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6. Conciliando as histórias

A partir dos registros históricos, as Ações e Tratados das Coroas Ibéricas (de 1493 a 1801) consideraram, além da base diplomática, os interesses da Igreja Católica na difusão da fé, mesmo que para isso as populações nativas pudessem ser submetidas à guerra justa e à escravização nas encomiendas espanholas ou nas fazendas agrícolas e em estabelecimentos pastoris de portugueses. No Tape, os arranjos dos ibéricos impactaram, após 1300 anos, as parcialidades indígenas (arachane, pato e guarani), de vida nômade com aldeamentos temporários, como revela a arqueologia e a etno-história. Na busca pelo estabelecimento de Limites na América Meridional, os reinos ibéricos se confrontaram no Período Colonial, quando as metrópoles na Europa visavam explorar recursos naturais e especiarias das colônias americanas, com base no modelo mercantil. O Tape, pela ausência de produtos de valor econômico, foi classificado como tierra de ningún provecho. Grupos guarani usavam o território (Yvy Rupa) com deslocamentos periódicos, na faina de caça-coleta e com roçados de milho, mandioca, feijão. A mudança ocorreu com ocupação jesuítica do Tape, fundando Reduções, entre 1626 e 1641, como a de Santa Ana. Para as reduções foram introduzidas cabeças de gado. A ação das bandeiras paulistas preando índios e gado, levou à retirada das reduções do centro-oeste do Tape, tendo o

gado ocupado áreas como a vacaria do mar, desde o Mato Castelhano até a Banda Oriental. A descoberta de recursos minerais no centro-oeste do Brasil desviou os interesses dos bandeirantes, permitindo que, a partir de 1687, retornassem os jesuítas para constituir os Sete Povos das Missões (na margem oriental do rio Uruguai) e reocupassem territórios, como da Redução de Santa Ana, com Estâncias (atribuídas aos povos missioneiros de San Luiz Gonzaga, de San Lorenzo Mártir e de San Juan Bautista) e Hervais (como o do povo missioneiro de San Luiz Gonzaga), todos em área da antiga Redução de Santa Ana. As disputas territoriais foram até o início do século XIX, com a expulsão dos jesuítas da América Meridional e a aceleração da ocupação do Continente de São Pedro por sesmeiros e colonos (portugueses e luso-brasileiros), além de escravos (africanos e crioulos), com exclusão dos grupos nativos. No Período Imperial estabeleceu-se o confronto entre a Monarquia do Brasil e a transição dos ViceReinos espanhóis para Estados independentes na Bacia Platina. As disputas territoriais centraram-se na Banda Oriental e em intervenções na Argentina e Paraguai, embora os limites convencionados no Período Colonial não tenham sido revogados. A turbulência interna, principalmente, no Período Regencial levou o antigo Território do Tape, agora Continente de São Pedro, a dividir-se entre os adeptos da República Rio-Grandense (farroupilhas) e os imperialistas apoiadores da Monarquia brasileira. O projeto espanhol para Ocupação de Terras na América Meridional, no Território do Tape (Yvy Rupa guarani ou parte da Paracuaria), envolveu conquistas

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baseadas na atividade jesuítico-missioneiro de reduções, de estâncias e de ervais jesuítico-guarani, pois o interesse mercantil da Coroa Espanhola era de resguardar os acessos a prata peruana pela interposição de pontos de controle (Buenos Aires, Tucumán, Assunção, entre outros). De outro lado, o projeto português para Ocupação de Terras na América Meridional, no Continente do Rio Grande de São Pedro, visava estabelecer como limite o rio da Prata e negociar produtos na região. A ocupação da Banda Oriental (com a Colônia do Sacramento), do litoral e da calha do rio Jacuí, com doação de sesmarias e introdução de colonos/imigrantes, permitiu a conformação de freguesias, vilas e cidades.

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