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FIGURA 14 - Edição versus encadernação

VII - O exemplar poderia vir a ser encadernado (ou reencadernado) em outro país e décadas ou séculos depois da edição.57 (FIG 14)

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FIGURA 14 - Edição versus encadernação a) manuscrito em pergaminho do século XIV (Florença) encadernado no século XVI (norte da Itália) b) Veneza, 1574 (encadernação italiana do século XVII) c) Veneza, 1522 (encadernação inglesa do século XVIII) d) Veneza, 1558 (encadernação holandesa do século XVIII) Fontes: a) BIBLIOTECA CIVICA “A. MAI” DI BERGAMO b) BRITISH LIBRARY c) BRITISH LIBRARY d) BRITISH LIBRARY

57 “[...] até o final do século XVIII, os livros, constituídos por fascículos separados, eram enviados para toda a Europa pelos grandes centros de produção livreira sumariamente cobertos por um papel de proteção. Com isto, os volumes não eram encadernados pelos editores, mas no local de venda, aos cuidados do próprio adquirente ou do livreiro, resultando que, frequentemente, os locais de edição e de execução da encadernação não coincidiam.” (Tradução nossa para: “[...] sino a tutto il XVIII secolo, i libri, costituiti da fascicoli sciolti, venivano inviati in tutta Europa dai grandi centri di produzione libraria sommariamente provvisti di una carta di protezione. I volumi non venivano quindi legati dall'editore, ma nel luogo di vendita, a cura dello stesso acquirente oppure dal libraio, col risultato che spesso, luogo di stampa e località di confezionamento della legatura non coincidevano.” MACCHI, Legature storique nella biblioteca A.Mai.)

4 O EXEMPLAR DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA DA UFMG

A “Coleção Luiz Camillo”, uma das coleções especiais sob custódia da Biblioteca Universitária da UFMG, é constituída por obras anteriormente pertencentes à biblioteca do bibliófilo e colecionador itabirano Luiz Camillo de Oliveira Torres, abrangendo as áreas de economia, direito, literatura e história, dos séculos XVI ao XX. A diversidade do acervo retrata a versatilidade intelectual e profissional de seu proprietário: professor, historiador, político, empresário, foi também diretor da Casa de Rui Barbosa, da Faculdade de Política e Economia da Universidade do Distrito Federal (RJ) e da Biblioteca do Itamaraty. Apesar da formação em química industrial, seu círculo de convivência eram os escritores, a literatura e a bibliofilia. Intelectual política e culturalmente engajado, sua biografia inclui episódios de enfrentamento da ditadura varguista, o que, segundo seus amigos escritores, lhe teria destruído a saúde do coração já fragilizado. Morreu em 1953, aos 49 anos de idade.58

A entrega de sua biblioteca à custódia da Divisão de Coleções Especiais foi intermediada pelo Professor Fábio Lucas, da UFMG junto à família do bibliófilo, representada por sua filha, e se concretizou no final da década de sessenta. Já naquela época, quatro itens da coleção apresentavam uma característica curiosa: suas pastas haviam sido substituídas por uma espécie de dobradura em papel tipo cartolina de cor palha (revestida com plástico adesivo do tipo contact), que continha dados identificadores da obra escritos a caneta esferográfica azul e estava fixada diretamente sobre o dorso da obra com adesivo (PVA) – uma intervenção ao mesmo tempo cuidadosa e equivocada. Na Biblioteca Universitária, essa “capa” improvisada foi recoberta com uma jaqueta de poliéster sustentada por cartões e fechada por cadarços de algodão; sobre a jaqueta se afixou a etiqueta de identificação. 59 Um desses quatro itens era o In epistolas Ciceronis ad Atticum, Pauli Manutii comentarius, editado por Aldi Filii em Veneza, em 1547 (FIG. 15), que se encontra, atualmente, na sala climatizada da Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras da Biblioteca Universitária.

58 PRADA. O historiador que enfrentou Getúlio. 59 Informações fornecidas pela Sra. Diná Marques, Bibliotecária-Chefe da Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras da Biblioteca Universitária da UFMG.

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