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Cap . I - Por que Metodologias Ativas na Educação?

a formação de professores apresentando uma base conceitual sobre o tema a ser abordado, seguida de uma proposta de planejamento para a formação propriamente dita. O encontro bônus, por sua vez, está organizado da mesma forma, mas prevê uma formação de menor carga-horária.

O primeiro encontro, escrito por Luciana Allan, Diretora Técnica do Instituto Crescer, há mais de 15 anos, propõe uma metodologia de aprendizagem baseada em projetos que pode ser utilizada em qualquer etapa de ensino. Nela, os estudantes seguem um passo a passo de pesquisa e resolução de problemas que culmina em um produto reflexo de suas descobertas e aprendizagens, tudo isso em uma linearidade coesa e de fácil implementação, utilizando ainda recursos tecnológicos no apoio ao processo de aprendizagem. O segundo encontro apresenta um circuito de atividades baseado na Teoria das Inteligências Múltiplas, tendo como objetivo uma compreensão das inteligências mais ou menos desenvolvidas de cada um dos estudantes dialogando com uma proposta na qual o professor possa, a partir dessa compreensão, pensar em modos de personalização do ensino para seus alunos. Em seguida, chegamos à hora de gamificar na educação com o terceiro encontro, que explica o conceito de gamificação e explora os seus elementos, guiando os professores na transformação das aulas em jogos que estimulam a aprendizagem.

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Em seguida, o quarto encontro promove a metodologia da pesquisa de opinião e pode ser utilizado em qualquer área do conhecimento, mas com um enfoque na coleta e análise de dados por meio de pesquisas feitas pelos próprios alunos, utilizando também recursos digitais ao longo desse processo. O quinto encontro prevê a promoção do empreendedorismo na escola, tema muito debatido no século XXI por sua potência emancipadora e de desenvolvimento de competências como protagonismo, proatividade, resiliência, colaboratividade, entre muitas outras, conforme discorrem as autoras ao longo da base conceitual do encontro. No sexto encontro, o autor apresenta uma metodologia bastante difundida nos dias de hoje no âmbito educacional e profissional, o Design Thinking, uma abordagem que organiza o desenvolvimento de projetos em grupos por etapas organizadas e focadas na criatividade e produtividade.

Com foco maior nas tecnologias educacionais e seu uso como apoio à implementação de metodologias ativas, os encontros sétimo, oitavo, nono e décimo propem uma verdadeira imersão nos recursos que podem ser levados para a sala de aula, a começar pelo encontro sétimo que propõe uma sequência de atividades que engloba o uso das tecnologias e a metodologia de sala de aula invertida, seguido do encontro oitavo que explana a aprendizagem colaborativa online por meio da metodologia Aprender em Rede, apresentando possibilidades interescolares de projetos que estimulem o conhecimento de novas culturas, a troca de experiências e o diálogo entre estudantes de regiões diversas. O nono encontro foca-se, então, no pensamento computacional, mostrando, inclusive, que nem sempre esse conceito precisa estar atrelado à tecnologia. Dessa forma, apresenta aos professores possibilidades de atividades desplugadas e seus potenciais ganhos em termos de aprendizagens. O décimo encontro, então, apresenta a metodologia STEAM, que engloba diversas áreas do conhecimento, como ciências, tecnologias, engenharia, artes e matemática, trazendo uma possibilidade de levar essas áreas para a escola de forma integrada e coesa.

Os últimos dois encontros focam-se em uma problemática muito característica da nossa era: o posicionamento crítico diante das notícias veiculadas nas redes e mídias. Atualmente, estamos expostos a uma quantidade imensa de informações, que chegam por diversas vias a todos os momentos. Essas informações nem sempre são verdadeiras, e a essas deu-se o nome: Fake News. Os estudantes da educação básica, apesar de serem nativos digitais, estão também sujeitos a exposição a essas informações, assim como todos nós estamos. Estimular a descoberta da fidedignidade das informações, o posicionamento crítico, a curadoria de informações e os cuidados que devem ter principalmente com a exposição nas redes sociais e disseminação dessas notícias falsas é um dos papeis da escola do século

XXI. Por isso, o décimo primeiro e o décimo segundo encontros são focados no enfrentamento dessa problemática, sendo que um o faz por meio das metodologias de educomunicação e o outro discorre sobre a cidadania digital e sua relação com o contexto escolar.

Finalmente, o encontro bônus propõe uma refl exão sobre os espaços e ambientes escolares de aprendizagem, questionando se toda essa revolução que queremos ver na educação pode ocorrer em salas de aula tão tradicionais e desalinhadas com as novas propostas e metodologias de ensino-aprendizagem. Nesse encontro, os professores são estimulados não a pensar nos modos de se promover aprendizagem signifi cativa, mas, sim, em como preparar espaços que apoiem a construção de conhecimentos.

Ao fi nal do guia, encontram-se ainda os anexos para se utilizar na implementação do projeto na escola e os documentos de apoio à organização dos encontros. Completo e pensado para auxiliar a gestão e o corpo docente das escolas, o Guia Crescer em Rede: Metodologias Ativas visa apoiar o processo formativo nas escolas e auxiliar os professores a repensarem suas práticas docentes, é um verdadeiro mergulho nas formas de se promover aprendizagem signifi cativa em sala de aula no século XXI, um verdadeiro convite a todos os educadores que querem ressignifi car suas práticas e atuação!

CAPÍTULO I

Lilian Bacich ¹

POR QUE METODOLOGIAS ATIVAS NA EDUCAção

As metodologias ativas estão cada vez mais na pauta de discussão de eventos, encontros e materiais publicados na área de educação. Nunca se falou tanto em inovar processos educacionais, rever práticas, formar professores para uma educação transformadora e considerar os estudantes como protagonistas, desenvolvendo sua autonomia no decorrer da escolaridade. Tendemos a considerar como mais um modismo, ou como mais uma novidade, que logo vai passar. Nesse caso, especificamente, não há nada de novo. Os estudos de John Dewey (1959), pautados pelo aprender fazendo (learning by doing) em experiências com potencial educacional, convergem com as ideias de Paulo Freire (1996), em que as experiências de aprendizagem devem despertar a curiosidade do aluno, permitindo que, ao pensar o concreto, conscientize-se da realidade, possa questioná-la e, assim, a construção de conhecimentos possa ser realmente transformadora. Em tempos de tecnologias digitais essas premissas tornam-se ainda mais urgentes, pois o concreto envolve uma ampla gama de informações, disponíveis na palma da mão, e que podem ser bem ou mal utilizadas, dependendo do contexto em que estão inseridas.

Teaching and learning are correlative or corresponding processes, as much so as selling and buying. One might as well say he has sold when no one has bought, as to say that he has taught when no one has learned (DEWEY, 1910, p. 29)

Para Dewey, então, não podemos dizer que ensinamos algo se ninguém aprendeu, assim como não podemos dizer que vendemos se ninguém comprou. Nesse aspecto, podemos diferenciar duas formas de análise para “ensinar”. Se ensinar está centrado em apresentar algo, explicar, transmitir e, por outro lado, se ensinar está centrado em levar o outro a aprender. No primeiro caso, se tudo o que os alunos devem aprender em um curso está contemplado nas palestras, leituras, conteúdos que deveriam ser transmitidos e se o professor transmitiu tudo, então, o professor ensinou. Agora, se tivermos como base o pensamento de Dewey, mesmo que o professor tenha apresentado tudo, se os alunos não aprenderam, o professor não ensinou… John Dewey defendia algo que pode ser chamado de “ensino centrado no aluno”, que considera o estudante no centro do processo. Mesmo sabendo que isso significa sua relação com outros estudantes, com o docente e com diferentes fontes de informação ou conteúdo, considerar o estudante no centro do processo significa entender que os estudantes não são receptores passivos, mas que assumem responsabilidade pela construção de conhecimentos e, para isso, precisam ser estimulados, por meio de experiências de aprendizagem significativas, a terem um papel ativo.

¹ Doutora em Psicologia escolar e do desenvolvimento humano (USP), Mestre em Educação: psicologia da educação (PUC-SP), bióloga e pedagoga. Co-organizadora dos livros: Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação e Metodologias ativas para uma educação transformadora. Líder pedagógica da Tríade Educacional, professora e coordenadora de curso de pós-graduação no Instituto Singularidades/SP. Contato: lilian@triade.me

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