Há pouco mais de um século o Estado estabeleceu pela primeira vez uma
ortografia para a escrita e o ensino do Português. Publicações oficiais, jornais,
manuais escolares mostravam à população alfabetizada uma escrita que diziam
ser mais simples e moderna, reduzindo as várias possibilidades de escrita para a
mesma palavra. Muitos não alteraram os seus hábitos e continuaram a escrever
à antiga até ao fim dos seus dias, recusando perder a memória de graphia,
hymno, solemne, charidade ou, com convicto patriotismo, portuguez.
As novas gerações aproveitaram o benefício de serem escolarizadas sob
uma escrita comum, a mesma que organizava o Estado e as suas instituições.
Foi também o início de um período da História da Língua. Resolvidos
alguns problemas essenciais de representação convencional da escrita, essa
norma foi reproduzida nas escolas, obrigando a uma renovação das gramáticas e
dos dicionários. O estudo da Língua nas suas variações inesperadas, a tentativa
de uma descrição sistemática, a problematização...