ensurdecedores. A “caderante” era diferente: sorridente, bem cuidada e cheirosa. Tinha uma acompanhante em sala, porém, a aluna fazia outras atividades que não tinham ligação nenhuma com a aula.
Capítulo 2: O teatro e a formação universitária Enquanto ministrava aulas durante os estágios, ficava me perguntando o que era o teatro e para que ensiná-lo. Por que é importante para o aluno aprender teatro? Antes de adentrar no universo escolar e no cotidiano da escola é preciso entender o que o teatro realmente representa para o aluno. Quando se pergunta quantos já foram ao teatro ou fizeram aula de Teatro, há uma meia dúzia de mãos levantadas e esses poucos só conseguiram passar por essa experiência por iniciativa da escola, em passeios em grupos, excursões, ou em atividades valendo nota, ou seja, por obrigação. No livro A pedagogia do espectador, Flávio Desgranges nos dá algumas explicações sobre a formação de público, as quais aplico à escola, considerando que o aluno é ator e espectador dentro dos jogos e dentro das dinâmicas propostos em sala de aula. Pensando na faixa etária do Fundamental ao Médio, percebo que conheci o teatro depois de me formar no Segundo Grau, e é dentro desse raciocínio que questiono se existe, de fato, uma faixa etária adequada para que o aluno possa ser sensibilizado para gostar ou não de teatro, tal como mostra a seguinte pesquisa: Evoco um estudo do sociólogo holandês T. Kamphorst, que investigou a maneira pela qual o público adulto tinha sido sensibilizado pela primeira vez para diversos eventos. Ele calculou, em seguida, as chances de adulto ir “x” vezes ao concerto ou ao teatro, em função da idade em que havia sido socializado pra esse evento. Os resultados são bastante interessantes. Em se tratando de um concerto, ele mostra que, se não tivermos adquirido o hábito entre os cinco e os oito anos, teremos muita dificuldade em ir a um concerto de música clássica mais tarde. No que concerne aos museus, [o hábito se adquire] entre oito e doze anos: no que refere
32