Cachoeira do Sul e a história olvidada: guarani, castelhana, jesuítica, platina, missioneira, lusa,

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1. Introdução A história de Cachoeira do Sul está em inúmeros relatos, que a desatrelam da história platino-missioneira e consideram sua fundação como um marco português. Desde há muito tempo, mantive um projeto de rever esta história. As produções científicas de arqueologia, paleografia e etno-história e os acervos materiais e digitais em bibliotecas e bases de dados em Portugal, Espanha, Brasil, Uruguai e Argentina reavivaram o interesse. O que está em questão parte do genérico ao particular, pois as terras de Cachoeira não integravam a Coroa Portuguesa, mas, pelos Tratados, com arbítrio da Igreja Católica, estavam sob jurisdição da Coroa Espanhola. Como foram ocupadas e quem habitava as terras de Cachoeira? Cada lugar com seus ocupantes contém milhares de relatos, constituindo uma realidade multicomplexa quanto mais é recuada a linha do tempo de investigação. Com base em datações arqueológicas, as terras eram ocupadas por parcialidades indígenas, em até 8.000 anos atrás, nas partes altas e planas, nos locais próximos aos cursos d’água, em caráter nômade, com grupos de oito a dez famílias, com vinte e cinco a quarenta indivíduos. Em torno de 2.500 anos atrás, grupos guarani1, ao ocuparem áreas de floresta NOGUEIRA (2007), p.24. Escreve-se ‘guarani/arachane/pato’ no singular e não no plural, pois a Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais, de 1953, “não têm flexão de gênero e de número, a não ser que sejam de origem portuguesa ou morficamente aportuguesados”. 1

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