Daniela Rodrigues Correia Nยบ12 7ยบD Agrupamento de Escolas do Mosteiro e Cรกvado
3.º ATO Cena I Leandro, Violeta, Bobo
Violeta: Delicie-se meu pai com a costeletazita de javali, agora, com sal! Rei: Obrigada minha filha. O meu arrependimento é tão grande, que eu espero que um dia me venhas a perdoar. As tuas irmãs nunca me deram nem metade da alegria e prazer que tu me deste. Violeta: Mas, meu pai, e minhas irmãs? Rei: Dividi o meu reino para que cada uma reinasse e, infelizmente, desentenderam-se e destruíram aquilo que eu tanto demorei a construir. Amarílis ficou com o Norte e Hortênsia com o Sul. Cansadas da minha presença, abandonaram-me. Violeta: Que horror, meu pai! Quanta tristeza me fazeis sentir! Rei: É verdade minha amada filha. Como pai, não soube valorizar o que tinha, só dei ouvidos a bajulamentos e não consegui ver com o meu coração. Acabei por perder-te minha filha querida! Violeta: Meu pai, não se culpe, a ganância deu a minhas irmãs aquilo que elas queriam, mas o destino deu-me a mim o que eu mais queria. O meu pai de volta! Rei: Filha, o destino trouxe-me de volta a ti para voltar a termos outra oportunidade de ser uma família… Bobo (interrompendo o Rei):Bem…isto vai demorar muito? Preferia levar com a chibata! Tanta lamechice, valha-me Deus! Rei (zangado): Bobo, cala-te! Aqui não há chibata, mas como Rei, mesmo fora do trono, posso apertar-te o pescoço! Bobo: Pronto, pronto, já não está aqui quem falou! Violeta: Meu pai, mesmo após tanto sofrimento, gostaria de reencontrar as minhas irmãs. Acha que é possível? Rei: Filha, se essa é a sua vontade, partiremos ainda hoje para os reinos das suas irmãs. Violeta: Partimos então, meu pai.
4.º ATO Cena I Leandro, Violeta, Hortênsia, Bobo
(No palácio de Hortênsia)
Hortênsia (intrigada): Quem sois vós, a chegar ao meu castelo sem serdes convidados? Rei: Será possível, Vós minha filha, não reconhecerdes o vosso pai e vossa irmã? Hortênsia: Deixei de ter pai e irmãs há muito tempo! Bobo (pensando para ele): Agora, sim, era preciso uma chibata! E não era para mim! Violeta (serenamente): Minha irmã, apesar do passado, viemos para reconstruir a família. Hortênsia (enfurecida): Saiam! E nunca mais voltem! (Hortênsia expulsa o pai e a irmã e bate a porta do palácio)
5.º ATO Cena I Leandro, Violeta, Amarílis, Bobo
(No palácio de Amarílis)
Rei (Bate à porta do palácio): Amarílis, Amarílis! Amarílis (Abre a porta): Quem sois vós que me chamais?! Rei: Sou eu, o teu pai, Leandro! Amarílis: O meu pai?! Meu pai desapareceu há muito! Violeta: Mas agora voltou, minha irmã. Bobo (pensando): Lá vamos nós outra vez… chibatas, chibatas! Para aqui se faz favor! Rei: Vamos voltar a ser uma família… Amarílis: Jamais! Rei: Mas porquê? (Fecha-se a porta do palácio)
6.º ATO Cena I Amarílis, Príncipe Felizardo
(Uma tempestade assolou as terras do palácio de Amarílis…)
Amarílis: Ai, meu nobre marido! Que havemos nós de fazer com esta destruição toda?! As minhas vinhas, os meus pomares, as minhas pastagens! Príncipe Felizardo (tirando novamente do bolso a lista dos seus bens): O que vai ser dos meus 256 bois, 256 vacas, 8965 galinhas poedeiras, 672 cavalos, 8967 bestas de carga, 1345 alqueires de trigo, outros tantos de cevada e mais 4876 alqueires de aveia? Amarílis: Estamos na miséria… Vamos ter de abandonar o reino! Príncipe Felizardo: E o povo? O que vai ser dele? Amarílis (com um tom de desprezo): Ah, ah, ah! O povo? Quero lá saber do povo! Eles que se arranjem! Príncipe Felizardo: Minha amada esposa, os teus desejos são uma ordem! Amarílis: Vamos mas é preparar a bagagem e hospedar-nos no reino de Hortênsia…
(Saem os dois em direção ao quarto)
7.º ATO Cena I Amarílis, Príncipe Felizardo, Hortênsia, Príncipe Simplício
(Entretanto, tinha-se dado uma enorme explosão nas minas do reino do Sul…)
Hortênsia: Meu amado marido, estamos sem ferro, sem cobre e sem estanho! Como vamos conseguir dinheiro para nos sustentar?! Príncipe Simplício: Tiraste-me as palavras da boca! Hortênsia (irritada): Lá estás tu com esse vocabulário reduzido! Será que não podes dizer mais nada?! Pelo menos dá-me uma resposta inteligente para nos livrarmos desta desgraça. Príncipe Simplício: Estou sem palavras!
Cena II (Hortênsia e o Príncipe Simplício interrompem a conversa quando ouvem alguém a bater à porta…)
Amarílis: Hortênsia, minha irmã, viemos pedir abrigo, porque ficamos sem nada. Uma chuva forte e incessante tirou-nos tudo! Destruiu as nossas colheitas e as nossas terras! Hortênsia (espantada): Como? Não pode ser! Amarílis: Não estou a entender, minha irmã. Que dizes tu? Príncipe Simplício: Tiraste-me as palavras da boca! Hortênsia: O que eu quero dizer é que a desgraça se abateu sobre ambas. Fiquei também sem nada, porque uma gigantesca explosão destruiu todos os materiais das minas. Será um castigo de Deus? Amarílis (lembrando do pai): Será a paga daquilo que fizemos ao nosso pai e a nossa irmã? Príncipe Felizardo: E agora?! o que fazemos? Príncipe Simplício: Tiraste-me as palavras da boca! Hortênsia (arrependida): Será que ainda podemos ter a oportunidade de o nosso pai e a nossa irmã nos perdoar? Amarílis: Expulsamo-los por duas vezes dos nossos reinos, achas que o perdão deles é assim tão grande? Hortênsia: Não custa tentar! Estou tão arrependida e ciosa do perdão deles! Amarílis: Concordo, minha irmã! Príncipe Felizardo: É melhor pormo-nos a caminho, porque o reino de Violeta ainda é longe! Príncipe Simplício: Tiraste-me as palavras da boca!
(Já ao cair do dia os quatro partem para o palácio de Violeta)
8.º ATO
Cena I Os mesmos, Violeta, Príncipe Reginaldo, Rei e o Bobo
(Ás portas do reino de Violeta)
Bobo (de olho arreguilado): Ora, ora! Olhem só quem está a chegar! Rei: Ó seu idiota, que estás para aí a dizer?! Bobo: Estão a chegar as duas mal-agradecidas e a nata da nobreza! Rei: Quem? Bobo (pensando para ele): Ai que mente atrasada! E depois o bobo sou eu! Rei: Então, não dizes nada? Bobo: Meu Rei, são as ingratas das tuas outras duas filhas e os seus maridos. Que será que vêm elas fazer? Rei: Abre mas é o portão, seu desgraçado! Hortênsia: Meu pai, estamos perante vós para pedir o seu perdão e o da nossa querida irmã. Rei: Vamos entrar e conversar melhor.
Cena II (O Rei leva as filhas e os genros para a sala de convívio, onde se encontra Violeta)
Rei: Violeta, estão aqui as tuas irmãs. Querem conversar. Violeta: Sim, meu pai. Amarílis: Será que ainda temos possibilidade de ser uma família? Bastou passarmos por tanta provação para percebermos que não há riqueza maior que o carinho de um pai e a amizade de uma irmã. Hortênsia: A minha irmã tem razão. Pedimos, por favor, que nos perdoem e que nos acolham no vosso palácio. Prometemos não voltar a desiludir-vos. Bobo: Pois, pois…estou mesmo a acreditar! Até fiquei comovido! Rei: Ainda vais a tempo de levar umas chibatadas. Cala-te! Príncipe Reginaldo: Violeta, tens a certeza que queres perdoar? E você meu sogro, não tem medo de sofrer mais? Violeta: Meu querido marido, tenho de perdoar, porque são minhas irmãs, minha única família. Se mostraram arrependimento é porque são dignas do meu perdão. Rei: Violeta, foste sempre a mais sensata e a mais carinhosa. Eu também vou perdoar por ti e porque quero ver as minhas filhas novamente reunidas. Hortênsia: Obrigada! Amarílis: Agora podemos ficar em paz. Bobo (dirigindo-se para o público): Quem se arrepende, salva-se! A verdadeira lição desta história é que se perdoa, enquanto se ama e que o amor é sempre mais forte do que a riqueza ou a pobreza.
Fim