentes poderão ter mais uma opção de lazer. Organizaremos excursões para shoppings, restaurantes, parques da Disney, Ventura campo de golfe, dentre outros. Tudo que fazemos é focado na maximização da vida da 3a idade, que particularmente, não gostamos muito deste termo. Nos referimos a essa faixa etária como “Mastery Age”, ou melhor idade.” Esse estudo foi importante para compor o programa de necessidades e para entender a viabilidade e urgência do equipamento proposto.


HABITAÇÃO PARA TERCEIRA IDADE

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FIGUR A 19

Perspectivas do Excellence ALF. Fonte: Excellence ALF (2016).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

2. 2 Sênior Co-Housing Outro conceito estudado se chama “sênior cohousing”. Foi criado na Dinamarca e já é bastante comum em vários países europeus, no Canadá e nos Estados Unidos. Tornou-se mais difundido na América depois que o arquiteto americano Charles Durret publicou o livro “Sênior cohousing handbook”, em meados de 1990. Assim como os demais, traz consigo a questão da acessibilidade dos espaços e serviços de profissionais de saúde, que também são alguns dos princípios base do presente trabalho.

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Seu conceito está embasado em um edifício de apartamentos com dormitórios individuais para cada idoso e as áreas comuns divididas, tais como sala, cozinha e varanda. Dessa forma, ao mesmo tempo em que se mantém a privacidade, evita-se a solidão, estimulando o auxílio mútuo em momentos de enfermidade ou necessidade. Essa proposta incitou a reflexão de projetar ambientes que oferecessem privacidade e outros que estimulassem o convívio. A maneira como isso é solucionado nesse conceito estudado (um idoso ajuda ao outro) é, no entanto, um dos principais motivos para o refutamento dessa tipologia como nova forma de moradia, pois acredito que, assim como as crianças, os mais velhos necessitam de cuidados e olhares especiais. Além disso, a falta de convívio intergeracional acelera o envelhecimento como já foi comentado. Outro ponto que levou ao refutamento da ideia é a falta de estímulo ao lazer e às atividades físicas pouco contemplados nos programas de necessidades dessa tipologia. Esses edifícios costumam estar inseridos no contexto urbano e incentivam que os usuários continuem a realizar tarefas diárias como cozinhar, lavar louça, limpar, cuidar da horta, entre outras atividades que ajudem a si e a comunidade e, nesse ponto, revelouse como um bom exemplo concreto de aceitação de um equipamento urbano e que, de fato, estimula a independência do idoso poder caminhar e manter sua vida ativa. Ressaltando a importância da participação do idoso e desmistificando a ideia de que qualquer pessoa da terceira idade se torna inútil ou inválido, o estudo desse equipamento trouxe a reflexão de ressaltar a existência de um público mais velho que ainda pode sim ter participação social, e a importância de incentivar esse possibilidade no presente trabalho. Pelos motivos expostos acima e, até mesmo, por peculiaridades da cultura brasileira, esse não foi o novo conceito de moradia desejável para esse trabalho. Foi importante, no entanto, para reafirmar a necessidade de estudos de novas opções para o idoso.


HABITAÇÃO PARA TERCEIRA IDADE

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FIGUR A 20

Ilustração da capa do livro The Senior Cohousing e imagens do Canadian Senior Cohousing. Fonte: Canadian Senior Cohousing (2016).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

2. 3 Lares Conhecidos também como abrigos, casas de repouso, clínicas geriátricas ou ainda asilos, esse tipo de empreendimento é um dos principais motivos da escolha desse tema na busca de novas opções para a população de terceira idade. O conceito de lar foi refutado para esse trabalho por se apresentar como um ambiente exclusivamente para idosos, por muitas vezes serem afastados da cidade, pelo caráter mais hospitalar do ambiente, trazendo certo ar depressivo aos residentes e aos familiares, pelo pouco estímulo do corpo e da mente. Refuta-se também os termos dados que, embora, tenham tido, a princípio, uma boa intenção, atualmente, já estão imbuídos de sentimentos ruins de abandono, solidão e descaso.

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Uma crítica real a esses lugares é que muitas vezes são antigas casas “adaptadas” para esse novo uso. Diante das poucas opções que o idoso tem em Fortaleza, por exemplo, evidente que é melhor ter essa alternativa do que nenhuma, mas cabe aqui uma reflexão da necessidade de se pensar mais sobre o assunto e sobre os reais anseios desse público, muitas vezes não alcançados nessas adaptações. Urgem novas arquiteturas para o idoso e principalmente equipamentos planejados desde o princípio para eles. Uma ideia inovadora em execução recente é trazer para junto desses lares para terceira idade, as creches infantis, assim, o idoso e a criança interagem o dia inteiro em atividades comuns. Os idosos passam a receber o carinho, a alegria e a pureza das crianças, enquanto essas já aprendem desde cedo a respeitar e admirar os mais velhos. Com essa convivência, a criança passa a entender melhor as diferenças e ter a sensibilidade de aceitar as pessoas com deficiência e limitações. Assim como a proposta desse trabalho, esse sistema é conhecido como sistema intergeracional. É certo que existem boas referências no mundo e no Brasil mesmo, mas culturalmente, já se tem preconceito com esses lugares e esses termos. Embora os demais conceitos analisados tenham sido internacionais, para essa tipologia, foi escolhido o Lar Torres de Melo, em Fortaleza, por ser a entidade mais conhecida na cidade quando se trata do público idoso e, ainda assim, revelar-se tão precária, evidenciando a urgência de mais opções e novas tipologias de moradia para a terceira idade. Além disso, como não existem grandes referenciais para os demais conceitos em Fortaleza, esse lar foi escolhido para trazer algo mais próximo da realidade existente na cidade em estudo.


HABITAÇÃO PARA TERCEIRA IDADE

O Lar Torres de Melo foi fundado em 10 de agosto de 1905, completando no ano de 2015, 110 anos. Inicialmente acolhia moradores de rua, mas em 1979, uma lei obrigou que fosse determinado um público específico e, como já residiam ali 280 idosos, adotou essa nova modalidade. Hoje, o lar atende a 220 pessoas da terceira idade, com dependência parcial, total ou fase terminal. A instituição recebe também 100 pessoas do Projeto de Convivência, passando dois turnos com atividades laborativas, recreativas, expressivas, religiosa, ludoterápica, sociabilizante, cognitiva, promovendo a integração com o idoso residente. Conta com um total de 117 profissionais divididos nas áreas de Saúde, Nutrição, Gestão e Social. Existem profissionais contratados, voluntários e ainda os da parceria com a Universidade de Fortaleza. De acordo com o sítio eletrônico da entidade, o Lar Torres de Melo é a única instituição filantrópica de atendimento de Alta Complexidade nos diversos graus de dependência, e, por isso, registra uma demanda incapaz de ser atendida, em virtude da escassez de recursos e limitações da capacidade física para ampliação do atendimento. A atual infraestrutura do lar é resultado de uma série de reformas e adaptações trazendo problemas inerentes ao não planejamento específico para o caso, como circulações confusas e descontínuas e rampas com inclinações desconfortáveis, entre outros.

F IGUR A 21

Perspectivas Lar Torre de Melo. Fonte: Lar Torres de Melo (2016).

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Hotel Urbano para terceira idade

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Há ainda as referências que reforçam a ideia do presente trabalho, mas que se mostraram poucas durante a pesquisa, evidenciando a carência desse tipo de equipamentos no Brasil. São elas: o Lev Residencial, em Higienópolis, o

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Hiléa, centro de vivência e desenvolvimento para idosos, no Morumbi, o Sollar Ville Garaude, em Barueri, o Residencial Santa Catarina, em Paraíso, todos em São Paulo ou ainda Villa Dei Fiori, em Piraquara no Paraná, entre outros. O primeiro exemplo citado traz o mesmo conceito de mesclar o hotel com moradia para terceira idade e ainda receber o turismo convencional. Os demais, no entanto, são hotéis exclusivos para idosos. Foram essenciais para a definição do programa de necessidades.



UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Com o objetivo de contextualizar o surgimento dos hotéis no mundo e no Brasil, abaixo está um breve resumo desse panorama. Há vertentes da História que defendem o surgimento das cidades como consequência do desenvolvimento do comércio. Seguindo essa lógica, juntamente com os núcleos urbanos vieram os centros de hospedagem próximos a essas rotas comerciais. Com a Idade Média, a hospedagem passou a ser em mosteiros e abadias e, de acordo com Andrade; de Brito; Jorge (2014), atender aos viajantes era uma obrigação moral e espiritual. Com as monarquias nacionais, tinham-se duas opções: os mais abastados podiam ser abrigados nos palácios das nobrezas ou em instalações militares e administrativas, sendo responsabilidade do Estado, e para os menos afortunados restavam-lhes albergues em situações precárias.

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À época da Revolução Industrial, com a expansão do capitalismo, tem-se a hospedagem como produto comercial, período em que se começa a delinear os hotéis como hoje são conhecidos. Já com o surgimento dos aviões, a melhoria nas economias e o aumento de renda da população como um todo, nota-se um grande crescimento de viagens e consequentemente da demanda de hotéis. No Brasil, o início da hotelaria é marcado com a vinda da família real portuguesa em 1808. Hoje, existem muitas variações como hotel resort, hotel fazenda, ecohotel, hotel econômico ou supereconômico, hotel de luxo, hotel de design, hotel cassino, hotel urbano ou central, hotel de convenções/eventos, apart-hotel, entre outros. A vertente aqui trabalhada será a de hotel urbano em que a premissa é estar localizado em uma região abastecida de serviços e infraestrutura. “Se por um lado, a localização central é um fator altamente positivo para o sucesso, por outro, a acirrada competição entre os hotéis de uma mesma área impõe a necessidade de outros cuidados de planejamento.” (ANDRADE; DE BRITO; JORGE, 2014, p. 57).

De fato, o próprio terreno escolhido para esse projeto está inserido em uma quadra com um hotel já existente, Hotel Praia-Centro. A preocupação com a competição deixa de existir, no entanto, quando se foca em públicos diferentes através do programa de necessidades. Enquanto o existente tem toda a infraestrutura para receber eventos, o proposto por esse trabalho está preparado para a terceira idade e seus familiares e para as pessoas contempladas no Desenho Universal.


HOTEL URBANO PARA TERCEIRA IDADE

3.1 Hiléa O Hiléa é, dos projetos estudados, o que mais se assemelha ao projeto proposto com relação ao programa de necessidades e ao conceito. O que o difere um pouco nesse último quesito, é que o hotel Hiléa é destinado exclusivamente para o público idoso e com níveis avançados de dependência, enquanto o deste trabalho sugere que também possua quartos para o turismo convencional e que os idosos sejam ainda independentes ou no máximo dependente grau 1(funcional), que são aqueles que precisam de alguém para ajudar nas atividades de vida diária (AVDs). Segundo a Arquitetura e Urbanismo (2009), o projeto integra funções de residência com serviço de hotelaria, clube e acompanhamento médico, com especialidade em pessoas com mal de Alzheimer. Lá, o idoso tem a opção de ir durante o dia participar das atividades ou a opção de passar uma temporada ou ainda a de morar de forma definitiva. Em uma entrevista com a mentora do Hiléa, Cristina D`Andrea, no dia 14 de setembro de 2015, foi explicado que o hotel recebia como residentes os idosos nos três tipos de dependência, sendo separados por pavimentos, enquanto os ainda independentes podiam participar das atividades durante o dia, mas não como moradores. Vale ressaltar que o Hiléa possui uma infraestrutura bem projetada e pensada especificamente nos portadores de Alzheimer. “A missão do Hiléa é cuidar dessas pessoas e tentar minimizar as angústias tanto do idoso, quanto da família, com o desafio de unir os serviços de residência, assistência e lazer em um mesmo lugar. O objetivo não é substituir a família, mas oferecer o cuidado profissional, para que as relações afetivas possam ser preservadas. Uma visão mais ampla do cuidado.” (D`Andrea, 2015)

Segundo os relatos dela, o projeto foi baseado em sistemas já existentes e comum nos Estados Unidos, Canadá e Europa, mas em especial na Holanda. Sistema esse que defende a localização da moradia para terceira idade em centros urbanos, evitando o isolamento. Foi inaugurado em dezembro de 2007, no bairro nobre Morumbi, São Paulo, em um terreno de 2600m². Caracteriza-se por um volume mais horizontal com 3 pavimentos, onde ficam os espaços comuns e as clínicas, e um bloco mais vertical com 8 pavimentos, onde ficam as suítes e uma UTI semi-intensiva, totalizando uma área construída de 13.400m².

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UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Em 2009, no entanto, o Hiléa foi vendido para o governo e hoje é uma unidade hospitalar. A falta de informações sobre esse processo de venda, leva a crer que a elevada mensalidade, que variava de 8.000 a 13.000 reais para os residentes, e a partir de 2.000 reais para os diaristas, era um dos fatores causadores, ou ainda, o preconceito ainda existente em retirar seu familiar idoso de casa. Na entrevista com Cristiane, já mencionada anteriormente, ela afirma que o valor da mensalidade foi calculado em cima do valor que cuidadores cobrariam para ir a casa e que o preconceito não é brasileiro e sim mundial. Afirma ainda que esse preconceito não é necessariamente com a saída do idoso de casa, mas sim com a qualidade do serviço e do ambiente. Explicou também que a venda do Hiléa ocorreu pela crise de 2008, que levou os investidores a tomarem essa decisão. Expõe, no entanto, o dado de 52 idosos residentes no primeiro ano do hotel, enfatizando a necessidade e a qualidade do proposto.

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São 119 apartamentos com consultórios de várias especialidades, entre elas: geriatria, gerontologia, fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, nutrição, oftalmologia, otorrinolaringologia, cardiologia e reabilitação, além da Unidade de Terapia Intesiva (UTI). O primeiro pavimento dedicado a pacientes com Alzheimer; A arquitetura é do escritório Aflalo e Gasperini, que relatou em uma reportagem do uso da madeira ipê na fachada e em alguns ambientes internos para aquecer visualmente. Depõe também sobre a interessante experiência de terem criado a praça com cenário antigo dedicada a esses pacientes com Alzheimer. Sendo assim, o Hiléa é uma referência não só no conceito, mas também no projeto, ao demonstrar preocupação com o usuário específico desse equipamento, e estético e tectônico, ao trazer com clareza e simplicidade o jogo de volumes horizontal e vertical com materiais escolhidos pensando também no conforto do público. O hotel conta ainda com restaurantes, salas de reuniões e festas, sala de estar com lareira, bilhar, clube com piscina coberta, sauna, musculação, salas de fisioterapia e massagem, ateliês de pinturas e salas paras crianças. Possui também os serviços de uma equipe de cuidadores e um médico disponíveis 24h por dia, 6 refeições diárias supervisionadas pelos nutricionistas, equipe de enfermagem para ajudar e supervisionar os medicamentos, sala para comemorações individuais com as famílias, serviço de lavanderia para as roupas pessoais, cabeleireiro, sala de estar em cada andar, sistema de chamada de emergência nos quartos e transporte para passeios.


HOTEL URBANO PARA TERCEIRA IDADE

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FIGUR A 22

Perspectivas Hilea Fonte: Aflalo e Gasperini (2016).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

23 |

23|

Massage Teachers Hair dresser

Massage Barber Teacher

Rehab 05 Rehab 04

Pool

Rehab 03

Activity Room 01

Cooking

Rehab 02

Garden

Rehab 01

Activity Room 02

Activity Room 03

Physiotherapy 01

Physiotherapy 02 Terrace

Sauna Garden

Garden

Garden

Basement Floor - Rehabilitation

66 23 |

24|

Multi-Purpose Room Main Kitchen Family Room Pedestrians

Coffee Shop Car Access

Restaurant

Game Room

Ground Floor Plan - social areas

F IGUR AS 23 E 24 23 | Plantas-baixas e 24 | corte transversal do Hiléa.

Fonte: D’Andrea (2015).


HOTEL URBANO PARA TERCEIRA IDADE

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FIGUR A 25

Corte transversal do Hiléa. Fonte: D’Andrea (2015).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

3.2 Lev Residencial O Lev Residencial foi escolhido porque, de todos os estudados, é o único que, de fato, propõe a mescla de turismo comum com moradia para terceira idade em um hotel. Atualmente, está fechado, e já não atende mais ao público idoso. As pesquisas, no entanto, não revelam o motivo dessa mudança, mas na entrevista com Cristiane, mentora do Hiléa, ela acredita que tenha sido a própria vigilância sanitária, pois o Lev foi uma adaptação para receber esses idosos, não foi planejado e concebido para isso. Apesar dessa mudança de função do hotel, o Lev foi uma boa referência no sentido de mostrar que essa opção é possível. A professora Lucila Novaes, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará, já se hospedou no Lev, quando ainda recebiam idosos e deu sua opinião positiva sobre a experiência, enfatizando o clima de harmonia dos idosos residentes e dos turistas, disse que participou algumas vezes das atividades que eles estavam, como danças ou jogos de carteado. 68

O Lev era então caracterizado como um apart hotel aberto a todo público, com serviço de Sênior Living e, para isso, contava com o apoio de nutricionistas para os cardápios balanceados do hotel, fisioterapia, hidroterapia, cuidador 24hrs para cada idoso, segurança 24hrs, um andar especial para portadores de Alzheimer e áreas de convivência como jardins, salão de jogos, sala de artes. Não aceitava, no entanto, idosos com necessidades hospitalares, por falta de infraestrutura e por encarecimento da mensalidade para os demais, que já chegava a 8 mil reais mensais, de acordo com Ioram Cejkinski, gerente do Lev Residencial, em uma publicação de Rudge (2009).


HOTEL URBANO PARA TERCEIRA IDADE

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FIGUR A 26

Perspectivas Lev Residencial Fonte: Decolar (2016).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

3.3 Jan Van Der Ploeg A escolha desse projeto, em Rotterdam, Holanda, se justifica porque, dentre os vários bons projetos compilados por Victor Regnier Faia, esse tinha o caráter urbano e a ênfase no idoso independente, fatores que também estão incorporados no projeto proposto.

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O edifício possui 79 apartamentos distribuídos em 4 andares, nos quais 67 (85%) são de um quarto e 12 (15%) de dois quartos. A unidade mais comum totaliza em torno de 425 pés quadrados, o que convertendo dá em média 39,5m². Os dois corredores de apartamentos se fecham num edifício de 7 andares de residência em um formato triangular com um grande átrio central, elemento chave desse projeto, pois estimula o convívio dos residentes e protege do clima local. Os corredores possuem frente a cada unidade uma saliência arredonda avançando no átrio que permite a apropriação do espaço com mesa e cadeira. As cozinhas possuem janela para esses corredores, e muitos peitoris são enfeitados com jarros de flores. O autor enfatiza esse tipo de decisão projetual de encarar o corredor como uma rua, humanizando e personalizando o espaço. Elemento que pretende-se incorporar no presente trabalho. (FAIA, 1993). Inaugurado em 1988, recebem 84 moradores com uma média de 77 anos, contabilizando 5 casais, 10 homens solteiros e 64 mulheres solteiras, 18% precisa de ajuda no banho, nenhum necessita ajuda com necessidades básicas, nenhum tem incontinência, 2% usam cadeiras de roda e 2% tem problemas cognitivos. É o tipo de moradia chamada de steunpunt ou point of support, projeto com suporte, ou seja, oferece serviço de enfermagem, ajuda na casa e refeição tanto para os residentes como para os idosos da vizinhança em um serviço de tele-entrega, conhecido como wheel meal. O projeto teve significativa participação da vizinhança que ajudou no programa de necessidades e interferiam periodicamente com visitas para melhorar os acabamentos. Voluntários do projeto assumiram a responsabilidade de gerenciar o mercadinho e ajudar na gestão desse programa de almoço da agência local de serviço social.


HOTEL URBANO PARA TERCEIRA IDADE

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FIGUR A 27

Ilustrações de Jan Van Der Ploeg. Fonte: FAIA (1993).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

A filosofia desse gerenciamento estimula a independência e encoraja os residentes a ajudarem um ao outro. Mesmo assim, existe o serviço de assistência pessoal, como já foi citado, e essa opção tranquiliza a família e incentiva o envelhecimento saudável e naquele lugar. Aproximadamente 30% dos residentes não usam os serviços e 15% são frágeis e necessitam de níveis moderados de cuidados assistenciais. Membros da família também são muito requisitados na ajuda. O terreno é localizado em um bairro de renovação urbana, uma área de predominância de usos mistos, perto de lojas, escolas, um grande parque e uma igreja. Projetado para se auto manter, o equipamento proposto aparece como complemento do contexto. Esse quesito salienta a escolha desse projeto como referência, pois traz muito do conceito do presente trabalho.

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HOTEL URBANO PARA TERCEIRA IDADE

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FIGUR A 28

Ilustrações de Jan Van Der Ploeg. Fonte: FAIA (1993).


Referências arquitetônicas

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Os projetos já apresentados anteriormente foram muito mais referências conceituais, ou seja, foram importantes para entender melhor o conceito proposto no presente trabalho e estudar seus fluxogramas e programas de necessidades. Vale ressaltar, no entanto, que o Hiléa foi também uma grande referência arquitetônica.

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As referências a seguir não se configuram como hotéis urbanos, mas foram importantes como referências arquitetônicas em suas implantações, materiais de fachadas, volumetrias e, também, para entender qual solução de uso misto seria implantada no trabalho.

Kennedy Square

Indaiatuba, SP, Brasil A rq u i teto s

Aflalo & Gasperini Arquitetos A no d o p ro j eto

2016

Artsy

Porto Aleg re, RS, Brasil A rq u i teto s

Escritórios Smart e Ideia1 A no d o p ro j eto

2016



UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

4. 1 Kennedy Square Edifício de uso misto localizado em Indaiatuba, interior de São Paulo, e projetado pelo escritório Aflalo & Gasperini Arquitetos. É caracterizado por ter uma torre de 18 pavimentos de uso residencial e outra torre de 20 pavimentos de uso comercial, hotel e flat. Além disso, sua implantação em “L” gerou uma praça com áreas verdes e lojas. Os pontos mais analisados foram:

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Uso Misto;

Empreendimento livre de muros;

Incentivo ao convívio;

Verticalização;

Quebra de uma barreira visual com a decisão de ter duas torres;

Unificação visual das torres através de um tratamento de fachada similar e principalmente através de uma coberta única no térreo;

Possibilidade de usar essa coberta como ambiente;

Implantação;

Uso da praça como convite para entrar e ficar;

Grande recuo das ruas, devido a praça gerada;

Tratamento de fachada com uma “casca” delimitando a torre.


REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS

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FIGUR A 29

Perspectivas do Kennedy Square. Fonte: Aflalo e Gasperini (2016).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

4. 2 Artsy Edifício de uso misto localizado em Porto Alegre, projetado pelos escritórios Smart e Ideia1 e incorporado pela empresa Maiojama. É caracterizado por ter um embasamento térreo de lojas, quatro pavimentos de escritórios e uma torre verticalizada de 9 pavimentos de uso residencial com áreas comuns como academia, lavanderia, entre outros. Além disso, a implantação do embasamento em “L” gerou uma praça com áreas verdes. Os pontos mais analisados foram:

78

Uso misto;

Empreendimento livre de muros;

Incentivo ao convívio;

Embasamento em primeiro plano;

Jogo de cheio e vazio do embasamento, quebrando a barreira visual que se criaria com a implantação em “L”;

Possibilidade de usar a coberta do embasamento como ambiente;

A implantação;

Uso da praça como convite para entrar e ficar;

Uso da praça como uma rua de pedestre com apoio de lojas e restaurantes;

Tratamento de fachada com uma “casca” delimitando a torre;

Uso de fachada dinámica (brises móveis) para condiconamento ambiental na torre.


REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS

79

FIGUR A 30

Perspectivas Artsy. Fonte: Maiojama (2016).


O empreendimento

5

5. 1 Conceito e potencialidades A opção de lares, de casas com caráter hospitalar e de resort foram rejeitadas. Excluiu-se também a alternativa de um lugar exclusivo para idosos e ainda a opção de isolamento e afastamento da cidade. Assim, percebeu-se a necessidade de um terreno inserido no contexto urbano e de um equipamento que estimulasse o convívio intergeracional. “O ser humano é gregário. Tem inata a tendência de se relacionar e viver em grupo, com o qual

80

troca suas experiências, sedimenta suas vivências e emoções. Neste caso, o idoso normal não busca solidão, não quer se isolar, como falsamente tenta-se compreender. A solidão não é uma opção. Ele é empurrado por algum motivo. Primeiro, limitações físicas. Segundo, o círculo de amizade vai se restringindo.” (NEVES, 2013, p. 40).

Definiu-se, então, que o empreendimento seria um edifício misto, inserido no contexto da cidade, que reuniria comércios e serviços com quartos e flats como moradia permanente ou temporária ou ainda como hospedagem, com o apoio dos serviços de hotel, resumindo-se, então, em um apart hotel urbano. O programa engloba, além do setor de hotelaria, o setor de comércio, de cursos, de esporte e de saúde e é focado nos anseios e necessidades dos idosos. Foi elaborado através dos estudos de caso e de conversas com pessoas da terceira idade.



UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

“Inicialmente, a informação, a consultoria e a participação efetiva do idoso no cuidado gerontológico tornam qualquer atividade ou projeto mais trabalhosos. Porém, (...) o envolvimento do idoso aumenta as possibilidades de serem construídos projetos e atividades bem estruturados e bem-sucedidos (...)” (SILVA, 2012, p. 57).

Caracteriza-se como uma nova vertente, pois se propõe que o equipamento seja todo planejado dentro dos conceitos do Desenho Universal e que haja a coexistência entre a rotatividade do turismo convencional e a moradia para as pessoas da terceira idade. Além disso, essas são outras duas estratégias do conceito criado para assegurar o convívio intergeracional. Produtos como esse observam a necessidade constante de novos atrativos no setor hoteleiro para atender a um mercado cada vez mais diversificado.

82

A parte de estadia se caracteriza por flats com cozinha-sala e uma suíte ou quartos tradicionais (quarto e banheiro). Vale salientar que o arquiteto não tem o poder de definir quem será o usuário de cada alternativa, pois isso cabe à gestão do hotel, assim, do mesmo jeito que um idoso pode optar por ter apenas o tradicional quarto de hotel, o turista pode optar pelo estilo flat, sendo esse um dos motivos de tornar todo o equipamento acessível. A ideia é que seja um lugar que, de fato, a pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida, em especial, o idoso se sinta em um ambiente pensado nele e para ele e, assim, possa utilizar todos os espaços. “Podemos considerar se uma habitação é universal ou visitável com base nas definições criada, no Brasil, pelo Decreto nº 45.990/2005, da Prefeitura da Cidade de São Paulo. Ele determina que, para uma unidade habitacional receber o Selo de Habitação Universal, ela deverá possibilitar ampla acessibilidade às suas dependências e apresentar as condições necessárias para a moradia autônoma, inclusive de uma pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. ” (CAMBIAGHI, 2012, p. 172).

Com base nos estudos de livros do autor Victor Regnier Faia, consolidou-se o que de fato se queria propor. Nesses livros, não há um exemplo tal e qual o proposto nesse trabalho, mas há um estudo muito aprofundado de diversas moradias assistidas e da urgente necessidade de tratá-las como residência, não como instituição. Assim, muitos de seus conceitos foram incorporados para esse trabalho como premissas de projeto.


O EMPREENDIMENTO

Algumas vantagens definidas por Faia (1993) ao se projetar uma moradia assistida e não apenas adaptá-la para tal finalidade: 1

Aparência residencial;

2

Explorar a escala menor;

3

Oferecer privacidade e a completude de uma residência;

4

Reconhecer a unicidade de cada morador;

5

Promover a independência, a interdependência e a individualidade;

6

Focar na manutenção da saúde, nos movimentos físicos e no estímulo mental;

7

Apoiar o envolvimento da família;

8

Manter relações com a vizinhança e o entorno;

9

Servir aos fragilizados.

“Criar um inovador e atrativo ambiente de moradia assistida requer planejamento cuidadoso sobre como servir às necessidades dos residentes, promover os objetivos terapêuticos, operar eficientemente, encorajar as trocas sociais e promover atividades estimuladoras.” (FAIA, 1993, p. 39).

83 Ele aponta ainda alguns princípios para nortear o projeto: privacidade, interação social, opção de escolha/autonomia, orientação visual, segurança, acessibilidade, estímulos/desafios, aspectos sensoriais, familiaridade, aparência de moradia, personalização, adaptabilidade. É importante que o projeto permita a personalização das unidades para possibilitar que o residente expresse sua identidade e individualidade. Ambientes que remetam a moradias também são necessários para dar ao residente a sensação de familiaridade, pois, de acordo com Faia (1993), criar continuidade e conexão com o passado é assegurar e facilitar a transição. “Essas construções aparentam muito residencial em sua arquitetura e através disso encorajam seus residentes a se envolver em atividades diárias de moradia, uma estratégia que reforça o sentimento de independência do idoso. ” (FAIA, 1993, p. 21).

A questão de o projeto aparentar como moradia/hotel influencia não somente o usuário direto (residente/hóspede) como também os familiares e amigos do idoso residente. Desmistificar o caráter de instituição ajuda a desmistificar a ideia de fragilizado e dependente.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

A adaptabilidade é um ponto importante quando se pensa na diversidade de fragilidades e patologias que uma pessoa pode ter. Assim, um determinado espaço precisa ser maior para o usuário A, mas não para o B, e projetar com essa flexibilidade e com o desenho universal tende a ser muito vantajoso para esse público. Os corredores, muitas vezes, lineares e longos tendem a ser entediantes e, para algumas pessoas, podem vir a ser uma experiência desorientadora. Faia (1993) defende que esse espaço pode ser uma das melhorias frente às instituições de idosos ao tratá-los como corredor-rua em que, além de espaço de passagem, oferece também a opção de espaço de permanência e socialização. Defende também como melhoria um terreno que permita o uso misto, pois traz vida e atividade na rua e no entorno, fundamental para o público em estudo. Além de defender que esse tipo de equipamento seja inserido em um contexto urbano, pois beneficia os residentes, que ficam olhando o movimento das ruas e o tráfico de pedestres, e ainda fornece serviços na proximidade.

84

“Uma das trágicas consequências da atual política dos EUA é a maneira como moradia para idosos é isolada da comunidade vizinha.” (FAIA, 1993, p. 18).

O livro Design for Aging Review, que é uma compilação dos vencedores de uma competição de moradia assistida para terceira idade, ressalta a importância do projeto e do design para o envelhecimento da população. Afirma que a recessão nos EUA, ao reduzir o tamanho do apartamento, revelou que, para esse público, grande, não significa melhor. Defende, assim, que um pequeno, mas bem projetado apartamento pode ser mais apropriado para se viver, pelo conforto e pelo ambiente de suporte ao envelhecimento. A ideia é projetar locais acolhedores, que convidem o usuário a fazer escolhas. Enfatiza dizendo que, em seu estudo, 80 dos 100 projetos europeus estudados possuíam restaurantes abertos tanto para os residentes como para o público externo, pois essa estratégia despertava o sentimento de viver em comunidade, não em uma instituição. De acordo com Faia (1993), pode-se estimular mental e emocionalmente através do projeto. Ambientes de televisão devem-se restringir às próprias moradias, pois, em áreas comuns, a televisão leva ao comportamento passivo, desencorajando a conversa entre os

usuários. Cores, configurações espaciais, texturas na superfície e cheiros oferecem uma gama de influências no indivíduo e devem ser estudados. Áreas de espera, onde os residentes podem ficar observando outros ambientes internos ou externos, vendo ati-


O EMPREENDIMENTO

vidades ou vendo áreas de jardim que provocam um sentimento de espiritualidade provocam engajamento. Além disso, terapia assistida com animal facilita a resposta emocional através do carinho incondicional que o animal oferece. “Promover a qualidade de vida dos idosos, bem como manter um relacionamento mais amigável com eles, por meio da utilização de atividades de dinâmica coletiva ou individual nas quais o lúdico é valorizado como meio de estimulação pessoal” (VERAS, 1999. aput SILVA, 2012, p. 62).

Assim, resumidamente, as premissas trazidas desses livros são: 1 2 3 4 5

Ambientes que remetam à moradia; Possibilidade de personalização; Flexibilidade dos ambientes; Espaços de passagem poder ser também espaço de permanência, por exemplo, o chamado corredor-rua; Uso misto;

Contexto urbano; 7 Apartamento pequenos, porém práticos, confortáveis e seguros; 8 Ambientes abertos ao público externo – convívio; 9 Ambientes que estimulem a conversa e a atividade mental e física; 10 Ambientes que incentivem a participação familiar; 11 Ambientes planejados para os idosos e não adaptados; 12 Jardins. 6

5 .2 Público-alvo Como já foi visto anteriormente, não existe um consenso sobre quem é o idoso, mas o público desse projeto é aquele idoso ainda independente ou com dependência grau 1, que seria a dependência funcional, ou seja, precisa de um cuidador que o auxilie em alguma atividade de vida diária (AVD). Nesse caso, é obrigatória a dormida do cuidador junto ao idoso. O que vale salientar é que esse público é um grupo dentro do universo dos idosos, que tem poder aquisitivo para adquirir um empreendimento como o proposto e saúde e independência para aproveitá-lo.

85


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

O turista convencional também faz parte desse público alvo, como já foi explicado no conceito proposto para esse equipamento. Dentre os turistas, imagina-se que algum familiar de idoso que queira se hospedar também pode ser caracterizado como um usuário certo. Além disso, como todo o hotel possui o planejamento baseado no Desenho Universal e todos os quartos e flats são acessíveis, todas as pessoas dentro do grupo de mobilidade reduzida ou com deficiência podem vir a ser também um público alvo de turistas. Além desses casos específicos, qualquer outra pessoa que busque o conforto desses quartos e a experiência dessa interação com o idoso, será usuário desse equipamento. A ideia é que a diversidade seja vista como um valor, não como anormal. “Conhecer os critérios de elaboração de projetos para crianças, idosos, pessoas com deficiência, gestantes, canhotos, cardíacos, estrangeiros, entre outros, não é pensar em grupos separados de usuários, mas pensar no ambiente como um local de interação a que todos os tipos de seres humanos devem ter acesso e possibilidade de utilizar.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 159).

86

5.3 Aspectos econômicos “O edifício de um hotel tem como peculiaridade básica sua complexidade, advinda da diversidade do programa e do fato de ter de funcionar ininterruptamente (...) A complexidade de um hotel e suas dimensões, que precisam estar acima de um nível de qualidade mínimo para torná-lo viável economicamente, resultam em empreendimento oneroso e sensível aos custos de construção de operação e manutenção (...) a decisão de construí-lo estará vinculada ao binômio mercado/localização. Daí decorrerão a tipologia do hotel, o número de apartamentos, o padrão das instalações e os equipamentos necessários para o atendimento do segmento de mercado ao qual ele se dirige.” (ANDRADE; DE BRITO; JORGE, 2014, p. 20 a 21).

Vale ressaltar que o projeto aqui proposto é uma opção para uma necessidade atual, não busca ser a solução para o “problema” e qualquer tipologia sugerida seria muito bem-vinda nesse cenário atual de falta de equipamentos e infraestrutura para o pú-


O EMPREENDIMENTO

blico idoso. Um empreendedor mais atento já deveria ver esse tema como o atrativo dos próximos anos, pela necessidade de mercado, que ainda é pouco explorado, mas já possui bastante demanda. De acordo com Bysrtronski (2013), um apart tem rentabilidade superior ao aluguel residencial convencional, pois isenta tanto o investidor quanto o usuário de problemas característicos da lei do inquilinato, já que este tipo de serviço é regido pela lei hoteleira. Depois de analisados outros empreendimentos existentes e considerando a mensalidade média desses locais, a proposta é de que o projeto seja financiado pela iniciativa privada. O setor de cursos e de esporte, poderiam funcionar como um clube que o usuário possa associar-se e, assim, garantir uma captação de renda de outras fontes. Da mesma forma, o setor de saúde poderia ser vinculado a algum plano de saúde, também garantindo o acesso ao público externo. Outras formas de minimizar os custos para o empreendimento seria propondo que os residentes idosos pudessem pagar uma parte em forma de trabalho, assim, aqueles que gostam de cozinhar ajudariam na copa, os que gostam de administrar ficariam junto ao setor administrativo, dando a eles a oportunidade de se ocuparem. Nos livros de Regnier, há casos que revelam a viabilidade dessa ideia e o próprio conceito de cohousing, já analisado acima, defende essa colaboração para manutenção do equipamento. Vale ressaltar também que a rotatividade do turismo convencional é uma outra fonte de renda. Conforme pesquisas imobiliárias realizadas, o m² no Bairro Meireles, naquele entorno, custa em média de R$ 5.000,00. O terreno tem 8.545,41m², portanto seu custo seria de R$ 42.727.050,00. Considerando o valor do CUB para construções residenciais de alto padrão com valor de R$/m² de 1.282,86 (SINDUSCON-CE, 2016), obtém-se: Š

Valor total da construção_ R$ 32.408.584,30

(área construída do projeto: Š

25.262,76m²

vezes valor do cub R$/m²: 1.282,86);

Valor total do empreendimento_ R$ 75.135.634,30

(valor do terreno: R$ 42.727.050,00 mais valor total da construção: R$ 32.408.584,30) Š

O retorno para o investimento seria de longo prazo, proveniente das diárias

dos quartos de hotel, das mensalidades do Sênior Living, de aluguéis mensais de lojas, dos setores de esporte e cursos e da parceria com o plano de saúde.

87


O Lugar

6 6.1 O bairro O terreno está localizado no bairro Meireles, mas vale ressaltar que está numa zona limítrofe entre os bairros Praia de Iracema a norte e Centro a oeste. Assim, como é um terreno de transição de bairros, os três citados serão analisados superficialmente para melhor entender suas características e demandas, mas será utilizada a legislação do bairro, de fato, inserido.

88

O bairro Praia de Iracema já foi uma região bastante movimentada da cidade. Hoje, encontra-se um pouco degradado, com pontos de prostituição e drogas. Algumas medidas estão sendo tomadas pelo governo para reverter o atual descaso com essa região ainda tão cheia de história, como a requalificação da Av. Monsenhor Tabosa, conhecida por seu comércio de rua, a requalificação do Aterro da Praia de Iracema com iluminação, pavimentação de qualidade e incentivo às práticas esportivas e aos encontros, além da controversa construção do aquário. Não se entrará aqui no mérito da necessidade ou não de um equipamento como esse, mas o que vale salientar é que se, de fato, vigorado, ele trará mais movimento e dinâmica para a região. É um bairro com memórias remanescentes de uma Fortaleza antiga nas edificações ou nas fachadas, nas tradições boêmias de seus bares e restaurantes e na caracterização de gabaritos mais baixos. Ainda hoje, o máximo permitido pela legislação é de 48m. Possui um trânsito mais calmo em relação a outras partes da cidade.


PRAIA DE IRACEMA

CENTRO

MEIRELES


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

O bairro Centro é onde se encontra a Catedral Metropolitana de Fortaleza, o Mercado Central, Estação João Felipe, Passeio Público, Centro Cultural Dragão do Mar, Theatro José de Alencar, Praça do Ferreira, além de 3 grandes hospitais da cidade: Santa Casa de Misericórdia, Instituto Doutor José Frota, Hospital Geral Dr. César Cals, entre outros pontos importantes. É característico por seu comércio varejista e de ambulantes, sendo inclusive um dos principais problemas atuais que o bairro enfrenta. A desordem provocada por esse tipo de comércio, além da sujeira deixada, tem levado a região a uma forte depredação. Outro fator que tem gerado um sentimento de abandono do bairro é a quase exclusividade de comércio como atividade, o que leva a um forte movimento durante dia e tarde, mas total abandono à noite, trazendo o sentimento de insegurança. Apesar de a Legislação permitir gabaritos tão altos quanto do Meireles de 72m, o bairro Centro é característico de edificações mais baixas e muitas vezes geminadas.

90

O Meireles é uma região considerada nobre em Fortaleza, de prédios mais altos e murados e com segurança privativa, dotada de uma orla mais ativa e dinâmica com pontos de restaurantes e a famosa feirinha da Beira Mar. Em contrapartida, o bairro Meireles é mais estruturado para carros do que para pedestres e, por isso, caracteriza-se por um trânsito de velocidades maiores, além de calçadas irregulares e pouca arborização. Como é predominantemente residencial, percebe-se também horários de desuso, que leva a uma certa insegurança. A escolha de um terreno próximo aos bairros Centro e Praia de Iracema foram premissas, por trazerem um pouco da Fortaleza Antiga, por respeitarem mais a escala humana, com gabaritos mais baixos, por possuírem trânsito com velocidade mais reduzida, por serem bairros com movimento de pedestres, pela estrutura de lazer e cultura, pelos pontos turísticos e pelos próprios hospitais. A questão do abandono e descaso atuais com esses bairros, foram, no entanto, essenciais para a escolha de um terreno já inserido no Meireles para que garantisse essa segurança. Além disso, por se tratar de um equipamento caro, o Meireles era o melhor bairro para se tirar maior aproveitamento da legislação incidente no terreno e assim, torná-lo viável.


O LOCAL

Acredita-se que, com essa localização, o turista tem seus anseios bem atendidos, o idoso tem sua independência estimulada e os familiares ficam seguros de um lugar bem respaldado. Além disso, há um recente projeto idealizado pelo Governo do Estado e executado em parceria com a Prefeitura de Fortaleza chamado “praia acessível”, que iniciou suas intervenções na Praia de Iracema em frente ao Hotel Sonata, ou seja, basta descer a rua João Cordeiro para chegar ao ponto de encontro. Pelo próprio nome já entendese que o objetivo é promover acessibilidade de idosos, pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida às praias. Existe no local toda a infraestrutura de esteiras de acesso na areia e caderias anfíbias para entrar no mar, além de uma equipe de apoio para ajudar no mergulho.

91

FIGUR A 31

Praia acessível. Fonte: Fortaleza (2016).

“O local ainda conta com estrutura para vôlei e frescobol adaptados, piscinas, cadeiras e mesas cobertas com toldos, banheiro acessível e itens de segurança. O projeto funcionará de quarta a domingo, de 9h às 14h, e, no período de alta estação (janeiro, julho e dezembro) será realizado de segunda a segunda. ” (FORTALEZA, 2016).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

PONTOS TURÍSTICOS 1 C.C. DRAGÃO DO MAR & BIBLIOTECA PÚBLICA 2 MERCADO CENTRAL 3 CATEDRAL 4 PRAÇA DO FERREIRA 5 TEATRO JOSÉ DE ALENCAR 6 PRAÇA JOSÉ DE ALENCAR 7 MERCADO DOS PINHÕES

ÁREAS VERDES

1

4

5

2 PARQUE DAS CRIANÇAS

AV. MONS ENHOR TABOS A

3

HOSPITAIS

7

4

7

5

1 IJF 2 HOSP. CESAR CALLS

8 D E IR

O

2

1 2

6

3

1 PASSEIO PÚBLICO

PER

E IR A

F ILG

U E IR

4 SANTA CASA DE MISERICÓRDIA 6 HOSP. DE OLHOS L. DE ANDRADE 7 HOSP. PRONTO CARDIO 8 HOSP. MONTE KLINIKUM

RUA

1

3 HOSP. GERAL DR. CESAR CALLS 5 HOSP. CURA D’ARS

AS

JOÃ

OC OR

2

RUA

6 PRAIA ACESSÍVEL LOCALIZAÇÃO DO TERRENO

92

FIGUR A 32

Mapa dos pontos importantes. Fonte: Elaborado pela autora.

Um estudo sobre a distribuição dos idosos em Fortaleza também foi feito para a escolha do terreno ideal. De acordo com Censo 2010, realizado pelo IBGE, o Meireles e o Centro estão dentro do ranking dos dez bairros com mais idosos da cidade de Fortaleza. O Meireles ocupa a segunda posição, com 4.623 hab., enquanto o Centro com 3.082 hab. e a Praia de Iracema com apenas 360hab.

FIGUR A 33

Dez bairros com mais idosos de Fortaleza. Fonte: População (2016).


O LOCAL

6.2 O terreno e o entorno A área de construção está a três quarteirões da praia, é limitada pela Rua Monsenhor Tabosa, no sentido oeste-leste e Rua Antônio Augusto no sentido sul-norte, logo ao lado, localiza-se o Hotel Praia-Centro e à frente o SEBRAE-CE. Ao longo do terreno há uma diferença de 3 metros de altura. O quarteirão é delimitado ainda pela Rua Pe. Climério, no sentido leste-oeste, e Rua João Cordeiro, no sentido sul-norte.

34|

35|

93

36|

37|

38|

FIGUR AS 34 A 38 34 | Perspectiva Av. Monsenhor Tabosa. 35 | Hotel Praia Centro 36 | Fábrica de negócios 37 | Sebrae 38 | O terreno.

Fonte: Acervo da autora.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

PRAIA DE IRACEMA

PRAIA DE IRACEMA PRAIA DE IRACEMA

MEIRELES

PRAIA DE IRACEMA CENTRO

PRAIA ACESSÍVEL

CENTRO

LOCALIZAÇÃO DO TERRENO

CENTRO

MEIRELES

CENTRO

MEIRELES

VIAS SERVIDAS DE TRANSPORTE PÚBLICO MEIRELES

CICLOFAIXAS

ESTAÇÕES DO BICICLETAR PRAIA ACESSÍVEL

PRAIA ACESSÍVEL PARADAS DE ÔNIBUS NAS PROXIMIDADES DO TERRENO LOCALIZAÇÃO DO TERRENO

FIGUR A 39

VIAS SERVIDAS DE TRANSPORTE PÚBLICO

VIAS SERVIDAS DE TRANSPORTE PÚBLICO

Mobilidade no entorno do terreno. Fonte: Elaborado pela autora.

CICLOFAIXAS

CICLOFAIXAS VIAS SERVIDAS DE TRANSPORTE PÚBLICO

LOCALIZAÇÃO DO TERRENO PRAIA ACESSÍVEL ESTAÇÕES DO BICICLETAR LOCALIZAÇÃO DO TERRENO ESTAÇÕES DO BICICLETAR PARADAS DE ÔNIBUS NAS PROXIMIDADES DO TERRENO ESTAÇÕES DO BICICLETAR

CICLOFAIXAS

PARADAS DE ÔNIBUS

O UST IO A UG ÔN ANT RUA

AUG

ANT

PRAIA DE IRACEMA

AV. MON HSEN HOR

VIA ARTERIAL II VIA ARTERIAL VIA LOCAL

II

VIA COLETORA

VIA COLETORA VIA LOCAL

ANT

RUA

VIA COLETORA

J OÃ

OC O

RDE

CENTRO

VIA ARTERIAL II

RUA

IRO

RDE

OC O

RUA PAD RE CLI MÉR IO

RU A PA DR E CL IMÉ RIO

TAB OSA

MEIRELES

MEIRELES MEIRELES AV. MO NHS ENH OR

J OÃ

JOÃ

RUA PAD RE CLI MÉR IO

TABO SA

AV. MO NHS ENH OR

TAB OSA

RUA

CENTRO CENTRO

AV. MON HSEN HOR

TABO SA

MEIRELES

IRO

CENTRO

RUA JOÃ OC OC ORD ORD E IRO E IRO

Ô N IO

RUA

O

PRAIA DE IRACEMA

UST

RUA ANT Ô N IO Ô N IO AUG AUG UST UST O O

PRAIA DE IRACEMA

PRAIA DE IRACEMA

RUA

94

NAS PROXIMIDADES DO TERRENO PARADAS DE ÔNIBUS NAS PROXIMIDADES DO TERRENO

RU A PA DR E CL IMÉ RIO

FIGUR A 40

Caixa viária. Fonte: Elaborado pela autora.

VIA LOCAL VIA ARTERIAL II

O terreno situa-se logo após o fim da característica zona comercial da Rua Monsenhor Tabosa, marcando o início do Bairro Meireles e também o aumento do gabarito das edificações.

VIA COLETORA VIA LOCAL


O LOCAL

95

0

100

200

LOCALIZAÇÃO DO TERRENO USO COMERCIAL / SERVIÇOS USO RESIDENCIAL USO MISTO USO INSTITUCIONAL PRAÇA / PARQUE LOTES VAZIOS

FIGUR A 41

Mapa de usos. Fonte: Elaborado pela autora.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Pelo mapa anterior, percebe-se que o terreno se localiza em uma zona de transição quanto ao uso. Enquanto o Centro se caracteriza predominantemente por comércios, serviços ou uso misto, o Meireles é predominantemente de uso residencial. Como mostra a perspectiva e o mapa abaixo, o terreno escolhido está exatamente na transição da zona da cidade mais horizontal para a zona mais verticalizada.

96

Localização do terreno

FIGUR A 42

Perspectiva de gabaritos. Fonte: Elaborado pela autora.


O LOCAL

97

0

100

200

LOCALIZAÇÃO DO TERRENO TÉRREO TÉRREO + 1PAVTO TÉRREO + 2 PAVTOS TÉRREO + 3 PAVTOS TÉRREO + 4 PAVTOS MAIS DE 5 PAVIMENTOS TERRENO VAZIO

FIGUR A 43

Mapa de gabaritos. Fonte: Elaborado pela autora.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

6. 3 Legislação vigente O terreno em estudo está dentro da chamada Zona de Ocupação Consolidada (ZOC), assim, de acordo com o Plano Diretor Participativo de Fortaleza (2008), os parâmetros incidentes da ZOC são:

98

I

Índice de aproveitamento básico: 2,5

II

Índice de aproveitamento máximo: 2,5

III

Índice de aproveitamento mínimo: 0,2

IV

Taxa de permeabilidade: 30%

V

Taxa de ocupação: 60%

VI

Taxa de ocupação de subsolo: 60%

VII Altura máxima da edificação: 72m VIII Área mínima de lote: 125m2 IX

Testada mínima de lote: 5m

X

Profundidade mínima do lote: 25m

Pela Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), Capítulo III –DO ZONEAMENTO, Seção I, art.5. a zona em questão era a ZU-2 (macrozona urbanizada), mas esses termos foram revogados e substituídos no PDPF pelos mencionados acima. Assim, os parâmetros do anexo 5 da LUOS também já não se aplicam. Os demais anexos, no entanto, estão em vigor e estão citados abaixo para o caso em questão.


O LOCAL

Pelo ANEXO 6, TABELA 6.7: Š

Hotel PGT1 (acima de 2500m²) requer 1 vaga/ 5 unid. hosp: portanto,

96 quartos são 20 vagas no mínimo; Š

Hotel-Residência PGT1 (acima de 2500m²) requer 1 vaga/ 2 unid.

hosp.: portanto, 48 flats são 24 vagas no mínimo. Pelo ANEXO 10, TABELA 10.2: Š

Av. Mons. Tabosa desde a Rua João Cordeiro até a Av. Barão de Studart está classificada como Arterial 1 (tabela 8.7);

Š

Rua Antônio Augusto não aparece nas classificações sendo assim

tipo como Local. Pelo ANEXO 8, TABELA 8.7, o subgrupo Hospedagem em PGT1 e rua Arterial 1 terá: Š

Recuos:10m (frente), 5m (lateral), 5m (fundo);

Observar as normas 3, 7, 11, 12, 13, 14.

99


O Programa

7 Por meio das visitas a alguns equipamentos de Fortaleza, mas principalmente através de estudos de caso e conversas com pessoas da terceira idade, foi possível elaborar o programa de necessidades, o qual se divide em setor hoteleiro, setor de comércio, setor de cursos, de esportes e de saúde. As áreas são, em geral, planejadas de forma generosa para que pudessem ser trabalhadas com mobiliários mais largos e confortáveis e que pudessem ter opções de alturas variadas, devido ao público do Desenho Universal (obeso, criança, pessoa com deficiência, entre outros já comentado).

100 A seguir está exposto o quadro de áreas de cada setor conforme a ordem mostrada abaixo: t

Setor Hoteleiro

t

Setor de Comércio

t

Setor de Cursos

t

Setor de Esportes

t

Setor de Saúde



UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

7.1 Programa de Necessidades

ADM

102

SETOR HOTELEIRO

5037.87

SOCIAL

3502.49

AMBIENTES

ÁREA (m²)

Hall Social Informação Turística Sala Gerente Tesouraria Sala de Segurança Compras R.H. Maleiro Wc Acessível Feminino Wc Acessível Masculino Brinquedoteca Salão de Jogos Sala Ecumênica Sala Espaço Família Home Cinema Salão de Festas | Gourmet Biblioteca Restaurante Café da Manhã Cozinha do Restaurante Lounge Bar Deck

400.43 21.83 12.42 7.4 6.45 15.05 23.43 7.4 4.56 4.56 60.62 60.62 60.62 60.62 75.68 677.32 123.24 275.98 99.85 155.9 1203.09

QTD.

1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1

TOTAL

400.43 21.83 12.42 7.4 6.45 15.05 23.43 7.4 9.12 9.12 60.62 60.62 60.62 121.24 151.36 677.32 123.24 275.98 99.85 155.9 1203.09


O PROGRAMA

ESTADIA

453.18

(POR PAVIMENTO - x18)

AMBIENTES

ÁREA (m²)

Apart Quarto Tradicional

74.3 38.38

QTD.

TOTAL

3 6

222.9 230.28

SERVIÇOS

*DEP. ALIM. PERECÍV.

1082.2

AMBIENTES

ÁREA (m²)

Lixo Orgânico Lixo não-Orgânico Gás Recebimento | Controle Carga e Descarga Depósito Depósito não-Alimento Dep.alimento não-Perecível Câmara Frig. Carnes Câmara Frig. Peixes Câmara Frig. Laticínios Câmara Frig. Frutas | Verduras Refeitório Funcionários Descanso Funcionários Oficinas Vestiário Funcionários Gerador Subestação Lavanderia

9.55 9.55 9.55 40.96 72.4 40.39 40.39 50.4 65.67 19.17 21.35 33.4 60.61 48.3 15.3 75.75 130 80 153.11

* Departamento de Alimentos Perecíveis

QTD.

TOTAL

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 2 1 1 1

9.55 9.55 9.55 40.96 72.4 40.39 40.39 50.4 65.67 19.17 21.35 33.4 60.61 48.3 45.9 151.5 130 80 153.11

103


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

SETOR DE COMÉRCIO

733.77

AMBIENTES

ÁREA (m²)

Restaurante Cozinha industrial | Restaurante Farmácia Pet Shop Cabeleireiro

372.84 148.69 48.52 77.02 86.7

QTD.

1 1 1 1 1

SETOR DE CURSOS

104

TOTAL

372.84 148.69 48.52 77.02 86.7 625.45

AMBIENTES

ÁREA (m²)

Sala Curso de Culinária Sala Curso de Pintura Sala Curso de Costura Sala Curso de Computação Sala Curso de Música Sala Curso de Dança Sala Multiuso

56.42 92.06 56.42 69.81 85.85 77.17 187.72

QTD.

TOTAL

1 1 1 1 1 1 1

56.42 92.06 56.42 69.81 85.85 77.17 187.72

SETOR DE ESPORTES

764.9

AMBIENTES

ÁREA (m²)

Piscina Aquecida Vestiários Recepção Spa Sala de Massagem Duchas Sauna Yoga Pilates Academia

166.44 54.54 20.47 6.35 13.51 13.43 89.93 203.86 122.78

QTD.

TOTAL

1 2 1 4 1 1 1 1 1

166.44 109.08 20.47 25.4 13.51 13.43 89.93 203.86 122.78


O PROGRAMA

SETOR DE SAÚDE

428.59

AMBIENTES

ÁREA (m²)

Recepção Clínicas Sala Fisioterapia Sala de Psicologia Sala de Psiquiatria Sala de Enfermaria Sala de Nutricionista Sala Dentista Sala Geriatria Sala Clínico Geral Ambulatório

183.83 43.5 22.49 22.49 22.1 22.1 22.45 22.45 26.95 40.23

QTD.

TOTAL

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

183.83 43.5 22.49 22.49 22.1 22.1 22.45 22.45 26.95 40.23

SETOR DE APOIO AOS DEMAIS

27.25

(POR PAVIMENTO - x5)

105 AMBIENTES

ÁREA (m²)

Sala De Controle Wc Masculino Wc Acessivel Masc. Wc Acessivel Fem. Wc Feminino

3.4 6.35 5.55 5.55 6.4

QTD.

1 1 1 1 1

TOTAL

3.4 6.35 5.55 5.55 6.4


O Projeto

8 8.1 Memorial justificativo

Contextualização e implantação do objeto arquitetônico

106

O equipamento projetado situa-se em Fortaleza, Ceará, no bairro Meireles, em uma zona de transição com o bairro Praia de Iracema a norte e com o bairro Centro a oeste. O terreno está na esquina da Avenida Monsenhor Tabosa com a Rua Antônio Augusto. A entrada de serviço, a carga e descarga de lixo e gás e ainda um embarque e desembarque se dão pela avenida. Enquanto, pela rua, há vagas lindeiras, vagas de taxi, embarque e desembarque para o apart hotel, vaga da ambulância e a entrada para os subsolos. O acesso de pedestres é livre pelos dois lados e incentivado pela praça projetada na frente do equipamento. Percebe-se, assim, que os fluxos de veículos e pessoas foram divididos para que houvesse mais fluidez e segurança. De maneira resumida, a implantação é um embasamento para os ambientes comuns e, acima, há o bloco das estadias, que visualmente se comporta como três torres intercaladas por duas áreas de convivência de pé direito duplo, dando mais leveza à fachada. A implantação iniciou pelas três torres e se deu através de uma linha imaginária que cortava a esquina do terreno como uma bissetriz. A primeira torre é perpendicular à Av. Monsenhor Tabosa, a segunda é perpendicular a essa linha e a terceira torre é um rebatimento da primeira, usando a linha imaginária para o espelhamento, resultando em uma implantação simétrica.



FIG. 44| P E RS P E CT I VA D O P E D ESTRE AV.MO N S . TA B O S A


Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


FIG. 45| P E RS P E CT I VA D O P E D ESTRE ESQU I N A DA AV. M O N S .TA B O S A COM R. ANTÔ N I O A U G U STO

FI G. 4 6| P E RS P E CT I VA D O P E D ESTRE E SQU I N A DA AV. M O N S .TA B O S A COM R. AN TÔ N I O A U G U STO

Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


F IG. 47| PERSPECTI VA DA R U A ANTÔNIO AUGUSTO

FIG. 48| PERSPECTIVA DA R U A ANTÔNIO AUGUSTO


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

A implantação do embasamento veio como um prolongamento da projeção das torres e como consequência dos fluxos e acessos.

3

ACESSO SERVIÇO

ACESSO SERVIÇO

Eixo Av. Monsenhor Tabosa

Eixo Av. Monsenhor Tabosa

4

2

9

3

ACE SS SOC O IAL

8 PROJEÇÃO RECUOS

112 1

ESTABELECIMENTO DA CALÇADA EXISTENTE (FOI PROPOSTO, NO ENTANTO, AUMENTÁ-LAS DE 2M PARA 4M)

2

ESTABELECIMENTO DOS RECUOS

3

DETERMINAÇÃO DOS FLUXOS

4

TRAÇADA UMA BISSETRIZ NO TERRENO

5

PROJEÇÃO PRIMEIRA TORRE A 90 GRAUS DA AV. MONSENHOR TABOSA

6

PROJEÇÃO SEGUNDA TORRE A 90 GRAUS DA BISSETRIZ

7

PROJEÇÃO TERCEIRA TORRE COMO ESPELHAMENTO DA PRIMEIRA COM USO DA BISSETRIZ

8

DETERMINAÇÃO DE UM CORREDOR DE 2M A PARTIR DA PAREDE MAIS EXTERNA DAS TORRES TIPO

9

PROJEÇÃO ELEMENTO DE FACHADA HÁ 1 METRO DAS VARANDAS DAS TORRES TIPO PROJEÇÃO EMBASAMENTO HÁ 21 METROS DAS TORRES TIPO

PISO VIAS TRAFFIC CALM SUGERIDO TERRENO PROJEÇÃO CALÇADA EXISTENTE/RECUOS BISSETRIZ DO TERRENO PROJEÇÃO PRIMEIRA TORRE PROJEÇÃO SEGUNDA TORRE PROJEÇÃO TERCEIRA TORRE PROJEÇÃO ELEMENTO DE FACHADA PROJEÇÃO EMBASAMENTO

ntônio Rua A

7

F IGUR A 49

Estudo da implantação. Fonte: Elaborado pela autora.

Eixo

Eixo

6

ACE SS SOC O IAL

Rua A

ntônio

10

PROJEÇÃO RECUOS

10

Augu sto

CUO

5

J.RE

REC PRO J.

S

Augu sto

PROJEÇÃO RECUOS

UOS

PROJEÇÃO RECUOS

1

PRO

PROJEÇÃO CALÇADA EXISTENTE


O PROJETO

t

Área do terreno ( At ) = 8.545,41

t

Índice de aproveitamento da Zona 1 ( IA ) = 2,5

t

Área de Construção Computável 2 ( Acc ) = ( At ) x ( IA ) Logo: 8.545,4 x 2,5 = 21.363,52

t

Área de Construção Computável = 65% x Atotalconstruída *

Então: *Área total construída ( menos sacada / estacionamento )

Na prática, tem-se ( Atotalconstruída ) de 28.561,18m² com 18 andares de estadia mais os quatro andares de embasamento e atingindo os 72m de altura máxima da edificação, logo: t

Acc = 65% x Atotalconstruída Logo: 65% x 28.561,18 = 18.564,80m²

Assim, a partir da primeira fórmula, pode-se obter o ( IA ) atingido na prática: 113 t

IA = Acc / At Logo: IA = 18.564,80m² / 8.545,4. Assim: IA = 2,17

Quanto a área permeável ( AP ), calula-se: t

AP = 30% x At Logo: 30% x 8.545,41 = 2.563,62m²

1 “O índice de aproveitamento é aquele que, multiplicado pela área do terreno, resulta na área de construção computável, estabelecendo as condições de utilização dos instrumentos urbanísticos, jurídicos e tributários definidos nesta Lei. ” (FORTALEZA, 2008). 2 “A área de construção computável dos empreendimentos de demais usos corresponde a 65% (sessenta e cinco por cento) da área total construída, excluídas as sacadas c/ largura total máxima de 1.05m (um metro e cinco centímetros) e as áreas destinadas a estacionamento. ” (FORTALEZA, 2008).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Na prática, obtém-se 3.087,30m² ou 36% com predominância da grama (100%permeabilidade) no jardim projetado ao fundo do terreno, e com a escolha do piso drenante para a praça da frente que tem 60% de permeabilidade 3. Referente a taxa de ocupação 4 ( TO ): Assim: 3128,01 / 8545,41 = 0,37

( ou 37% )

E taxa de ocupação do subsolo 5: Assim: 3385,14 / 8545,41 = 0,40

( ou 40% )

Seguem as áreas e indicadores:

114

AMBIENTES

ÁREA CONSTRUÍDA

ÁREA COMPUTÁVEL

SUBSOLO 2

3326,69

683,26

SUBSOLO 1

3385,14

1550,16

TÉRREO

3128,01

3128,01

PAV 1

2403,62

PAV 2 PAV 3

INDICADORES

NA LEI

NA PRÁTICA

ÁREA DO TERRENO ( At )

-

8545,41m²

ÍNDICE DE APROV. ( IA )

2,5

2,17

ALTURA MÁXIMA

72m

72m

2403,62

ÁREA PERMEÁVEL

30%

36%

2313,45

2313,45

RECUOS

10 -10 - 5 - 5 (m)

10 -10 - 5 - 5 (m)

1520,59

1520,59

TAXA DE OCUPAÇÃO

60%

37%

PAV 4

1032,09

1032,09

TAXA DE OCUP. SUBS.

60%

40%

PAVTO TIPO 1

8971,74

8405,1

ÁREA CONSTRUÍDA

-

34117,61

PAVTO TIPO 2

8036,28

7524,9

ÁREA COMPUTÁVEL

21363,52

28561,18

TOTAL

34117,61

28561,18

Elaborado pela autora.

3 O piso drenante apresenta laudos técnicos com 90% de permeabilidade, mas a Prefeitura de Fortaleza, até a presente data, só reconhece para fins de cálculo de taxa como 60%. 4 Taxa de ocupação é a percentagem da área do terreno ocupada pela projeção da edificação no plano horizontal, não sendo computados nesta projeção os elementos componentes das fachadas, tais como: brises, jardineiras, marquises, pérgolas e beirais. (FORTALEZA, 2008). 5 Taxa de ocupação do subsolo é a percentagem da área do terreno ocupada pela maior área de pavimento de subsolo. (FORTALEZA, 2008).


Desenho tĂŠcnico



SEBRAE

AV.

ACESSO SERVIÇO

MONSENHOR TABOSA

-0.50

D

-0.50 -1.00

sobe

E

desce

HOTEL PRAIA CENTRO

0.00

S CUO J.RE

B

USTO

PRO

C

TAXI

A

PROJEÇÃO DO TIPO

C LAJE IMP. LIXO

GUARDA CORPO H=1.40

LAJE IMP. GÁS

F1

GUARDA CORPO H=1.40

GUARDA CORPO H=1.40

7.52

TAXI

DA

AR EÇ

Visita Cx. D'agua

ANTÔ

OJ

PE A) 40 1. CA AD H= O O IP ES ILIZ RP O T CO ÃO D DE AB JE ME ,88 LA ER +70 P

PR

Escada Tipo Marinheiro

NIO

+15,04 GU

LAJE IMPERMEB. +75,28

(IM

D

JEÇ

ÃO D

O TIP

=1.4 0

-1.00 sobe

GUA RDA

LA IMPE JE RM +75,2 EB. 8

OCIA L

COR

PO H

Escada Tipo Marinheiro

Visita

sobe

O

LAJE IMP.

MARQUISE

Cx. D

'agua

7.52

E

ACES SO S

PRO

F2

B

0.00

AUG

TAXI

RUA

ENTRADA SERVIÇO CARGA/DESCARGA

PROJEÇÃO RECUOS

PROJEÇÃO RECUOS

PISO TÁTIL PISO PORCELANATO AMADEIRADO PISOS DRENANTE PASSEIO ESPELHO D'AGUA JARDIM

PROJEÇÃO RECUOS

PISO VIAS

0.00

TRAFFIC CALM SUGERIDO

S

A

LAJE IMP.

01| 19

FABRICA DE NEGÓCIOS

ESTACIONAMENTO

IMPLANTAÇÃO

ESC.

1:500


E

D

EIXO AV. MONSENHOR TABOSA

PROJEÇÃO RECUOS FOSSO SUBSOLO

FOSSO SUBSOLO

FOSSO SUBSOLO

2

1 29

28

27

26

25

34

36

38

40

42

44

JEÇÃ

C

O RE

F1

30

CUO

S

VAZIO VENTILAÇÃO/ ILUMINAÇÃO

PRO

C 2

7

31

32

35

33

FOSSO SUBSOLO

8

39

37

43

41

FOSSO SUBSOLO

BS

SU

23 22

OL

46

21

48 20

47 SS O

18

SU

49

OL

BS

52

O

GRELHA VENTILAÇÃO

14

1

53

56

13 12

55

11

58

10

4

57

9

5 6

59

7 6

60

5 4

E 3

AMBIENTES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

CIRCULAÇÃO VEÍCULOS BICICLETÁRIO E MOTOS LAVANDERIA HALL SOCIAL DEPÓSITO ANTE-CAMARA WC ACESSÍVEL SERVIÇO HALL SERVIÇO DEPÓSITO ALMOXARIFADO

ÁREA 1.364,44 M2 36,17 M2 153,11 M2 286,10 M2 24,48 M2 4,80 M2 4,81 M2 21,21 M2 38,80 M2 51,25 M2

2 9

1

02| 19

A

5

8

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

5

D 15

54

B

17

1

16

51

19 18 17 16 15 14 13 12 11

VAZIO VENTILAÇÃO/ ILUMINAÇÃO

19

50

F2

FO

3

RUA

O

4

5

ANTÔ

O

SS

45

EIXO

FO

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

NIO

24

5 19 18 17 16 15 14 13 12 11

AUG

2

USTO

1

61

6

A

B

SOBE

10

PLANTA DO SUBSOLO 2

ESC.

1:400


E

D

EIXO AV. MONSENHOR TABOSA

PROJEÇÃO RECUOS FOSSO SUBSOLO FOSSO SUBSOLO

10

10

10

3

4

2

C

B

7

A

15

O RE

6

JEÇÃ

8 C

PRO

5

F1

9

CUO

S

VAZIO VENTILAÇÃO/ ILUMINAÇÃO

FOSSO SUBSOLO

USTO

7 7

7 13 FOSSO SUBSOLO

FOSSO SUBSOLO

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

ANTÔ

O

9

11

13

16 8

15

18 O

SS

FO

RUA

OL

BS

SU

12

14

7

BS

SU O

D

6

19

22

11

B

5

21

24 4 17

3

1 13 13

23

26

12

25

28

13 2

14

27

30 1 32

29 E

31

Nº 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17

AMBIENTES CIRCULAÇÃO VEÍCULOS RECEBIMENTO / CONTROLE CARGA E DESCARGA/CONTROLE DEPÓSITO DEPÓSITO NÃO-ALIMENTO DEP. ALIMENTO NÃO-PERECÍVEL DEPÓSITO ALIMENTO PERECÍVEL REFEITÓRIO FUNCIONÁRIOS DESCANSO FUNCIONÁRIOS OFICINAS (X3) VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS (X2) HALL SOCIAL DEPÓSITO ANTE-CAMARA GERADOR HALL SERVIÇO SUBESTAÇÃO

ÁREA 1.058,08 M2 40,96 M2 72,40 M2 40,39 M2 40,39 M2 50,40 M2 65,67 M2 60,61 M2 48,30 M2 15,30 M2 75,75 M2 118,30 M2 24,48 M2 4,80 M2 130,00 M2 21,21 M2 80,00 M2

13

03| 19

A

VAZIO VENTILAÇÃO/ ILUMINAÇÃO

17

20

OL

GRELHA VENTILAÇÃO

EIXO

O

12 13

10

19 8 1 17 16 15 14 13 12 11

SS

FO

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

NIO

11

13 19 18 17 16 15 14 13 12 11

AUG

16

F2

14

PLANTA DO SUBSOLO 1

ESC.

1:400


EIXO AV. MONSENHOR TABOSA ACESSO SERVIÇO

D

-0.50

-0.50 sobe

-1.00

E

desce

1

PROJEÇÃO RECUOS

PROJEÇÃO RECUOS

PROJEÇÃO RECUOS

PROJ.COBERTA

0.00 26

36

C

34

PRO

C

J.RE

27

35

26

0.00

8

25 23 24

6 5

4

6,35 M2

13

WC ACESSÍVEL MASCULINO

5,54 M2

14

WC ACESSÍVEL FEMININO

5,54 M2

15

WC FEMININO/TROCADOR

6,40 M2

16

FARMÁCIA

48,52 M2

5,80 M2 7,25 M2

25

APOIO COPA E WC SERVIÇO

18,98 M2

26

RESTAURANTE

27

JARDIM INTERNO

22,12 M2

28

COZINHA INDUSTRIAL

13,60 M2

29

DEPOSITO BEBIDA

5,24 M2

30

DEPOSITO ALIMENTOS

5,24 M2

31

CAMARA FRIGORIFICA

5,00 M2

32

PRE - PREPARO

13,87 M2

33

PREPARO

28,61 M2

34

COCÇÃO

29,78 M2

35

LAVAGEM

23,75 M2

36

DISTRIBUIÇÃO DE PRATOS

13,60 M2

sobe

37

ADMINISTRAÇÃO RESTAURANTE

10,00 M2

-1.00

38

DEPÓSITO

17,04 M2

39

ANTE-CAMARA

2,40 M2

40

WC ACESSÍVEL SERVIÇO

4,81 M2

41

HALL SERVIÇO

21,21 M2

42

HALL SOCIAL

255,66 M2

43

DEPÓSITO MATERIAL DE LIMPEZA

2,10 M2

TA

L SO S OCIA

F2

0.00

1

WC MASCULINO

CABELEIREIRO BANHO DE LUA

0.00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

38 39

3,36 M2

12

24

E

ACES

38

60,62 M2

SALA DE CONTROLE

5,80 M2

sobe

3

42

SALÃO DE JOGOS

11

CABELEIREIRO SOMBRANCELHA

D

8 7

VAZIO VENTILAÇÃO/ ILUMINAÇÃO

22

10

23

NIO 5

B

60,62 M2

9,60 M2

ANTÔ

19

BRINQUEDOTECA

CABELEIREIRO DEPILAÇÃO

RUA 18

4,56 M2

9

22

BER

21

WCS ACESSIVEIS

58,24 M2

J.CO

20

43

7,40 M2

8

CABELEIREIRO GERENTE

EIXO

01 02 03 04 05 06 7 0 08 9 0 10

11

9

MALEIRO

21

16 17

7,40 M2

7

14,36 M2

14 12

TESOURARIA

CABELEIREIRO

0.00

13

46,28 M2

6

20

42

10

CIRCULAÇÃO SERVIÇO

11,81 M2

0.00

38

12,42 M2

5

PET SHOP BANHO E TOSA

TAXI

15

SALA GERENTE

19

PRO

38 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

21,83 M2

4

50,85 M2

41

39

350,72 M2

PISO TÁTIL PISO PORCELANATO AMADEIRADO PISOS DRENANTE PASSEIO ESPELHO D'AGUA JARDIM

2

PROJEÇÃO RECUOS

0.00

PISO VIAS

S

TRAFFIC CALM SUGERIDO

A

19 18 17 16 15 14 13 12 11

32

40,23 M2

INFORMAÇÃO TURÍSTICA

PET SHOP RECEPÇÃO

AUG

40

31

AMBULATÓRIO

3

PET SHOP VETERINÁRIO

TAXI

30

2

17

28 29

ÁREA 400,43 M2

18

TAXI

A

33

41

LIXO

B

USTO

LIXO

CUO

S

37

19 18 17 16 15 14 13 12 11

VAZIO VENTILAÇÃO/ ILUMINAÇÃO

ENTRADA SERVIÇO CARGA/DESCARGA

GÁS

F1

0.00

AMBIENTES HALL SOCIAL

04| 19 PLANTA PAVTO TÉRREO

ESC.

1:400


D E

PROJ.COBERTA

17

F1

+3,04

18 C

C

7

LAJE IMP. LIXO

B

A

ENTRADA SERVIÇO CARGA/DESCARGA

LAJE IMP. GÁS

19

7

24

+3,04

+3,04

6

12 11 10

13

9

14 15

8 23

16 6

+3,04

B +3,04

5

5

26

3

2,40 M2 2,10 M2 21,21 M2 4,81 M2 9,74 M2

PISO PORCELANATO AMADEIRADO PISOS DRENANTE PASSEIO ESPELHO D'AGUA JARDIM PISO VIAS TRAFFIC CALM SUGERIDO

1

F1

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

MARQUISE

19 18 17 16 15 14 13 12 11

22

3,36 M2 6,35 M2 5,54 M2 5,54 M2 6,40 M2 56,42 M2 92,06 M2 56,42 M2 69,81 M2 187,72 M2 77,17 M2 85,85 M2 263,18 M2 24,48 M2

PISO TÁTIL

2

21 21

ÁREA 61,24 M2 6,45 M2 15,05 M2 23,43 M2 4,56 M2 60,62 M2 75,68 M2

D

4 20

SALA ECUMÊNICA SALA DE SEGURANÇA COMPRAS R.H W.C.S ACESSÍVEIS (X2) ESPAÇO FAMÍLIA (X2) HOME CINEMA (X2) SALA DE CONTROLE WC MASCULINO WC ACESSÍVEL MASCULINO WC ACESSÍVEL FEMININO WC FEMININO/TROCADOR SALA OFICINA CULINÁRIA SALA OFICINA DE PINTURA SALA OFICINA DE COSTURA SALA OFICINA DE COMPUTAÇÃO SALA MULTIUSO SALA DE DANÇA SALA DE MÚSICA HALL SOCIAL DEPÓSITO ANTE-CAMARA DML HALL SERVIÇO WC ACESSÍVEL SERVIÇO ESPAÇO MAQUINÁRIO AR COND.

A

21

ERT

20

01 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 07 8 0 9 0 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

28 7 2 6 2 5 2 24 3 2 2 2 1 2 0 2 9 1 8 1 7 1 6 1 5 1

21 19 18 17 16 15 14 13 12 11

.COB

22

PRO J

25

AMBIENTES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

E

LAJE IMP. A

26

05| 19 PLANTA DO PAVTO 1

ESC.

1:400


D

E 13

13

13

LAJE IMP. GÁS

F1

17

13 12

15

C

10 C

14

16

LAJE IMP. LIXO

B A

11

25

11

21 19 18 19

9

01 2 0 03 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 0 1

21,94 M2 2,40 M2 21,21 M2 119,40 M2 4,81 M2 7,68 M2 38,08 M2

8

3

PISO TÁTIL

7

PISO PORCELANATO AMADEIRADO

6

PISOS DRENANTE PASSEIO

5

D

1

ESPELHO D'AGUA JARDIM

proje

ção

B

ÁREA 677,32 M2 891,89 M2 123,24 M2 45,00 M2 3,36 M2 6,35 M2 5,54 M2 5,54 M2 6,40 M2 166,44 M2 54,54 M2 20,47 M2 6,35 M2 13,51 M2 13,43 M2 4,32 M2 89,93 M2 263,18 M2

clínic

PISO VIAS

as

TRAFFIC CALM SUGERIDO

18

19

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

24 20

MARQUISE

19 18 17 16 15 14 13 12 11

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

22

19 8 1 7 1 6 1 5 1 4 1 3 1 2 1 1 1

19 18 17 16 15 14 13 12 11

4

SALÃO DE FESTAS/GOURMET JARDIM SALÃO DE FESTAS BIBLIOTECA ÁREA LEITURA SALA DE CONTROLE WC MASCULINO WC ACESSÍVEL MASCULINO WC ACESSÍVEL FEMININO WC FEMININO/TROCADOR PISCINA AQUECIDA VESTIÁRIOS (X2) RECEPÇÃO SPA SALAS DE MASSAGEM (X4) DUCHAS SAUNA CASA DE MAQUINA YOGA HALL SOCIAL DEPÓSITO ANTE-CAMARA HALL SERVIÇO HALL ESCADA SOCIAL WC ACESSÍVEL SERVIÇO DEPÓSITO CIRCULAÇÃO SERVIÇO

F2

20

AMBIENTES

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

2

E

LAJE IMP.

A

23

06| 19 PLANTA PAVTO 2

ESC.

1:400


D E

F1

19

LAJE IMP. GÁS

10 C

C

LAJE IMP. LIXO

26 25

A

B

16

18

24

22

7 23

21

8

20

9

6

21

10

5

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

PÉ DIREITO DUPLO S. DE FESTAS SALA DE CONTROLE WC MASCULINO WC ACESSÍVEL MASCULINO WC ACESSÍVEL FEMININO WC FEMININO/TROCADOR RECEPÇÃO CLÍNICAS SALA FISIOTERAPIA SALA PSICOLOGIA SALA PSIQUIATRIA SALA ENFERMARIA SALA NUTRICIONISTA SALA DENTISTA SALA GERIATRIA SALA CLÍNICO GERAL PÉ DIREITO DUPLO PISC.AQUEC. PILATES ACADEMIA JARDIM ACADEMIA HALL SOCIAL ELEVADORES DEPÓSITO ANTE-CAMARA HALL ESCADA SOCIAL HALL SERVIÇO WC ACESSÍVEL SERVIÇO CIRCULAÇÃO SERVIÇO DML

ÁREA 236,50 M2 3,36 M2 6,35 M2 5,54 M2 5,54 M2 6,40 M2 183,83 M2 43,50 M2 22,49 M2 22,49 M2 22,10 M2 22,10 M2 22,45 M2 22,45 M2 26,95 M2 435,35 M2 203,86 M2 122,78 M2 87,06 M2 263,18 M2 24,56 M2 2,40 M2 119,40 M2 21,21 M2 4,81 M2 38,08 M2 2,10 M2

4 3 17

2

PISO TÁTIL

15

27

14

D

13

ESPELHO D'AGUA

11 FOS

PISO PORCELANATO AMADEIRADO PISOS DRENANTE PASSEIO

12

B

SO C

JARDIM

LINIC

AS

PISO VIAS

1

TRAFFIC CALM SUGERIDO

20

MARQUISE

E

LAJE IMPERM.

A

21

F2

21 22

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

AMBIENTES

19 18 17 16 15 14 13 12 11

19 18 17 16 15 14 13 12 11

07| 19 PLANTA PAVTO 3

ESC.

1:400


D E

PROJEÇÃO TORRE

F1

11

LAJE IMP. GÁS

C

C

B

12

A

LAJE IMP. LIXO

10

28

26

25

24

13

16

23

17

9

22 23

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

DECK WC MASCULINO WC ACESSÍVEL MASCULINO WC ACESSÍVEL FEMININO WC FEMININO DUCHAS BAR HIDROMASSAGENS PISCINA INFANTIL PISCINA ADULTO PRAINHA CAFÉ DA MANHÃ/RESTAURANTE COZINHA INDUSTRIAL DEPOSITO BEBIDA DEPOSITO ALIMENTOS CAMARA FRIGORIFICA PRE - PREPARO PREPARO COCÇÃO LAVAGEM DISTRIBUIÇÃO DE PRATOS HALL SOCIAL DEPÓSITO ANTE-CAMARA HALL SERVIÇO WC ACESSÍVEL SERVIÇO CIRCULAÇÃO SERVIÇO

ÁREA 97,67 m2 3,68 m2 3,68 m2 3,68 m2 3,68 m2 12,75 m2 42,88 m2 530,24 m2 28,27 m2 166,44 m2 43,88 m2 275,98 m2 18,11 m2 5,24 m2 5,24 m2 5,00 m2 4,70 m2 15,39 m2 15,39 m2 15,39 m2 15,39 m2 193,10 m2 24,48 m2 4,80 m2 27,04 m2 4,81 m2 38,08 m2

21

PRO

19

JEÇÃ

RRE

20 B

D

O TO

8

1

ESPELHO D'AGUA SO C

JARDIM

LINIC

AS

PISO VIAS TRAFFIC CALM SUGERIDO

6

23

24

2

3 4

LAJE IMP. 5 MARQUISE

F2

22 23

PISO PORCELANATO AMADEIRADO PISOS DRENANTE PASSEIO

7 FOS

25

PISO TÁTIL

E

LAJE IMP.

A

18

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

AMBIENTES

19 18 17 16 15 14 13 12 11

19 18 17 16 15 14 13 12 11

14 15

08| 19 PLANTA PAVTO 4

ESC.

1:400


D

E

2 C

2

B

1

APART

74,30 M2 (x3)

2

QUARTO

38,38 M2 (x6)

3

SALA CONVIVÊNCIA

53,59 M2

4

SALA CARTEADO

53,59 M2

5

HALL SOCIAL

209,90 M2

6

ROUPARIA

15,62 M2

7

REMÉDIOS

2,78 M2

8

ANTE-CAMARA

4,80 M2

9

HALL SERVIÇO

27,04 M2

10

WC ACESSÍVEL SERVIÇO

4,81 M2

11

COPA SERVIÇO PARA QUARTOS

6,10 M2

PISO TARKETT BETULA

F1

1

ÁREA

PISO PORCELANATO PORTINARI LOFT

A

C

AMBIENTES

ALVENARIA TIJOLO ALVENARIA DRYWALL

10

09

8

4

6 5

2

2 1 D

B

3 1 2 2

5 09 8

E

F2

7

6

09| 19

A

11

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

19 18 17 16 15 14 13 12 11

19 18 17 16 15 14 13 12 11

PLANTA - 1º PAVTO TIPO

ESC.

1:300


PLANTA - PAVTOS TIPO

02

E

E

01

PLANTA - PAVTOS TIPO

3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17

2

C

2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18

2

C

2

C

C

2

1

AMBIENTES

ÁREA

1

APART

74,30 M2 (x3)

2

QUARTO

38,38 M2 (x6)

3

SALA CONVIVÊNCIA

53,59 M2

4

SALA CARTEADO

53,59 M2

5

HALL SOCIAL

209,90 M2

6

ROUPARIA

15,62 M2

7

REMÉDIOS

2,78 M2

8

ANTE-CAMARA

4,80 M2

9

HALL SERVIÇO

27,04 M2

10

WC ACESSÍVEL SERVIÇO

4,81 M2

11

COPA SERVIÇO PARA OS QUARTOS

6,10 M2

1 PISO PORCELANATO PORTINARI LOFT PISO TARKETT BETULA ALVENARIA TIJOLO

8

6

6

B 2

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

B 5

11

2

2

2

B

1

2

2

5 9

6 8

2

E

7

6 8

E

19 18 17 16 15 14 13 12 11

7

1

2

5 9

3

F2

3

F2

B

A

1

A

1

A

5

A

11

19 18 17 16 15 14 13 12 11

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

19 18 17 16 15 14 13 12 11

19 18 17 16 15 14 13 12 11

4

F1

4

9

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

8

ALVENARIA DRYWALL

10

09

F1

10

10| 19 PLANTA - PAVTOS TIPO

ESC.

1:300


1

3

2

7

7

4

4

5

5

6

6

E

02

03

APART - OPÇÃO 2

Opção representada na torre

A

Opção para necessidade de um cuidador

APART - OPÇÃO 1

01

PLANTA - TORRE TIPO

15 14 13 12 11

05 06 07 08 09 10

03

04

QUARTO - OPÇÃO 2

QUARTO - OPÇÃO 1

Opção para necessidade de um cuidador

Opção representada na torre

AMBIENTES

ÁREA

1

QUARTO (APART)

22,12 M2

2

WC (APART)

6,00 M2

3

SALA-COZINHA (APART)

27,76 M2

4

VARANDA (APART)

6,00 M2 (X2)

5

QUARTO (QUARTO TRADICIONAL)

22,12 M2

6

WC (QUARTO TRADICIONAL)

6,00 M2

7

VARANDA (QUARTO TRADICIONAL)

6,00 M2

PISO PORCELANATO ACETINADO PORTINARI LOFT PISO TARKETT BETULA ALVENARIA TIJOLO ALVENARIA DRYWALL

11| 19 TIPOS | QUARTOS

ESC.

1:100


E

LAJE IMPERMEAB.

+75,28 TOPO CAIXA D'AGUA

GUARDA CORPO H=1.40

LAJE DE ESCAPE (IMPERMEABILIZADA)

+70,88

ESCADA TIPO MARINHEIRO

HALL SOCIAL

+68,00 18º TIPO

HALL SOCIAL

+65,12 17º TIPO

CORTE C1 - CAIXA D’ÁGUA

B

CO O

RP

C1

40

1.

H=

LAJE DE ESCAPE (IMPERMEABILIZADA) DA

AR

A

GU

+70,88

O

RP

CO PRO

JEÇ

40

1.

H=

ÃO D

O TIP

O

1.40

Ø5.00

COR P

O H=

Escada Tipo Marinheiro

01

RDA

03

GUA

02

04

E

AMBIENTES

1 2 3 4 5

ROTA DE FUGA BARRILETE CASA DE MÁQUINAS PLATÔ LAJE DE ESCAPE

ÁREA 21,10 M2 33,91 M2 27,47 M2 24,94 M2 805,95 M2

A

B

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

03

19 18 17 16 15 14 13 12 11

02

DA

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

02 AR

C1

19 18 17 16 15 14 13 12 11

12

+70,88 LAJE DE COBERTA

LAJE DE ESCAPE

GU

04

GUARDA CORPO h=1.10

01

12

GUARDA CORPO h=1.10

Ø5.00

BARRILETE

C

POÇO ELEV.

C

PLATÔ GUARDA CORPO H=1.40

GUARDA CORPO H=1.40

CAIXA D'AGUA

01

12| 19

PLANTA DE COBERTA

PLANTA DE COBERTA

ESC.

1:300

CORTE C1 - CAIXA D’ÁGUA

ESC.

1:200







LEGENDA TEXTURA ACRÍLICA CORAL COR CINZA TEXTURA ACRÍLICA CORAL COR BRANCA TIJOLINHO PROVENCE PALIMANAN PORCELANATO CIMENTÍCIO PORTINARI DISTRICT HD SGR 60X120cm (CIMENTO QUEIMADO) PINTURA TECNOCIMENTO - PILARES REDONDOS VIDRO SEMI REFLETIVO VERDE

18| 19 FACHADA F1

ESC.

1:400


LEGENDA TEXTURA ACRÍLICA CORAL COR CINZA TEXTURA ACRÍLICA CORAL COR BRANCA TIJOLINHO PROVENCE PALIMANAN PORCELANATO CIMENTÍCIO PORTINARI DISTRICT HD SGR 60X120cm (CIMENTO QUEIMADO) PINTURA TECNOCIMENTO - PILARES REDONDOS VIDRO SEMI REFLETIVO VERDE

19| 19 FACHADA F2

ESC.

1:400



O PROJETO

Espaço Arquitetônico Com esses ângulos entre as torres e os espaços entre elas, tem-se uma releitura da tradicional implantação em “L” que trazia consigo um ponto negativo que seria a perda de privacidade, pois uma torre fica sempre no campo de visão da outra. Tanto para o turismo como para a moradia, a privacidade é essencial para o projeto desse equipamento. Há, no entanto, uma relativização quando se trata do turismo, porque o usuário não passa tanto tempo no quarto/varanda como um morador, além disso, há rotatividade de usuários, o que evita apropriar-se do dia a dia do outro. Assim, esse ponto negativo não seria tão relevante se o programa fosse restrito ao turismo convencional, mas como o uso (e o foco) é também para moradia, é necessário frisar a solução adotada (utilizar espaçamentos e ângulos entre torres) para garantir mais privacidade, sem, no entanto, isolar. Um dos principais desafios desse projeto foi promover, ao mesmo tempo, privacidade e convívio, liberdade e segurança. Para incentivar o convívio, a maior parte dos ambientes possui conexão visual direta com o entorno e facilidade de acesso, além disso, todas as circulações foram trabalhadas com larguras e mobiliários de forma que pudessem ser utilizadas também como espaço de permanência e encontros. A privacidade nas unidades de estadia é garantida com a solução de implantação comentada acima, além de ambientes que são de exclusividade dos usuários do apart hotel e do jardim, projetado nos fundos do terreno, justamente para garantir ainda mais privacidade e por estar mais distantes dos ruidos da cidade. Apesar de o objetivo do empreendimento ser estimular o convívio com a cidade, faz-se necessário ofertar a opção de um espaço de tranquilidade e reclusão do ambiente urbano. A liberdade é oferecida ao usuário pelo próprio conceito de não ser um lar, casa de repouso ou internação, garantindo, assim, o direito de ir e vir como uma moradia tradicional, pelo fato de o público alvo ser independente e pela localização do terreno, que estimula a independência, por ter um entorno de boa infraestrutura. A segurança foi resolvida através de uma recepção 24horas, de caminhos projetados especialmente para esse público, acompanhamento de cuidadores e, ainda, por ter um térreo com serviços, comércios e uma praça que dão movimento à região em horários distintos do dia.

119


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

A premissa de trabalhar com a escala humana está no respeito de distâncias caminháveis entre os ambientes do equipamento e entre o equipamento e pontos de ônibus, de táxi, de bicicleta, farmácia, mercados, entre outros já comentados. A escala humana está também na escolha do terreno, que dispõe de uma infraestrutura de malha viária que diminui a velocidade dos carros e prioriza o pedestre, mas infelizmente por motivos expostos a seguir, não está na altura do edifício que atingiu o limite máximo permitido pela legislação. Se o público fosse exclusivamente de idosos, caberia um equipamento de altura limitada em respeito ao usuário, pois através de conversas com pessoas da terceira idade percebe-se a preferência por andares mais baixos, pois muitos reclamam de vertigem e medo. Vale ressaltar que o público desse empreendimento envolve também o turista convencional, além das pessoas contempladas no Desenho Universal.

120

Acredito que, da mesma forma que não cabe ao arquiteto decidir se o flat é para o idoso e o quarto é para o turista, pois as tipologias podem atender a todos os perfis, a limitação de idosos aos primeiros andares também não cabe. Acredito que, ao planejar o equipamento de forma modular e flexível, o ideal seria deixar essas escolhas para o próprio usuário, cabendo à gerência do apart hotel essas decisões de funcionamento. Vale ressaltar que, além da multiplicidade de usuários contemplados, outro motivo para chegar à altura máxima, é para viabilizar economicamente para o incorporador e gestor do empreendimento, pois se trata de um equipamento caro para construir e manter e, com mais andares, obtém-se mais unidades e por consequência, mais renda. Vale frisar que o projeto tomou alguns partidos para compensar essa decisão, que perde a escala humana na altura, como dar o máximo de recuo, planejar a praça de forma bem ampla, colocar o embasamento em primeiro plano e, ainda, trabalhar a horizontalidade das fachadas e utilizar materiais que remetessem a uma escala menor, por isso a escolha do tijolinho. “Em termos abstratos, a escala humana é usada como expressão de uma arquitetura feita para o ser humano” (CAMBIAGHI, 2012, p. 40).


O PROJETO

121 FIG. 50| PERSPECTIVA DA PR AÇA DE ACES S O .

Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Interações funcionais A implantação foi feita examinando a relação do terreno com o contexto social, organizacional e físico do ambiente. O programa de necessidades foi dividido em três públicos: o que seria totalmente aberto ao público externo, o que seria aberto a um público credenciado, o que seria restrito aos hóspedes, moradores e visitantes.

ABERTO AO PÚBLICO EXTERNO

ABERTO AO PÚBLICO ASSOCIADO, HÓSPEDES E MORADORES

RESTRITO AOS HÓSPEDES, MORADORES, VISITANTES E FUNCIONÁRIOS

ESTACIONAMENTO

SETOR DE CURSOS

JARDIM

LOJAS | RESTAURANTE

SETOR DE ESPORTES

SETOR SOCIAL

PRAÇA

SETOR DE SAÚDE

SETOR DE SERVIÇO

122

FIG U R A 5 1

Fluxograma da relação público/privado. Fonte: Elaborado pela autora.

SETOR DE ESTADIA

O primeiro limita-se ao térreo com a praça e a parte de comércio e serviços como restaurante, farmácia, petshop e cabeleireiro. O segundo abrange quase todo o volume do embasamento, com um segundo andar que dá acesso aos cursos, o terceiro andar com a parte de esportes e o quarto andar com a continuação dos esportes e acesso às clínicas médicas. Como já foi dito, a ideia é que esses espaços pudessem ser vendidos ou alugados para garantir uma fonte de renda extra ao equipamento. Trata-se apenas de uma sugestão de funcionamento, em que estaria garantido o controle desses fluxos por uma sala projetada especialmente para isso. Os usuários do apart hotel teriam também acesso direto a esses serviços, controlando os acessos por essa mesma sala.


O PROJETO

O terceiro consiste nas próprias torres com as unidades de estadia e áreas de convivência, além das áreas comuns projetadas de forma que garantem a privacidade e exclusividade desses usuários, que vai desde brinquedoteca, salão de jogos, sala ecumênica, salão família, home cinema, biblioteca, salão de festas, deck com as piscinas, restaurante para café da manhã e bar distribuídos também no embasamento, mas de forma setorizada e controlada para uso exclusivo. Além do jardim no térreo, que se dá nos fundos do terreno para garantir uma área mais afastada do movimento urbano. Em termos projetuais, essa setorização por públicos foi um dos grandes desafios desse trabalho, pois o equipamento deveria ter um acesso para o público externo e para os associados e outro acesso independente e restrito para os usuários que já estariam no apart hotel e ainda fazia-se necessario que esses fluxos pudessem ser controlados. Vale ressaltar que era preciso chegar numa solução projetual que atingisse essa setorização e ainda assegurasse a privacidade dos espaços que eram de exclusividade do apart hotel. Alem disso, os ambientes deveriam estar a uma curta distância para os idosos residentes acessarem. “A mobilidade e a independência são importantes para a percepção que o idoso tem de sua saúde mental. Três aspectos da mobilidade devem ser avaliados: movimentação no ambiente; participação em atividades necessárias; manutenção de contato com outras pessoas;” (OLIVEIRA, 2012, p. 219).

Percebe-se que a hierarquização por público, se dá, no geral, na metade nordeste do embasamento, aberta aos usuários externos, e na metade sudoeste, a parte restrita ao apart hotel. As áreas comuns do apart hotel se distribuem pelos andares, mas as partes abertas ao público externo/associados se divide por andar, caracterizando-se como uma setorização por função. Assim, o térreo está com os serviços e comércio, o segundo andar com os cursos, o terceiro andar com a parte esportiva e o quarto andar com a continuação da parte esportiva e as clínicas médicas.

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UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

FLUXOGRAMA ENTRE GRUPOS FUNCIONAIS

SETOR DE ESTADIA

SETOR SOCIAL

SETOR DE SAÚDE

SETOR DE ESPORTE ELEVADOR/ESCADA

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SETOR DE CURSOS

LOJAS/RESTAURANTE

ELEVADOR/ESCADA

SETOR SERVIÇO

PRAÇA

HALL APART HOTEL

ESTACIONAMENTO


O PROJETO

SETOR DE ESTADIA

SETOR SOCIAL

125 SETOR DE SAÚDE SETOR DE ESPORTE

SETOR DE CURSOS

LOJAS/RESTAURANTE HALL APART HOTEL ESTACIONAMENTO

FIGUR A 52

Fluxograma e volumetria. Fonte: Elaborado pela autora.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Setor Hoteleiro Como parte do setor hoteleiro está a estadia e a parte social, que são de uso exclusivo dos hóspedes, dos moradores e de seus visitantes. Há também a parte de serviços restrita aos funcionários do empreendimento. A estadia se dispõe em uma circulação única, mas com fluxos divididos por dois halls de dois elevadores e uma escada de incêndio em cada. Em termos de fachada, no entanto, há claramente a existência de três torres idênticas intercaladas por duas áreas de convivência com pé direito duplo, o que gerou uma fachada mais leve, evitando a sensação de barreira. Apesar de o pé direito duplo da área de convivência ter dado movimento à fachada, quebrando a monotonia, a continuidade entre torres é mantida através das lajes e do tratamento simétrico. Todos as tipologias foram trabalhadas com medidas que atendessem à acessibilidade, seguindo o conceito de o apart hotel ser todo planejado no Desenho Universal. Essa decisão foi importante também para a premissa de versatilidade de usos e adaptabilidades dos ambientes. 126

A torre foi planejada de forma modular e sua unidade base é uma tipologia de quarto tradicional e duas unidades modulares geram um flat. Cada torre tem 4 unidades modulares, dispostas no pavimento tipo como dois quartos e um flat como sugestão. Cabe, no entanto, à gestão do hotel, decidir o melhor uso para cada torre e pavimento. Da forma como foi sugerida, consegue-se ainda oferecer uma terceira opção ao hóspede ou morador, com a possibilidade de conjugar o flat a um dos quartos, tornando-se um flat com 2 quartos. Obteve-se, então, uma implantação diversificada, mas simétrica, e, por ser modular, permite a alteração de usos conforme a necessidade do mercado.


FIG. 53| CORREDOR D O A PA RT

FIG. 54| P ERSP ECTIVA D O A PA RT

Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


Na parte social do setor hoteleiro estão salas administrativas, brinquedoteca, salão de jogos, sala ecumênica, salões família, home cinemas, salão de festas, biblioteca, salas de carteado. A parte de serviço conta com vestiário, copa e descanso de funcionários, lavanderia, depósitos de alimentos perecíveis e não perecíveis, oficinas etc. Como as unidades de estadia são pequenas se consideradas para moradia, essas salas de estar, salões de família, áreas terapêuticas e espaços de atividade foram usados para reunir familiares e amigos, estimulando a visita e o convívio. “Um dos grandes problemas com o sistema de lar de idosos tradicional nos EUA é a maneira como convidam e acolhem os membros da família na instituição. Um dos maiores impedimentos para a interação familiar é a pequena semiprivada área que a maioria dos residentes dividem para receber os familiares. ” (FAIA, 1993, p. 26).


FIG. 5 5 | Q UARTO

FIG. 5 6 | S AL ÃO DE F ESTAS

FIG. 57| H A LL

F IG. 58| SA L A D E CA RE TA D O

Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


FIG. 59| PI S CI N A - D E C K


Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Setor de Comércio Depois dos estudos de projetos com conceito semelhante, a opção foi por restaurante, farmácia, petshop e cabeleireiro. Além desses, aparecia muito nas pesquisas a lavanderia. Por questões de espaço e prioridade, projetou-se a lavanderia como pertencente ao setor hoteleiro, com serviço de atendimento restrito aos residentes e hóspedes. Já as três alternativas escolhidas para compor o programa de necessidades do setor de comércio estarão abertas também ao público externo com a ideia principal de trazer mais pessoas ao convívio e interação. Um dos fatores para o petshop ser bastante requisitado nas pesquisas é por ser visto com uma atividade terapêutica para os idosos que entram em contato com os animais. Os ambientes são sugestões com foco nos anseios do idoso, mas como os espaços podem ser alugados ou vendidos, podem mudar de uso.

132


O PROJETO FIG. 60| RE STA U R A NTE

FIG. 61| B A R C O M B ANCADA S AC E SSÍ VE I S

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FIG. 62| GALE RI A

Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Setor de Cursos Com uma oferta de seis salas de tamanhos distintos e uma sala multiuso, esse setor oferece aulas de dança, música, culinária, pintura, costura e computação, estimulando o hobby de alguns e a vontade de conhecimento de outros e ainda aumentando a possibilidade de convívio com outras pessoas que podem participar através de um programa de associados. A ideia é dar oportunidades de manter-se ativo. Ressaltando mais uma vez que os cursos ofertados são sugestões advindas de estudos de outros programas de necessidades de equipamentos semelhantes, mas que podem ser alteradas conforme a vontade do gestor.

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O PROJETO

FIG. 63| GALE RI A C URSO S

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Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

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Setor de Esportes A piscina deve ser tratada com sal ou ozônio e deve ter alguns outros cuidados já citados em itens anteriores e a proposta de ser coberta apareceu por dois importantes fatores: •

Aumentar os horários de funcionamento, pois, com o sol do Ceará, de 10:00 as 15:00 se tornaria inviável utilizá-la;


O PROJETO

FIG. 64| P IS C I NA AQ U E C I DA

Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.

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Recomendada pelos médicos tanto para prevenir possíveis pneumonias mais suscetíveis com a idade como por ser indicado como um processo terapêutico.

Conta também com academia, pilates, yoga, massagem, sauna, e vestiários. Tudo acessível e com acompanhamento profissional.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Setor de Saúde Contando com ambulatório e clínicas médicas, a ideia é oferecer o serviço de assistência médica aos residentes e hóspedes. Como se está trabalhando com o idoso mais independente ou com dependência nível 1, esse serviço médico é limitado a um caráter rotineiro, ou seja, no caso de uma emergência, seria necessário ir para o ambulatório ou ser encaminhado para um hospital, no caso de internação. Em muitos dos estudos de caso, inclusive os já mencionados Hiléa e Lev Residencial, havia infraestrutura hospitalar bastante elaborada, incluindo até unidades de terapia intensiva (UTI). Com as pesquisas, foi percebido, no entanto, que um dos aspectos que tornavam esses equipamentos de moradia assistida para terceira idade tão caros era justamente manter esse ambiente hospitalar.

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Assim, essa escolha de trabalhar com apenas clínicas médicas rotineiras se justifica para poder ofertar, a esse público mais ativo, um equipamento mais viável economicamente. A ideia é que o espaço possa ser alugado ou vendido ou ainda vinculado a algum plano de saúde. Propõe-se, também, que possa atender à comunidade externa. Estão presentes, no programa de necessidades, sugestões de especialidade médicas que são mais requisitadas no dia a dia do idoso como: sala de fisioterapia/terapia ocupacional, psicologia, psiquiatria, nutricionista, dentista, geriatria, clínico geral e a sala de enfermagem, além do ambulatório no térreo com vaga fixa para ambulância. “Quanto aos espaços, estes devem ser tratados com materiais que transmitam, por sua composição físico-química, textura e cores, uma sensação de permanente bem-estar, segurança e limpeza. ” (DE GÓES, 2011, p. 201).

Além disso, cada andar conta com uma pequena sala de armazenamento de remédios para uma urgência e para controle dos remédios diários, caso necessário.


O PROJETO

FIG. 65| RECE P ÇÃO C LÍ NI CA S

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Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Estacionamentos De acordo com a legislação, como já foi dito no tópico referente: t

Hotel PGT1 (acima de 2500m²) requer 1 vaga/ 5 unid. hosp.; Portanto, 96 quartos são 20 vagas no mínimo.

t

Hotel-Residência PGT1 (acima de 2500m²) requer 1 vaga/ 2 unid. hosp.; Portanto, 48 flats são 24 vagas no mínimo.

No intuito de atender a mais pessoas, foi trabalhado com a hipótese de cada flat ter uma vaga e os quartos na proporção da lei, assim: 48+20 = 68 vagas. Como as vagas dos 2 subsolos totalizam 92, significa que 24 vagas ficam sobrando para o público externo ou visitantes. Há ainda 7 vagas no térreo. Além disso, assim como o resto da proposta do edifício, a maior parte das vagas são acessíveis. 140


O PROJETO

O Paisagismo e a Praça A calçada do projeto foi trabalhada com os mesmos elementos (caramanchão, pequena frente de jardim com a carnáuba, piso táctil) da recém reformada Av. Monsenhor Tabosa para dar continuidade visual e, ainda, oferecer a sensação de que o corredor comercial se abre em uma grande praça no terreno do projeto, que leva na pavimentação a mesma tonalidade da calçada da avenida, mas aplicado em um piso drenante, que ajuda na permeabilidade e ainda garante a acessibilidade.

141 FIGUR A 66

Calçadas e caramanchão da Av. Monsenhor Tabosa. Fonte: Acervo da autora.

Para a praça, foi projetada apenas um desenho com mudança de tonalidade na paginação do piso drenante com pontuais áreas verdes para sombrear as partes de descanso. A região com área verde mais densa se limita ao ponto de encontro dos edifícios, onde se trabalhou também um espelho d’água com pequenas fontes e o parapeito servindo de banco de espera e de contemplação. A ideia é que, tendo sua maior parte pavimentada, a praça possa ser usada das mais diversas formas conforme necessidade do hotel ou do público externo. Desde pequenos shows, instalação de brinquedos infláveis de crianças, academia ao livre provisória ou até mesmo os atuais famosos food trucks, de forma que possa ser movimentada e usufruída de maneira mais eficaz. Sua paginação é resultado do mesmo raciocínio que se chegou a implantação do edifício, ou seja, através de uma linha imaginária no canto do terreno tornou-se essa esquina em um ponto focal.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Por uma rampa acessível se dá o acesso principal à galeria de comércio, priorizando a circulação dos pedestres. Com largura generosa o suficiente, esse corredor é trabalhado ora como espaço de permanência com mesas e cadeiras, ora como de passagem. A principal área verde do projeto se limita aos fundos do terreno e com acesso restrito aos moradores e hóspedes do apart hotel, de maneira que pudesse ser oferecido um espaço de maior privacidade e reclusão. Esse ambiente é delimitado por muros verdes e trabalhado com os mesmos caramanchões da entrada. O projeto tem um paisagismo focado no chamado xeroscape, por ser o mais apropriado para nossa região. A ideia é substituir ao máximo a grama, que tem alto custo de manutenção, por gramados práticos, pátios, decks, arbustos e vegetação de forração.

142

Assim, criou-se ambientes paisagísticos com o mulch (material orgânico como cascas de madeira ou inorgânico como os pedriscos) em torno de caminhos e arranjos de plantas próprias (xerófitas) desse tipo de paisagismo como: piteira, piteira do caribe, palmatória-sem-espinho, cadeira de sogra, palmeira do mediterrâneo, iuca e mandacaru. O mulch é importante para reduzir a evaporação e manter a temperatura do solo mais amena.

PITEIR A

PITE IR A DO CA R IB E

PA LM ATÓ R IA S E M E S PIN HO

PALMEIRA DO MEDITERRÂNEO

IU CA

CA DE IR A DE S O G R A

F I GUR A 67

Espécies arbustivas. Fonte: Acervo Prof. Ricardo Bezerra.

M ANDACAR Ú


O PROJETO

Trabalhou-se com forrações e plantas como espada de são Jorge, manto sagrado, bulbine, babosa-de-folha-grande. Além disso, nas árvores de maior porte foram usadas principalmente a carnaúba, a algaroba branca, o flamboiã de jardim e o ipê roxo (da esquerda para direita). A escolha da primeira foi para manter a linguagem da Av. Monsenhor Tabosa, como já foi mencionado, e por trazer consigo um ar de elegância, a segunda foi escolhida por oferecer boas sombras durante todo o ano, já a terceira e a quarta para trazer cores e cheiros ao lugar e experiências variadas conforme o passar das estações. Vale ressaltar que um paisagismo bem planejado oferece ao usuário caminhos seguros e agradáveis, e o contato com essa variação de plantas é importante para um envelhecimento mais saudável.

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FIGUR A 68

Referências de forramentos e árvores. Fonte: Acervo Prof. Ricardo Bezerra.

“O paisagismo é a única expressão artística em que participam os cinco sentidos do ser humano(...)Quanto mais um jardim consegue aguçar todos os sentidos, melhor cumpre seu papel.” (ABBUD, 2010, p. 15).

Outras áreas verdes foram criadas como tetos-jardins, para assim amenizar o clima, a poluição visual e ainda promover novos espaços de permanência e contemplação. “Espécies vegetais com folhagens, formas ou porte marcantes podem se tornar esculturas, desde que colocadas isoladamente. ” (ABBUD, 2010, p. 21). “É interessante evitar que o piso encontre diretamente o muro, fazendo que entre eles haja um canteiro, mesmo que minúsculo, de modo que esses dois planos fiquem independentes e pareçam leves. ” (ABBUD, 2010, p. 21).


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

FIG. 69| CA MI N HO S D O JA R D I M

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FIG. 70| VISTA S U P E R I O R D O JARDIM INTE RNO

FIG. 71| PAG I N AÇÃO DA P R AÇA COM P ONTO F O CA L E Á RVO R E ALGAROB A BR A NCA

Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Expressão Formal / Linguagem arquitetônica O edifício é composto por dois volumes principais: o volume mais horizontal, com 4 andares de 15,04 m de altura no total, e um volume superior verticalizado de 56,96m, totalizando os 72m de altura, em conformidade com os regulamentos municipais urbanos. O horizontal se caracteriza pelo que chamamos de embasamento e é onde estão as áreas comuns do apart hotel e os ambientes de respaldo à terceira idade (comércio e serviços, cursos, esportes e clínicas médicas), abertos a outros públicos, como já foi comentado. O verticalizado se caracteriza pela parte de estadia com 16 andares de pavimento tipo. Pelo cálculo da área construída, poderia ter chegado até 24 andares, no entanto, a altura de 72m, determinada pela lei, restringiu aos 16.

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O processo de mudança já é tão doloroso que estar em um ambiente com “cara de casa” e não com a aparência de um hotel luxuoso, como poderia ser esse equipamento, ou de um hospital, como, em geral, são os lares, foi bastante ressaltado em livros do autor Victor Regnier. “Os idosos são particularmente suscetíveis a influências ambientais, como variações de temperatura, cores, formas, luminosidade. É preferível que os indivíduos que convivem com o idoso se adaptem ao ambiente feito para este do que o contrário. ” (CAMBIAGHI, 2012, p. 50).

Assim, os materiais de revestimento mais utilizados foram o tijolinho, a madeira, o cimento queimado e o vidro. A escolha do tijolinho se justifica por trazer um pouco da escala humana, sem tanta monumentalidade ou elegância que alguns materiais possuem. O tijolinho traz consigo a lembrança da maioria das casas. A madeira torna o ambiente mais aquecido e o cimento queimado foi para equilibrar os outros dois materiais. O vidro presente nas esquadrias trouxe mais leveza para o embasamento. O uso das cores também é bastante enaltecido nos livros estudados de arquitetura para terceira idade, pois a diferenciação de cor por ambiente ajuda o idoso a se localizar melhor sozinho. É preciso, no entanto, cautela ao usá-las, pois estudos comprovam que cada cor provoca um sentimento no usuário, que nem sempre é bom. Assim, optou-se por utilizar as cores nos interiores dos ambientes, mas principalmente na programação visual de cada ambiente e de cada andar, que deve contemplar também a orientação para os cegos e surdos conforme os estudos de Desenho Universal.


O PROJETO

FIG. 72| VISTA G E R A L DA COB ERTA DO SE B R A E

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Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

“Há diversos níveis e manifestações possíveis da deficiência visual. De qualquer forma, a maior é a dificuldade de orientação em espaços internos. É imprescindível, portanto, criar mecanismos que facilitem o caminho até o banheiro, o elevador, o restaurante, a sala de trabalho, etc. O que deve ser garantido é a autonomia e a segurança para as pessoas com deficiência visual.” (CAMBIAGHI, 2012, p. 48). “A cor vermelha estimula a agressividade, a amarela é antidepressiva, estimula a concentração e a criatividade e tem forte influência sobre o aparelho digestivo, o laranja é bom para ambientes festivo, cor da alegria e da jovialidade, abre o apetite e o preto isola os efeitos das demais cores. Essas são as cores quentes. As frias são a verde que acalma, mas em excesso causa depressão, é cicatrizante e ajuda no tratamento da hipertensão, o azul é calmante, mas em excesso também por levar à depressão, usado em terapias de distúrbios psíquicos e agitações, o índigo é a mistura do azul com vermelho e estimula a atividade cerebral, a criatividade e a imaginação, o violeta também estimula atividade cerebral, o lilás tem propriedades sedativas, ajuda a pessoa a relaxar e o branco expõe o usuário a todos os

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efeitos das cores. ” (DE GÓES, 2011, p. 201).


FIG. 73| V ISTA DA E SCA DA

FIG. 74| V ISTA DA C L A R A B Ó I A

Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Sistema Estrutural e Construtivo O sistema estrutural escolhido foi o de pilares e vigas de concreto com lajes maciças por ter um desempenho acústico melhor e necessário em programas de hospedagem e moradia. Como, no entanto, uma das premissas era versatilidade, foi escolhida uma modulação que permitisse isso. Como visto anteriormente, trabalhou-se com duas opções de estadia, um tipo de quarto tradicional e um tipo de flat, os dois seguindo a mesma modulação, o que permite uma fácil adaptação caso ocorra uma mudança no cenário de necessidades.

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Os pilares seguem uma modulação de 8.00mx6.20m, enquanto as lajes e vigas seguem a de 16.30m x 6.20m, ou seja, uma laje por torre. Ao trabalhar com essa laje única, conseguiu-se ainda mais flexibilidade nos pavimentos, mas para isso foi preciso retirar uma viga no meio e, por consequência, aumentar a espessura da laje para 0.20m. Essa modulação foi consequência de dois fatores: o primeiro é que entre pilares deveria caber 2 carros e 1 zona de transferência para pessoas com deficiência entre as vagas (2.50+1.20+2.50=6.20) e o outro fator é que deveria ter dimensão suficiente para que 2 quartos virassem 1 flat com a mesma modulação. Os pilares gerais são retangulares de 0.30x0.77m, e os da galeria comercial e de cursos são preenchimentos circulares a essa mesma medida. As vigas são de concreto protendido e têm altura de 0.40m e largura de 0.12m e as lajes em geral tem largura de 0.20m, com exceção basicamente das varandas, que diminui para 0.15m. Os demais ambientes seguem a mesma lógica estrutural, justificada na versatilidade dos usos. O sistema construtivo foi em grande parte alvenaria tradicional, mas, no setor de estadia, trabalhou-se com alvenarias internas de drywall para facilitar no manuseio e manutenção das instalações elétricas e hidro sanitárias, por ser de fácil montagem, ajudando na flexibilização dos ambientes, e por possuir soluções que também atendessem às normas de desempenho acústico.


O PROJETO

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FIGUR A 75

Esquema estrutural. Fonte: Elaborado pela autora.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Condicionamento Ambiental A própria implantação já foi pensada de maneira a ter o melhor condicionamento ambiental possível. Assim, o edifício em formato “L”, buscou sua adequação ao terreno de forma que melhor recebesse a ventilação e aproveitasse a vista do mar, ficando em orientação nordeste-sudoeste. Para as fachadas mais desfavoráveis, foi planejado que ficassem os setores de serviço ou de usos mais rápidos (como os banheiros no caso das tipologias de estadia) como também as circulações. Para que esse espaço comumente de transição pudesse servir também como ambiente de encontros e permanência, seguindo o conceito de corredor-rua já comentado anteriormente, foi proposta a utilização da chamada fachada dinâmica, para proteger o espaço do sol. Essas fachadas funcionam como se fossem módulos de esquadrias em veneziana com a dimensão do pé direito e que se movem por um trilho, podendo, assim, controlar a abertura da veneziana, bem como a posição do módulo.

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Vale ressaltar que as próprias circulações, assim como as varandas, já funcionam como elementos para barrar o sol da edificação, diminuindo o valor energético recebido nas áreas principais de permanência. Projetou-se de forma que todos os ambientes tivessem a infraestrutura para receber ar condicionado, mas, também, se buscou ao máximo oferecer ao usuário a opção da ventilação cruzada. Inclusive, partindo do pressuposto de que o flat seria mais usado como opção de moradia, adotou-se também janelas para que o espaço não tivesse que se restringir ao uso de ar condicionado.


O PROJETO

21 DE JUNH O | 8 AM

21 DE JUNHO | 8AM

21 DE JUNH O | 1 5 PM

2 1 D E J U N H O | 1 5PM

21 DE DE ZEM B RO | 8 AM

2 1 D E D EZ EMBRO | 8 A M

21 DE DE ZEM B RO | 1 5 P M

2 1 D E D EZ EMBRO | 1 5 PM

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FIGUR A 76

Estudo de luz e sombra. Fonte: Elaborado pela autora.


UM NOVO CONCEITO DE HABITAÇÃO PARA A TERCEIRA IDADE

Os dois primeiros andares do projeto são bem resolvidos quanto ao conforto ambiental, pois suas circulações foram trabalhadas como uma galeria aberta e os ambientes com a opção de climatizar ou de usufruir da ventilação natural. Caso a última opção seja a desejada, projetou-se jardins internos com algumas esquadrias em maximar, para garantir a ventilação cruzada. Uma das principais preocupações quanto ao conforto ambiental concerne aos dois andares climatizados e resolvidos com uma cortina de vidro modulada formando volumetricamente uma caixa de vidro. A maioria dos módulos são esquadrias fixas e algumas são do tipo maximar (para dar a opção de ventilação natural). Para proteger esses ambientes, projetou-se um parapeito, para o deck do hotel, que desce formando um plano e servindo também para barrar o sol em duas fachadas dessa caixa. Nas outras duas frontais, resolveu-se com alguns brises fixos.

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O PROJETO

FIG. 77| FAC H A DA D I NÂ MI CA

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Elaborado pela autora. Render por Abner Augusto.


Considerações finais O perfil do idoso mudou, a expectativa de vida aumentou, no entanto, a cidade, seus equipamentos e seus cidadãos não estão acompanhando essa nova realidade. Mantê-los ativos é importante para todos. É necessária uma maior valorização do papel deles na família e na sociedade, por isso urge que mais pessoas percebam a importância da inclusão do idoso na sociedade e na cidade.

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As atuais opções dos idosos, em geral, demonstram a fragilidade do sistema em vigor. Faz-se necessário que se reflita sobre o tema para buscar soluções inovadoras e adaptadas ao idoso atual. Como já foi dito, esse trabalho não é a solução, mas sim uma nova opção de moradia para terceira idade que possa acomodá-los de modo digno, confortável e seguro, inserido no contexto urbano e ainda com a possibilidade de autonomia, independência, privacidade, controle, escolhas e suporte no cuidado à saúde. O trabalho se configura, principalmente, como um alerta para o tema e para a existência da demanda, não somente de moradia, mas de qualquer equipamento voltado a esse público. Projetos como o exposto podem se aplicar a idosos com maior grau de dependência, desde que haja uma maior infraestrutura para recebê-los, revelando que a internação não precisa e não deve ser a primeira opção. A arquitetura pensada neles, trazendo o caráter de moradia, influencia muito no bem-estar dos usuários e deve ser incentivada. “Arquitetura é um instrumento de mudança que pode estimular novas formas de resposta aos problemas.” (FAIA, 1993, p. 7).


O trabalho final de graduação permitiu que, a partir da escolha desse usuário específico, eu atingisse outros temas ainda não explorados por mim até então: dados, conceitos, questionamentos, dicotomias, legislações, desenho universal, arquitetura para terceira idade, entre outros assuntos e autores lidos, que confirmaram que eu estava no caminho certo. “O ímpeto por esse projeto começou anos atrás e cresceu da minha percepção como arquiteto que casas de enfermagem (lares) não foram projetadas para encorajar a independência ou para ter uma aparência de moradia.” (FAIA, 1993, p. VII).

As pesquisas foram enriquecedoras, mas também inquietantes e esse trabalho veio com o intuito de poder contribuir com a arquitetura nesse papel de mudança de pensamento, de cultura, de experiências, de conceitos e de cenários.

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Referências bibliográficas Bibliografia referenciada ABBUD, Benedito. Criando Paisagens, guia de trabalho em arquitetura paisagística. 4 Ed. São Paulo. Senac, 2010 AFLALO/GASPERINI ARQUITETOS. Hiléa. Disponível em: <http://aflalogasperini. com.br/? portfolio=hilea-2>. Acesso em: 21 fev. 2016. AFLALO/GASPERINI ARQUITETOS. Indaiatuba, lançamento no interior de São Paulo. Disponível em: <http://aflalogasperini.com.br/blog/indaiatuba-lancamento-no-interior-desao-paulo/ >. Acesso em: 18 mar. 2016. AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). RESOLUÇÃO ANVISA/DC Nº 283, DE 26 DE SETEMBRO DE 2005. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6252>. Acesso em: 10 de ago. de 2015.

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