Lendas de Felgueiras

Page 1

Lendas de Felgueiras

Rede de Bibliotecas de Felgueiras


2

Lendas de Felgueiras recolhidas, partilhadas e ilustradas por alunos das escolas do concelho, com o apoio dos seus professores, correspondendo ao desafio lançado pela Rede de Bibliotecas de Felgueiras.

Editor: Rede de Bibliotecas de Felgueiras Imagem da capa: retirada do site da CMF Felgueiras, 2021


Índice

Lenda “Fonte da Boca” ..................................................................................................................... 4 Lenda do Sr. dos Perdidos ............................................................................................................... 6 Lenda do Bom Jardim dos Coelhos.................................................................................................. 8 Lenda da Casa do Diabo .................................................................................................................. 9 Lenda de Santa Quitéria ..................................................................................................................10 Lenda “Descanso à Alma” ...............................................................................................................12 Lenda do Penedinho de S. Gonçalo ................................................................................................13 A Lenda dos “Cães da Lixa” ............................................................................................................14 Lenda “A Senhora Maria Louceira” ..................................................................................................15 O Boticário “SANTO” .......................................................................................................................16 A Lenda do Cristo de Barrosas........................................................................................................17 Lenda dos Sinos de Airães ..............................................................................................................18 O Rio das Bruxas ............................................................................................................................19

3


Localidade: Torrados

Lenda “Fonte da Boca”

Torrados era uma freguesia com muita vegetação e arvoredo. Como a população necessitava de terrenos livres para praticar agricultura, pois era o seu sustento, procediam de forma sistemática à desbravação da vegetação robusta e bravia através do fogo. Em todo o lado se viam fogueiras, o que dava uma sensação de calor. Então as pessoas diziam que parecia que iam “Torrar”. Estas queimadas eram realizadas pelas pessoas de forma consciente e não para destruir. Esta sensação de calor, que parecia torrar ou ressequir pelo calor, deu origem ao nome da freguesia de Torrados. Nesta freguesia viveram várias famílias importantes: Sousãos, Lanhoso, Bartolomeu de Faria Freire Ribeiro e Farias de Andrade. Também possui vários edifícios importantes, tais como, as casas do Souto, do Cachiz e a casa de Torrados, a igreja Paroquial e o Cruzeiro.

Nesta freguesia temos a fonte do lugar da Boca que traz consigo uma história lendária contada pelo Francisco da Fonseca Henriques. Conta a lenda que esta fonte só tem uma veia de água e que corre com tanta força e abundância que, logo que esta água nasceu, fez rodar um moinho. Em todas as estações do ano, esta fonte brota a mesma quantidade de água, mesmo no verão. Reza a lenda que já bebeu da fonte muitas, muitas pessoas e não consta que a pessoa alguma fizesse dano, ou seja, nunca fez mal a ninguém que a tivesse bebido.

4


Testemunho recolhido A D. Maria da Glória de Oliveira Pereira, com 71 anos idade, residente na freguesia de Torrados, informou-nos que a água desta fonte vem do lugar do Calvário (poça da Macieira), e vinha antigamente guiada em tubos de cimento para a poça da Boca, onde havia uma biquinha. A água caía numa poça pequenina com pedras, que serviam para lavar a roupa e desta poça passava para outra em terra e enorme, com cerca de três metros de altura. Esta poça grande tinha um tufe (círculo feito de madeira com um arame comprido que estava preso ao meio do círculo e que servia para vedar a saída da água da poça). Depois esta água seguia para os consortes no dia de S. João (24 de junho) até 15 de agosto. Os consortes, no dia deles, tomavam conta da água ao sol posto (noite) e de manhã ao sol nado (amanhecer). Se o consorte anterior se atrasava no horário, o consorte seguinte abria a poça para ele. Daí em diante era distribuída pelos lavradores. Ia para a Eira Velha e daí seguia para a Devesa da Cachada, onde havia uma poça grande de terra e regava a quinta da Devesa. Esta fonte tem vários quilómetros de percurso e vários consortes. Atualmente vão muitas pessoas buscar água à fonte, porque é muito “leve” e não faz mal a ninguém. A Câmara Municipal de Felgueiras fez obras na bica em 1966.

Texto: Alunos de 1.º ciclo da Escola Básica de Torrados Fotografias: Alunos da Escola Básica de Torrados Ilustrações: Pré-escolar da Escola Básica de Torrados Fonte: GOMES, Paulino - Felgueiras : tradição com futuro. Paços de Ferreira: Anégia Editores, 1996

5


Localidade: Penacova

Lenda do Sr. dos Perdidos

Há muitos anos, no monte onde hoje se encontra a capela do Sr. dos Perdidos viveu um povo que se dedicava essencialmente à agricultura. Viviam dentro de um lugar murado e fortificado que dava por nome de “Cidade de Pegas”.

6

As pessoas desta cidade, em determinada altura, viveram muitas dificuldades devido a maus anos agrícolas, facto que levou a conflitos e até a confrontos militares com povoações vizinhas. Como eram simples agricultores, facilmente foram derrotados e obrigados a renderem-se. Enquanto o adversário esperava do lado de fora da fortificação pela rendição, os habitantes da “Cidade de Pegas” abandonaram o lugar por uma passagem secreta. Porém, antes de partirem colocaram vários espantalhos pela cidade para enganar o seu inimigo. Estes, quando se aperceberam que foram enganados, entraram na cidade, roubaram o que lá havia de mais valioso e incendiaram-na, reduzindo-a a cinzas. Passados alguns anos, os habitantes regressaram, pois tudo havia renascido. Era novamente um belo lugar!


Neste renascer, juntamente com outras plantas, cresceram umas ervas que provocam amnésia às pessoas que as pisam. As pessoas que pisam estas ervas vagueiam pelo monte sem saber quem são, nem onde se encontram, não conhecendo ninguém, nem nada. Após caminhada errante pelo monte durante a noite, só voltam ao seu normal ao amanhecer do dia e regressando, sempre, ao mesmo local. Por tal motivo, os habitantes deste lugar passaram a chamá-lo de “Monte do Sr. dos Perdidos”. Ainda hoje há a crença de que essas ervas crescem algures por ali e que é necessário cuidado para não as pisarem.

7

Texto: Alunos da turma CB do 1.º ciclo da Escola Básica de Ribeirinho, Penacova Ilustração: Pré-escolar da Escola Básica de Ribeirinho, Penacova


Localidade: Sendim

Lenda do Bom Jardim dos Coelhos

A casa de Sergude, mais conhecida como o Solar dos Coelhos, em Sendim, pertenceu em tempos a Pêro Esteves Coelho, um dos responsáveis pela morte de D. Inês de Castro, a 7 de janeiro de 1355, que carinhosamente a apelidada de “o bom jardim dos coelhos”. No entanto, após a morte de El-Rei D. Afonso IV, o seu filho, D. Pedro I de Portugal, prometeu vingar-se de todos aqueles que tinham contribuído para a morte da sua amada, D. Inês, fazendo com que Pêro Coelho fugisse para Castela e desta forma, perdesse todos os títulos e bens que possuía em Portugal, entre eles, a casa de Sergude, e fosse ainda, em 1361 brutalmente assassinado. Assim sendo, apenas a 1 de maio de 1394, o “bom jardim” regressou novamente à família Coelho, mais propriamente a Gonçalo Pires Coelho (primogénito de Pêro Coelho) após uma doação de D. João I, Rei de Portugal. Reza a lenda que, num solarengo 7 de janeiro, estando Gonçalo Pires Coelho a passear pelos jardins do Solar dos Coelhos, enquanto pensa na tragédia que abateu a sua família e nas saudades que tem de seu pai, avista uma senhora envolta num espesso e cinzento véu a chorar encostada a uma árvore. Após um curto diálogo com esta, o fidalgo apercebe-se que a donzela é na realidade D. Inês de Castro que pediu que todos os anos, naquele dia, a deixassem ficar ali com pena que, se não o permitissem, o Solar dos Coelhos apelidado de “bom jardim dos coelhos” se transformasse no “mau jardim dos Coelhos”. E a verdade é que o povo das redondezas, no seu tagarelar infantil, contou durante muito tempo, de geração em geração, que os senhores do solar dos Coelhos deixavam isolado certo recanto do parque no dia 7 de Janeiro de cada ano, para que o solar nunca deixasse de ser o Bom Jardim dos Coelhos e que, se nesse dia passarem por lá e virem uma senhora muito bem vestida, que esconde o rosto por detrás de um véu, esta pode ser D. Inês! Atualmente, após a morte de Dr. Luís Gonzaga da Fonseca Moreira (último morador do Solar), Sergude foi deixado para fins públicos e comunitários, albergando assim a Estação Experimental de Fruticultura e Vitivinicultura da Direção Regional da Agricultura de Entre-Douro-eMinho.

Texto: Alunos do 1.º ciclo da Escola Básica de Estradinha, Sendim Fotografia: Alunos do 1.º ciclo da Escola Básica de Estradinha, Sendim

8


Localidade: Moure

Lenda da Casa do Diabo Em Moure, no concelho de Felgueiras, existe uma casa agora em ruínas, a quem o povo chama de Casa do Diabo. Reza a história que está assombrada e que um casal de agricultores que lá viveu durante três/quatro anos passou por situações inexplicáveis. O casal, que não tinha filhos, trabalhava na terra, e a mulher ainda fazia alguns bordados para ajudar no orçamento familiar. Certo dia, a mulher tinha acabado de bordar uns bordados que lhe tinham pedido e deixouos num dos quartos da casa, dobrados e passados a ferro. No dia seguinte, quando preparava para entregar a sua encomenda e se dirigiu à divisão onde tinha deixado os panos, estes estavam todos cheios de urina e remexidos. Na casa só estava ela e o marido, o que a deixou espantada. Conta-se que nesse quarto da Casa do Diabo se passavam fenómenos sobrenaturais: objetos que voavam e móveis que se arrastavam sozinhos. O casal acabou por abandonar a casa, e ambos ficaram aterrorizados com o que passaram. 9

Texto: Alunos do pré-escolar e 1.º ciclo da Escola Básica de Moure Fotografia: Alunos da Escola Básica de Moure


Localidade: Margaride

Lenda de Santa Quitéria

10

Reza a lenda que Santa Quitéria era uma das nove filhas do Governador da Lusitânia Lúcio Caio. No momento que sua esposa deu à luz, o Governador estava em viagem, com vergonha, ela mandou a criada deitar as crianças ao rio. A criada, que era cristã, salvou aquelas crianças da morte. Estas foram criadas e educadas por cristãos, mas mais uma vez, não estavam livres do perigo, porque foram apanhadas e feitas prisioneiras do seu próprio pai, que, quando descobriu a verdade, decidiu convertê-las na religião dele. Mais tarde, o destino mostrou-lhes o caminho para fugirem do seu próprio pai. Passado um tempo da fuga, Quitéria, uma das nove irmãs, foi mais uma vez capturada pelo seu pai, que, revoltado com a teimosia da filha, decidiu casá-la com um homem


rico. Como não era essa a vontade de Quitéria, ela fugiu novamente pela terceira e última vez. Sim, o seu pai, indignado, aborrecido e extremamente zangado, ordenou a sua morte, tendo sido decapitada. Diz a lenda que, após sua morte, ela pegou na própria cabeça e foi para a sua sepultura e nessa mesma sepultura nasceu uma fonte ao qual foi dado o nome “Fonte de Santa Quitéria “. A lenda diz também que quem beber água dessa fonte irá morrer de amores por Felgueiras. Existe ainda hoje uma tradição das novenas ao Monte de Santa Quitéria. Uma vez por ano, acompanhado de vários peregrinos, um grupo de nove raparigas sobe pelas capelinhas até ao topo cantando músicas religiosas. Assim se preserva a tradição.

11

Texto: Alunos da turma 006 do 1.º ciclo da Escola Básica de Margaride Ilustrações: Gonçalo Coelho, do 4.º ano, turma 112 da EB de Margaride (2.ª il. da pág. 10); Ana Rita Sampaio, do 4.º ano, turma 112 da EB de Margaride (3.ª il. da pág. 10); Matilde Beatriz Teixeira Lima, 6.º E, Escola Básica D. Manuel de Faria e Sousa (1.ª il. da pág. 11); Ana Rita Lopes, do 4.º ano, turma 112 da EB de Margaride (2.ª il. da pág. 11).


Localidade: Margaride

Lenda “Descanso à Alma” Constava-se na freguesia de Margaride que, quando morria alguém que era má pessoa, a alma não tinha paz. Então havia uma pessoa que ia ao alto do monte de trás das hortas e com um funil cantava e gritava a pedir o descanso à alma. Durante três noites seguidas ouviam-se esses gritos.

12

Texto: Alunos da turma 007 da Educação Pré-escolar da Escola Básica de Margaride Ilustração: Eunice Sampaio da turma 112 do 4.º ano da Escola Básica de Margaride Fonte: Armanda Dias


Localidade: Varziela

Lenda do Penedinho de S. Gonçalo

S. Gonçalo era natural de Tagilde - Vizela, filho de pais lavradores. Há lendas muito bonitas e uma delas é a seguinte. Quando os pais iam para o campo trabalhar, ele ficava na eira a olhar pelo milho e montava uma rede para caçar os pássaros, enquanto brincava. Os pais eram contra o seu filho caçar os pássaros, por isso, quando estavam para chegar, Gonçalo soltava os passarinhos. Certo dia, como não havia um rio naquela freguesia, ele pegou na bengala, atirou-a e foi parar à freguesia de Varziela. Quando lá chegou, subiu ao penedo deixando as suas pegadas e a bengala no penedo, olhou e viu um regato que levava pouca água. Pegou na bengala, atirou-a novamente e foi parar a Amarante. Aí construiu o mosteiro e ficou a ser o padroeiro de Amarante.

13

Texto: Alunos do Pré-escolar da Escola Básica de Varziela Fotografia: Alunos do Pré-escolar da Escola Básica de Varziela


Localidade: Lixa

A Lenda dos “Cães da Lixa” Acerca da lenda dos “cães da Lixa” muito se tem falado, existindo duas versões sobre o tema: A primeira diz-nos que, na cidade da Lixa, então chamada “Serra Lisa” só existia uma casa, cujo dono tinha vários canídeos. Os viandantes, idos de Guimarães (Vimaranenses) ou de outras terras, com destino a Trás-os-Montes ou o oposto, tinham necessariamente de passar pela Serra Lisa. Os ditos cães atacavam-nos, ladrando e mesmo mordendo, se o seu dono os não acalmasse. Daqui a repugnância popular pelos “cães da Lisa”! Quando alguém sabia que um seu familiar ou amigo vinha para estes lados, não deixava de alertar: “Cuidado com os cães da Lisa”! A outra versão, bastante mais documentada, é que a palavra cão deriva de “canne”, que significa marco ou divisória, que era um ponto de referência para os encontros dos viajantes. Os “Cannes” mais citados, pela sua melhor localização, eram os da Lisa. Daí os “Cães da Lixa”, que a crença maléfica levou para a parte zoológica, quando deveria, na realidade, levar para a parte toponímica. 14

Texto: Joana Pinto Rocha, turma 1 do 1.º ano da Escola Básica de Vila Cova da Lixa Fonte: SILVA, Teixeira de – Lendas da Lixa – Felgueiras [em linha]. 2014. [Consult. 15 mar. 2021]. Disponível em www.faroldanossaterra.net/2014/10/13/lendas-da-lixa-felgueiras/


Localidade: Lixa

Lenda “A Senhora Maria Louceira”

Conta a lenda que a Maria Louceira era uma senhora que vendia louças de barro, nas feiras da Lixa, Vila Meã e Amarante. O transporte que usava nas suas viagens era um carro de bois. O senhor Álvaro Almeida era o seu “motorista”. A “semaria louceira“, assim chamada pelas pessoas, era muito conhecida nas terras por onde passava. Era respeitadora e era também muito respeitada por todos. Tratava-se de uma senhora muito sincera, amigável e estimada por muita gente, embora os seus modos nem sempre fossem muito aceitáveis. Conta-se que fez muitas amizades na Lixa e que nunca dizia que não a quem lhe pedisse um favor. Ajudava sempre as pessoas que se lhe dirigiam. E diz a lenda que, como os seus conhecimentos eram muitos, ela falava com um conhecido juiz de Amarante, da seguinte forma: - Olha lá meu menino, eu precisava de um favor … E como o juiz sabia que a senhora era de confiança, decidia ajudar, sem se importar com os seus modos grosseiros! A “semaria louceira” era também conhecida pelo hábito de fumar tabaco moído, o rapé. Consta-se que houve alguém que escreveu versos sobre esse assunto.

Texto: Alunos da turma 6 do 3.º ano da Escola Básica de Vila Cova da Lixa Ilustração: Alunos da turma 6 do 3.º ano da Escola Básica de Vila Cova da Lixa Fonte: tradição oral

15


Localidade: Santão

O Boticário “SANTO”

Em meados do século XVIII viveram na Lixa dos irmãos boticários (hoje farmacêuticos), João e António Pinheiro, sendo que cada um possuía a sua botica (farmácia). Ao último o povo apelidavao de “Boticário Santo”. No entanto, veio a saber-se, mais tarde, que o Antoninho era um refinado charlatão e malandrete. Certo dia escreveu uma “memória” para combater a febre-amarela e, julgando tratar-se de caso inédito, enviou-a ao Imperador do Brasil, Dom Pedro III. Roubou muito desgraçado, praticou muita patifaria; porém, como todos os charlatães fez milagres, e tinha uma grande clientela, parecendo que o povo gostava de ser intrujado (… não será semelhante aos dias atuais?).

16

Texto: pesquisa e adaptação dos alunos do 3.º ano da Escola Básica de Santão Fonte: SILVA, Teixeira de – Lendas da Lixa – Felgueiras [em linha]. 2014. [Consult. 15 mar. 2021]. Disponível em www.faroldanossaterra.net/2014/10/13/lendas-da-lixa-felgueiras/


Localidade: Barrosas

A Lenda do Cristo de Barrosas Tudo parece ter começado por volta do ano de 1650, segundo reza a crença, divulgada por ermitões refugiados aqui em Barrosas nessa época. Segundo esta crença e nesse ano, andando um pastor, de seu nome Domingos de França, com o seu rebanho, no monte onde se situa atualmente o Cemitério do Mosteiro do Bom Jesus de Barrosas, apareceu-lhe um Cristo que lhe disse para ir para o Brasil. Ele pensava que era alguém a brincar com ele, mas como todos os dias ouvia a mesma coisa acabou por acreditar que era mesmo Cristo que lhe falava e assim…partiu para o Brasil. A vida correu-lhe de feição e fez por lá fortuna e então, quando regressou e depois de falar com o seu irmão, mandou construir uma capela no sítio em que lhe apareceu o Cristo e onde seria colocada uma imagem do Cristo Crucificado. Em 1672, a capela ficou pronta. Colocaram a tal escultura feita em Barcelos e que foi adquirida por Gonçalo António Pacheco, o tal irmão de Domingos de França e que vivia na Casa de Cimo de Vila em Santo Estêvão de Barrosas. Como passou a ser tão grande a concorrência de fiéis e tantas as esmolas a esta Capela, os seus administradores houveram por bem mandar derrubar a Capela e erguer o atual Mosteiro, sobranceiro ao largo da Feira. Logo que este ficou pronto, mudaram para lá a imagem da primeira Capela, mas no dia seguinte quando os primeiros fiéis chegaram ao Mosteiro a escultura tinha desaparecido e tendo ido procurá-la encontraram-na no lugar da antiga Capela. Voltaram a colocála no Mosteiro, mas mais uma vez e durante a noite ela desapareceu. Resolveram, então, comprar uma nova escultura para o Mosteiro e edificaram outra Capela para colocar o Cristo original e que fica mesmo no Cemitério do Mosteiro. Desde esse dia, o Cristo Crucificado não voltou a desaparecer e ainda hoje pode ser venerado a velar pelo Cemitério, na sua Capela inserida no escadario que liga o Cemitério.

Texto: Alunos do Agrupamento de Escolas de Idães

17


Localidade: Airães

Lenda dos Sinos de Airães

Um certo dia, apareceram dois sinos na Quinta de Anciães e não se sabia se os mesmos tinham pertencido a Airães ou à Pedreira. As pessoas da Pedreira iam com grandes bois e vacas para tentar tirar os sinos, pois eram de grande valor. Um dia, um morador da Casa do Penedo virou-se para as suas vaquinhas e disse: - Andai lá, minhas vaquinhas, levai estes sinos para Santa Maria de Airães. E os sinos arrancaram-se e ficaram em Airães.

18

Texto: Duarte Marques Teixeira, 6.º C da Escola Básica 2,3 e Secundária de Airães Ilustração: Margarida Pereira, 8.º C da Escola Básica 2,3 e Secundária de Airães Fonte: tradição oral


Localidade: Airães

O Rio das Bruxas O Rio das Bruxas está localizado nas redondezas de Airães. O rio intitula-se assim, pois reza a lenda que, há muitos anos, mulheres dirigiam-se para o rio, ao pé do qual havia uma casa onde realizavam várias coisas, tais como ler o futuro, deitar as cartas, talhar o bicho… As mulheres iam para lá com o intuito de descansar, pois as pessoas “andavam consumidas”, como diz o bom povo. O termo “Bruxas” é muito conhecido na nossa zona, pelo facto de estar associado à magia e ao misticismo.

19

Texto: Lara Pereira, 7.º C da Escola Básica 2,3 e secundária de Airães Desenho: Ana Catarina Oliveira, 8.º C da Escola Básica 2,3 e secundária de Airães Fonte: tradição oral


20

REDE DE BIBLIOTECAS DE FELGUEIRAS 2021


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.