Caderno final2

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Bianca Calixto Faria

2016


BIANCA CALIXTO FARIA

REVITALIÇÃO EM EDIFICIO PRÉ-EXISTENTE

Projeto de pesquisa apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para cumprimento das exigências parciais para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do Prof. Me. André Avezum.

RIBEIRÃO PRETO 2016


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO_______________________________________________4 INTRODUÇÃO_________________________________________________4 1. Conceitos: Retrofit e revitalização de edifícos.___________________5 2. Leitura da área_______________________________________________5

4. Leituras projetuais____________________________________________8 4.1. Centro Cívico Cultural de Palencia____________________________5 5. Proposta____________________________________________________8 5.1. Programa de necessidades__________________________________8 Referências Bibliográficas


04

Apresentação

Introdução

O tema escolhido na área proposta de arquitetura, foi o retrofit de um edificio pré-existente, onde será proposto a sua revitalização. A proposta será desenvolvida na cidade de Viradouro, interior do estado de São Paulo. O assunto proposto foi escolhido, a partir da observação de situações críticas que o edifício está causando tanto na cidade, como na população. Há mais de 30 anos que o edifício se encontra abandonado, por questões econômicas, pois quando estava sendo construído, a obra foi cancelada no momento em que estavam sendo executadas as vedações. Considero uma injustiça para os cidadãos, que edificações se deteriorem, permaneçam vazias, se depreciem, na medida em que o déficit habitacional no país é grande e milhares de pessoas tem que morar fora dos grandes centros urbanos, pelo alto valor do solo nessas áreas. Por tanto, este foi o motivo pelo qual o tema foi escolhido, com o objetivo de readaptar, reabilitar e requalificar a edificação abandonada, “transformando-as em habitação de interesse social para levar mais vida ao centro” (MENDONÇA ANA, 2007, p.15). Por questões arquitetônicas e simbólicas, demolir não seria a melhor solução, e pelo fato do abandono, o edifício marcou a cidade nos anos 80 e reconstruir-lo e restaura-lo, poderia minimizar as perdas financeiras dos proprietários. Para o desenvolvimento do trabalho, nos primeiros capítulos serão expostos os conceitos sobre o tema desenvolvido, depois um minucioso levantamento do edifício existente e do seu entorno para a edificação das premissas da intervenção em projeto. Também será proposto um novo programa para atender as novas ocupações. Na sequência serão feitas leituras projetuais de projetos que contenham os mesmos objetivos e sirvam de exemplo para o desenvolvimento desta proposta. Segundo Mendonça (2007, p.15) O centro é o local de convergência das diferenças e essa diversidade enriquece a convivência humana, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e cultural da região e da cidade como um todo.

O tema deste trabalho final de graduação, surgiu quando percebi o crescimento da cidade, com aglomerações de novas habitações de baixa renda na periferia, enquanto permanecia abandonada no centro da cidade está grande estrutura em concreto armado, que poderia receber outra tipologia de habitações e serviços, suprindo o déficit habitacional do município. O projeto proposto permitirá a implantação de um edifício multifuncional, integrando o espaço público e privado, possível através do empreendimento sem muros e com a quadra permeável. Será abordado uma vasta pesquisa sobre acessibilidade, sociologia e psicologia do usuário, questões técnico-construtivas como retrofit, conforto ambiental, paisagismo, instalações prediais, buscando acolher a população e gerar uma nova centralidade na cidade. As habitações serão a prioridade do edifício, sendo destruídas as vedações existentes e formando uma nova configuração de habitações, como definidas abaixo:

Figura 1: Unifamiliar, pessoas que moram sozinhas Fonte: http://blogs.unigranrio.br/formacaogeral/a-nova-familia-brasileira

Figura 2: Nuclear, famílias que pretendem ter filhs ou que já têm filhos. Fonte: http://blogs.unigranrio.br/formacaogeral/a-nova-familia-brasileira

Figura 3: Estendida, famílias com parentes. Fonte: http://blogs.unigranrio.br/formacaogeral/a-nova-familia-brasileira


Conceitos: Retrofit e revitalização de edifícos.

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A evolução do tempo deixa suas marcas e isso reflete no estilo de vida da população de cada época. Como consequência, cada período apresenta uma arquitetura característica, desenvolvida para atender às necessidades daqueles habitantes. Com o passar dos anos, as edificações antigas perdem funcionalidade e precisam mudar, até mesmo, para atender às exigências técnicas e de normatização que evoluem com o tempo. O Retrofit foi aplicado no edifício, visando proporcionar a preservação dos aspectos originais, de acordo com as necessidades e parâmetros atuais. Este conceito é baseado na atualização de novas tecnologias; adequação às normas vigentes e novos usos para tornar os espaços funcionais para os atuais usuários; modernização estética e arquitetônica; e aplicação de soluções técnicas para facilitar a manutenção. Em resumo, a utilização desta técnica resulta na renovação da edificação. Segundo CHOAY (2001, p. 18): A natureza afetiva do seu propósito é essencial: não se trata de apresentar, de dar uma informação neutra, mas de tocar, pela emoção, uma memória viva. [...] A especificidade do monumento devese precisamente ao seu modo de atuação sobre a memória. Não apenas ele a trabalha e a mobiliza pela mediação da afetividade, de forma que lembre o passado fazendo-o vibrar como se fosse presente. Mas esse passado invocado, convocado, de certa forma encantado, não é um passado qualquer: ele é localizado e selecionado para fins vitais, na medida em que pode, de forma direta, contribuir para manter e preservar a identidade de uma comunidade étnica ou religiosa, nacional, tribal ou familiar. A revitalização é um processo de recuperação de áreas degradas, e que podemos atribuir novas funções. O desafio para essa revitalização é grande, pois o edifício já se encontra com a estrutura finalizada, que possibilita apenas que se quebrem as paredes interiores. Revitalizar e intervir é uma proposta significativa e reconhecedora para um arquiteto, e “não há arquiteto que não reconheça as dificuldades e desafios inerentes à revitalização de um espaço para adequá-los a outros usos” (SIMONI, 2009, p. 1). Segundo Augusta (2002, p. 91): O déficit por alguns usos, como habitacional, o institucional e o comercial, são notórios e dentro do quadro econômico brasileiro não se justifica a total demolição de estruturas imensas, que ainda são passiveis de recuperação e portanto podem trazer um ganho econômico significativo.

Leitura da área. O projeto do edifício multifuncional, se localiza no interior de São Paulo, em Viradouro. De acordo com o IBGE a cidade possui um perímetro de 217,726 km², com uma população de 18.542 habitantes. O perfil da população residente veio se modificando e acompanhando as transformações ao longo do tempo, o que antigamente era sitio e asfalto de terra, hoje a cidade se encontra organizada e evoluindo conforme o tempo. No centro da cidade possui uma concentração de comércios e residências, pela presença de equipamentos urbanos, como praças, rodoviária, hospital, escolas e prestação de serviços, mas conforme a população foi se expandindo, as residências foram crescendo nas periferias, e se afastando de todo estes serviços.

Figura 5: Ampliação do mapa, localizando o edifício. Fonte: Google maps Figura 4: Mapa de Viradouro Fonte: Google maps.

Moradores 20.000

17.297

15.000 10.000 5.000

505

0 Urbano

Rural Moradores

Figura 6: Gráfico de moradores da cidade. Fonte: IBGE.


Nesta área mais próxima ao edifício, está bem distribuído com a ocupação do solo, mas o que se destaca são as residências. Estudando as características da área encontramos além das residências, comércios de grande e pequeno porte. Em algumas quadras, edifícios institucionais, como a escola municipal Albertino de Godoy Saab, que atende as crianças carentes do município, e também instituições como a Câmara Municipal e o Fórum.

06

Figura 8: Uso e ocupação do solo Fonte: Setor de engenharia civil da Prefeitura Municipal de Viradouro.

Observando o mapa de gabarito, é predominante as edificações térreas, que são na maioria as residências. A partir de 1 pavimento, são escolas, igrejas e institucional, e o único que ultrapassa de 3 pavimentos é o edifício abandonado, onde será feita a intervenção, possuindo 18 pavimentos, gerando um impacto na paisagem urbana Figura 9: Gabarito Fonte: Setor de engenharia civil da Prefeitura Municipal de Viradouro.

Ao realizarmos os levantamentos de Figura Fundo, podemos perceber que temos quadras com índice de ocupação razoável, respeitando os afastamentos laterais. Isso se dá ao fato de que a predominância desses usos são residenciais, pois quando se trata de comércios, a taxa de ocupação pode chegar até 80%.

Figura 10: Figura fundo Fonte: Setor de engenharia civil da Prefeitura Municipal de Viradouro.

Na figura 13 analisamos a hierarquia viária, que é o fluxo de transportes nas ruas e avenidas. A predominância nesta região são as vias coletoras, que são de fluxo médio, intercalando-se nas ruas Naim Assef, Tiradentes, São João e Salomão José Gibran. A fronte prédio está a Avenida Manoel

Inocêncio da Silva que possui um trafego maior, mesmo sendo de porte pequeno, pois termina após umas 5 quadras

Figura 13: Hierarquia viária Fonte: Levantamento de dados na cidade. Bianca Calixto Faria


Leitura Projetual Centro Cívico Cultural de Palencia Centro Cultural Arquitetos: EXIT Architects Ano: 2012 Localização: Palencia, Espanha Podemos perceber pelas imagens 20 ao lado, a relação visual criada entre o antigo conjunto da antiga prisão de Palencia e as intervenções de vidro e metal anexadas. A reabilitação integral para transformar o uso da antiga prisão e converte-la num centro que fornece atividade cultural e social na cidade.

Figura 16: Aberturas no telhados para introdução da luz natural Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-47907/centro-civico-cultural-de-palencia-exitarchitects

07 Figura 14: Centro Cívico cultural de Palencia. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-47907/centro-civico-cultural-de-palencia-exitarchitects

Para introduzir luz no edifício foi necessário eliminar as antigas coberturas de telhas que se estavam em péssimo estado, e foram substituídas por outras de zinco, nas quais se abrem grandes claraboias corridas que introduzem a luz nas salas diáfanas do centro.

Figura 17: Corredores que recebem luz natural. Figura 24: Algumas aberturas com vegetação. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-47907/centro-civico-cultural-de-palencia-exitarchitects

Anexar em todo o prédio, aberturas translucidas para a iluminação natural.

Figura 15: Centro Cívico cultural de Palencia Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-47907/centro-civico-cultural-de-palencia-exitarchitects

Um novo anexo será criado ao lado do edifício e será usado matérias como vidro e metal, como no projeto de referência.


Proposta A proposta para a revitalização do edifício pré-existente, é intervir em toda área construída e também no terreno ao lado que está sem uso, e dar uma nova ocupação. A ideia inicial será intervir de uma forma retrofit, que evidencie partes da obra e revitalizar todo o restante em um estilo modernista. A ocupação será de habitações de duas modalidades, unipessoal (moradores individuais) e nuclear (famílias até 4 pessoas), pois assim irá atender a demanda da cidade. O edifício será de pilotis, para que tenha uma passagem livre dos moradores e de pedestres da cidade, com isso não se tornará um local privado. Haverá estacionamentos no subsolo, e no primeiro pavimento do edifício, será implantado o setor de lazer, havendo o hall de entrada, salão para festas e academia. Em seguida será as habitações e logo mais o terraço no 18º andar, que no projeto principal era telhado de duas águas e na nova proposta o local começará a ser usado somente pelos moradores, com vegetações, bancos e área para descanso. No terreno ao lado que está sem uso, será construído comércios pequenos em forma de galerias (figura 36), para que atenda a demanda daquela área que não possuí áreas comerciais. Na área ao lado dos comércios haverá vegetações, mobiliários e playgrounds para as crianças.

08

Setor Serviço

Programa de necessidades Setor Lazer

Ambiente

Descrição

1 Salão de festas

Local

Un. (m²)

para

eventos,

suportando

100

Total (m²)

Restaurante

1 Brinquedoteca

Local

para

crianças

brincarem.

Aparelhos

físicos

e

de

12

12

Circulação

Para locomoção dos funcionários

10

10

1 Setor de descanso

Para descanso dos funcionários em horário

10

10

livre 2 Vestiários

Masculino e feminino

10

20

10

10

25

25

1 Despensa lixo

Para armazenamento do lixo diário

7

7

Setor Estacionamento ginástica,

90

90

3

12

Circulação

Circulação entre os ambientes

30

30

Hall

Entrada principal

15

15

2 Elevadores

Para locomoção dos moradores

7

14

Terraço

Localizado

700

700

andar,

com

equipamentos de segurança, vegetação e mobiliário De emergência

15

Ambiente

Descrição

68 Estacionamento carro

1 unidade por apartamento

Un. (m²)

Total (m²)

12

816

10 Estacionamento moto 1 unidade a cada 7 apartamento

4

40

2 Elevadores

Para locomoção dos moradores

7

14

1 Escada

De emergência

15

15

Setor Comercial Ambiente

Descrição

10 Comércios

De porte pequeno e todos próximos,

Un. (m²)

Total (m²)

55

550

5

10

como galerias.

15

2 Banheiros

Setor Habitacional

Para uso pessoal dos comerciantes e consumidores

Ambiente

Descrição

17 Apart. Unipessoal 51 Apart. Nuclear

Un. (m²)

Total (m²)

Para pessoas que moram sozinhas

50

850

Para casais ou casais com filhos (2 a 4

70

3.570

26

442

pessoas)

17 Circulação

Para funcionários do edifício

Depósito de material de limpeza

Feminino e Masculino

1 Escada

1 Copa

1 DML

4 Banheiros

último

Total (m²)

50

suportando 50 pessoas

no

Un. (m²)

50

Aproximadamente 15 crianças. 1 Academia

Descrição

100

aproximadamente 150 pessoas 1 Espaço gourmet

Ambiente

Circulação

externa

para

entrada

nos

Circulação

Área aberta

-

Setor Administrativo

Ambiente

Descrição

1 Sala de reunião

Para reuniões

1 Sala diretoria

Uso

apartamentos.

para

Un. (m²)

armazenamento

de

Total (m²)

12

12

20

20

5

5

documentos.

2 Elevadores

Para locomoção dos moradores

7

14

1 Escada

Escada de emergência

15

15

1 Banheiro TOTAL

Uso apenas funcionários

7.503


REFERÊNCIAS

CASTELNOU NETO, A.M. A intervenção arquitetônica em obras existentes. Londrina: Semina, 1992, p. 265-268. IBGE. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=355680> Acesso em: setem. 2016. LEAL, F.M. Restauração e conservação de monumentos brasileiros. Recife: SEPLAN, 1977, p. 30-50. MENDONÇA, A.C.U. Retrofit: Arquitetura Sustentável?. Belo Horizonte: 2007. PISANI JUSTI, M.A. Projeto de revitalização de edifícios. São Paulo: Sinergia, 2002, p. 91-97. RIOS, M.F. Intervenção na preexistência. São Paulo: 2013, p. 13-21. SIMONI SAYEGH. Revitalização de edifício provoca transparência no antigo prédio de concreto do escritório do Grupo Celsa. aU – Arquitetura e Urbanismo. Barcelona, julh.2009. Disponível em: < http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/184/revitalizacaode-edificio-provoca-a-transparencia-no-antigo-predio-de-142807-1.aspx> Acesso em: julh. 2016 VICTOR DALAQUA. Centro Cívico Cultural de Palencia. ArchDaily. Espanha, 2012. Disponível <http://www.archdaily.com.br/br/01-47907/centro-civico-cultural-de-palencia-exit-architects> Acesso em: setem. 2016

em:

VICTOR DALAQUA. Reabilitação do matadouro real do Século XVI de Porcuna / Pablo Manuel Millán Millán. ArchDaily. Espanha, 2014. Disponível em:<http://www.archdaily.com.br/br/773522/reabilitacao-dos-antigos-acougues-reais-do-seculo-xvi-deporcuna-pablo-manuel-millan-millan> Acesso em: setem. 2016.

Modelos de familia http://blogs.unigranrio.br/formacaogeral/a-nova-familia-brasileira



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