INTRODUÇÃO Ao participar do programa de Iniciação Científica: Teatro x Realidade: Representações do Homoerotismo no Teatro Contemporâneo, orientado pelo Professor Doutor Antônio Barreto Hildebrando, entrei em contato com teóricos de gênero voltados para a área das Ciências Sociais e Filosofia. Busquei, nessa pesquisa, algumas intersecções com o fazer teatral nas construções de personagens travestis nos últimos três espetáculos de formatura do Teatro Universitário da UFMG, a saber: Via Crucis do Corpo (2008), Rosinha do Metrô (2010) e Pequenos Romances (2012). Para análise das personagens travestis dessas peças, a base teórica utilizada foi a Teoria Queer, que surgiu em 1990 e fundamentada por Judith Butler. Desde esse projeto de pesquisa, tenho estudado esta teoria para repensar minhas práticas na escola ministrando aulas de teatro. Dessa maneira, esta monografia se configura como reflexão sobre a sexualidade nas aulas de teatro advinda de práticas utilizadas na Escola Municipal Aurélio Pires, desenvolvida no segundo semestre de 2013 pelo Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID), no subtema: teatro. Em sua origem a palavra “Teatro”, do grego theatron, significa lugar de onde se olha e, relaciono seu significado diretamente com “ponto de vista”. Levando em conta que o teatro assim como as artes, valoriza o ponto de vista daquele que o faz e a sua experiência criativa em relação a esse ponto de vista. Na sala de aula não é diferente, fazer teatro é o mesmo que jogar e jogar é estar em relação consigo mesmo e com o outro, com o meio ambiente (SOARES, 2010). Dessa maneira “Neste movimento de deslocamento do olhar proporcionado pelo jogo teatral, o aluno passa a ver o mundo e a si próprio com outros olhos, ampliando seu campo de experimentação criativa da realidade” (SOARES, 2010, p. 41).
Ainda em relação com o ponto de vista, chamo atenção para a ferramenta do Distanciamento/ Estranhamento Brechtiano, que busca trazer para o espectador uma percepção crítica da realidade, uma vez que, para além do objetivo estético, ele também possui uma finalidade política e ideológica. Desse modo, quando o espectador se sente identificado com determinado personagem, o procedimento de distanciamento é utilizado para que ele quebre sua própria lógica e pense criticamente no que está sendo visto. Assim, surge uma valorização do ponto de vista daquele que vê, assim como daquele que faz. 9