Boletim informativo da Biblioteca Escolar Cândida Reis Escola E.B. 2/3 Dr. Ferreira da Silva 14 de dezembro de 2011 – Ano 6 – N.º1
u Este é o segundo número especial que dedicamos a Ferreira da Silva, patrono da nossa escola. Integrada num conjunto de iniciativas a decorrer de 12 a 16 de Dezembro, a edição deste boletim pretende marcar uma efeméride importante para esta comunidade educativa. Mais uma vez, com esta publicação, prestamos a nossa singela homenagem a Ferreira da Silva e contribuímos para um projeto de comemorações mais alargado.
datada de 1922, aquando de homenagem que lhe é feita. Pelo seu potencial interesse para a área das ciências naturais, repetimos também a informação de que a Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra tem no seu acervo três registos de cartas trocadas com Júlio Augusto Henriques, a propósito de questões de botânica, cujas versões digitalizadas estão acessíveis em http://bibdigital.bot.uc.pt/obras/UCFCTBt-JH-SanSp953-SILAJF1/globalItems.html, http://bibdigital.bot.uc.pt/obras/UCFCTBt-JH-SanSp953SIL-AJF2/globalItems.html e em http://bibdigital.bot.uc.pt/obras/UCFCTBt-JH-SanSp953-SILAJF3/globalItems.html.
Arte em destaque
Agenda Os dias 12 a 16 de dezembro são marcados, na Biblioteca Escolar Cândida Reis, por um conjunto de iniciativas. Entre essas iniciativas, destacam-se a exposição temporária, ao longo de toda a semana, de poemas de António Gedeão e de textos de Rómulo de Carvalho, reunidos sob o tema “Ferreira da Silva – Homem de Ciência e Pensamento”, bem como o colóquio “Ferreira da Silva – o primeiro químico português”. Destinado a alunos do 4º, 5º e 7º ano de escolaridade é conduzido pelo historiador e docente da nossa escola, professor Rui Gomes.
Notícias Tal como já dissemos na edição especial anterior, “as novas tecnologias de informação e comunicação apresentam um sem número de vantagens (pese embora, também, um forte conjunto de inconvenientes).” Nova pesquisa a Ferreira da Silva permitiu, por exemplo, encontrar, desta feita, uma monografia interessante para o estudo não só deste ilustre filho da terra como, também, de outras individualidades famosas por este país fora. Assim, recomendamos, por exemplo, a consulta de “Resenha das Famílias Titulares e Grandes de Portugal”, de Albano da Silveira Pinto e de Fernando Santos e Rodrigo Faria de Castro, 2ª edição, Braga, 1991, consultável na Biblioteca Genealógica de Lisboa. Na mesma biblioteca está, ainda, acessível a monografia “D. Gonçalo Vasconcellos e Sousa”, Livraria Esquina, 1ª edição, Porto, 1997, na qual se podem, de igual modo encontrar informações acerca de Ferreira da Silva. Voltamos a referir o fórum de discussão de “O cucujanense online”, no qual se podem encontrar informações acerca da história local, e repetimos a interessante fotografia do Dr. Ferreira da Silva, com a esposa, Idalina de Sousa Godinho,
No primeiro número especial dedicado ao patrono, nesta rubrica, abordámos a Região Vinhateira do Alto Douro, pela importância de que o trabalho de Ferreira da Silva se revestiu para um dos mais conhecidos produtos dessa região: o vinho do Porto. Deixámos aqui outras imagens, para além da que repetimos, por considerarmos que a natureza criou, sozinha, uma verdadeira obra de arte na zona do país onde se produz tal néctar! Agora que o Douro vinhateiro corre o perigo de perder a classificação de Património Mundial atribuída pela UNESCO, em 2001, não quisemos deixar de o homenagear como obra de arte. Porém, a título de curiosidade e como forma de assinalarmos o facto de 2011 ser o Ano Internacional da Química, além de ser o ano em que se celebra o centésimo aniversário da atribuição do Nobel da Química a Marie Curie, queremos, deixar ainda neste documento, um conjunto de referências a aplicações da química na arte, … Assim, desde logo, como óbvio, temos as aplicações de produtos químicos no restauro de obras de arte, existindo, de acordo com especialistas na área, cerca de 120 a 140 diferentes substâncias, ou mistura de substâncias, utilizadas nos processos de restauro de pinturas, de esculturas, de têxteis e, até, de monumentos antigos. Temos, também, o estudo dos constituintes das tintas usadas por pintores de diferentes épocas, o que permite a datação com maior segurança de diversas obras de arte e a deteção de eventuais falsificações, desvendando segredos há muito encerrados nos objectos de arte estudados. Do grupo de Bioquímica alimentar da Universidade de Aveiro vem-nos uma ideia muito interessante, a da produção alimentar como arte e, neste caso específico, a arte de fazer farófias. Ora quem cozinha sabe que produzir as ditas e obter um resultado final apresentável é, de facto, uma arte. O que muitas vezes não
nos lembramos é que a cozinha é um autêntico laboratório de química e que muito pode ser aprendido, e explicado aos nossos alunos, neste contexto. A química na arte de fazer farófias, uma proposta do projeto Ciência Viva, através do grupo já referido, leva-nos de volta ao reino da indústria alimentar e a química assume um papel fundamental nesse domínio, nomeadamente no controlo da qualidade, da higiene e da segurança alimentar. Já fora da esfera da arte, num âmbito mais prosaico e terra-a-terra, esta vertente não deixa, porém, de ser importante.
Auto r em d e sta q ue “O cientista que dá nome ao mais destacado prémio da química em Portugal nasceu a 28 de Julho de 1853, numa quinta que alberga hoje o Seminário das Missões, na Vila de Cucujães, concelho de Oliveira de Azeméis. Depois de se matricular no 1.º ano teológico, no Seminário Episcopal do Porto, Ferreira da Silva muda-se para as Ciências Naturais, em 1872, rumando a Coimbra. “Todos os seus estudos, não só os preparatórios e iniciais, mas, sobretudo, os que dizem respeito ao curso universitário, foram coroados e galardoados com as mais levadas distinções e prémios”, pode ler-se numa edição especial do jornal “Novidades Medico-Pharmaceuticas”, de 1899, dedicada ao químico que, em 1911, viria a fundar e a ser o primeiro presidente da Sociedade Portuguesa de Química. António Ferreira da Silva obteve o grau de bacharel em Filosofia Natural, em 1876. Foi convidado para permanecer em Coimbra, mas preferiu ir para a Academia Politécnica do Porto, onde começou a dar aulas. Nomeado membro da Sociedade Química de Paris, no início da década de 1890, Ferreira da Silva publicou vários artigos de Química Analítica, mas a maior parte da sua investigação debruçou-se sobre a área da toxicologia, para a qual contribuiu com a descoberta de reacções características da cocaína e da eserina e com o aperfeiçoamento de um reagente, utilizado na detecção da morfina e da codeína, que ficou conhecido como "reagente de Lafon e Ferreira da Silva", segundo relato do professor Carlos Fiolhais. Uma investigação em particular - que ficou conhecida como “O caso médico-legal Urbino de Freitas” - contribuiu decisivamente para a afirmação do professor e da química portuguesa no estrangeiro. Tratou-se de um caso de envenenamento, que abalou a opinião pública portuguesa no final do séc. XIX. O resultado do trabalho do gabinete de Ferreira da Silva culminou com a condenação do médico Urbino de Freitas, pelo homicídio por envenenamento de vários familiares da sua mulher. Suspeitava-se de que Urbino queria ser o único herdeiro da fortuna do sogro... O réu foi condenado a oito anos de prisão e ao degredo, ainda que os resultados da investigação fossem sempre contestados por outros cientistas próximos do médico. Urbino de Freitas foi proibido de exercer medicina, acabando por ser deportado para o Brasil. Em 1905, Ferreira da Silva funda a "Revista de Química" e, dois anos depois, é sócio fundador da Academia de Ciências de Portugal. Pouco se sabe da sua vida familiar. Junto dos registos sobre os seus contributos para a evolução do estudo da química, encontrase apenas a referência à passagem do cientista pelo Brasil, entre os meses de Agosto e Outubro de 1880, onde casou com Idalina de Sousa Godinho Ferreira, sua prima em segundo grau e com quem teve 12 filhos. Morreu em 1923, com 70 anos, na sua terra natal.” Este é o texto que pode ser lido sob o título “Nasce o “pai” da
Química em Portugal”, no site da Rádio Renascença, editado em 28/07/2010 por Letícia Amorim, para assinalar acontecimentos mundiais marcantes ocorridos a 28 de Julho. Repetimos aqui este breve apontamento biográfico de Ferreira da Silva, dado considerarmos que se trata de uma boa perspectiva geral da vida e obra deste importante cientista português, ilustre cucujanense e patrono da nossa escola.
A biblioteca escolar, como já o dissemos repetidas vezes, mantém a preocupação de apoiar e de divulgar elementos da comunidade que, por uma ou outra razão, se destacam. Nesta perspectiva, depois de, no ano letivo anterior, ter lançado o livro intitulado “Uma viagem à volta de António Joaquim Ferreira da Silva”, coordenado pelo professor Rui Gomes e da sua autoria, bem como de alunos e outros docentes da escola, pretende, este ano, dar um passo mais ousado e passá-lo ao prelo. Para tal, irá desenvolver contactos junto de entidades oficiais e das forças vivas locais, no sentido de financiar este projeto. Embora este seja um período de grandes dificuldades económicas, logo não muito favorável a iniciativas deste tipo, acreditamos que a cultura não pode, apesar de tudo, ficar parada e, por essa razão, iremos desenvolver todos os esforços que estejam ao nosso alcance no sentido de levar a bom porto esta iniciativa. Para dar início ao processo aguardamos, apenas, pela revisão do texto que o professor Rui Gomes entendeu ser necessário fazer, para que possamos, da posse do documento final, apresentá-lo e convencer os nossos eventuais parceiros a apoiar-nos. Rui Gomes é historiador, natural de Cucujães, estudioso da história local e docente na EB 2,3 Dr. Ferreira da Silva, sendo nesse estabelecimento de ensino responsável e elemento activo de muitos dos trabalhos de pesquisa realizados em contexto escolar.
Livro a ler Este ano, mantemos, à semelhança do que aconteceu no anterior número especial, como recomendação de leitura a obra Cucujães, uma terra que já foi couto, da autoria dos alunos do 2º ciclo da EB 2,3 Dr. Ferreira da Silva e respectivos professores de Área de Projecto, nos anos lectivos de 2000 a 2002, integra o acervo da biblioteca escolar Cândida Reis, no fundo local (FL). Resultado de dois anos de trabalho, este livro espelha a pesquisa realizada por alunos de cinco turmas e, não pretendendo apresentar descobertas originais, como fica dito na Introdução à obra, retrata o esforço de cada grupo de trabalho para “[…] clarificar, com o rigor possível da idade, cada um dos temas e realidades observáveis.” Neste documento podem ser encontradas, às páginas 36 e 37, duas biografias do Dr. Ferreira da Silva, tema da nossa publicação.
Ficha técnica Bib Cul – Boletim da Biblioteca Escolar Cândida Reis, da Escola EB 2.3 Dr. Ferreira da Silva do Agrupamento de Escolas de Cucujães Directora: Isabel Pardal Redactora: Isabel Pardal Design gráfico: Ana Riquito e Paulo Monteiro