Portugues sara

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Catarina Padrão; Eduardo Monteiro; Sara Matouças

Agrupamento Escolas de Macedo de Cavaleiros

Crónicas de Fernão Lopes

2016/2017



Catarina Padrão; Eduardo Monteiro; Sara Matouças

Crónicas de Fernão Lopes Disciplina: Português Professora: Rosa Lima

2016/2017


Agradecimentos A realização deste trabalho, concretizou-se na disciplina de Português, em articulação com a biblioteca escolar, no âmbito do “Referencial aprender com a biblioteca escolar”. Queremos agradecer à nossa professora de Português que nos orientou na elaboração do mesmo. Agradecemos, também, à professora Maria José, coordenadora da equipa das bibliotecas escolares do Agrupamento

de

Escolas

de

Macedo

de

Cavaleiros

pela

oportunidade que nos deu em trabalhar as literacias da informação.


Resumo Com a realização deste trabalho consolidamos a ideia de que a literatura portuguesa é muito rica e vasta em várias temáticas. Com a concretização do mesmo percebemos que as temáticas apesar de épocas históricas distintas não são estanques, pois repetem-se em diferentes épocas. Como podemos ver com o poema de Manuel Alegre Crónica de Abril em que é retratado um momento importante da história de Portugal, mais propriamente o 25 de Abril de 1974.

Palavras – chave: Álvoro Pais, Crónicas, Fernão Lopes, Época Medieval 25 de Abril de 1974.


Índice Introdução...........................................................................................................................................7 Vida e obra ..........................................................................................................................................7 Crónicas de Fernão Lopes ...............................................................................................................8 Definição de crónica.........................................................................................................................9 Excerto do capítulo XI ....................................................................................................................9 Análise do excerto ............................................................................................................................9 Crónica de Abril ............................................................................................................................... 10 (Segundo Fernão Lopes) ................................................................................................................ 10 Análise do poema ............................................................................................................................. 12 Conclusão............................................................................................................................................ 13

Índice de ilustrações Ilustração 1 - Foto do Rei D. Fernando ......................................................................................8 Ilustração 2 - Crónicas de D. João I, D. Fernando e D. Pedro............................................8


Introdução No âmbito da disciplina de Português, foi-nos proposto a realização de um trabalho de pesquisa sobre Fernão Lopes, acerca da crónica de D. João I. Com este trabalho tivemos o objetivo de conhecer mais aprofundadamente a vida e obra do primeiro cronista do reino, Fernão Lopes. Pondo em destaque não só as suas obras, mas também, a sua imagem de cronista. Assim analisamos um excerto do capítulo XI da crónica de D. João I e um poema de Manuel Alegre Crónica de Abril.

Vida e obra Fernão Lopes nasceu em Lisboa, entre 1380 e 1390 e morreu em Lisboa, no ano de 1460. Viveu numa das épocas da História de Portugal mais importante, pois estávamos prestes a perder a independência para os espanhóis. E foi nesta altura que surgiu a dinastia de Avis, com o Mestre de Avis, que posteriormente viria a ser autoproclamado rei com o nome de D. João I Foi o 4.° guarda-mor da Torre do Tombo de 1418 a 1454, tabelião geral do reino e cronista de todo o reino de Portugal, e até antes de Portugal ser reino, no entanto, desde o tempo do borgonhês Conde D. Henrique até Pedro I de Portugal. As suas Crónicas desapareceram, no tempo do rei D. Afonso V, restando apenas as Crónicas de D. Pedro, de D. Fernando e de D. João I. O rei que governava Portugal na altura em que Fernão Lopes viveu era D. Fernando I. 7


Ilustração 1 - Foto do Rei D. Fernando

Crónicas de Fernão Lopes Das crónicas que Fernão Lopes escreveu, restam-nos apenas três: . Crónica de D. Pedro I . Crónica de D. Fernando . Crónica de D. Pedro

Ilustração 2 - Crónicas de D. João I, D. Fernando e D. Pedro

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Definição de crónica Crónica é uma narrativa histórica que expõe os factos seguindo uma ordem cronológica. A palavra crónica deriva do grego "chronos" que significa "tempo". Nos jornais e revistas, a crónica é uma narração curta escrita pelo mesmo autor e publicada em uma secção habitual do jornal, na qual são relatados factos do cotidiano e outros assuntos relacionados com a arte, desporto e ciência.

Excerto do capítulo XI “O Pajem do Mestre que estava à porta, como lhe disseram que fosse pela vila consoante já fora combinado, começou de ir rijamente a galope encima do cavalo em que estava, dizendo em altas vozes, bradando pela rua: Matam o Mestre! Matam o Mestre nos Paços da Rainha! Acorrei ao Mestre que o Matam! E assim chegou a casa de Álvoro Pais, que era dali grande espaço. As gentes que isto ouviam saíam à rua a ver que coisa era, e, começando a falar uns com os outros, alvoroçavam-se nas vontades e começavam a tomar armas cada um como melhor e mais asinha podia. Álvoro Pais, que estava prestes e armado com uma coifa na cabeça, segundo a usança daquele tempo, cavalgou logo à pressa encima de um cavalo, quando havia anos que não cavalgava, e todos os seus aliados iam com ele, que, bradando a quaisquer que achava, dizia: Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao Mestre, que filho é del Rei dom Pedro.”

Análise do excerto A primeira parte corresponde a um apelo feito pelo pajem que já estava combinado com D. João I. O povo juntamente com o pajem e Alvora Pais dirigiram-se aos paços da rainha para ajudarem o rei. 9


Crónica de Abril (Segundo Fernão Lopes) A rosa a espada o Tempo a lua cheia entre Abril e Abril memória e ato este oculto invisível coração. E a trote dos cavalos os blindados (quem me acorda no meio do meu sono?) «Lisboa está tomada». A rosa e a espada. Subitamente às três da madrugada. Andando o Povo levantado andando Álvaro Pais de rua em rua: «Acudam ao Mestre cá ele é filho d’El-rei. D. Pedro». Entre Abril e Abril. Memória e ato. Verás florir as armas: lua cheia.

«Onde matam o Mestre? Que é do Mestre?» De cima não faltava quem gritasse que o Mestre estava vivo e o Conde morto. Mas isto já ninguém o queria crer. Continuidade. Descontinuidade. E o que é rutura? E a História? Um caos de acasos. Kairos (dizem os gregos). Conjunturas favoráveis. Verás florir as armas. E já o Capitão entra na Praça andando o Povo levantado andando apoiando a coluna quando avança para cercar o Carmo às doze e trinta.

Saiu de Santarém o Capitão já o Mestre matou o Conde Andeiro e Álvaro Pais nas ruas cavalgando: Matam o Mestre nos Paços da Traziam uns carqueja e outros lenha Rainha. alguns pediam escadas e bradavam que viesse lume para porem fogo e E o microfone às três e tal. E as gentes que queimarem o traidor e a aleivosa. isto ouviam saíam pelas ruas a ver que coisa era. E começando a fala uns com outros começavam a tomar armas. «Aqui Posto de E em tudo isto era o tumulto assim tão Comando». E soavam vozes de arruído pela grande que uns aos outros não se cidade. E assim como viúva que rei não tinha se ouviam e não determinavam coisa moveram todos com mão armada. E Álvaro Pais alguma. gritando: E o trote dos cavalos os blindados.

«Acudamos ao Mestre meus amigos Acudamos (Quem te acorda no meio do teu que o matam sem porquê.» sono?) E o rouxinol cantou. Ouvi dizer que na torre soaram badaladas. O doce cheiro a terra. O respirar da amada. «E sobre cada povo (Nietzche) está suspensa uma tábua de valores». Verás florir o Tempo. A rosa e a espada. Nel mezzo del camin di nostra vita. Subitamente às três da madrugada.

Verás florir o Tempo: rosa e espada. Subitamente às três da madrugada. De cortinas corridas está o Carmo. Da torre da Chaimite uma rajada saltam vidros e cal da frontaria e o tempo vai correndo sem resposta.

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E começava a gente de juntar-se e tanta que era estranha de se ver. Não cabiam nas ruas principais cada um desejando ser primeiro e todos feitos d’um só coração. Não sei se a História tem um fio se não tem. Mas já de Santarém partiu o Capitão. De negro vem vestido em cima da Chaimite. Ouves? É o trote das lagartas. Cavalos e cavalos.

E não parava gente de juntar-se.

«Onde matam o Mestre? Que é do Mestre?»

De cima não faltava quem gritasse que o Mestre estava vivo e o Conde morto.

«Se está vivo mostrai-o e vê-lo-emos.» E a gente não parava de juntar-se. Quem fechou estas portas? perguntavam.

E já o blindado toma posição. O exército da noite e seus blindados. Ó com O Capitão olha o relógio e conta quanto cuidado e diligência escrever verdade e antes que diga três irrompem vivas. sem outra mistura. Verás florir o Tempo: espada e rosa. Andando o Povo levantado andando um Major aos seus homens perguntando: «Adere ou não adere? É só. Mais nada.» E o segundo-sargento perfilando-se: «Há vinte anos que espero este momento.»

Já saiu a cavalo Álvaro Pais já o Mestre matou o Conde Andeiro está caído no Paço trespassado ó Lisboa prezada venham ver o Capitão em cima do blindado Arraial Arraial. E então o Mestre assomando à varanda a todos diz:

Verás florir o Tempo. E as armas de«Amigos sossegai: estou vivo e são.» sabrochadas: às três da madrugada. E o rouxinol cantou. Olhai as armas desabrochadas. Cravo a cravo (ouvi Soem às vezes altos feitos ter começo por dizer). Andando o Povo levantado. pessoas cujo azo nenhum povo podia imaginar. E pois assim aveio que em Lisboa um cidadão E não vereis na crónica senão (sem falsidade) a certidão da chamado Álvaro Pais: História.

Manuel Alegre, Atlântico, 1981

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Análise do poema Manuel Alegre escreve «Explicação do país de Abril», antes do 25 de Abril de 1974, na obra Praça da Canção, com 1ª edição em 1965. Curioso é notar que o poeta pré-anunciou o país de Abril nove anos antes da Revolução de Abril de 1974. Havia que encontrar a razão da profecia abrilina, ainda que se possa considerar o verdadeiro poeta capaz de antevisão e de profecia. Pesquisando a História de Portugal, encontra-se, na Crónica d’El Rei D.

João I, a revolução narrada por Fernão Lopes, tendo como ponto alto a aclamação do Mestre de Avis a Rei, nas cortes de Coimbra de 6 de Abril de 1385, sendo que esse rei, o da Boa Memória, nascera a 11 de Abril de 1357 – um rei abrilino. Mas não é tanto o Mestre que comparece na boa memória do poeta, no poema «Crónica de Abril (Segundo Fernão Lopes)», em Atlântico, de 1981, mas antes a narrativa extraordinária da sublevação do povo português, em prol da independência nacional nas páginas inesquecíveis do cronista, cruzada com a crónica da revolução do 25 de Abril de 1974.

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Conclusão Com a realização deste trabalho consolidamos a ideia de que a literatura portuguesa era muito rica e variada em temáticas. Com a elaboração do mesmo percebemos que as temáticas apesar de épocas históricas diferentes não são estanques pois repetemse em distintas fases quer da literatura quer a nível social.

Bibliografia Pinto, E.C.; Fonseca, P.; Baptista, V.S. (2010). Plural Português – Cursos Profissionais de Nível Secundário. Lisboa: Lisboa Editora. http://ensina.rtp.pt/artigo/as-cronicas-de-fernao-lopes/, consultado em 25 de fevereiro de 2017.

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