L A T I G I D A T S I V E R
UM OLHAR SOBRE O SÉCULO XX
ALUNOS DO 9.ºANO
+ R E L A
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS MOSTEIRO E CÁVADO
Editorial Estamos em pleno século XXI e é interessante pensar e imaginar o que as pessoas desejavam para o século XX. Naquele tempo, muitos nem imaginavam os sofrimentos, as guerras, as descobertas e as inúmeras revoluções que marcaram o século XX como o desenvolvimento científico e tecnológico, e uma nova fase política com a implantação de sistemas democráticos em muitos países do mundo. Mas, apesar da introdução deste inovador sistema político, este século viu nascer e crescer o imperialismo, regimes fascistas e a corrida ao armamento. Os pilares da civilização ocidental, assentes no humanismo e nos princípios cristãos, foram profundamente abalados por estes regimes autoritários. Assim a mentalidade positivista do início do século deu lugar a um clima de incerteza e de instabilidade. E aqui estamos nós, cem anos depois do século XX e dezassete anos depois do início do nosso próprio século, o século XXI. O homem continua ligado à Terra e parece que vai ficar por aqui muito tempo. Os conflitos continuam gigantescos e sem solução à vista. Mesmo assim muitas coisas em muitos lugares avançaram, tornando a vida humana mais fácil. Contudo percebemos que apesar de termos evoluído tanto em diversos campos, não avançamos no conceito de um mundo melhor ou seja na humanidade em si.
º
Esta revista produzida com base nos trabalhos realizados pelos alunos do 9.
ano de escolaridade e em articulação com as disciplinas de Português, História, e o projeto aLer+ promovido pela Biblioteca Escolar, constituiu uma reflexão sobre essa herança do século XX, em que os alunos foram aprofundando o estudo de determinados temas, procurando uma visão integradora do mundo e promovendo uma educação para a cidadania. Este olhar sobre o século XX constitui, também, um espaço de partilha de conhecimento entre alunos, comunidade escolar e o meio envolvente.
Maria da Luz Sampaio
1.ª guerra mundial 1914-1918 Cartas
nas trincheiras...
s e s e u g u t r o p s o d a d l dos so
º ano no
As cartas que se seguem, redigidas pelos alunos do 9.
âmbito da oficina de escrita da disciplina de português sobre a
ª guerra mundial,
permanência dos soldados portugueses na 1.
tiveram como motivação e inspiração a leitura do livro "A filha do capitão" de José Rodrigues dos Santos e a abordagem desta temática na disciplina de História. São cartas muito emotivas e realistas que traduzem na perfeição
ª
os dias de sofrimento e angústia dos soldados portugueses na 1. guerra mundial.
nas trincheiras com saudade ... Querida Júlia,
Flandres, 10 de dezembro de 1917
A minha vontade de viver nas trincheiras está a desaparecer. A
lama já rompeu impiedosamente as minhas botas deixando-as inúteis para me poder proteger e aquecer os meus pés. As chuvas não
descobrem o fim, o vento ainda não encontrou um rumo, e a neve, ela apenas penetra em mim. A única coisa que ainda me deixa quente,
vivo, é o amor que sinto por ti, a vontade de voltar a cruzar os meus olhos com os teus e tocar na tua pele pálida e macia e nos teus louros e longos cabelos.
As feridas já brotaram em mim como as flores de cor amarela
costumam florescer nos campos no início da primavera na nossa terra.
Quero que acredites que o fim está próximo e que em breve estarei
em Portugal a descer as duas escadas do comboio e tu, te encontres lá, na estação à minha espera com o teu vestido verde-claro às
riscas brancas e, a fita a combinar, a prender os teus cabelos de oiro, como tu gostas.
Gostava que quando voltasses a escrever me dissesses como se
encontram os meus pais e as minhas irmãs. E depois de leres esta carta que lhes transmitisses que ainda estou vivo! Adeus
Do teu amado, Joaquim
Ferme du Bois, 20 de Setembro de 1917
Minha querida mãe : Têm sido dois meses muito difíceis, agora que o frio está a começar. Tenho visto situação que nunca esperava ver. Quando acaba um ataque, eu e os meus companheiros temos de recolher todos os corpos dos nossos soldados. Cresce em nós uma grande revolta. Mas essa não é a pior parte, pois todos os dias soldados aparecem no posto com várias doenças que nós sabemos que conduzirão à morte. As trincheiras não têm condições para tantos soldados, pois em todo o lado à lama. A nossa dieta não é muito variada. Tenho muitas saudades da aldeia e de todas as pessoas. O nosso vizinho do lado está desaparecido em combate, talvez tenha sido preso pelos boches. O Matias morreu. Conseguimos recuperar o seu corpo e enviá-lo para a sua família. Foi a sorte da família, pois há vários que não conseguimos encontrar os seus corpos ou só conseguimos parte deles. Alguns aqui nas trincheiras foram presos pelos boches durante dois ou mais meses. Os nossos soldados da Brigada do Minho estão a aguentar muito bem, mas não têm vindo reforços. Espero que daqui a alguns meses eu esteja de volta. Um grande abraço do teu filho João Manuel
Flandres, 7 de dezembro de 1917 Querido pai e querida mãe Lamento que não tenha dado notícias nas duas últimas semanas, mas não há motivo para vocês se preocuparem demasiado. Ao dizer isto, pretendo expressar que vou sobrevivendo. Sinto muitas saudades dos beijos da mãe e da teimosia do pai. Por aqui não hã muito afeto, pelo menos entre os soldados, que passamos os dias nas trincheiras cheios de medo, a combater e a rezar pela sobrevivência e por um fim à guerra. Como vos disse nas duas primeiras cartas, a higiene não é do melhor que há, quase não tomo banho, não mudo de roupa, tenho de conviver com piolhos e pulgas e já me fartei de ver ratazanas. Os alemães atacam constantemente com o gás cloro e tenho muita sorte por ainda não ter morrido; desculpem a dureza das palavras. Já vi soldados morrerem ao meu lado e, infelizmente, de tão sensível que sou, não consigo conter as lágrimas. Tão enganos que foram os europeus que se envolveram no início da guerra… Como se alguma vez, este inferno fosse a solução para alguma coisa… Desculpem se vos deixo com medo e preocupação mas não há coisas bonitas para contar. Sempre que posso, sonho com as comidas maravilhosas da mãe, os seus caldos e os seus doces. Com um enorme abraço, Sérgio
Ferme du bois, 24 de dezembro de 1917
Querida mãe: Fez ontem dois meses desde que me juntei a esta guerra. Lembra-se quando no princípio, estava toda a gente contente e eufórica para se juntar ao campo de batalha? Eu também, como enfermeiro, sentia-me importante e entusiasmado por ter a oportunidade de salvar todas as vidas que conseguisse, pensava que ia ser fácil e iria acabar por ser um herói. Quão ingénuo fui… tenho medo de sair das trincheiras, pois para cada lado que olho, há corpos sem vida, partes de pessoas desfeitas…desculpe, não era a minha intenção assustá-la, mas a verdade é que estou constantemente rodeado pela morte. Nas trincheiras, as condições são desumanas e a comida é cada vez mais escassa. Cada vez consigo salvar menos vidas, e mesmo que consiga, não adianta de muito, pois vão morrer a lutar. Hoje é véspera de Natal e nunca me senti tão sozinho. Tenho saudades suas, dos seus abraços reconfortantes, dos seus cozinhados saborosos. O que me mantém vivo é a esperança de a voltar a encontrar Espero voltar a escrever-lhe em breve. Por favor, fique segura. Um abraço apertado Timóteo Brandão
Queridos e amados pais:
Flandres, 21 de novembro de 1917
Espero que esteja tudo bem com vocês e com a nossa terra. É que eu não posso dizer o mesmo. Por aqui está tudo na miséria. È a pior fase da minha vida. Sinto que estou a morrer aos poucos.
Estou a escrever esta carta, literalmente num buraco, cheio de ratos, tudo
enlameado, um frio de rachar, a roupa está toda molhada. Estou cheio de sono, mas assim não consigo dormir. Lá fora o trabalho é horrendo, estamos sempre com medo de morrer, com receio que os boches ataquem. As “ trinchas” parecem um inferno, estamos sempre a ouvir tiros, ouvem-se ao longe alguns ataques. Estou farta de
sentir os pés molhados, de ver pessoas a morrer com doenças, vejo também crateras” pedaços de pessoas” e ratazanas a boiar. Detesto este ambiente sinistro.
Aqui, os meus colegas e eu estamos a ficar “loucos”, até o próprio comandante
começa a ficar cansado e um pouco diferente, esta guerra está a mudar-nos a todos. Sinto que quando sair daqui, e se sair, que tenho muitas dúvidas, vou ser uma pessoa completamente diferente, uma pessoa medrosa e abalada.
Por outro lado, sinto que estou a combater pelo lado bom da Guerra ( os Aliados), mas por outro, sinto que isto vai acabar mal para todos, principalmente para a Europa em Geral.
Tenho muitas saudades vossas, mas também da comida, que aí é uma maravilha, mas aqui é, como se diz no Minho, uma grande “porcaria”. Espero receber uma carta vossa em breve…
Com todo o amor
Pedro Raimundo
Neuve Chapelle, 20 de novemvro de 1917
Querida Glória Escrevo-te com muita saudade, a primeira carta desde que te deixei a ti, à minha família, amigos e o t e o tão desejado lar para trás, para vir combater para França, um lugar tão diferente do que estou habituado; não imaginas o quão sinistro e nauseabundo é. Tem sido semanas tão dolorosas; logo no primeiro dia foi recebido com um tipo de praxe que faziam aos novatos. Nesse dia explicaram-me tudo o que devia fazer, para estar preparado para os próximos dias. Logo no dia seguinte fomos bombardeados pelo inimigo. Largaram um fumo amarelado, e, como tinham explicado no dia anterior, quando isto acontecesse, deveria colocar a máscara que tinha comigo, pois este fumo era letal. Nesse dia vi muitos dos meus colegas morrerem, suplicando por ajuda. Estes não teriam tido tempo para colocar as máscaras ou não tinha sido informado sobre o mesmo. A comida por cá também não é das melhores, tem sido quase sempre sopa em que boiam os legumes, mas não posso reclamar muito, pelo menos tenho com que me alimentar, graças a Deus. Ainda tenho a sorte de não ter sido atingido em nenhum dos combates. Tenho dormido muito pouco mesmo, em média durmo cerca de duas horas por dia, mas tem que ser. Espero conseguir voltar a casa, para poder voltar a ver-te. Um abraço António
Flandres, 26 de junho de 1917 Olá Júlia, Podia começar esta carta descrevendo o quão maravilhosa está a ser esta experiência, mas não é o que sinto e vejo. Tenho lido as correspondências dos meus colegas e eles mentem muito, na verdade a vida deles tornou-se um eufemismo. Eu não consigo mentir Júlia, não estou bem aqui, nunca estive… isto é um cemitério, em que os corpos se encontram expostos e o pior é que já me habituei. Existem mais ratos que soldados e mais cigarros que condições… lamento dizer-te, mas estou viciado nestes antidepressivos. Não é a sopa, nem vinho que me preenche o organismo, é a foto do nosso ataque de riso naquela tarde de verão. Guardo-a ao lado da máscara de gás, na verdade são coisas parecidas, mantêm-me vivo1O alimento é escasso e quando há… bem é duro! Não durmo à vários dias, os meus olhos estão mais cavados que crateras e a minha barba transformou-se em arame farpado. Não me orgulho das mortes que provoquei e luto contra mim mesmo… a minha mente é a terra de ninguém. Obrigado, obrigado e obrigado… são pormenores como o cheiro a perfume nas cartas que me fazem esquecer que estou aqui… são os malmequeres que me fazem voltar a casa sem ter de me levantar das camaratas e são as fotos do nosso grupo de amigos desatualizadas que me fazem chorar como nunca o fiz. Agora jura-me, que me contas, tudo o que me tens para dizer… jura que não desistes da minha esperança de vida! Eu volto, eu juro que sim… Manda beijos para toda a família e não lhes contes a dor que sinto em estar aqui. João
Sugestões... LITERATURA Quem sabe se a vida do capitão Afonso Brandão teria sido totalmente diferente se, naquela noite fria e húmida de 1917, não se tivesse apaixonado por uma bela francesa de olhos verdes e palavras meigas. O oficial do exército português estava nas trincheiras da Flandres, em plena carnificina da Primeira Guerra Mundial, quando viu o seu amor testado pela mais dura das provas.
1ª Guerra Mundial A história de uma grande paixão em tempo de guerra
Tendo como pano de fundo o cenário trágico da participação de Portugal na Grande Guerra, A Filha do Capitão traz-nos a comovente história de uma paixão impossível e, num ritmo vivo e empolgante, assinala o regresso do grande romance às letras portuguesas.
Sugestões... Literatura A partir de Janeiro de 1917, o cais de Alcântara assiste aos sucessivos embarques de tropas portuguesas rumo à Flandres. A 2 de Abril de 1917, a coberto da bruma da madrugada, entraram nas trincheiras os primeiros soldados portugueses que iriam participar na campanha da I Guerra Mundial, num total de 55 mil expedicionários. Na Flandres, em França, encontraram um novo tipo de guerra. Enfrentaram o frio, a lama pegajosa, o barulho ensurdecedor dos bombardeamentos, adoeceram,
Trincheiras: Fosso que permite, durante o combate, a movimentação das tropas protegendo-as dos ataques inimigos.
sentiram medo, desolação e cansaço. Na frente de batalha, combateram ao lado dos ingleses, com coragem e heroísmo e nos momentos de descanso aproveitavam para fugir ao terror dos ataques, escrevendo cartas aos familiares…
Sugestões... CINEMA
1ª Guerra Mundial
Conflito à escala mundial, que durou de 1914 a 1918
Ted Narracot (Peter Mullan) é um camponês destemido e ex-herói de guerra. Com problemas de saúde e bebedeiras, batalha junto com a esposa Rose (Emily Watson) e o filho Albert (Jeremy Irvine) para sobreviver numa fazenda alugada, propriedade de um milionário sem escrúpulos (David Tewlis). Cansado da arrogância do senhorio, decide enfrentá-lo em um leilão e acaba comprando um cavalo ao qual deram o nome de Joey. O que ele não sabia era que o seu filho estabeleceria com o animal uma relação afetiva jamais imaginada. A 1ª Guerra Mundial chegou e a cavalaria britânica leva-o sem que Albert possa se alistar por não ter idade suficiente. Já nos campos de batalha e durante anos, Joey mostra toda a sua força e determinação, passando por diversas situações de perigo e donos diferentes, mas o destino reservava para ele um final surpreendente.
Cinema
As sufragistas
Sufragismo Movimento social, político e económico de reforma, com o objetivo de estender o direito de votar às mulheres.
A ação do filme «As sufragistas» decorre no Reino Unido em finais do século XIX e inícios do século XX e foi inspirado no movimento que começou com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino. Maud Watts, uma mulher da classe operária, trabalhava desde tenra idade, sem formação política, descobre o movimento, é incentivada a fazer parte dele e passa a cooperar com as novas feministas. A partir daí, ela percebe que apoia o sufragismo e vai à luta com muitas outras mulheres. Mas a vida dela vai ficando cada vez mais difícil, é presa inúmeras vezes, o marido expulsa-a de casa e dá o filho para adoção. Após tudo isto no final do filme aparecem imagens reais do funeral de uma das mulheres que morreu pela causa, seguido da lista dos países e dos anos em que o direito de voto foi concedido às mulheres. Isabel Quintas
Emmeline Goulden Pankhurst História de uma mulher
Em 1879 casou com Richard Marsden Pankhurst, um advogado. O Sr. Pankhurst era já um apoiante do movimento das sufragistas. Em 1889, a Sra. Pankhurst fundou a Liga do Franchise das mulheres. Em 1898 morre o marido. Em 1903 fundou a melhor conhecida Women's Social and Political Union (WSPU), um movimento militante cujos membros incluíram a famosa Annie Kenney, a "mártir" do sufragismo; Emily Davison e a compositora Dame Ethel Smyth. Foi acompanhada por suas filhas, Christabel e Sylvia neste movimento. A autobiografia, Minha própria história, foi publicado em 1914. Morreu em 1928, tendo atingido a maior de seus objetivos: o direito de voto para as mulheres no Reino Unido. Em 1999, a revista Time considerou-a uma das 100 pessoas mais influentes do século XX, afirmando: "ela moldou a ideia da mulher do nosso tempo e criou um novo padrão para a sociedade para o qual não havia retorno" Ester Neves
II Guerra Mundial
Auschwitz
“Para o triunfo do mal só é preciso que os homens bons não façam nada.”
Edmund Burke (1729-1797)
27 de janeiro
27 DE JAN
DIA INTERNACIONAL EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO O Holocausto foi a ação de extermínio em massa de cerca de seis milhões de judeus que ocorreu durante a 2.ª Guerra Mundial. Através de um plano macabro e atentatório dos Direitos do Homem, Adolf Hitler foi responsável pela morte de mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de homens judeus. Testemunho, vivido na primeira pessoa, de Ida Grinspan, uma jovem judia, que tinha 14 anos quando a sua vida se cruzou com os planos de Hitler.
“NÃO SOU VÍTIMA. SOBREVIVI A AUSCHWITZ”
testemunho
EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO Ida Grinspan tinha apenas 14 anos. Não chorou quando foi presa. Meteram--na num comboio. Viajou durante três dias e três noites, sem comida nem espaço para as pernas, apenas com um balde de água para dezenas de pessoas e uma latrina. Mantinha a esperança de encontrar a mãe, presa em julho de 1942. Disseram-lhe que não teria aguentado tanto tempo. Falaram-lhe das câmaras de gás. Mas não acreditou. Ninguém acreditou. Trabalhou 12 horas por dia, sete dias por semana. “Transportei pedras, um trabalho que não servia para nada. Só para nos embrutecer. Saiu de Auschwitz a 18 de janeiro de 1945 (…) ela e “Quando regressei a Paris, tinha quase 17 anos. Não pude voltar à escola (…)”. A guerra tinha acabado, mas foi difícil recomeçar sem os pais (entretanto desaparecidos). “Nem esquecimento nem perdão! Esquecer é impossível (…). Hoje, só quero que saibam o que os homens puderam fazer a outros homens. Que saibam o que se passou, que pode acontecer, que estejam atentos. A Alemanha perdeu a guerra, mas o nazismo não morreu. As ideias nazis existem no Mundo inteiro”. in Inês Rapazote e Gonçalo Rosa da Silva, “Testemunho de Ida Grinspan, vítima do Holocausto”, 1944. Revista Visão Nº 1159, maio de 2015.
entrevista
EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO
Ao longo da nossa história alguns líderes políticos chamaram a si o direito de governar e espalhar o terror no mundo. Adolf Hitler, é uma dessas figuras, que matou mais de 6 milhões de judeus e outras minorias. Não deixar cair no esquecimento tais atos horrendos para que não restem dúvidas de que não se devem repetir, é uma missão nobre. Neste sentido, é importante destacar a importância de monumentos construídos nesta época, pois são eles que nos recordam o holocausto, o genocídio, o pior lado da raça humana! Em prol desta ideia, decidi entrevistar o Sr. João Paulo Pereira que recentemente visitou o maior campo de concentração nazi, Auschwitz. Entrevistador: Desde já, deixe-me agradecer a sua disponibilidade e colaboração. Sempre teve o sonho de um dia poder visitar Auschwitz? João Paulo Pereira: Sim, era um sonho antigo. Sou um amante da história, nomeadamente da II Grande Guerra. Poder ver de perto, percorrer os caminhos e sentir a dor perante testemunhos de tanta crueldade...que muito nos ensina nos dias de hoje. Entrevistador: O que é que lhe despertou esse interesse? João Paulo Pereira: Auschwitz é a herança física que testemunha que o Homem, pode ser muito pouco humano. Mas também é um grito que ainda hoje testemunha a esperança do "nunca mais"...
entrevista Entrevistador: Qual foi aDAS primeiraVÍTIMAS sensação que o senhor sentiu ao entrar em EM MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO
Auschwitz? João Paulo Pereira: Emocionei-me pela dimensão e pela frieza do local... um vazio perante o deserto humano...imaginando como vi nos filmes, como "A lista de Schindler", o medo, o terror, a violência, ... e chorei pensando como foi possível? Não consegui dizer uma palavra... apenas rezei!Entrevistador: Pensou nas milhares de vitimas, nomeadamente nos judeus? João Paulo Pereira: Em todas as vitimas...pois não foram só judeus. Pensei na indiferença, na frieza, na dureza de todos e dos espaços...custa ver tanta organização para o mal... Entrevistador: O que experienciou? João Paulo Pereira: Gostei muito de percorrer os passos, em jeito de via-sacra dolorosa, pedindo perdão por tanta crueldade. E pedi que pudesse ser melhor com quem comigo vive e partilha a alegria da comunhão. Entrevistador: Gostava de algum dia retornar a Auschwitz? João Paulo Pereira: Gostaria de voltar, até porque ficou muito ainda para ver. Como fomos integrados nas jornadas mundiais da juventude e havia muitas visitas, não pudemos entrar nos espaços que testemunham com vídeos ou fotos e que lembram à humanidade o que ali se passou...alertando para que não é com a guerra que se resolvem diferenças, mas dialogando e procurando o bem comum. Entrevistador: As palavras do entrevistado, relativas à visita a Auschwitz, revelam todo o sofrimento, ódio e negatividade da Humanidade. Aquele espaço é a imagem viva do que deve ser evitado. Entre muitas outras razões, esta é uma que justifica a preservação dos monumentos. Estes devem ficar de pé! Eles são o que fica do horroroso passado para que o recordemos e não se volte a repetir! José Pedro Pereira
AUSCHWITZ
para não cair no esquecimento
Direitos humanos OS DIREITOS HUMANOS SÃO OS DIREITOS BÁSICOS QUE TODOS OS CIDADÃOS MERECEM TER E QUE TODOS OS PAÍSES DO MUNDO DEVEM RESPEITAR.
Ainda hoje há muitas zonas do planeta onde a Declaração dos Direitos do Homem não está a ser cumprida, basta pensar nos cenários de guerra, de exploração ou de discriminação que vemos todos os dias nas notícias. Foi a 10 de dezembro de 1948 que a Assembleia Geral das Nações Unidas declamou a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Esta declaração tem como objetivo promover a paz e os valores de liberdade, igualdade e justiça, após a Segunda Guerra Mundial, em 1945. Esta guerra foi um conflito que envolveu grande parte dos países do mundo e em que a condição humana foi totalmente desprezada - houve muitas mortes, tortura, fome e destruição.
TODOS OS SERES HUMANOS, NASCEM LIVRES E IGUAIS, EM DIGNIDADE E DIREITOS...
... mas infelizmente não é assim que acontece. Apesar desta realidade se ter alterado nos últimos 60 anos desde o aparecimento da ONU (Organização das Nações Unidas), logo após a II Guerra Mundial, continuamos a assistir ao desrespeito dos direitos humanos em muitos países do mundo, em parte devido à ganância dos poderosos. Vejamos um caso bem recente que se deu na França, com a expulsão de cidadãos de etnia cigana violando vários direitos humanos: o direito à liberdade, o direito à não discriminação, bem como a livre circulação de pessoas estipulado no tratado de Maastricht. Os direitos humanos são fundamentais para vivermos numa sociedade de bem, uma sociedade civilizada e permitem-nos viver de forma digna, Somos todos iguais, não há nenhum ser humano superior a outro, pois não? A Declaração Universal dos Direitos do Homem é fundamental para a Humanidade. Por isso, importa reproduzi-la, lê-la, aplicá-la e, sobretudo, defendê-la! Bruna Silva Elisabete Oliveira
JUNHO DE 2017
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS MOSTEIRO E CÁVADO