LÍDER COM DIREITO ONG portoalegrense Themis oferece cursos de educação legal para lideranças comunitárias há mais de 20 anos por Bibiana Garcez Centro Humanístico Vida, Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, número 2.131, zona norte de Porto Alegre. O centro comunitário é referência no bairro Rubem Berta, o mais populoso da capital, com 87 mil moradores. “Um elefante gigante, mas vazio”, define Tânia Mara Garcia. Apesar das possibilidades que o centro oferece, o local não é ocupado por inteiro. Gigante é, de fato. Os 120 mil metros quadrados do espaço, equivalentes a 17 campos de futebol, são divididos em quadrantes, pelos quais Tânia Mara anda sem errar o caminho. Lá, ela é autoridade, eleita liderança da assistência social no conselho da região. No bairro, Tânia Mara é conhecida pelo nome. Em outros ambientes, contudo, ela atende por “promotora”. Não é formada em direito. Aos 55 anos, divide-se entre o trabalho como empregada doméstica e o completar do ensino médio, que cursa à distância. É chamada de promotora porque é Promotora Legal Popular. O corretor de ortografia do programa de edição de texto grifa como errada a palavra “promotora” e sugere “promotor”. Nesse caso, não há nenhum. O programa de formação de PLPs é oferecido somente para mulheres pela ONG feminista Themis – Gênero e Justiça. A ideia do curso é oferecer a líderes comunitárias noções de legislação e dos direitos garantidos pela Constituição. Como funciona o Poder Judiciário e o que pode oferecer a pessoas em situação de vulnerabilidade social. O Programa de Pormação de Promotoras Legais Populares existe desde 1993 e está espalhado pelo Brasil, nas mãos da Themis e de outras ONGs, mas que seguem a metodologia da primeira. Uma das inspirações para a criação do programa vem do estudo “Acesso à Justiça”, dos juristas Bryant Garth e Mauro Cappelletti, publicado em livro em 1988. Os autores analisam como funciona o sistema legal em diversos países. E destacam: há vários obstáculos no acesso à justiça. “Um deles e um muito importante é conhecer as leis. Se as pessoas não conhecem minimamente que têm direitos, quais são