Design no século XX

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DESIGN NO S É C U L O

XX

Bianca Zarzur Maluf


DESIGN NO SÉCULO

XX Bianca Zarzur Maluf


DESIGN NO SÉCULO XX Cordenação Editorial: Professor: Claudio Ferlauto Projeto Gráfico e Diagramação: Bianca Z. Maluf Editora: Zarzur Editorial Website: http://www.designsec.xx.com E-mail: contato@designsecxx.com Ipressão e acabamento: Gráfica Arrisca, SP - Brasil Rua Arcoverde, 3331

Todos os direitos reservados a editora Zarzur São Paulo

Introdução No decorrer do século XX, o design existiu como característica importante da cultura e da vida cotidiana. A sua área é vasta e inclui objetos tridimensionais, comunicações gráficas e sistemas integrados de informação, tecnologia e ambientes urbanos. Definido no seu sentido mais global como concepção e planeamento de todos os produtos feitos pelo homem, o design pode ser visto fundamentalmente como um instrumento para melhorar a qualidade de vida. Este livro contém 10 capitulos, cada um dele representa uma decada diferente do seculo 20, apresentando como era o mundo do design naquele determinado momento.


SÚMMARIO Aerodinâmica Norte Americana 1930

Pós- modernismo 1970

Estilo Internacional 1950

8

A estética da máquina Bauhaus

4

2 1920

1990

ARTS AND CRAFTS

1940 1930

1919

1

6

3 ART DECO

10 1960

1940 A moda New look

1980 1970

1950

5

Grafitti

7 1960 ART POP

9

1990


Capitulo 1Design na década de 1900 Arts and Crafts Capitulo 2Design na década de 1910 Bauhaus

Capitulo 3Design na década de 1920 Art Deco

Capitulo 4Design na década de 1930 Aerodinamica Norte Americana

Capitulo 5Design na década de 1940 A moda new look

Capitulo 6Design na década de 1950 Estilo internacional

Capitulo 7Design na década de 1960

Capitulo 8Design na década de 1970 Pos modernismo

Capitulo 9Design na década de 1980

Capitulo 10Design na década de 1990 Grafitti


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ARTS AND CRAFTS 1900

Histórico Arts and Crafts é um movimento estético e social inglês, da segunda metade do século XIX, que defende o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa. Reunindo teóricos e artistas, o movimento busca revalorizar o trabalho manual e recupera a dimensão estética dos objetos produzidos industrialmente para uso cotidiano. A expressão “artes e ofícios” - incorporado em inglês ao vocabulário crítico - deriva da Sociedade para Exposições de Artes e Ofícios, fundada em 1888. As idéias do crítico de arte John Ruskin (1819 - 1900) e do medievalista Augustus W. Northmore Pugin (1812 - 1852) são fundamentais para a consolidação da base teórica do movimento. Na vasta produção escrita de Ruskin, observa-se uma tentativa de combinar esteticismo e reforma social, relacionando arte à vida diária do povo. As idéias nostálgicas de Pugin sobre as glórias do passado medieval diante da mediocridade das criações modernas têm impacto sobre Ruskin, que, como ele, realiza um elogio aos padrões artesanais e à organização do trabalho das guildas medievais. Mas o passo fundamental na transposição desse ideário ao plano prático é dado por William Morris (1834 - 1896), o principal líder do movimento. Pintor, escritor e socialista militante, Morris tenta combinar as teses de Ruskin às de Marx, na defesa de uma arte “feita pelo povo e para o povo”; a idéia é que o operário se torne artista e possa conferir valor estético ao trabalho desqualificado da indústria. Com Morris, o conceito de belas-ar-


é rechaçado em nome do ideal das guildas medievais, onde o artesão desenha e executa a obra, num ambiente de produção coletiva. Diversas sociedades e associações são criadas com base na intervenção direta de Morris. Em 1861, é fundada a Morris, Marshall, Faulkner & Co., especializada em mobiliário e decoração em geral: forrações, vidros, pratarias, tapeçarias etc. O sucesso da empresa pode ser aferido por sua ampla e duradoura produção. Dissolvida em 1874, deixa sua marca, seja nos padrões de Morris para papéis de parede (Pimpernel, 1876) e naqueles idealizados por A.H. Mackmurdo (1851 - 1942) - The Cromer Bird, 1884; seja nos trabalhos gráficos de Walter Crane (1845 - 1915), pioneiro da editoração popular (vale lembrar que Crane e Burne-Jones ilustram diversos livros para a Kelmscott Press, editora fundada em 1890 por Morris, que valoriza as antigas formas e técnicas de impressão). Em 1871, a Guilda de S. Jorge, planejada por Morris, representa mais uma tentativa de conjugar ensino de arte e nova forma de organização do trabalho. Tal experiência frutifica em outras, como na Guilda de Trabalhadores de Arte (1884) e na Guilda de Artesanato (1888). Ainda em 1888, a Arts and Crafts Exhibition Society - exposição quadrienal de móveis, tapeçaria, estofados e mobiliário, realizada em Londres - reúne trabalhos de vários adeptos do movimento. Além de Morris e Crane, se fazem presentes na mostra o arquiteto e designer Charles Robert Ashbee (1863 - 1942), responsável por diversas residências da época, pela criação de jóias e por trabalhos editoriais realizados na Essex House Press, inspirada na Kelmscott Press; o também arquiteto e designer Charles F. Annesley Voysey (1857 - 1941), célebre por suas casas simples e modestas, por seus têxteis e papéis de parede; o arquiteto e estudioso de técnicas medievais de construção William Richard Lethaby (1857 - 1931), entre outros.


Durou relativamente pouco tempo, mas influenciou o movimento francês da art nouveau e é considerado por diversos historiadores como uma das raízes do modernismo no design gráfico, desenho industrial e arquitetura. De 1892 a 1896, a Kelmscott Press de William Morris publicou os livros que são os mais importantes na área do design gráfico e de produto do movimento Arts and Crafts. Morris provou que existia um mercado para os trabalhos de design gráfico e foi pioneiro na separação do design da produção e da arte. O trabalho da Kelmscott Press é caracterizada pela obsessão com estilos históricos. Este historicismo foi importante pois gerou uma reação à arte obsoleta do design gráfico do século XIX. O trabalho de Morris, juntamente com o resto do movimento Private Press, influenciou diretamente a Art Nouveau e é indiretamente responsável pelo desenvolvimento do design gráfico no início do século XX.


W. Morris teve uma profunda influência nas artes visuais e no desenho industrial dos fins do século XIX. Sobre o desenho tipográfico, Morris propagava: “Letters should be designed by artists, not by engineers”. Com o seu paradigma saudosista da Idade Média, Morris quis reafirmar a primazia da qualidade do trabalho manual sobre a máquina industrial da era do Imperialismo. Morris associou a produção mecânica ao sistema capitalista e, por conseguinte, pensava que a revolução socialista deteria a mecanização do trabalho e substituiria os grandes aglomerados urbanos por pequenas comunidades, onde os objectos de utilidade seriam produzidos por processos artesanais. Condenou o sistema económico de seu tempo e refugiou-se na contemplação da Idade Média, quando “cada homem que fabricava um objecto fazia ao mesmo tempo uma obra de arte e um instrumento útil.” Liderou o movimento das pequenas imprensas privadas no Reino Unido, que integrou famosas oficinas como Vale, Eragny, Essex House e Dove. A sua produção librária-tipográfica centrou-se na famosa Kelmscott Press, fundada em 1891. Nova janela Em 1883 fundou a Federação Socialdemocrata, e mais tarde, a Liga Socialista, tentando contrariar com a sua política utopista a orientação marxista do movimento operário dos fins do século XX. Entre as obras que escreveu, destaca-se a novela utópica Tales from Nowhere.



2 BAUHAUS 1919


Muito do que hoje em dia se pratica em arquitetura, design de interiores, design de móveis, paisagismo e artes plásticas em geral presta, de uma forma ou de outra, tributo à Bauhaus. A escola Bauhaus (que significa, em alemão, “Casa da Construção”) foi uma das mais expressivas e influentes instituições de arte do século XX e tinha como eixo central de desenvolvimento artístico o design arquitetônico – agregando a isso as mais variadas expressões artísticas. O idealizador da Bauhaus, o arquiteto Walter Gropius (1883-1969), era fortemente influenciado pelas vanguardas modernistas europeias e ele próprio pretendia que a Bauhaus fosse um dos “carros-chefes” do modernismo. Gropius fundou a Bauhaus em abril de 1919, na cidade de Weimar, na Alemanha, por meio de um manifesto em que deixava registrado o seu programa artístico. Sabemos que 1919 foi um dos anos mais duros para os alemães, haja vista que o país havia acabado de sair arrasado da Primeira Guerra Mundial, tendo sido obrigado a cumprir as exigências do Tratado de Versalhes. De 1919 até 1933,

quando Hitler assumiu o poder, a Alemanha viveu a conturbada República de Weimar. Foi nessa época em que apareceram grandes movimentos artísticos na Alemanha, como o expressionismo, no cinema, e a própria Bauhaus. No que se refere à estrutura e à concepção de arte, a Bauhaus foi uma das escolas que mais ousaram, como acentua o artista Lary McGinity:“[...] o ensino da Bauhaus refletia uma visão utópica de uma comunidade de artesãos e artistas que criava objetos simples e benfeitos. Um dos principais professores era o místico Johannes Itten (1888- 1969), que ministrava curso preparatório obrigatório. Suas aulas incluíam ‘Análises de obras dos grandes mestres’, ‘Desenho após nu’ e ‘Estudos de materiais’.” [1] Além disso, a estrutura da escola contava com diversas oficinas criativas, cada uma com um tipo de matéria-prima específica: madeira, aço, estofado etc. Alguns artistas de renome, como Kandinsky, participaram ativamente dos projetos da Bauhaus, como indica, novamente, McGinity: “Paralelamente a essas disciplinas, eram ministrados os cursos de Wassily Kandinsky (1866-1944) e Paul Klee (1879-

que haviam chegado na escola em 1921 para ensinar teoria cromática e desenho analítico. Depois do curso de Itten, os alunos se inscreviam em oficinas de serralheria, tecelagem, teatro, cerâmica, pintura de paredes, tipografia ou impressão. O primeiro contratado de Gropius para a Bauhaus foi o pintor e gravador Lyonel Feininger (1871-1965), que lecionou na oficina de impressão.” As atividades da Bauhaus tiveram que ser transferidas de Weimar para Dessau (onde foi construído o seu ateliê mais famoso – ver foto acima), dadas as perseguições que o movimento sofria, principalmente por parte dos nazistas. Na década de 1930, tais perseguições aumentaram superlativamente, ocasionando a suspensão completa dos empreendimentos artísticos, que eram considerados pelos nazistas como propagadores de concepções artísticas degeneradas.


COMO ERA...

O FUNCIONALISTA

E COMO FICOU

As características do movimento

HANNES MEYER (1889-1954)

Onde você encontra a influência deles

O nome é uma junção de “bauen” (“para construir”, em alemão) e “haus” (“casa”)

Principais projetos: Petersschule , em Basel, Suíça (1926), e a sede da Liga das Nações, em Genebra, Suíça (1926-1927), mas ambos não saíram do papel.

Nas linhas funcionais e “clean” dos produtos da Apple;

Para o sucessor de Gropius, o processo de construção tinha de levar em conta as necessidades humanas – biológicas, intelectuais, espirituais e físicas. Por isso, o funcionalismo e o conforto passaram a ser levados tão a sério a partir de então. Embora Meyer fosse arquiteto, foi sob seu comando que o design industrial ganhou evidência na Bauhaus.

Nas obras de Oscar Niemeyer, que sempre privilegiou formas geométricas e cores brancas;

O SIMPLISTA

Na identidade visual de bandas como Franz Ferdinand.

Interligação com todo tipo de arte, até as consideradas“inferiores”, como cerâmica, tecelagem e marcenaria; Uso de novos materiais pré-fabricados; Simplificação dos volumes, geometrização das formas e predomínio de linhas retas; Paredes lisas e, geralmente, brancas, abolindo a decoração; Coberturas planas, transformadas em terraços; Amplas janelas, em fita, ou fachadas de vidro; Abolição das paredes internas (como nos lofts) O FUNDADOR WALTER GROPIUS (1883-1969) Principais projetos: A fábrica Fagus, em Alfeld, Alemanha (1911), a sede da Bauhaus , em Dessau, Alemanha (1925), e o pavilhão da Pensilvânia para a Exposição Universal de Nova York (1939).

MIES VAN DER ROHE (1886-1969) Principais projetos: Pavilhão alemão para a Exposição Internacional de Barcelona (1929), Promontory Apartments, em Chicago (1951), e Seagram Building, em Nova York (1956-1959). Antes fã do estilo neoclássico, converteu-se à simplicidade da Bauhaus e cunhou a frase “menos é mais”. Último diretor da escola, ficou famoso por usar muito vidro e aço em seus arranha-céus.É considerado um dos arquitetos mais importantes do século 20. O DESIGNER MARCEL BREUER (1902-1981)

Criou a Bauhaus ao fundir duas outras escolas, a de Artes Aplicadas e a Academia de Belas-Artes da Saxônia, após a Primeira Guerra Mundial. Seu período na direção, de 1919 a 1927, ficou conhecido como “anárquico expressionista”, já que sua proposta unificadora desafiava várias tradições. A fábrica Fagus, em Alfeld an der Leine, na Alemanha, acaba de virar patrimônio mundial da Unesco.

Principais projetos: Cadeira Wassily (19251926) e Short Chair (1936). Foi designer e arquiteto, mas se destacou mesmo pela produção de mobiliário. Um de seus toques revolucionários foi o amplo uso de tubos de metal. Considerado por alguns críticos um dos “últimos verdadeiros arquitetos funcionalistas”, no fim da carreira foi para os EUA e passou a projetar grandes prédios ao lado de seu ex-professor, Van der Rohe.

Em cidades planejadas, como Brasília;

Em prédios como o da Escola Superior de Desenho Industrial, no Rio de Janeiro, do Instituto de Arte Contemporânea de SP e da Faculdade de Arquiteturae Urbanismo, da USP;


Dos docentes da Bauhaus que se empenharam em desenvolver protótipos tipográficos para concretizar a pretendida alteração de padrões estéticos e o máximo funcionalismo, destacam-se os pioneiros Josef Albers, Herbert Bayer e László Moholy-Nagy que foi o mais radical dos três. Moholy-Nagy criou uma inconfundível imagem visual para a escola usando formatos de letras simples, cores fortes, composições intrigantes de fotografia e texto.Letras avulsas, vogais e consoantes, eram isoladas e tratadas como elementos de composição. Uma abordagem tipográfica séria, mas que continha um elemento quase teatral.Moholy-Nagy encorajava as tentativas de seus estudantes de “romper as convenções em relação ao conteúdo e à forma tradicional da tipografia e com isso, simbolicamente, o conteúdo e a forma da sociedade que aplicava mecanicamente as normas do passado”.

Ele considerava tipografia e layout uma arte e uma ciência ao mesmo tempo que se desenvolvia a partir de técnicas de impressão. Ordem, simplificação e claridade eram os ideais gráficos. As composições eram formadas por tipos dispostos verticalmente, diagonalmente e horizontalmente e por formas geométricas simples, como quadrados, círculos, triângulos que criavam ritmos e continuidades conduzindo o olhar de um bloco de texto ao outro.Outra característica era o uso de barras pretas para dar ênfase e a manipulação do branco com o mesmo objetivo. As tipografias mais famosas da Bauhaus são: A mais antiga é Akzidenz-Grotesk,sem serifa e com um traço de grossura quase constante.Essa fonte foi a base para as fontes que surgiram no pós-guerra, a Helvetica e a Univers. Foi uma fonte privilegiada na Bauhaus e teve várias versões.Outras fontes são a AG Book e a AG Old Face.


3

ART DECO 1920


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