PRÓLOGO É menina! O médico disse no ultrassom. Mais do que imediatamente a mãe de Maria comprou roupas rosa, sapatinhos e berço, arrumou o quarto todo em tons de rosa e lilás. Arrumou tudo do jeitinho que sempre sonhou, dando um cantinho lindo para sua menina crescer. E a menina nasceu muito amada e foi crescendo. Estudou em um colégio de freiras na primeira infância. Com aproximadamente quatro anos, foi pega pela sua professora, a Irmã Marta, tocando a sua “tabaquinha”, descobrindo o seu corpo que ainda era território estranho e novo para ela. A Irmã Marta, chamou a mãe de Maria na escolinha, que ficou muito desapontada com a atitude da filha que era altamente promíscua. Maria, então, ficou de castigo e aprendeu que não pode tocar sua “tabaquinha”. Um dia, Maria encontrou um amiguinho na escola, Pedro era seu nome. Eles ainda tinham quatro anos de idade e tudo ainda era estranho e novo. Pedro achava que todo mundo tinha “bililiu” e Maria achou que todo mundo tinha “tabaquinha”. Eles foram fazer xixi no mesmo banheiro, na mesma hora na escola – até mesmo porque eles faziam isso com os coleguinhas do mesmo sexo. Nesse momento, Maria e Pedro descobriram que eles eram diferentes. Também nesse momento, Irmã Marta encontra Maria no banheiro com outra pessoa, ambos reconhecendo o que tinham de diferente. Dessa vez Irmã Marta foi mais cruel, colocou Maria e Pedro na capela da escola, onde ela dizia que Jesus dormia e os mandou rezar para pedir perdão pelo seu pecado. Maria e Pedro não entenderam, mas assim o fizeram, pediram perdão por algo que não sabiam o que era ou que tinham feito. O pai de Pedro foi à escola e estava espantado, porém não se importou muito com o acontecido. “Esse é meu filhão! Desde novinho já é macho!”, ele dizia orgulhoso. A mãe de Maria ficou muito desapontada, colocou-a de castigo e ensinou que ela não pode ver meninos pelados e também não pode ficar pelada aos quatro anos de idade e também não podia mexer na “tabaquinha” dela. Maria entendeu e aceitou. Quando ficou um pouco mais velha, com nove anos, Maria amava usar saias e amava também sentar de pernas abertas. A mãe e as tias de Maria a ensinaram que não. “Mocinha tem que sentar de perna fechada!” “Toma modos de moça, menina!”. Maria começou a achar aquilo muito estranho, mas tudo bem. Fechava as pernas quando estava perto delas. Maria foi crescendo. Já não podia mais andar de roupa curta, primeiro que sua mãe não deixava e depois, quando as usava, recebia olhares estranhos e ouvia resmungos ao pé
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