DESENHO TÉCNICO
Material didático referente ao curso Técnico em Eletromecânica da BIOTEC Centro de Educação.
Autor: Charles Godoi Ermelindo Pereira
Itabira 2020
PEREIRA, Charles Godoi Ermelindo: Desenho Técnico. 2020 – BIOTEC, Itabira, 2020.
Endereço: Rua Dona Modestina, nº 590, Quatorze de Fevereiro, Itabira/MG.
Telefone/WhatsApp: (31)3831-2001
Site: www.biotecna.com.br
RESUMO
Esta apostila contém conteúdo que visa orientar os alunos quanto à finalidade e às aplicações do desenho técnico. Identificar instrumentos empregados na execução do desenho técnico, sua finalidade, preparação e utilização adequada. Identificar o formato de papel e suas dimensões, utilizadas na execução do desenho técnico. Escrever em caligrafia técnica. Traçar linhas, ângulos e figuras geométricas. Representar peças simples, mediante uma, duas ou três vistas, conforme normas de projeção ortogonal, com a utilização de instrumentos e também mão a livre. Proceder à contagem dos desenhos. Desenhar peças simples em perspectiva isométrica, utilizando instrumentos e a mão livre. Desenhar peças, mediante ampliação ou redução, segundo escalas determinadas.
4.3.3
1. INTRODUÇÃO
Quando um arquiteto tem que arquitetar um edifício, um engenheiro mecânico deseja projetar uma máquina ou uma parte da máquina, ou um engenheiro industrial necessita projetar um layout de uma planta; deve-se levar em consideração de que maneira o profissional iniciará esse processo. Praticamente todos começam colocando suas ideias em um esboço, um desenho simples feito à mão livre.
O esboço é uma das maneiras mais eficazes de comunicar uma ideia histórica ou verbal a um trabalhador, pode ser esquemático, para expressar os desejos, percepções, ou instruções a fim de transmitir as ideias originais e iniciais aos desenhistas profissionais
Depois da exposição das ideias, os conceitose detalhes de um projeto são trabalhados pelos desenhistas profissionais, através dos desenhos técnicos, que são precisos e finalizados, produzidos usando instrumentos e metodologias técnicas para que cada peça referente ao projeto possa ser fabricada ou construída seguindo os critérios técnicos pré estabelecidos.
Esboços à mão livre também são usados por engenheiros para esclarecer, avaliar e registrar ideias e conceitos. Os esboços podem ser usados por todas as pessoas, independentemente de sua especialização para embasar e expor suas ideias através das figuras.
O desenho técnico é uma representação bidimensional de objetos tridimensionais. Em geral, fornece as informações necessárias sobre a forma, tamanho, qualidade da superfície, material, processo de fabricação, etc., do objeto. É a linguagem gráfica a partir da qual uma pessoa treinada pode visualizar objetos.
Desenhar, assim como escrever, é uma habilidade que pode ser desenvolvida através da prática. Alguns exemplos de esboços analíticos são ilustrados. Estes representam o tipo de esboços que podem ser solicitados a serem produzidos em indústria ou no local de trabalho. Nesta unidade pretende-se apresentar as técnicas básicas de leitura, dimensão e criação de desenhos técnicos.
2. MATERIAIS UTILIZADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE DESENHOS TÉCNICOS.
Para um bom aproveitamento do curso de desenho técnico é necessário saber quais as principais ferramentas que são utilizadas nessa área para uma boa confecção dos desenhos que serão esboçados.
● Mesas para desenho – construídas com tampo de madeira macia e revestidas comumente com plástico verde adequado.
● Tecnígrafo – Instrumento que em um só mecanismo possui, escala, transferidor esquadro e régua paralela. O mesmo pode ser acoplado a mesa.
● Régua “T” – utilizada sobre a mesa ou prancheta servindo de apoio para o manuseio de esquadros e auxílio para traçado de linhas horizontais ou em ângulo.
● Esquadros – utilizados para traçar linhas, comumente encontrados no mercado em dois modelos: esquadro de 30º/60º ou esquadro de 45º.
● Transferidor – destinado para a medição de ângulos. Os modelos mais comuns fabricados são o de 180º e 360º.
● Escalímetro / Régua – Possui a finalidade unicamente para medir, não para traçar. Instrumento muito utilizado por arquitetos.
● Compasso – Instrumento de desenho para construção de arcos e de circunferências. Também pode ser utilizado para, encontrar o centro de uma circunferência, marcar um segmento numa reta com comprimento igual a outro segmento dado. Deve-se evitar utilizar compassos de plástico devido a sua fragilidade.
● Gabaritos – fornecidos em diversos tamanhos e modelos para as mais diversas formas (círculos, elipses, específicos para desenhos de engenharia civil, elétrica, etc.)
● Lápis ou lapiseira – é ideal que a qualidade do grafite seja 2B macio que possui a característica de uma marcação mais escura, facilitando a visualização.
● Borracha – Ideal a utilização de borrachas que não soltem muito farelo, seja macia e branca para evitar de marcar a folha do desenho.
Observações: Para a disciplina de Desenho Técnico, são necessários os instrumentos: Esquadros de 30º/60º e de 45º, Transferidor, Escalímetro,
Compasso, Lápis 2B ou Lapiseira, Borracha branca e macia.
2.1 NORMAS PARA DESENHO TÉCNICO – ABNT/DIN
2.1.1.
ENTIDADES NORMALIZADORAS
A elaboração e a confecção do desenho em si, deve ser feita de acordo com as recomendações das normas internacionais que é acompanhada com a supervisão da ISO. Porém, as normas podem variar de acordo com cada país e as mesmas são adaptadas por diversos fatores.
Abaixo uma lista das principais entidades de normalização:
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
ASME – Sociedade Americana de Engenharia Mecânica (American Society of Mechanical Engineering).
ASTM - Sociedade Americana para Testes e Materiais (American Society for Testing and Materials).
BS – Normas Britânicas (British Standards).
DIN – Instituto Alemão para Normalização (Deutsches Institut für Normung).
ISO – Organização Internacional para Normalização (International Organization for Standardization).
JIS – Normas da Indústria Japonesa (Japan Industry Standards).
SAE – Sociedade de Engenharia Automotiva (Society of Automotive Engineering).
2.2. PRINCIPAIS NORMAS NO BRASIL:
As normas, criam uma padronização na confecção de desenhos, facilitando a leitura e a compreensão de todas as pessoas envolvidas no processo de execução do desenho técnico.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), é a principal entidade regulamentadora de normas sendo as principais:
Tabela com Normas Técnicas
NBR 6158 Sistema de tolerâncias e ajustes.
NBR 8196 Desenho técnico – emprego de escalas.
NBR 8402 Execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos.
NBR 8403 Aplicação de linhas em desenhos – tipos de linhas – larguras das linhas.
NBR 8404 Indicação do estado de superfície em desenhos técnicos.
NBR 8993 Representação convencional de partes roscadas em desenho técnico.
NBR 10126 Cotagem em desenho técnico.
NBR 10067
NBR 10068
NBR 10582
Princípios gerais de representação em desenho técnico. A NBR 10067 (ABNT, 1995) fixa a forma de representação aplicada em desenho técnico. Normaliza o método de projeção ortográfica, que pode ser no 1º diedro ou no 3º diedro, a denominação das vistas, à escolha das vistas, vistas especiais, cortes e seções, e generalidades.
Folha de desenho Layout e dimensões – objetiva padronizar as dimensões das folhas na execução de desenhos técnicos e definir seu layout com suas respectivas margens e legendas.
Apresentação da folha para desenho técnico – normaliza a distribuição do espaço da folha de desenho, definindo a área para texto, o espaço para desenho, etc.
NBR 12298 Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico.
NBR 13142
Desenho técnico – dobramento de cópias. Fixa a forma de dobramento de todos os formatos de folhas de desenho para facilitar a fixação em pastas.
Tabela 1
2.3 FORMATOS PADRÕES DE FOLHAS
2.3.1. TAMANHOS DE FOLHAS – NBR 10068
Os papéis de desenho estão disponíveis em muitas variedades. Para desenhos a lápis comuns, o papel selecionado deve ser resistente e forte. Deve ser uniforme em espessura e tão branco quanto possível. O papel deve ser de boa qualidade.
Quanto à borracha, quando usada, suas fibras não devem se desintegrar, deve conter superfície lisa e deve ser selecionada para desenhos que serão pintados e preservados por um longo tempo. Os tamanhos padrão de papéis de desenho recomendado pela ABNT NBR 10068. São apresentados na tabela 2.
Designação Dimensões
A0 841 x 1189 mm
A1 594 x 841 mm
A2 420 x 594 mm
A3 295 x 420 mm
A4 210 x 297 mm
A5 148 x 210 mm
Tabela 2
A área de superfície do tamanho A0 possui as dimensões de 841 X 1189 mm. Tamanhos de formato sucessivos (de A1 até A5) são obtidos pela metade ao longo do comprimento ou dobrando ao longo da largura. As áreas dos dois tamanhos subsequentes estão em proporção de 1: 2. Veja a figura 1.
Figura 1
Fonte: Telecurso 2000
2.3.2. MARGENS DA FOLHA.
As margens são limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O quadro limita o espaço para o desenho. A margem esquerda serve para ser perfurada e utilizada no arquivamento, por isso tem dimensão maior que as margens restantes
Folha Margens Largura linha do quadro (mm)
Esquerda Demais
Comprimento da legenda (mm)
Tabela 3
2.3.3.
LAYOUT DA FOLHA
Os desenhos podem ser dispostos na ordem vertical ou horizontal. A vista principal (aquela que possui maior quantidade de detalhes) é inserida acima e à esquerda, na área para desenho.
Figura 2
Fonte: Telecurso 2000
No espaço para texto são colocadas todas as informações pertinentes para o entendimento do conteúdo do desenho.
Informações importantes que devem constar no espaço para texto: instrução (informações necessárias à execução do desenho), explanação (identificação dos símbolos empregados no desenho), referência a outros desenhos ou documentos que se façam necessários.
2.3.4. LEGENDA, ETIQUETA OU CARIMBO - NBR 6492/19943
A legenda é representada dentro da margem no canto inferior direito da folha. A mesma deve possuir a medida de 178 mm de comprimento para as folhas que possuem formatos A4, A3 e A2, e 175 mm para as folhas com formatos A1 e A0. Na legenda, além de conter as informações sobre o desenho, deve fornecer as seguintes informações para melhor referência.
✔ Título do desenho.
✔ Número do desenho.
✔ Escala.
✔ Símbolo que denota o método de projeção.
✔ Nome da empresa,
✔ Iniciais do pessoal que projetou, verificou e aprovou.
A figura 3 exemplifica as informações necessárias que devem estar contidas em um desenho.
Figura 3
2.3.4. EMPREGO DE ESCALAS - NBR 8196
Em desenho técnico, a escala demonstra a relação fiel e exata do tamanho real da peça com o tamanho desenho. Nas representações em escala, as formas reais dos objetos são mantidas fielmente e é possível representar, no papel, peças de qualquer tamanho real. Existem três tipos de escala: natural, de redução e de ampliação. A escala do desenho é representada como “ESC” ou “ESCALA” conforme modelo abaixo:
No exemplo abaixo a escala 1:2 significa que 1mm do desenho corresponde a 2mm da peça real.
2.3.4. APLICAÇÃO, TIPOS E LARGURAS DAS LINHAS – NBR 8403
Assim como nos livros de português, em que as palavras corretas são utilizadas para formar frases corretas. Nos desenhos, os detalhes de vários objetos são desenhados por diferentes tipos de linhas. Cada linha tem um definir o significado e o sentido de pesquisa.
A tabela abaixo mostra os vários tipos de linhas aprovadas pela NBR 8403 com suas aplicações.
Figura 5 – Tipos de linha Exemplo de aplicação dos tipos e largura de linhas.
Figura 6 - aplicação dos tipos e largura de linhas.
2.3.4. ESCRITA EM DESENHO TÉCNICO - NBR 8402
Para realizar o trabalho de produção de componentes de engenharia, o tamanho e outros detalhes estão indicados no desenho. Isso é feito na forma de notas e dimensões.
As principais características da escrita são legibilidade, uniformidade e rapidez de execução. A utilização de instrumentos para auxílio da escrita consome muito tempo. A escrita deve ser feita à mão livre com rapidez.
“A habilidade no traçado das letras só é obtida pela prática contínua e com perseverança. Não é, pois, uma questão de talento artístico ou mesmo de destreza manual”. (SILVA, 1987)
A maneira de segurar o lápis ou lapiseira é o primeiro requisito para o traçado das letras. A pressão deve ser firme, mas não deve criar sulcos no papel. Segundo Silva (1987) a distância da ponta do lápis até os dedos deve ser 1/3 do comprimento do lápis, aproximadamente.
O tamanho das letras é medido pela altura h das letras maiúsculas, bem como dos numerais. A altura padrão para as letras maiúsculas e numerais recomendadas pelo NBR são fornecidas abaixo:
2.5, 3.5, 5, 7, 10, 14, 20 mm
Observação: O tamanho das letras pode ser selecionado com base no tamanho do desenho.
Tabela 4 – Proporções e dimensões de símbolos gráficos NBR 8402 (ABNT, 1994)
Fonte: NBR 8402 - Execução de carater para escrita em desenho técnico
A escrita pode ser inclinada ou vertical, em um ângulo de 75º para a direita em relação à horizontal e ao ser traçada à mão livre deve obedecer ao sentido de cima para baixo e da esquerda para a direita.
As maiúsculas são usadas em títulos e as minúsculas em textos mais longos e não se misturam letras inclinadas e verticais.
Letras maiúsculas
Letras minúsculas
Número e símbolo
2.3.4.1 VERIFICANDO O CONHECIMENTO:
Exercício 1: Reproduza as letras e os textos indicados a seguir. Observe cuidadosamente as técnicas apresentadas nos exemplos anteriores.
2.3.5. COTAGEM DE DESENHO TÉCNICO – NBR 10126
O desenho de um componente, além de fornecer a descrição completa da forma, também deve fornecer informações sobre a descrição do tamanho. Estes são fornecidos através das distâncias entre as superfícies, localização dos furos, natureza do acabamento da superfície, tipo de material, etc. A expressão destas características em um desenho, usando linhas, símbolos, figuras e notas é chamado de cotagem.
A cotagem em peças técnicas deverá obedecer às recomendações da norma NBR 10126:1987 – Cotagem em Desenho Técnico.
2.3.6.
PRINCÍPIOS DE DIMENSIONAMENTO
Alguns dos princípios básicos de dimensionamento são fornecidos abaixo.
Figura 7
Fonte: https://ibestescola.com/wp-content/uploads/2019/03/Apostila-DesenhoT%C3%A9cnico.pdf
1. Todas as informações dimensionais necessárias para descrever um componente clara e completamente devem ser escritas diretamente em um desenho.
2. Cada recurso deve ser dimensionado uma vez apenas em um desenho, ou seja, dimensão marcada em uma visão não precisa ser repetida em outra visão.
3. A dimensão deve ser colocada na vista onde a forma é melhor vista.
4. Tanto quanto possível, as dimensões devem ser expressas em uma unidade, de preferência apenas em milímetros, sem mostrar o símbolo da unidade (mm).
5. Tanto quanto possível, as dimensões devem ser colocadas fora da vista.
6. As dimensões devem ser obtidas a partir de contornos visíveis em vez de linhas ocultas.
7. Nenhuma lacuna deve ser deixada entre o recurso e o início da linha de extensão.
8. O cruzamento das linhas centrais deve ser feito por um traço longo e não um traço curto.
9. A linha de cota deve ter uma distância mínima de 8mm do desenho e 6mm de outra linha de cota qualquer. As linhas de chamada devem exceder no máximo 2mm da linha de cota.
Visualize o exemplo na figura 8.
8
2.7. EIXO DE SIMETRIA
1. Corpos simétricos recebem uma linha de centro ou eixo de simetria (traço-ponto fino).
2. No desenho de seções de peças quadradas ou redondas ou com espaços vazados traçam-se linhas de centro perpendiculares. Duas linhas de centro no seu ponto de cruzamento, são indicadas sempre com traços contínuos e finos.
3. As linhas de centro podem ser usadas para a indicação de medidas (como extensão).
9
2.8. MEDIDAS EM ESPAÇOS REDUZIDOS
Quando o espaço disponível entre as linhas de contorno de determinada peça for bastante reduzido, pode-se proceder conforme a figura.
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● Cotagem de ângulos: Indicação do ângulo, largura e sua profundidade
11
● Cotagem de Diâmetro
12
● Cotagem de raios Cordas e Arcos
13
3. PRINCÍPIOS GERAIS DE REPRESENTAÇÃO EM DESENHO TÉCNICO – NBR 10067
3.1 – PROJEÇÕES ORTOGONAIS
A NBR 10067, fixa a forma de representação aplicada em desenho técnico. Normaliza o método de projeção ortográfica, que pode ser no 1º diedro ou no 3º diedro e os símbolos para representação (Figura 01), a denominação das vistas, a
posição relativa das vistas, à escolha das vistas, à determinação do número de vistas, vistas especiais (vista fora de posição, vista auxiliar, elementos repetitivos, detalhes ampliados, linhas de interseção, vistas de peças simétricas, etc), cortes e seções, e generalidades.
Figura 14 - Símbolos do método de projeção ortogonal no 1º diedro e no 3º diedro
Fonte: NBR 10067 (ABNT, 1995)
3.2. PERSPECTIVA ISOMÉTRICA
Quando se olha um objeto, consegue-se visualizá-lo e tem-se a sensação das três dimensões: comprimento, largura e altura. O desenho, para transmitir essa mesma ideia, é necessário a utilização de representação gráfica por perspectiva. A perspectiva, representa graficamente as três dimensões, eixos (x,y,z) formam entre si ângulos de 120º de um objeto em um único plano. Os eixos oblíquos formam com a horizontal ângulos de 30º. Toda linha paralela aos eixos isométricos é chamada de linha isométrica.
Figura 15
Ao fazer o desenho da projeção isométrica no papel ocorre uma redução em todos os eixos de aproximadamente 19%.
Figura 18 – vista isométrica: quadrado com circunferência
3.3 IDENTIFICAÇÃO DE VISTAS ORTOGONAIS
As vistas principais obtidas de um objeto sobre os seis planos de projeção são as seguintes conforme a figura 19:
1. Vista Frontal (a) – é a representação da face anterior do objeto. A face anterior deve ser sempre a que mais explique o objeto, ou que mais identifique a sua posição de equilíbrio (nela se observam a largura e a altura do objeto, mas não se tem profundidade).
2. Vista Superior (b) – é a representação da face de cima do objeto (aqui relevam-se a largura e a profundidade, deixando de ser definida a altura).
3. Vista Lateral Direita (c) – é a representação da face (mesmas dimensões da vista lateral esquerda).
4. Vista Lateral Esquerda (d) – é a representação da face esquerda do objeto (neste caso têm-se a altura e a profundidade, sem a dimensão da largura).
5. Vista Inferior (e) – é a representação da face inferior (mesmas dimensões da vista superior).
6. Vista Posterior (f) – é a representação da face de trás (mesmas dimensões da vista frontal).
Figura 19 - Vistas Ortogonais Principais projetadas sobre os planos de projeção.
Fonte: NBR 10067 (ABNT, 1995)
3.4. PROJEÇÃO EM TRÊS VISTAS
Nos desenhos de peças que são utilizados nas indústrias, os detalhes são apresentados por três vistas. Podemos obter as três vistas, de maneira prática, fazendo as projeções através de giros a 90º da peça.
A vista de frente deve ser a principal. Ela comanda a posição das demais. É importante fazer uma análise da peça, com o objetivo de escolher a melhor posição para a vista de frente.
A escolha da vista de frente deve ser:
● Aquela que mostre a maior quantidade de detalhes do objeto;
● A que indique a posição de trabalho do objeto, ou seja, como ele é encontrado, isoladamente ou num conjunto;
● Se os critérios anteriores forem insuficientes, deve-se escolher o lado que apresente a maior dimensão do objeto e o menor número de linhas invisíveis nas outras vistas.
EXEMPLOS: Identificação de vistas: Para facilitar a identificação de cada vista foi colorido na mesma tonalidade as áreas que o observador consegue visualizar em cada uma das três posições de vista (Frontal, Lateral e Superior).
● Nas peças com furos cilíndricos, adotam-se projeções com linhas de centro.
Figura 20 - Peça com furo cilíndrico
● Em peças com detalhes invisíveis, utilizam-se projeções com linhas tracejadas.
21 – Peça com detalhes invisíveis
● Nas peças com vistas simétricas recebem eixos de simetria.
22 – Peças com vistas simétricas
3.5. EXERCÍCIOS DE VISTAS ORTOGRÁFICAS
1) Numere as projeções ortogonais correspondentes a cada perspectiva.
2) Complete, à mão livre, as projeções das peças apresentadas.
3) Desenhe as vistas que estão faltando e complete os detalhes que estivel faltando em cada imagem
4) Utilizando os instrumentos para auxilio de desenho, trace as vistas isométricas das figuras abaixo:
4.0 VISTA EM CORTE
Frequentemente somos confrontados com a necessidade de mostrar mais ou menos interiores complicados de peças que não podem ser vistos claramente por meio de linhas ocultas. Nesse caso, planos de corte imaginários são feitos para passar por objetos expondo suas características interiores. A visão revelada do objeto é então desenhada com as convenções de projeção ortográfica e é chamada de vista em corte.
Figura 23 –
Quando um plano de corte revela o objeto longitudinalmente, a seção obtida é conhecida como seção longitudinal, e quando feita transversalmente é chamada de seção transversal. As superfícies do objeto que o imaginário os toques no plano de corte serão representados passam a ser visíveis. As áreas onde foram feitos os cortes para visualização de melhores detalhes são representados por linhas que demonstram a área que foi corada denominada hachuras e as mesmas podem variar de acordo com o material feito da peça.
A figura abaixo mostra como uma vista em corte é feita e a diferença entre a ortográfica e a vista em corte. Se você observar na Fig.24 c, é difícil visualizar os detalhes do interior do objeto devido às linhas tracejadas. Considerando que a do outro que é a vista em corte (Fig.24 a) fornece uma clareza visual ao objeto.
Figura 24 - Vista em corte e sua relação com a projeção ortográfica
4.1 PLANO DE CORTE
O plano de corte é indicado em uma vista adjacente ao corte vista, Fig. 25, nesta vista, o plano de corte aparece em forma de borda ou como uma linha, chamada de linha de plano de corte. Uma linha de plano de corte é representada por um padrão de linha composto de traços longos alternados e um par de traços curtos ou traços curtos iguais. E tais linhas devem ser feitas com um lápis de espessura média afiado como um H ou a 2H. As linhas de plano de corte são desenhadas com pontas de flecha que indicam a direção de visualização. No fim de as letras maiúsculas das setas podem ser em anexo, a fim de dar referência a seção feita. Isso é especialmente necessário quando usamos mais de um plano de corte.
Figura 25 – Plano de corte Seção A – A e Seção B – B.
4.2 HACHURA DA SEÇÃO DA PEÇA
As linhas de seção são leves e finas, geralmente desenhadas como uma inclinação de 45 graus paralela em cada linha utilizada em caso de uso geral. Essas linhas são representadas na superfície do objeto qual o plano de corte tem contato direto.
As superfícies hachuradas do objeto eram representadas como uma linha oculta (tracejadas), mas agora como uma superfície visível. O forro da seção simbólica pode ser usado em desenhos de montagem nos casos em que é desejável distinguir os diferentes materiais utilizados. Símbolos de forro de seção para representação de alguns comumente usados materiais de engenharia são mostrados na figura abaixo.
Figura 26 – Representação de Hachuras
4.3 TIPOS DE VISTA SECCIONAL
Dependendo da forma é necessário detalhes a serem mostrados, as vistas em corte podem ser classificadas da seguinte forma:
I. Seções completas
4.3.1
II. Meias seções
III. Seções de compensação
IV. Seções fragmentadas ou parciais
SEÇÕES COMPLETAS
A vista seccional obtida passando o plano de corte totalmente através do objeto é chamada de seção completa. O plano de corte aparece como uma linha reta e nunca deve existir curvas. Este tipo de vista seccional é principalmente usado quando os detalhes esperados a serem mostrados aparecer:
1. não simetricamente
2. alinhado com um determinado eixo
3. centralmente sem outros detalhes
Em geral, os seguintes pontos devem ser observados ao fazer uma visão transversal completa de um objeto:
● Ao fazer a vista seccionada, metade do objeto é imaginado para ser removido
● Linhas invisíveis por trás do revelando superfícies são geralmente omitidas
● As linhas visíveis atrás da seção devem ser desenhadas.
● Apenas as superfícies realmente cortadas pelo plano da seção são hachuradas.
Figura 27 – Seção completa
4.3.2
MEIAS SEÇÕES
Imagine um cilindro e é realizado um corte que remova
perpendicularmente um quarto do perímetro do diâmetro e o corte é prolongado por todo o comprimento da peça. O plano de corte é o resultado de uma meia sessão. Metade seção tem a vantagem de expor o interior de uma metade do objeto e retendo o exterior da outra metade. Esta utilidade é, portanto, amplamente limitada a objetos simétricos. Não é amplamente utilizado em desenhos detalhados por causa dessa limitação de simetria e também por causa de dificuldades em dimensionar formas internas que são mostradas em parte na metade seccionada. Na figura abaixo podemos visualizar a utilização da seção parcial em perspectiva isométrica e pela vista frontal e lateral direita.
Em geral, as seguintes regras devem ser observadas ao fazer um objeto semi seccionado:
1. Metade da vista seccionada deve estar na seção, enquanto a outra metade permanece como uma visão externa.
2. As linhas ocultas normalmente serão omitidas de ambos os lados da vista, a menos que seja necessário para clareza de interpretação de superfícies.
3. Linhas ocultas podem ser mostradas na metade não seccionada, se necessário para propósito de dimensionamento.
4. A linha que separa a metade seccionada da metade externa deve ser uma linha central.
4.3.3 SEÇÕES DE DESLOCAMENTO (CORTE COMPOSTO)
Ao seccionar objetos irregulares, é frequentemente desejável mostrar vários recursos que não mentir em linha reta, por "compensação" ou "dobrando" o plano de corte. Essa seção é chamada de seção de deslocamento. O plano de corte dobra ortogonalmente ou usa 90 ° para dobrar. A vista em corte é desenhada como se o interior os detalhes são mantidos alinhados em linha reta posição. Isso significa
que não mostramos as bordas feitas pela dobra do corte. A figura 28 ilustra os conceitos mencionados acima.
Figura 29 – Seção de deslocamento
Em geral, os seguintes pontos devem ser cuidadosamente observados nas seções de deslocamento:
● A localização do plano de corte deve ser mostrada pela linha simbólica adequada na vista adjacente.
● As setas devem ser colocadas nas extremidades da linha do plano de corte mostrando a direção na qual a vista é feita.
● As bordas feitas pelas curvas do plano de corte são ignoradas.
4.3.4 SEÇÕES QUEBRADAS (CORTE PARCIAL)
Quando é necessário mostrar apenas um detalhe interno, a seção parcial de uma vista para expor detalhes do interior limitado por uma linha de quebra, é conhecida como ruptura de seção.
Essas seções podem ser usadas para mostrar apenas uma parte do interior de um objeto sem perder importantes características exteriores. O objeto é considerado cortado por um corte irregular plano em torno da parte do objeto a ser exibida e a parte frontal é removida. A ruptura é representada por uma linha irregular à mão livre conhecida como linha de interrupção curta, conforme mostrado na figura abaixo.
Figura 30 – Seções parciais
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Chega-se ao fim da disciplina, onde, nesta apostila, os alunos puderam evidenciar a importância dos conhecimentos sobre a matéria de desenho técnico, leitura, confecção, escrita, formas de cotagem, vistas, perspectivas, e tipos de cortes.
Espera-se que estas informações sejam úteis para a solução de problemas no cotidiano do aluno e no desenvolvimento de suas atividades como mecânico. Sendo mais uma etapa estudada que contribui para a formação dos conhecimentos técnicos dos alunos.
Os assuntos abordados nesta disciplina, tiveram como princípio entender as configurações básicas e princípios de funcionamento, bem como aplicações e suas topologias, que são importantes na fabricação de peças.
Espera-se que o aluno, tenha assimilado os assuntos abordados pela apostila, uma vez que serão necessários para a continuidade e aprofundamentos dos estudos e conhecimentos na área da metrologia.
REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
AGOSTINHO, OSWALDO LUIZ; DOS SANTOS, ANTONIO CARLOS; LIRANI, JOÃO. Tolerâncias, ajustes, desvios e análise de dimensões. 7.ed. São Paulo: Blücher. 2001.
Desenho, Leituras e Dimensões, Disponível em: https://docente.ifrn.edu.br/albertojunior/disciplinas/nbr-10068-folha-de-desenholeiaute-e-dimensoes acesso em: 25/11/2020
Catalogo ABNT, disponível emhttps://www.abntcatalogo.com.br/ acesso em: 20/11/2020
NBR 6492 - Representação de projetos em arquitetura;
NBR 8196/94 - Emprego de escalas em desenho técnico;
NBR 8403/84 - Aplicação de linhas em desenhos;
NBR 10067/87 – Princípios gerais de representação em desenho técnico;
NBR 10068/87 - Folha de desenho - Leiaute e dimensões;
NBR 10126/87 – Cotagem em desenho técnico;
NBR 10582/88 - Apresentação da folha para desenho técnico;
NBR 10647/89 - Desenho técnico;
NBR 13142/94 - Dobramento de cópia de desenho técnico.
Normas de Desenho Técnico, disponível em: https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/normas-de-desenho-tecnico/ acesso em: 20/11/2020
OLIVEIRA, A. P., Desenho Técnico, Apostila do Instituto Técnico, 2007.
SILVA, E.O.; ALBIERO, E. ref. Adapt. Desenho Técnico Fundamental. São Paulo, EPU, 1977. (Coleção Desenho Técnico).
SILVA, A. et. al. Desenho Técnico Moderno. Rio de Janeiro. LTC, 2006.