44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Tecnologia, como a arte, é um exercício crescente da imaginação humana.” (Daniel Bell)
Em Blade Runner, na cena do interrogatório, o diretor do filme traz um paralelo entre o olho humano e o olho da câmera, entre aquilo que é originalmente desenhado pela natureza e a imitação artificial. O olho e a câmera se mesclam e se confundem de forma que um se dá a origem do outro. Ambos conseguem muito mais do que gerar meras imagens da realidade. O intercambio entre o mundo exterior e o mundo interior, a percepção e a identidade. A partir deste trabalho, foi necessária a pesquisa de vários aspectos históricos e culturais que permeavam os assuntos. Um dos objetivos era poder, a partir desse breve entendimento tanto de concept art quanto de cyberpunk, contrastar os dois filmes de forma em que houvessem muitas mudanças de pensamento, até mesmo pelos trinta e cinco anos que os separam. Entretanto, a única coisa que mudou entre o processo dos dois foram as ferramentas usadas. A técnica – metodologia – e o conceito se permaneceram praticamente os mesmos, pois vieram das mesmas fontes. E se percebermos bem, até mesmo as ferramentas não precisam ser as mesmas de um artista para o outro. Quando um concept artist, como Syd Mead, diz que não se importa com uso da tecnologia ao se produzir um concept art, é interessante perceber que realmente o que importa é o entendimento de condições básicas para a criação dessa ilustração, que praticamente não mudaram durante todos esses anos que separam os dois filmes. Ao produzir um concept art é necessário o entendimento de todo o universo e contexto que permeiam a imagem e a história, através de uma intensa pesquisa, da exploração daquele tema e de uma biblioteca visual. Sendo assim, o artista poderá, possivelmente, se tornar apto para criar tal ilustração, contando também com a prática incessante das técnicas mencionadas nesse trabalho.