Filosofia 10 determinismo e liberdade na ação humana, n º 2

Page 1

ESCOLA SECUNDÁRIA DR. JORGE AUGUSTO CORREIA FILOSOFIA,

10.º ANO

Determinismo e liberdade na ação humana, n.º 2

Lê, atentamente, o seguinte texto: “Todos pensamos que temos livre-arbítrio. Como poderíamos não pensar? Renunciar à liberdade significaria deixar de fazer planos para o futuro, pois de que adianta fazer planos se não temos a liberdade para mudar o que acontecerá? Significaria renunciar à moralidade, pois só quem age livremente merece censura ou castigo. Sem liberdade, percorremos caminhos predeterminados, incapazes de controlar os nossos destinos. Uma vida assim não vale a pena.” E. Conee e T. Sider, Enigmas da Existência. Uma visita guiada à metafísica, Bizâncio, 2010, pp. 145-146.

2. Concordas com a posição que é defendida no texto? Justifica fundamentadamente a tua posição recorrendo a, pelo menos, dois bons argumentos.


FILOSOFIA, 10.º ANO

Determinismo e liberdade na ação humana

“Eu não concordo com a posição defendida no texto, a teoria libertista, pois considero a perspetiva compatibilista mais credível, porque é a única teoria que procura estabelecer uma ligação entre o libertismo e o determinismo. O compatibilismo ou determinismo moderado diz-nos que mesmo vivendo num mundo determinado ainda temos liberdade quando fazemos o que queremos em relação aos nossos desejos. Não concordo com a posição defendida no texto, porque certamente há coisas que são determinadas ou que podem ser previstas, como, por exemplo, o ciclo das marés, o vento ou a temperatura. Também não concordo com a teoria libertista, porque é dualista, defende que o ser humano é constituído por dois elementos distintos, a alma e o corpo. Mas como é que se prova a existência da alma? Esta afirmação vai contra tudo aquilo que a ciência conhece e afirma, vai contra, como prova o conhecimento científico, o universo determinado e previsível.” Ricardo Cascais, 10.º A1

“No texto, a posição que é defendida é o libertismo. Este defende que o livre-arbítrio é verdadeiro, que o libertismo e o determinismo são duas doutrinas incompatibilistas e que o determinismo é falso. A meu ver, não concordo com esta posição, pois os libertistas acreditam que o ser humano é possuidor de alma, logo são seres diferentes de tudo o resto que nos rodeia. Também não concordo com o libertismo, porque ele nos diz que a perspetiva determinista é falsa, e eu considero que o determinismo existe e é bem real, pois tudo o que acontece na natureza é fruto de uma determinada causa.” Leonor Ribeiro, 10.º A1

“Eu concordo com a posição defendida no texto, a saber, o libertismo, pois como poderíamos pensar que não temos livre-arbítrio, se somos nós que por pensamento próprio tomamos decisões durante a nossa vida inteira. Se todas as nossas acções estivessem predestinadas, de que serviria, por exemplo, nos esforçarmos todos os dias na escola ou em casa para

2

Professora: Carla Sardinha Edição: Ana Cristina Matias


FILOSOFIA, 10.º ANO

Determinismo e liberdade na ação humana

obtermos bons resultados escolares, se todo o nosso futuro já estivesse decidido? Se isso acontecesse, estudar ou não estudar era indiferente, pois a nossa nota no teste/exame já estaria predeterminada. Se as coisas fossem predeterminadas que moral teriam os meus pais quando me colocam de castigo, por uma má nota ou por um certo comportamento? Se eu não tive culpa e tudo o que me acontece é fruto de uma causa? Por essas razões eu concordo com o texto, pois se tudo estivesse predestinado a nossa vida não era a “nossa vida”, nós só cá estávamos a interpretar um papel onde tudo já estava previamente decidido.” Daniel Santos, 10.º A2

“Sim, na minha perspetiva o livre-arbítrio tem de existir. É verdade que as nossas decisões são determinadas com base em princípios, crenças e desejos, mas é a nossa própria cabeça que tem a liberdade de escolher entre o caminho A ou B. Se o livre-arbítrio não existisse, isso significaria que as pessoas não tinham culpa ou mérito pelas suas decisões, simplesmente estava destinado a acontecer. Mas, é claro que nós temos liberdade. Nós é que decidimos ser maldosos ou bondosos, nós é que decidimos se iremos ser bons alunos e ter bons resultados ou não. Para comprovar a minha posição passo a exemplificar: dois irmãos gémeos verdadeiros nascem com o mesmo código genético, mas têm na vida ideias e características completamente diferentes; um rapaz que nasce sem condições sociais e económicas e que tem pais abusadores, acaba por ser um aluno fantástico e uma pessoa bondosa. Nós é que determinamos as nossas acções e por isso temos livre-arbítrio.” Beatriz Costa, 10.º A2

“Concordo com a posição defendida no texto, a saber, o libertismo. Pois nós automaticamente pensamos que somos livres, que somos os autores das nossas escolhas e consequentemente das nossas vidas. Temos essa crença

3

Professora: Carla Sardinha Edição: Ana Cristina Matias


FILOSOFIA, 10.º ANO

Determinismo e liberdade na ação humana

para não nos questionarmos. Para não questionarmos que, se calhar, a nossa vida já está toda determinada e que se isso fosse verdade, “qual o sentido da nossa vida?”, “será que não passamos de meras marionetas?”. Por isso agarramo-nos a esta crença, pois a outra realidade assusta-nos. Assusta-nos pensar que o que fazemos, o que decidimos, não são escolhas nossas, mas sim de outrem, assusta-nos pensar que possa existir mais para além daquilo que nós conhecemos.” Ana Fernandes, 10.º A1

3. O que é que defende a perspetiva do determinismo radical? Explica duas objeções que podemos apontar a esta teoria.

“O determinismo radical defende a sua incompatibilidade com o livrearbítrio e que este é uma ilusão. No determinismo radical, nós não somos os autores das nossas vidas. Todas as nossas ações são efeito de determinadas causas e se assim é, todas as nossas ações são previsíveis. Ora, como não conhecemos as causas, pensamos que somos possuidores de livre-arbítrio mas, na verdade, é apenas uma ilusão. Os nossos valores, ideais e crenças mais não são do que meros acontecimentos do universo, uma vez que são incutidos pela sociedade em que nos situamos e pela educação que recebemos. Se as nossas ações resultam dos nossos valores e ideais (que não controlamos) e se estes resultam de acontecimentos anteriores, então as nossas ações resultam indiretamente desses acontecimentos, ou seja, não os controlamos. Uma das objeções que podemos apontar a esta perspetiva é: será então correto atribuirmos pena de prisão a uma pessoa que assassinou outra? No final de contas não foi a pessoa que decidiu assassinar outra, já que não controla as suas ações. Outra das objeções é: que sentido tem falarmos de ação humana, se ela não existe? Se não somos nós que a praticamos de forma livre? Segundo esta teoria seríamos apenas marionetas do universo, pois tudo o que fazemos não é fruto da nossa deliberação ou pensamento.” João Pereira 10.º A3

4

Professora: Carla Sardinha Edição: Ana Cristina Matias


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.