Psicologia: Ansiedade, por Filipe Lourenço

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PSICOLOGIA

ANSIEDADE

Tavira, 9 de

dezembro de 2016

Querido diário, Acordei cansado mais uma vez, não consegui dormir. Passei horas a pensar no que fiz de mal, nos erros que cometi, nas pessoas que desiludi, nas atitudes que não tomei… culpo-me constantemente pelo estado da minha vida, mesmo que a culpa não seja minha. Não consigo evitar. Os pensamentos consomem-me por dentro como um fungo que se alastra num organismo, destruindo-o. Penso sempre no pior. A minha mente ruminante deturpa tudo à minha volta e atormenta-me sem aviso. E se não disser a coisa certa, e se não fizer a coisa certa, e se não conseguir, e se correr mal? E se… Estou constantemente à procura da aprovação dos outros porque não me acho suficientemente bom. Tenho a boca seca. Gostava que soubessem como me sinto, não consigo controlar isto, não gosto de ser assim... Ontem fui a uma festa. Quando estava a preparar-me, estava entusiasmado, mas também nervoso. Tinha o estômago às voltas, tinha alguma coisa a impedir-me de ficar demasiado feliz. “É melhor teres cuidado, ou as coisas podem correr mal” pensava eu, constantemente. E quando cheguei lá, não consegui desfrutar. Falta-me o ar. É sempre assim, em todas as situações. Nunca consigo aproveitar um momento enquanto o estou a viver. Começo imediatamente a pensar no que virá depois. Estou a suar outra vez. Penso que todo o meu contentamento naquele instante vai ser destruído em segundos por alguma coisa que aconteça. Tenho medo de aceitar a alegria porque sinto o seu

ESCOLA SECUNDÁRIA DR: JORGE AUGUSTO CORREIA – BIBLIOTECA ESJAC Editado por Ana Cristina Matias

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desaparecimento iminente. Mesmo que tenha tudo para estar contente, não consigo. No fundo, tenho medo de ser feliz.

(…) Lisboa, 26 de janeiro de 2017 Querido diário, Hoje foi dia de consulta geral. O médico explicou algumas coisas para me ajudar a compreender melhor o que se passa. Começou por dizer que a ansiedade é uma emoção normal (como é que esta agonia pode ser normal?) do ser humano, mas que, em excesso, pode tornar-se numa doença. Levantou-se da sua cadeira e foi mencionando os vários tipos de ansiedade que existem. “O transtorno de ansiedade generalizada é quando a ansiedade persiste e interfere nas atividades do quotidiano” disse. Eu ia sorrindo à medida que ele falava (talvez por receio de me ver espelhado naquelas descrições). Falou também sobre a síndrome do pânico, onde ocorrem crises inesperadas, sem motivo, de medo que algo de mau aconteça (e se…). Descreveu a fobia social, um desconforto e pavor em ambientes desconhecidos, em encontros sociais e ao falar em público. Por fim, ainda se pronunciou sobre o transtorno obsessivo-compulsivo, um distúrbio que leva a pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos (tenho de ser perfeito!). Tranquilizou-me, dizendo que ainda é cedo para fazer um diagnóstico claro, mas que, ao longo das próximas consultas, vamos tentar restringir as opções. “Geralmente, nunca é só um tipo” acrescentou. Depois falámos sobre as diferentes causas que levam ao aparecimento da ansiedade. “São várias. Podem ser genéticas, derivadas do ambiente, da própria mentalidade, de doenças físicas, entre outras coisas” afirmou enquanto se voltava a sentar. Conversámos sobre os sintomas derivados, que podem ser psicológicos ou físicos. “Os sintomas variam muito de pessoa para pessoa, mas há sempre alguns mais gerais que comprometem o dia-a-dia” disseme. Já no final, falámos sobre os tratamentos e possível medicação (para quê?) que poderei vir a fazer. “O melhor é sempre a terapia, é mais eficaz e acarreta menos riscos”, continuou a dizer enquanto escrevia no computador. Terminou informando-me que os sintomas mais agudos costumam ser controlados com ansiolíticos, mas todos causam dependência química, e eu sinto que já não dependo só de mim para viver. Não quero depender ainda menos. Saí daquela clínica com mais dúvidas do que quando entrei, mas acho que isso é bom. Afinal de contas, a dúvida é o primeiro passo na busca pelo conhecimento. Tenho (temos) um longo caminho a percorrer…

Filipe Lourenço, 12.º A2 ESCOLA SECUNDÁRIA DR: JORGE AUGUSTO CORREIA – BIBLIOTECA ESJAC Editado por Ana Cristina Matias

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Disciplina: Psicologia Professora: Edite Azevedo Ano letivo: 2017/2018

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