Condenados a viajar dentro de casa A nossa vida, atualmente, faz-nos sentir no mundo de Inês Pereira (Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente), um mundo limitado e por vezes escuro, como se nos houvessem fechado as janelas e trancado as portas, como aconteceu com Inês. Inês pensou na liberdade, pretendendo casar-se para poder sair de casa, poder dançar e cantar, tal como hoje aspiramos em podermos rasgar as máscaras, e podermo-nos abraçar e beijar sem nenhum problema. Nós somos a geração que está presa dentro de casa como Inês Pereira e como todas as mulheres do tempo dela, que se soltavam da casa dos pais para serem de novo presas no casamento.
René Magritte, A condição humana, 1933. Galeria Nacional de Arte, Bruxelas (pintura a óleo, 100x81 cm)
Hoje, como no passado, nós vemos o nosso mundo por janelas, tal como Inês Pereira, só que as nossas janelas são ecrãs de telemóveis e computadores. Somos a geração que não dançará no baile dos bailes de finalistas, tal como Inês Pereira não podia dançar. Nós e a Inês estamos condenados a viajar dentro de casa. Maria Leonor, Luís Romão e Vicente Teixeira, 10.ºC3 Professora: Norberta Sousa Semana da leitura, 2021