Um mover d’olhos, brando e piadoso Trabalho realizado por: Gabriel Afonso Guilherme Moura Luís Sacramento Margarida Costa
10ºC3
Ano Letivo: 2020/2021
Um mover d’olhos, brando e piadoso Um mover d’olhos, brando e piadoso, sem ver de quê; um sorriso brando e honesto, quási forçado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso; um despejo quieto e vergonhoso, um repouso gravíssimo e modesto; ῦa pura bondade, manifesto indício da alma, limpo e gracioso; um encolhido ousar; ῦa brandura; um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento; Camões relê os versos, previamente escritos por si, vezes sem conta, enquanto pensa na sua amada e no quão desejava poder estar com ela naquele momento. Como poderia ele, um homem tão nobre e esclarecido, estar apaixonado por uma mulher tão diferente e tão invulgar? Camões andava já há várias semanas a ponderar encontrar-se com a sua amada, mas o apaixonado poeta sabia que não teria qualquer sucesso, pois a bela donzela nunca se apaixonaria por um homem tão diferente dela. -Vós sabeis que encontrar-vos a sós com ela não é pecado. Encontrai-vos com ela e tentai a vossa sorte - a voz da sua cabeça aconselha-o, num tom sincero. -Não presteis atenção ao Diabo. Vós sabeis bem que encontrar-vos com ela só vos trará dor e desilusão. É perigoso e não deveis, de modo algum, ter qualquer relação com uma mulher tão distinta e que vos fará sofrer muito - outra voz soa dentro da sua cabeça.
-Quando existe amor, o resto não importa. Preocupai-vos em conquistar a vossa amada e não ligueis ao que diz o Anjo. E isso foi o necessário para Camões guardar o seu precioso livro e começar a sua viagem em busca da sua amada. Começou então por guardar alguma comida e alguns dos seus pertences mais importantes dentro da sua sacola e preparou-se para a sua busca, estando pronto em poucos minutos. A sua amada não tinha morada fixa, ela apenas viajava por toda a cidade de Lisboa e, por vezes, pelo resto do território português. Mesmo assim, Camões tinha a esperança de a encontrar em pouco tempo. Do pouco que se recordava que a sua amada lhe contara, ela adorava longos passeios pela praia, quando tinha tempo. Talvez começar a sua busca pela praia seria uma boa ideia. O problema era: por qual começar? Depois de algum tempo a refletir por que praia em especifico começar, Camões rumou à praia mais próxima da sua morada, Belém, localizada a cerca de dez minutos de sua casa. Algumas horas depois… - Estarei alucinando, ou será aquela bela donzela, a minha querida amada! - Camões exclama ao ver uma bela donzela sentada numa rocha, a algumas braçadas da areia. Depois de tantas horas a procurar, de praia em praia, teria ele finalmente encontrado quem tanto procurava? Sem sequer pensar, Camões correu em direção ao mar, deixando a sua mochila na areia e gritando pela sua amada. A bela e jovem mulher mergulha profundamente no oceano, ao mesmo tempo que Camões entra no mar. Não muito depois, Camões sente algo a aproximar-se de si e, ao ver escamas, pensa ser um peixe, mas a primeira sensação é desmentida, uma vez que ele vê a cara da sua amada. Seria aquela criatura uma sereia? Tal coisa não seria possível, sereias existiam apenas perto de outras criaturas místicas, em zonas que ninguém ousava visitar. A sereia começa então a cantar:
- Estarei eu vendo bem meu amado voltou para mim não acreditei nele quando me disse que lutaria por mim até ao fim Venha então meu amado fazer-me-á companhia, neste mar solitário e trazei convosco essa vossa bondade e sabedoria que tanto me dão alegria Não gostaríeis vós de viver aqui comigo fazendo-me companhia durante todo o dia? Virai então e sereis meu parceiro vivereis sem quaisquer preocupações medo ou receio Esquecendo completamente o facto de a sua amada ser agora uma sereia, Camões é levado por ela até às profundezas do mar. À medida que vão descendo, a luminosidade vai diminuindo e Camões só entende o que está a acontecer depois de começar a ter dificuldades em respirar. Ao aperceber-se de que o poeta estava em pânico, a sereia continua a puxá-lo para o mais profundo mar, acabando por o prender numa bolha de ar. Assim que a sereia o prendeu, o seu disfarce desapareceu, mostrando, assim, era na realidade: Circe, a deusa da feitiçaria, venenos e transformação. Uma vez que esta se afastou do local, Camões, em desespero, rezou a Deus enquanto cantava para si mesmo:
- Será isto um pecado religioso Um humano e uma sereia Deus, apenas peço para serdes misericordioso Aqui me estou a debater Se me declaro ou não Ela está aqui tão perto de mim Talvez esta história possa ter um bom fim Por falta de olho fui rejeitado Mas pelo mesmo motivo enamorado Agora estou aqui no fundo do mar Parece até um sonho de louvar Aqui dentro desta bolha de ar De repente, Camões vê uma pequena luz clara a aproximar-se de si, quase como uma pequena estrela a descer até ele. Ao olhar mais de perto, entende que lhe fora enviado um anjo. -Louvado seja Júpiter - Camões agradece antes do belo anjo parar à frente da bolha. -Tendes aqui duas opções enviadas por Júpiter- e assim são-lhe mostradas uma arma e uma inofensiva e bela rosa. -Escolhei a arma, meu Senhor. Vós tendes mais possibilidades de sobreviver com a arma - a voz na sua cabeça incentiva-o, mas é interrompida pela voz do Diabo. -Escolhei a rosa. Para que precisais, vós, de uma arma? Com a rosa podereis conquistar vossa amada - O Diabo acaba com um riso maléfico.
Depois de ponderar um pouco, Camões toma finalmente a sua decisão. -Passai-me a rosa, meu anjo. - Que estais fazendo, meu Senhor? Estais vós perdendo vossa cabeça? Antes que o Anjo possa questionar seja o que for, a rosa é passada a Camões. Camões espera então alguns segundos e explode a bolha com os espinhos da mesma. Nadando o mais depressa possível, o poeta chega, finalmente, à superfície, nadando em direção à costa. Uma vez fora do mar, Camões pega na sua sacola previamente atirada para a areia e corre para casa. Algum tempo depois… Chegado em casa. Camões é questionado sobre o porquê de ter escolhido a rosa e não a arma. -Achais, vós, que eu quereria magoar minha amada? Poderei ter-me enganado a seu respeito, mas jamais a magoaria. Sentado à frente da sua lareira e com o seu livro na mão, Camões adiciona uma última estrofe ao seu poema. esta foi a celeste fermosura da minha Circe, e o mágico veneno que pôde transformar meu pensamento.
Fontes das imagens: https://www.google.com/search?q=luis+de+camoes&tbm=isch&ved=2ahUKEwiF8PTW17rvAhUH2xoKHTCmCJ4Q2-cCegQIABAA&oq=l ui&gs_lcp=CgNpbWcQARgDMgQIABBDMgQIABBDMgUIABCxAzIFCAAQsQMyAggAMgIIADICCAAyBAgAEAMyBQgAELEDMgII ADoECCMQJzoHCAAQsQMQQ1DpR1jnTGDQYmgAcAB4AIABZYgBogKSAQMyLjGYAQCgAQGqAQtnd3Mtd2l6LWltZ8ABAQ&scl ient=img&ei=jrhTYIXxIYe2a7DMovAJ&bih=625&biw=1366#imgrc=vJYCHVg4P0vY-M https://www.google.com/search?q=circe+deusa+grega&tbm=isch&ved=2ahUKEwjHlN-C2brvAhWVBhoKHb9CAkgQ2-cCegQIABAA&oq= circe+deusa&gs_lcp=CgNpbWcQARgAMgIIADICCAAyBAgAEBg6BAgAEEM6BAgAEB5QzjpYt0lghGJoAHAAeACAAZgBiAGkBZIB AzIuNJgBAKABAaoBC2d3cy13aXotaW1nwAEB&sclient=img&ei=9rlTYMfBN5WNaL-FicAE&bih=625&biw=1366#imgrc=X7mjJZqT9w OQDM