A utilização de Ferramentas de Gestão

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Wanderson Gomes de Souza

A utilização de ferramentas de gestão do conhecimento para a construção de um modelo de tutoria em educação a distância.

Itajubá, Dezembro de 2010


SOUZA, Wanderson Gomes de. Gestão Educacional na ótica da Complexidade. Itajubá: UNIFEI, 2010. 43 p. (Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Especialização a distância em Gestão de Pessoas e de Projetos Sociais da Universidade Federal de Itajubá). Palavras-Chaves: EaD, Tutoria, conhecimento, conhecimento, exploitation e exploration

gestão

do


UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Wanderson Gomes de Souza

A utilização de ferramentas de gestão do conhecimento para a construção de um modelo de tutoria em educação a distância.

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado por banca examinadora em 09 de Dezembro de 2010, conferindo ao autor o título de Especialista em Gestão de Pessoas e de Projetos Sociais.

Banca Examinadora: Prof. Dr. Carlos Alberto Máximo Pimenta (Orientador) Prof. Msc. Márcio Lopes Pimenta Prof. Dr. Adilson da Silva Mello.

Itajubá, dezembro de 2010.


Para as mulheres da minha vida ValĂŠria, Sophia e Valentina.


A todos os tutores e professores da UNIFEI pela dedicação em prol da EaD


SUMÁRIO Dedicatória........................................................................................................................... iv Agradecimentos................................................................................................................... v Sumário................................................................................................................................ vi Resumo.................................................................................................................................vii Abstract................................................................................................................................viii 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10 1.1 OBJETIVOS .............................................................................................................. 10 1.1.1 - Objetivo Geral .................................................................................................. 10 1.1.2 - Objetivo específico........................................................................................... 10 1.2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 11 1.3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 11 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 16 2.1 Educação a Distância e o Processo de Tutoria .......................................................... 16 2.1.1 – Educação a Distância ....................................................................................... 16 2.1.2 – A Importância do Tutor no Processo de Educação a Distância ....................... 16 2.1.3 - A figura do tutor dentro do contexto da instituição onde foi realizada a pesquisa ....................................................................................................................... 19 2.1.3.1 - Tutor de Conteúdo (quando o número de discentes assim o exigir) ............. 20 2.1.3.2 - Tutor-Suporte (por pólo) ............................................................................... 20 2.2 – Conhecimento e Gestão do Conhecimento ............................................................. 21 2.2.1 – O conhecimento ............................................................................................... 21 2.2.2 – Tipos de Conhecimento e Conversões de Conhecimento ............................... 21 2.2.3 – Gestão do Conhecimento ................................................................................. 22 2.2.4 - Um Modelo de Gestão do Conhecimento ........................................................ 23 2.2.5 - Processos para criação do conhecimento – Exploitation e Exploration........... 24 2.2.6 - Equilíbrio entre Exploitation e Exploration ..................................................... 25 2.3 - A instituição de ensino superior base da pesquisa .................................................. 26 3. PESQUISA-AÇÃO – RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................... 28 3.1 O processo de Tutoria na IES pesquisada ................................................................. 28 3.1.1 A construção do primeiro processo de tutoria .................................................... 28 3.1.2 Visão dos tutores do modelo antigo de tutoria ................................................... 29 3.1.3 O novo modelo de tutoria ................................................................................... 34 3.2 Processo de pesquisa-ação ......................................................................................... 34 3.2.1 Utilizando o modelo de Tarapanoff (2001) adaptado ......................................... 36 3.3 Análise do novo modelo de tutoria - Visão dos tutores ............................................. 41 3.3.1 Analisando a tabela anterior em relação aos conceitos estudados...................... 42 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 44 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 46


RESUMO O presente trabalho tem por objetivo utilizar ferramentas de gestão do conhecimento e da própria gestão do conhecimento, para a construção de um modelo de tutoria para educação a distância em uma instituição de ensino superior. A metodologia do contexto do trabalho, envolve o estudo bibliográfico relativo aos temas e a realização de uma pesquisa-ação participativa junto aos tutores. Através da discussão dos resultados, nota-se que o equilíbrio entre exploitation e exploration, juntamente com as formas de conversão do conhecimento – itens destacados por diversos autores no trabalho, são apontamentos que podem ser aplicáveis de forma a construir de um modelo inovador de tutoria.

Palavras-chave: EaD,Tutoria, conhecimento, gestão do conhecimento, exploitation e exploration


ABSTRACT This study aims to use knowledge management tools and their own knowledge management, to build a mentoring model for distance education at an institution of higher education. The methodology of the employment context, involves the study literature on the topics and the realization of a participatory action research with tutors. Through discussion of the results, note that the balance between exploitation and exploration, along with the forms of knowledge conversion - items highlighted by several authors at work, are notes that may be applicable in order to build an innovative model of mentoring

Keywords:

Distance

Learning,

exploitation and exploration

Tutoring,

knowledge,

knowledge

management,


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LISTA DE TABELAS Tabela 1 - resumo sobre os apontamentos dos tutores sobre o modelo antigo de tutoria da instituição .................................................................................................................. 32 Tabela 2 - resumo das ferramentas utilizadas no trabalho............................................. 33 Tabela 3 - resumo com os questionamentos sobre o novo modelo................................ 39


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INTRODUÇÃO Com o avanço da educação a distância, os modelos educacionais aplicados ao processo de ensino-aprendizagem têm sido inovados de forma constante. Mudanças estas que devem ser observadas para todos os componentes do processo que, no caso da EaD, envolvem professores, alunos, tutores, material didático, tecnologias de informação e comunicação, etc. Neste sentido, o presente trabalho traz um enfoque com a figura do tutor num cenário de mudanças em uma instituição de ensino superior no Sul de Minas Gerais. Para a construção do modelo, foram utilizadas ferramentas de gestão do conhecimento para a construção de um modelo de tutoria baseando-se também na metodologia da pesquisa-ação. Com isso se construiu um modelo de tutoria para a instituição de ensino superior base deste trabalho baseado no estado da arte para o trabalho de um tutor. A estrutura do trabalho traz os objetivos, justificativas e metodologia no capitulo 1, a revisão bibliográfica no capitulo 2, a forma da realização da pesquisa e os resultados da pesquisa-ação no capitulo 3 e as considerações finais no capítulo 4.

1.1 OBJETIVOS 1.1.1 - Objetivo Geral O objetivo deste trabalho é realizar uma pesquisa-ação dentro de uma instituição que oferta cursos a distância e construir um modelo de tutoria através da utilização de processos de gestão do conhecimento

1.1.2 - Objetivo específico De forma não exclusiva, este trabalho tem os seguintes objetivos específicos: Pesquisar sobre modelo de tutoria e ferramentas de gestão do conhecimento Utilizar o modelo de exploitation para construção do conhecimento Utilizar o modelo de exploration para construção do conhecimento Utilizar modelos de conversão do conhecimento para construção do conhecimento


11 Analisar, sob a ótica dos tutores, as diferenças observadas antes e depois da inovação criada através das ferramentas aplicadas.

1.2 JUSTIFICATIVA A EaD (educação a distância) é um campo fértil para implementação de inovações em todas as variáveis que fazem parte deste modelo educacional. Uma destas variáveis é representada pela figura do tutor e a importância de seu trabalho para que se tenha uma EaD de qualidade. Mesmo com apontamentos genéricos do MEC sobre o que um tutor deve fazer para se ter um mínimo de qualidade em cursos a distância, a existência de diversos modelos de EaD e mesmo submodelos dentro dos modelos e as mudanças constantes em tecnologias de informação e comunicação e em processos educacionais, faz surgir a necessidade da busca constante por inovação nos atores que atuam neste cenário. Neste sentido, justifica-se o presente trabalho pelo fato de que o mesmo busca criar um modelo de tutoria e estabelecer a busca constante pela inovação.

1.3 METODOLOGIA A metodologia utilizada será a pesquisa-ação participativa baseada nos textos de Tripp (2005) e Neto (2009). Neto (2009) aponta que a pesquisa-ação é ideal para se conhecer uma realidade. Aponta que a metodologia da pesquisa-ação é uma opção, uma metodologia que estimula a participação das pessoas envolvidas na pesquisa e abre o seu universo de respostas (...) (...) Na pesquisa-ação, o participante é conduzido à produção do próprio conhecimento e se torna o sujeito dessa produção.

Gamboa (1982) apud Neto (2009) corrobora o pensamento acima dizendo que a pesquisa-ação “busca superar, essencialmente, a separação entre conhecimento e ação, buscando realizar a prática de conhecer para atuar”.


12 Tripp (2005) aponta que a pesquisa-ação segue um ciclo de investigação (teoria) seguido de ação (prática) que aprimora o fazer através da aproximação entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela.

Figura 1 - Representação das quatro fases do ciclo básico de investigação-ação

AGIR para implantar a melhora planejada AÇÃO

Monitorar e DESCREVER os efeitos da ação

PLANEJAR uma melhora de prática

AVALIAR os resultados da ação

INVESTIGAÇÃO

Fonte: Adaptado pelo autor com base em Tripp (2005). Tripp (2005) relata que “a pesquisa-ação funciona melhor com cooperação e colaboração porque os efeitos da prática de um indivíduo isolado sobre uma organização jamais se limitam àquele indivíduo.” Senge (1990) apud Tripp (2005) descreve que aprendemos melhor com a experiência, mas não podemos fazê-lo se não vivenciamos as conseqüências de muitas de nossas decisões mais importantes nem podemos nos introduzir nas experiências dos que o fazem. Isso quer dizer que não se trata de envolver ou não outras pessoas, mas sim do modo como elas são envolvidas e como elas podem participar melhor do processo.

Pelos fatos acima descritos e pela realidade efetiva de que o autor está inserido na prática diária dos envolvidos neste trabalho, é que foi escolhida a metodologia de pesquisa-ação para o trabalho em pauta. Portanto, este trabalho se trata de uma pesquisa-ação utilizando-se ferramentas de gestão do conhecimento para a criação de um modelo de tutoria para cursos de educação a distância tendo como base uma instituição de ensino superior que oferece essa modalidade de ensino.


13 Neste processo, primeiramente foi feita uma descrição do modelo inicial, quando os tutores iniciaram seus trabalhos na instituição e a forma que o conhecimento foi criado para este processo incipiente. Em seguida, foi construído um novo modelo baseando-se nas ferramentas de gestão de conhecimento. E por último foi realizada uma pesquisa com os próprios tutores onde de maneira objetiva puderam apontar as melhorias e inovações que o novo modelo teve em relação ao modelo anterior. Importante ressaltar que o período da aplicação do trabalho está entre 2008 e 2009, compreendendo, portanto, boa parte do período do curso de gestão de pessoas e projetos sociais da Universidade Federal de Itajubá. Para a pesquisa junto aos tutores, a ferramenta utilizada foi o questionário simples baseado no pensamento de Oliveira (1992) que aponta que o questionário é o sistema de obter respostas as questões por um formulário que o envolvido preenche. O questionário permite a multiplicação de fontes de informações, pois pode ser distribuído pessoalmente, enviando pelo correio tradicional, por correio eletrônico ou pelo mensageiro interno da empresa ou retirado em local previamente identificado. Pode ser recolhido da mesma forma e tabulado em seguida, por via manual ou através do computador. No trabalho em questão, o questionário foi enviado por correio eletrônico e da mesma forma, foi recebido por este processo. Os questionários para esta parte da pesquisa foi dividido em duas partes: pesquisa sobre o que os tutores achavam do modelo antigo de tutoria e uma outra parte questionando o que eles acharam dos resultados após a criação do modelo baseado na gestão do conhecimento. Como todos os tutores vivenciaram ambos os modelos, o questionário, mesmo com as duas partes, foi enviado de uma só vez. Como o questionário foi baseado em questões abertas, a tabulação dos dados relevou de forma integral todas as respostas colocadas, dando maior ênfase nos itens que se repetiam como forma de afirmações, quer fossem positivas ou negativas. Assim, ficou evidente a diferença entre o modelo antigo e o novo modelo de tutoria baseado em ferramenta de gestão do conhecimento. Seguindo os modelos apresentados nesta metodologia, para o modelo da pesquisaação, além de coletar dados com os tutores da instituição, houve também a participação do autor em todos os processos de trabalho dos tutores dentro dos ambientes virtuais de aprendizagem.


14 A pesquisa com os tutores cujas questões se dividiam em duas partes – antes e depois da implantação do novo modelo são apontadas a seguir: Visão dos tutores antes da implementação das ferramentas de gestão do conhecimento 1 - Descreva de forma detalhada como era o modelo anterior de tutoria? 2 - Como o conhecimento para o trabalho de tutoria foi passado a vocês? 3 - Havia compartilhamento de conhecimento? 4 - Que conhecimento PESSOAL (cursos, experiências, etc.) você trouxe para o trabalho com a tutoria? Após respondidas as questões, as respostas foram integralmente utilizadas nestes trabalho com a intenção de se ter um comparativo posterior entre o modelo inicial e o modelo que foi criado logo após a implementação do modelo de gestão de conhecimento no novo modelo de trabalho de tutoria. Cabe aqui uma observação importante em relação ao questionamento sobre o modelo inicial: para a construção do modelo anterior e sua forma de criação. Este questionamento foi feito diretamente ao gerente da unidade de educação a distância, visto que quando os tutores foram contratados (no início dos cursos), o modelo já deveria estar criado. Esta foi a única questão realizada fora da visão dos tutores. Portanto, a única questão que foi feita na entrevista ao gestor foi 1 - Como foi criado o modelo de tutoria quando os cursos foram implantados, ou seja, quando não existia a EaD na instituição? Diante das respostas dos tutores e do gestor da unidade e confrontando com aspectos relevantes do cenário de Ead (feitos pelo autor), foi construído um novo modelo utilizando-se as ferramentas de gestão do conhecimento descritas nos referenciais bibliográficos. Posteriormente, novas questões foram realizadas aos tutores para que confrontassem o modelo antigo e o novo modelo. As questões da entrevista para esta nova fase da pesquisa foram as seguintes: 1 - Descreva de forma detalhada como é o modelo atual de tutoria? 2 – como vocês ajudaram na construção do novo modelo? 3 - O que foi pesquisado (aprendendo com concorrentes ou parceiros, livros, cursos, encontros, etc.) como fonte de conhecimento para a construção do novo modelo? 4 - Que conhecimento foi construído e o que foi inovado no novo modelo? 5 - Como vocês buscam inovações para o futuro?


15 6 - Como vocês compartilham conhecimento? A visão dos tutores do “antes e depois” serão discutidas a seguir. Após coletadas, as respostas foram compiladas de forma que os principais pontos foram destacados na tabela 3.


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1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Educação a Distância e o Processo de Tutoria A seguir serão descritos conceitos básicos referentes a educação a distância e ao papel de tutoria dentro deste cenário. 2.1.1 – Educação a Distância A EaD (educação a distância) não é mais uma promessa de modelo educacional. Trata-se de uma realidade percebida e que trouxe bons frutos para o cenário da educação nacional. Neste sentido, esta modalidade de ensino caminha para consolidar formas interativas, flexíveis e participativas de educação, que certamente implicam melhores condições do processo de ensino-aprendizagem, qualificando-se para a implantação de ferramentas tecnológicas com alto nível de instrução e aplicabilidade e com capacidade de transformar o aprendizado do aluno em um processo criativo e interativo. Assim, a educação a distância surge como um modelo educacional que pode vir a democratizar a educação, ser empregada em todo e qualquer tipo de curso e se destacar como um ponto de transição (ou ruptura) entre o modelo educacional tradicional e o modelo de educação baseado em tecnologias de informação e comunicação. No Brasil, a EaD ainda é incipiente, porém, temos experiências com elevado nível profissional e criativo. Já estamos partindo para a utilização da telefonia móvel como instrumento de EaD. Esse contexto exige massa crítica e expertise profissional. Necessário se faz que as organizações que queiram atuar em EaD formem equipes multidisciplinares que pesquisem, experimentem, busquem conhecimento técnico e humano para se qualificarem como profissionais que venham a produzir cursos com alto grau de qualidade (SATHLER, JOSGRILBERG E AZEVEDO, 2008). 2.1.2 – A Importância do Tutor no Processo de Educação a Distância Os referenciais de qualidade para cursos a distância que foram criados pelo MEC apontam a importância dos tutores na relação ensino x aprendizagem e nos efeitos que os mesmos trazem para a qualidade nos cursos desta modalidade.


17 Esta importância é ressaltada da seguinte maneira: O corpo de tutores desempenha papel de fundamental importância no processo educacional de cursos superiores a distância e compõem quadro diferenciado, no interior das instituições. O tutor deve ser compreendido como um dos sujeitos que participa ativamente da prática pedagógica. Suas atividades desenvolvidas a distância e/ou presencialmente devem contribuir para o desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem e para o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico. (MEC, 2007)

Neste documento, foram diferenciados os papéis dos tutores presenciais e a distância. Os tutores presenciais são aqueles que atendem aos alunos presencialmente nos pólos de apoio presencial e devem conhecer o projeto pedagógico do curso onde atuam, o material didático e o conteúdo das disciplinas que tutora. Esses conhecimentos básicos têm a finalidade de servirem de base para que o tutor possa ter uma melhor interação com alunos, professores, coordenadores de curso, equipe multidisciplinar e com toda a estrutura funcional da unidade de educação a distância da instituição onde estiver inserido. Já os tutores a distância, inerente ao próprio nome, operam geograficamente distantes de todos os atores do processo pedagógico. Através de tecnologias de informação e comunicação, estes tutores ajudam os alunos a construírem o conhecimento. Tanto os tutores presenciais como os tutores a distância, devem participar ativamente dos processos avaliativos de ensino-aprendizagem junto com o corpo docente. Os referenciais de qualidade para cursos a distância do MEC ainda destacam que “as funções atribuídas a tutores a distância e a tutores presenciais são intercambiáveis em um modelo de educação a distância que privilegie forte mobilidade espacial de seu corpo de tutores.” O texto ainda traz que uma instituição que tenha cursos a distância (e conseqüentemente corpo de tutores), deve possuir programa de capacitação de tutores que deve, no mínimo, ter domínio específico do conteúdo, ser capacitado em mídias de comunicação e conhecer fundamentos da EaD e modelo de tutoria. E é exatamente em cima de um modelo de tutoria que este trabalho será trabalhado. Um modelo de tutoria que busque um situação ótima de interação entre tutores e todos os participantes do processo de ensino x aprendizagem. Preti (1996) apud Litto e Formiga (2009) aponta que o tutor é um dos grandes responsáveis pela efetivação do aprendizado dos alunos em quaisquer tipos de cursos de Ead e deve constantemente orientar, dirigir e supervisionar o processo educacional onde estiver inserido – respeitando a autonomia de aprendizagem de todo o corpo discente.


18 Bentes (2009) apud Litto e Formiga (2009) registra ainda que O tutor, por compreender que o perfil do corpo discente é bem diferente do ensino presencial – formado na maioria por alunos, que precisam de maturidade e determinação no estudo, responsabilidade em seguir cronogramas estabelecidos, além de requere conhecimento nas tecnologias utilizadas – cumpre sua função de mediador nesse processo. Isso requer conhecimento de quem são os alunos, como também quais tecnologias serão empregadas naquela sistemática educativa, preparando-a para facilitar e auxiliar sua compreensão. Dessa maneira, o tutor procurará garantir o aprendizado do aluno e a construção de seu conhecimento de maneira integrada e participativa.

Como visto, nota-se que o tutor sabe lidar com os estilos de aprendizagem de cada aluno, buscar conhecimento sobre as novas tecnologias de informação e comunicação, conhecer sobre técnicas e instrumentos de avaliação, ter competências de pesquisa e inovação, ser criativo, criar uma cultura de interação e estar disponível para intervir no processo de aprendizagem a qualquer instante. Como atividades básicas, o “trabalho” de cada tutor pode variar em modelos de instituição para instituição, mas independente de ser presencial ou a distância, cabe a um tutor, minimamente: Enviar e recebe e-mails sempre tentando dirimir dúvidas ou questionar alunos que não estejam participando do processo de forma efetiva; Responder a perguntas de conteúdo postadas em ambientes virtuais de aprendizagem ou via qualquer outro tipo de tecnologia; Participar de forma efetiva de fóruns de discussão que sejam propostos dentro da disciplina de atuação; Participar de forma efetiva de chats referentes a disciplina de sua tutoria; Pesquisar, publicar e disponibilizar materiais de apoio em comum acordo com a perspectiva pedagógica da disciplina em que atua; Corrigir atividades e tecer comentários de acertos e erros; Publicar informações relevantes aos alunos através de ferramentas como mural, repositório de materiais didático, correio eletrônico ou outra tecnologia inerente ao modelo praticado pela instituição de ensino. Bentes (2009) apud Litto e Formiga (2009) ressalta que além de tudo isso, um tutor deve: Estar familiarizado com as tecnologias de informação e comunicação empregada no seu dia-a-dia; Fazer bom uso das tecnologias, saber explorá-la para beneficiar sua atuação como mediador no processo de ensino-aprendizagem;


19 Ter responsabilidade perante os cronogramas; Ser agente motivador; Ter pleno domínio do conteúdo estudado pelo aluno; Orientar os alunos na busca de conhecimento, na aquisição de novas informações, no estabelecimento de elos entre o que se aprende nos cursos e as experiências vividas; Acompanhar os alunos nas atividades propostas fazendo com que estas tenham um significado real para ele e Dar enfoque à pesquisa como um dos meios de construir conhecimentos e significados, trabalhos em grupo, estudos de casos e outras tantas formas que podem conduzir o aluno a uma aprendizagem mais significativa e contextualizada. Diante de todas as referências consultadas, fica evidente a importância do tutor para o sucesso de um curso na modalidade a distância. Na instituição onde foi realizada esta pesquisa, a gestão da educação a distância aponta que o corpo de tutores representa a espinha dorsal de todo o processo. Sem eles, não haveria situação positiva para a EaD. E é exatamente por este motivo que o enfoque deste trabalho foi direcionado para um modelo de tutoria.

2.1.3 - A figura do tutor dentro do contexto da instituição onde foi realizada a pesquisa Para que exista uma melhor aderência do presente trabalho com os dados que serão discutidos da instituição pesquisada, o autor acha importante que se coloque a visão macro do trabalho dos tutores dentro da organização trabalhada. A equipe de tutoria, formada por tutor-conteúdo e tutor-suporte, é composta por profissionais que atuarão nos encontros presenciais, no ambiente virtual de aprendizagem e no esquema de plantões mediando o processo ensino aprendizagem dos discentes. Para atuarem neste curso, os tutores devem ter formação específica no conteúdo que irão orientar e que apresentem, preferencialmente capacitação em serviço; habilidades no uso do ferramental do Ambiente Virtual de Aprendizagem; adequação da titulação com a formação proposta pelo curso; domínio de técnicas para promoção de interação e para a motivação dos discentes e conhecimento dos pressupostos teóricos que sustentam o projeto pedagógico.


20 2.1.3.1 - Tutor de Conteúdo (quando o número de discentes assim o exigir) O tutor de conteúdo (quando o número de discentes assim o exigir) é o responsável pelo acompanhamento da aprendizagem dos discentes, auxiliando-os a superar dificuldades relativas ao conteúdo específico, sob a orientação direta do professor. Ao tutor de conteúdo, cabe participar dos programas de capacitação e formação de tutores; acompanhar o progresso do discente e do grupo, estimulando-os a participarem das atividades propostas; interagir com o discente, incentivando-o e orientando-o no seu trabalho; apoiar a organização de uma estrutura colaborativa de aprendizagem; auxiliar o discente na sua adaptação ao ambiente educativo; auxiliar na organização de interações síncronas no ambiente virtual, com a participação do professor; propor e organizar discussões síncronas ou assíncronas no ambiente virtual, sob a supervisão do professor responsável por determinado componente curricular; responder as dúvidas do discente ou repassá-las ao professor, para a devida orientação; auxiliar o professor na organização das atividades e avaliações presenciais e delas participar, quando convocado; corrigir as atividades avaliativas do conteúdo, sob a supervisão do professor; providenciar relatórios de acompanhamento dos discentes, durante e ao final do curso, para exame do professor e das

coordenações;

examinar,

juntamente

com

o

professor,

os

relatórios

de

acompanhamento dos discentes no curso e, se necessário, promover os ajustes requeridos e participar dos procedimentos de avaliação e de fechamento do curso. É importante observar que quando o número de discentes (segundo legislação ou regulamentação vigente) não exigir figura do tutor de conteúdo, todas as atribuições de tutor passam a ser de responsabilidade do professor que ministra o conteúdo, passando assim a assumir a figura de professor-tutor e perpassando por todas as funções de tutoria descritas.

2.1.3.2 - Tutor-Suporte (por pólo) O tutor-suporte atuará, sob orientação do coordenador do curso, nas atividades presenciais e a distância. Ao tutor-suporte, cabe participar ativamente dos programas de capacitação e formação de tutores; participar dos encontros presenciais nos pólos; propiciar, juntamente com a coordenação do curso, recursos e assistência personalizada ao discente presencial e/ou a distância e propiciar, juntamente com a coordenação do curso, o acesso dos discentes a todos os recursos disponíveis no pólo em que atuar.


21

2.2 – Conhecimento e Gestão do Conhecimento Neste trabalho, as tipologias que serão utilizadas são trabalhadas no campo da gestão do conhecimento. Portanto, necessário se faz entender um pouco sobre este cenário. 2.2.1 – O conhecimento Quando se discute conhecimento, diversos autores dão sua contribuição sobre conceitos, funcionalidade, finalidades, forma de criação etc. Pelo Aurélio, é o ato ou efeito de conhecer, idéia, noção, informação, notícia, ciência. Prática da vida, experiência. Discernimento, critério, apreciação. Num pensamento mais voltado para o lado das organizações, Stair (2000), o conhecimento é o item que está próximo da ação e é gerado através da seqüência de processamento de dados que gera a informação e esta gera o conhecimento. Este, por sua vez, permite decisões e ações para solução de problemas. Afirma ainda que o conhecimento pode ser avaliado pelas decisões ou tomadas de decisões as quais ele leva. 2.2.2 – Tipos de Conhecimento e Conversões de Conhecimento Takeuchi e Nonaka (2008) apontam que no contexto das definições de conhecimento existem basicamente dois tipos de conhecimento – que são descritos a seguir. O conhecimento tácito que abrange as habilidades desenvolvidas por meio de know-how adquirido mais as percepções, crenças e valores que se tornam como certas e que refletem na imagem de como se vê a realidade, moldando a forma como se percebe e se lida com o mundo O conhecimento explícito que pode ser expresso em palavras e números e facilmente comunicado e compartilhado sob a forma de dados brutos, fórmulas científicas, procedimentos codificados ou princípios universais. Ainda no pensamento dos autores, esses tipos de conhecimentos podem ser convertidos entre eles próprios, ou seja, conversão de conhecimento tácito para tácito, tácito para explícito, explícito para tácito e explícito para explícito. Estas conversões acontecem de quatro formas diferentes descritas abaixo: Socialização – de tácito para tácito. Compartilhar e criar conhecimento tácito através de experiência direta.


22 Externalização – de tácito pra explícito. Articular conhecimento tácito através de diálogo e reflexão. Combinação – de explícito para explícito. Sistematizar e aplicar o conhecimento explícito e a informação. Internalização – de explícito para tácito. Aprender e adquirir novo conhecimento tácito na prática. Todas as quatro formas de criação de conhecimento acima descritas serão aplicáveis a este trabalho juntamente com as técnicas de exploitation, exploration e o modelo de Tarapanoff que será explicado dentro do tópico de gestão de conhecimento a seguir. 2.2.3 – Gestão do Conhecimento Na sociedade atual, onde num contexto econômico a única certeza é a incerteza, uma fonte certa e poderosa de vantagem competitiva sustentável é o conhecimento. Neste cenário de mudanças constantes e repentinas, as organizações de sucesso são as que criam novos conhecimentos de forma constante, disseminam este conhecimento de forma ampla pela organização e o incorporam rapidamente em novas tecnologias, produtos e serviços. Essas situações definam a empresa “criadora de conhecimento”, cujo negócio principal é a inovação constante. A criação do conhecimento não passa somente pelo processamento de dados gerando informações de forma objetiva e rotineira. Depende também da exploração de insights do conhecimento tácito dos colaboradores. Insights estes que, na maioria das vezes, se trata de algo subjetivo tal qual as intuições e os palpites de colaboradores – não menos importantes neste contexto. A empresa criadora do conhecimento necessita tanto de idéias quanto de ideais. Esses itens representam o combustível para a busca constante da inovação. A essência da inovação é recriar o mundo de acordo com uma visão ou um ideal determinado. Criar novos conhecimentos significa, literalmente, recriar a empresa e todos nela em um processo de auto-renovação pessoal e organizacional sem interrupções. Numa empresa criadora de conhecimento, inventar o novo conhecimento não é uma atividade especializada que cabe somente a alguns setores táticos ou estratégicos. Este processo deve ser uma forma de comportamento organizacional, na verdade, uma forma de ser dentro da organização, onde todos os colaboradores podem ser tornar trabalhadores do conhecimento.


23 A criação do conhecimento deve estar no centro da estratégia dos recursos humanos da organização e deve envolver tanto os conhecimentos já existentes, ou seja, a experiência que a empresa possui em seu modelo de negócio quanto o conhecimento criado pensando no futuro da organização, ou seja, inovações pensadas diante das mudanças que a sociedade exige. Nonaka e Takeuchi (2008). Diante da importância deste contexto, não adianta construir o conhecimento se não houver o gerenciamento disso de forma apropriada. Este é o papel da gestão do conhecimento que, conseqüentemente, deve obedecer a todos os preceitos da área de administração, entre outros, planejamento, coordenação, execução e controle. Estamos na sociedade da informação e do conhecimento. Empresas que melhor souberem gerar e administrar seu conhecimento serão aquelas que terão melhor vantagem competitiva e ganharão eficiência e eficácia em seus processos. Gestão do conhecimento não é um modismo e nem um estilo. Passa a ser uma necessidade de sobrevivência no cenário atual

2.2.4 - Um Modelo de Gestão do Conhecimento Existem diversos modelos e formatos para se gerenciar o conhecimento. Neste trabalho, especificamente, será tratado uma adaptação do modelo de Tarapanoff (2001) que é representado em sete etapas sendo: Etapa I – Identificação: consiste em identificar as competências críticas para o sucesso da organização – essas competências devem refletir, apoiar e estar alinhadas o pensamento estratégico da instituição, ou seja, com a missão, valores e visão do negócio. Etapa II – Captura do conhecimento: aquisição de conhecimentos, habilidades e experiências necessárias para criar e manter as competências essenciais da organização. Algumas das fontes de conhecimento são especialistas e profissionais locais, clientes e fornecedores internos e sistemas de gestão; publicações, consultoria, congressos, conferências e seminários. Nota-se aqui que o conhecimento pode ser criado de forma intra-organizacional, extra-organizacional e até mesmo interorganizacional Etapa III – seleção e validação do conhecimento: objetiva-se filtrar o conhecimento, avaliar sua qualidade e sintetizá-lo para aplicação futura. Nem todo conhecimento gerado, recuperado ou desenvolvido deve ser armazenado na organização, somente os que são ou podem vir a ser aplicados. Etapa IV – Organização e armazenagem: busca-se garantir a recuperação rápida, fácil e correta do conhecimento, por meio da utilização de tecnologias de informação e


24 comunicação – sistemas de armazenamento (exemplo: data warehouse). Deve-se analisar “o que armazenar”, ou seja, que conhecimento a organização quer ou deve guardar? De que conhecimento a organização necessita? Que conhecimento pode ser ignorado ou descartado? Qual a melhor forma de recuperar o conhecimento? Etapa V – Compartilhamento - acesso e distribuição: trata-se da difusão do conhecimento a toda a organização. O uso das tecnologias de informação é absolutamente necessário (exemplo: uma intranet). Etapa VI – Aplicação: efetivo uso dos conhecimentos acumulados em situações reais da organização de modo a produzir benefícios concretos: melhoria do desempenho, lançamento de novos produtos, conquista de novos mercados, etc. Etapa VII – Criação de conhecimento: processo que envolve aprendizagem, externalização do conhecimento, lições aprendidas, pensamento criativo, pesquisa, experimentação e inovação. Resumidamente, aquilo que se aplicar dentro da organização, se transforma em “novo” conhecimento. 2.2.5 - Processos para criação do conhecimento – Exploitation e Exploration Segundo Holmqvist (2003) apud Valentin (2009), os processos de exploration e exploitation são fundamentais dentro de um contexto de aprendizagem organizacional, considerando as dimensões interna e externa de uma organização. Basicamente, as técnicas de Exploitation e Exploration tratam respectivamente de explorar oportunidades existentes com o conhecimento que a organização já possui e explorar novas oportunidades através da busca constante por novos conhecimentos e inovação. Crossnan, Lane e White (1999) apud Valentin (2009) complementam este pensamento apontando que exploration representa a absorção de novos conhecimentos num processo também chamado de feed-forward; e exploitation representa a utilização de conhecimentos já aprendidos num processo também chamado de feed-back. Os conceitos de aprendizagem feed-back e feed-forward são definidos por Bontis,Crossan e Hulland (2002) apud Valentin (2009) como: Aprendizagem feed-forward: a capacidade do indivíduo de alimentar a aprendizagem do grupo e a aprendizagem no nível organizacional (por exemplo, mudanças na estrutura, nos sistemas, nos produtos, na estratégia, nos procedimentos, na cultura); e Aprendizagem feed-back: a capacidade e a forma pela qual a aprendizagem inserida na organização (por exemplo, sistemas, estrutura, estratégia) afeta a aprendizagem individual e grupal.


25 Portanto, os fluxos feed-back e feed-forward estão intrinsecamente relacionados às definições de exploitation (conhecimento para aumento da eficiência em prática) e exploration

(conhecimento

para

inovação

e

busca

de

novas

oportunidades)

respectivamente, ou seja, são os processos pelos quais ocorre a transferência do conhecimento do nível individual, para o grupal e para o organizacional e vice-versa, assim promovendo a aprendizagem organizacional Vera e Crossan (2003) apud Valentin (2009). Anan, Mesquita e Vassolo (2009) ressaltam que atividades baseadas em exploitation geralmente visam um mercado baseado em poucas mudanças e que tenha uma realizada com resultados previsíveis. Já as atividades de exploration geralmente visam mercados que busquem oportunidades em ambientes desconhecidos e incertos. No contexto do trabalho ora apresentado, isso implica que o conhecimento criado pelo processo de exploration deve está ligado com criatividade e inovação na solução de problemas baseados em perspectivas, ou seja, em situações prováveis de acontecer. Já para o processo de exploitation, o conhecimento criado baseando-se em conhecimento já existente e num ambiente pouca mudança.

2.2.6 - Equilíbrio entre Exploitation e Exploration No contexto do que se vê no momento, o conhecimento se tornou algo precioso para as pretensões de negócios de quaisquer tipos de organizações diante do mercado onde estão inseridas. Porém, analisando dentro das tipologias de conhecimento criado por Exploitation e Exploration, deve haver equilíbrio entre estes dois processos. Bastos (2009) aponta que o excesso de exploitation, ou seja, uso excessivo somente do conhecimento já existente, pode fazer com que a organização se torne menos competente em situações que busquem inovação e podem também torná-la engessada diante do conhecimento que possui. Já o excesso de exploration pode tornar a empresa confusa e com sobrecarga de informação e conhecimento fazendo com que a organização se perca diante de seu foco. Isso pode fazer com que se tenha um desempenho organizacional sofrível.


26 Choo e Bontis (2002) corroboram o pensamento de Bastos (2009) destacando que um aspecto comum entre exploration e exploitation é a tensão existente entre a preservação do conhecimento e a busca pela inovação e geração de novos conhecimentos. Uma estratégia baseada na preservação enfatiza a codificação do conhecimento explicitando o conhecimento para promover o seu reuso em múltiplos contextos e para facilitar a sua combinação com outros conjuntos de conhecimento. No entanto, os autores advertem que o foco exclusivo na preservação e uso dos estoques de conhecimento e capacidades pode levar a empresa à obsolescência. Por outro lado, a estratégia baseada na exploração enfatiza a criação de conhecimento novo que será aplicado ao desenvolvimento de novos produtos e serviços. O excesso dessa abordagem também tem seus problemas, pois a empresa não tira partido do conhecimento existente. Choo e Bontis (2002).

Ainda nesta linha de pensamento, Choo e Bontis (2002) relatam que apesar da estratégia baseada na preservação do conhecimento (exploitation) trazer resultados mais certos e imediatos, sugerem um equilíbrio entre as duas estratégias , pois a preservação (feed-back - fluxo para o passado) garante maior eficiência e reduz o custo de adaptação e desenvolvimento dos produtos e serviços existentes, enquanto que o processo baseado em exploration (feed-forward – fluxo para o futuro) estimula a inovação mais radical. Para estes autores, a empresa flexível consegue rapidamente alternar o foco entre a preservação e a exploração, adaptando-se assim às mudanças no ambiente. Este cenário apontado por Choo e Bontis (2002) é um pensamento que muito se assemelha ao que se vê em um cenário de EaD, ou seja, campo fértil para inovações e ao mesmo tempo em que existe a preocupação com modelo educacional ainda engessado em determinados aspectos. Desta forma, a busca pelo equilíbrio entre exploitation e exploration se adere de forma perfeita ao cenário da educação a distância e, conseqüentemente, aos modelos de tutorias inerentes a esta modalidade educacional.

2.3 - A instituição de ensino superior base da pesquisa A instituição de ensino, base deste trabalho, é uma organização com 45 anos de atuação na área educacional. Trata-se de um centro universitário com aproximadamente 6000 alunos perpassando por educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, cursos


27 técnicos, cursos superiores e pós-graduação – estes dois últimos tanto na modalidade presencial quanto a distância. Para a modalidade a distância existe uma unidade especial de gestão que atua de forma interdependente em relação as outras unidades (presencial, de pós-graduação e de educação tecnológica). É diante desta unidade que atua o autor do trabalho e é por esta abertura que foi viabilizada a pesquisa-ação participativa juntamente com os tutores da unidade.


28

3. PESQUISA-AÇÃO – RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 O processo de Tutoria na IES pesquisada A seguir são detalhados diversos pontos sobre o modelo antigo e o novo modelo de tutoria criado a partir do modelo de gestão do conhecimento. Junto a isso, teremos as respostas dos tutores comparando os dois modelos e confirmando que a gestão do conhecimento pode trazer melhorias significativas a um modelo de tutoria.

3.1.1 A construção do primeiro processo de tutoria O primeiro modelo de tutoria da instituição de ensino, base da pesquisa, também foi vivenciado pelo autor, que na época (2006 a 2008), chegou a atuar como tutor de conteúdo em cursos de pós-graduação a distância, mas não participou da construção do modelo. Toda a visão a seguir foi construída através da resposta da única questão ao gestor da unidade. No primeiro processo de tutoria, a construção do modelo foi realizada através de conhecimento extra-organização, ou seja, o conhecimento relacionado a área de tutoria já existente fora da IES pesquisada. Isso se deve ao fato que a EaD era incipiente na organização e não existiam pessoas com expertise necessária para a construção de um modelo com situação ótima de trabalho. Desta forma, o modelo foi criado utilizando-se os seguintes conhecimentos: Livros – houve pesquisa em livros nacionais e internacionais sobre como seria um bom modelo de tutoria. À época (2005), não existia ainda um modelo maduro sobre como deveria ser um bom modelo de tutoria em cursos a distância. Diante disso, alguns fragmentos pesquisado, considerados boas iniciativas, deram um esboço inicial do modelo. Benchmarking com IES que já possuíam EaD – através de contatos com instituições de ensino (basicamente públicas) que já possuíam alguma experiência em EaD, foram realizadas visitas para verificar como eram os trabalhos dos tutores. Este conhecimento também serviu como uma das bases do modelo. Contratação de colaboradores com alguma experiência em tutoria – eram raros na época, mas se conseguiu contratar profissionais que tinham alguma experiência em EaD,


29 não importando na época se tinha sido como aluno, como tutor ou professor. O importante era o “contato” com a EaD de alguma forma e que o colaborador não chegasse completamente “cru” em relação a educação a distância. Treinamento das tecnologias de informação e comunicação – houve treinamento de todos os tutores dentro do AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) e de todas as ferramentas inerentes a “sala de aula virtual” utilizada (correio eletrônico, fórum de discussão, correção de atividades, etc.) Trabalho a distância – todos os tutores, sem exceção, trabalhavam em casa com uma carga horária que variava de acordo com o número de alunos que tutoravam. Esta variação da carga horária era de 10 a 40 h. Não existia nenhum tipo de controle sobre o tempo que estes tutores trabalhavam. Tudo era na base da confiança. No começo existiam 18 tutores somente de conteúdo. Apesar da criação de processos de tutoria, não existia, por exemplo, nenhum tipo de documento que apontasse a forma de trabalho (ainda que básica) dos tutores, ou seja, o formato de trabalho dos tutores era passado de forma informal através do processo de socialização em um tipo de treinamento que durava em média quatro horas. A questão do treinamento em relação a cultura organizacional acontecia através do departamento de recursos humanos e acontecia através de uma palestra com cerca de uma hora de duração. Ao analisarmos a resposta sobre a forma de criação do modelo, podemos notar nitidamente a presença dos modelos de exploitation e de alguns dos modelos de conversão do conhecimento (apesar de não ter sido com esta intenção) que vimos nos referenciais teóricos, sendo: Exploitation (interorganizacional) – quando houve a busca de um conhecimento já existente em organizações parcerias ou que abriram suas portas para passar o conhecimento a instituição. Socialização – houve conversão de conhecimento tácito em tácito quando o gestor da unidade procurou outras instituições para saber como era o trabalho de tutoria nestas. Internalização – houve conversão do conhecimento explícito (livros) em tácito (aprendizado) quando houve pesquisas em livros para conhecer modelos de tutoria existentes.

3.1.2 Visão dos tutores do modelo antigo de tutoria Configurando a proximidade da teoria e da prática e como participante ativo do modelo antigo de tutoria, o autor fez os questionamentos aos tutores que vivenciaram este


30 processo inicial. Existe uma unanimidade nas respostas quando se trata da falta de processos padronizados básicos para o trabalho de tutoria. O resumo e principais respostas são descritos a seguir. Tutor 1 – no modelo anterior nada era realizado presencialmente. Não precisava ligar semanalmente para os alunos e o acompanhamento de alunos era feito apenas através dos acessos. Tivemos uma capacitação inicial para o trabalho, mas que não durou nem uma hora. cada tutor fazia seu trabalho individualmente, em casa, conseqüentemente o compartilhamento de conhecimento não acontecia. Apesar de entender que existia falhas de comunicação e de processos, o trabalho como tutora neste modelo antigo trouxe para mim um conhecimento maior de tecnologias, de compreender que é possível a interação dentro de um ambiente virtual. Tutor 2 - O tutor não precisava ficar na instituição para realizar o seu trabalho, ou seja, podia realizá-lo de casa ou qualquer outro lugar. Tinham que dedicar 10 horas semanais. Os trabalhos não eram “padronizados” e a função não era muito clara. Minha capacitação aconteceu em uma “conversa” com o gestor na época e minha força de vontade. Não havia compartilhamento de conhecimento Eram ações isoladas. Cada um fazia da forma que achava melhor. Sobre o que aprendi no modelo antigo, acredito que um pouco de tudo que já vivi em minha vida profissional e um pouco também da pessoal. Por exemplo: já trabalhei como instrutora de informática (professora de escola de informática) e isso me deu base para um “linguajar de instrutora” para auxiliar os alunos em suas dificuldades técnicas; trabalhei como suporte técnico em CPD e isso também me ajudou muito nessas questões; trabalhei como telefonista por um tempo e isso me ajudou no atendimento e no “manuseio” das informações e o modo de “lapidar” essas informações para passar ao “cliente”, minha formação acadêmica também contribuíram muito para o desempenho do meu trabalho. Tutor 3 - Trabalhávamos como tutores de disciplina, não existia a figura do tutor da turma. Dedicávamos 10 horas por disciplina tutorada. O contato com a equipe de professores e com os outros tutores da disciplina era totalmente online. A divisão da turma por tutor era realizada no início do semestre, o professor também entrava nessa divisão. Depois da divisão cada tutor trabalhava com os seus alunos. As mensagens enviadas aos alunos eram compartilhadas entre os tutores para que as informações fossem enviadas a todos. Fazíamos os acessos dos alunos tutorados e as correções das atividades. Sempre antes da correção o professor nos enviava as orientações e nós tutores fechávamos o padrão de mensagens para colocarmos na justificativa da nota, desta forma o trabalho


31 ficava uniforme. O contato era totalmente online. O treinamento que fiz foi através de uma reunião com o gestor. Como eu entrei e outras pessoas já trabalhavam com a tutoria elas me ajudaram muito, me deram todo o suporte. Sobre a questão do compartilhamento, entendo que sim, existia isso entre os tutores, porém sempre on-line. Era muito difícil nos encontrarmos presencialmente. Por último, acredito que a minha formação em Ciência da Computação me ajudou muito no desenvolvimento do trabalho. Acredito que cada pessoa ajuda o desenvolvimento de um trabalho de alguma forma, pois o ser humano é único e por isso nos completamos. Penso que ajudei com a minha praticidade, por ser uma pessoa muito objetiva e prática eu conseguia, por exemplo, decidir logo a divisão da turma por tutor Tutor 4 - A carga horária eram 10h por semana, por tutoria. O trabalho da tutoria era todo realizado em casa, sem nenhum tipo de sistematização das ações, só havia a tutoria de conteúdo ou disciplina, o tutor fazia a correção das atividades e o feed-back do controle de acessos era feito apenas por mensagens, que para mim eram insuficientes, uma vez que os alunos que não acessavam também não liam as mensagens. A constatação destes acessos não geravam dados e não eram comunicados a ninguém. Acredito que era um trabalho mais reativo, pois trabalhávamos acerca das providências e necessidades dos alunos que recebíamos por correio e respondíamos. Os problemas e observações acerca do trabalho de tutoria eram feitos apenas no final do semestre. O tutor não tinha contato com o restante da equipe e o contato com o professor da disciplina era esporádico, apenas em dia de aplicação de provas e reuniões. Não participávamos da construção dos critérios de correção, apenas os recebíamos. O conhecimento sobre a forma de trabalhar me foi passado da seguinte forma: No dia em que me chamaram para trabalhar me mostraram o ambiente, de maneira informal, me disseram que eu deveria ajudar na interação com os alunos, corrigir os trabalhos e verificar acessos. Fui a algumas capacitações de professores (voluntariamente) que me ajudaram a dimensionar meu trabalho. Não havia compartilhamento de conhecimento e o contato com o professor, com outros membros da Unidade de Educação a Distância e com outros tutores era muito pequeno. Apenas quando eu apresentava alguma dúvida, por mensagens de correio, a professora ou o suporte técnico me respondiam. Como experiência para o trabalho de tutoria eu trouxe para a minha prática a experiência como aluna a distância, em Letras e na pós de docência na EaD a distância e também toda a teoria que aprendi nestes cursos. Além disso, trouxe também minha experiência do curso de Comunicação Social, pois sabia quais processos


32 comunicativos deveria instaurar para gerar interação e identificação com o meu públicoalvo, meu alunos. Tutor 5 - A tutoria era feita em casa, não tínhamos horários fixos. Não tínhamos contato com a equipe de tutores nem com os colaboradores da EaD. Os alunos não conseguiam falar conosco tanto por telefone ou presencialmente. A aplicação de prova era muito desorganizada, pois faltavam pessoas na aplicação e alguns eram escalados de forma errada. Nem todos ambientes tinham tutores, só tínhamos tutores de disciplinas. Para meu “treinamento foi simples - fui a Casa de uma tutora INFORMALMENTE e ela me passou como era feito o trabalho, também foi dado um CD onde mostrava o funcionamento do ambiente. O compartilhamento de conhecimento era bem vago e pouco, era feito por email dentro do ambiente. Trouxe como conhecimento, o curso de DI feito na UNIFEI. As aulas de informática,que ministrava me ajudou com o conhecimento tecnológico. Não tinha experiência como tutor na EaD só como aluno . O conhecimento de tutoria adquiri ao longo do processo. Tutor 6 - No modelo anterior de tutoria, trabalhávamos totalmente a distância. Não havia contato entre a equipe de tutores, professores, coordenadores, o que dificultava a comunicação e acesso às informações... e isto causava desconforto e acabava prejudicando o resultado final dos trabalhos dentro do ambiente. Não havia padronização de tarefas e cada tutor criava seu próprio “esquema” de trabalho. O que dava a impressão de desorganização, já que cada tutor aplicava sua própria forma de trabalho e assim as informações e falas, nem sempre batiam. O conhecimento para o trabalho de tutoria foi passado de maneira informal, no ato da contratação com o gestor da EaD . Como eu já conhecia o ambiente de trabalho, foi falado de algumas ações que deveriam ser cumpridas. O compartilhamento de conhecimento também era realizada de forma informal, através dos contatos entre os tutores que dividiam as tutorias no ambiente e buscavam se organizar para melhorar o atendimento aos alunos... Não haviam regras, padronizações e rotinas de trabalho. Sobre o conhecimento que trouxe, quando fui contratada para a função, já cursava a Docência para Educação à Distância aqui no instituição e também o curso de Design Instrucional para EaD da UNIFEI, o que me proporcionou exercer a função de tutora com certa segurança e tranqüilidade. Estas foram as primeiras e únicas experiências vivenciadas com a modalidade a distancia até então. Tutor 7 - Eu tive somente três meses de tutoria do modelo anterior. Neste modelo, os tutores trabalhavam em casa e acompanhavam os alunos em disciplinas específicas (no meu caso, foi somente Introdução ao Pensamento Científico). Os tutores tiravam dúvidas


33 dos alunos e auxiliavam o professor na correção em um período que, teoricamente, eram de 10 horas semanais. Acredito que, trabalhando em casa, com todos os afazeres (e ainda a geladeira cheia de coisas para comer, televisão, e por aí vai) mesmo que dediquemos as 10 horas elas não valem por 10. Claro que depende da pessoa, mas a concentração para mim foi difícil. Com relação ao acompanhamento da assiduidade dos alunos, fazíamos o contato com ele por correio. Quando entrei, o semestre letivo já havia começado e, então, vim até o Unis para que me apresentassem o ambiente. Em uma meia hora conheci o ambiente. Depois de algum tempo houve também uma reunião entre os tutores e a supervisão para discutir o plano de trabalho do tutor. Sobre a compartilhamento de conhecimento, pra falar verdade, minha comunicação com os colegas ocorria em momentos de socorro, principalmente com a tutora que também acompanhava a minha disciplina. Ela me ajudou muito na parte técnica. Como não havia muita comunicação dentro do ambiente, acredito que o compartilhamento de conhecimento ficou prejudicado. Eu também não cheguei a conhecer a professora que eu ajudava. Sobre o conhecimento que trouxe, nesta tutoria, acredito que a parte teórica mesmo. Como eu tinha feito Iniciação Científica por dois anos, já estava acostumada a fazer relatórios e seguir uma metodologia. Acredito que a parte técnica também me ajudou. Não sou uma expert em computador, mas acredito que outra pessoa que não tivesse certas noções de computador, de internet, teria uma dificuldade maior em se adaptar ao trabalho.

Tabela 1 - resumo sobre os apontamentos dos tutores sobre o modelo antigo de tutoria da instituição Visão sobre o modelo anterior

Não havia modelo padrão sobre forma de trabalho Tutoria somente de conteúdo Tutoria somente a distância Falhas de comunicação e processos informais Faltava informações para controle Cada tutor criava seu próprio esquema de trabalho

Fonte: criado pelo autor

Como foi realizada a transmissão do conhecimento para o início do trabalho Não existia treinamento ou capacitação para os tutores iniciantes Construia-se o conhecimento necessário com a própria prática diária

Sobre o compartilhamento do conhecimento Não havia processo de compartilhamento – exceto por iniciativas próprias

Conhecimento pessoal trazido para o modelo

Participação em cursos de EaD, como alunos Professores de informática A própria formação


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3.1.3 O novo modelo de tutoria A visão do novo modelo de tutoria, foi feita tendo como base mudanças na área de EaD no Brasil sendo que as principais situações que são inerentes a este trabalho foram o surgimento dos referenciais de qualidade para cursos a distância do MEC, a grande divergência de modelos e submodelos de educação a distância, os diferentes tipos de tutoria (presencial, a distância, de turma, de conteúdo), a visão de tendências na área de Educação a distância e a própria necessidade de mudança diante de um modelo sem formato claramente definido. Uma das primeiras decisões tomadas, foi ter todos os tutores na base (na instituição) independente de serem a distância ou presenciais e transformar todos em tutores integrais – 40 h. A falta de controle sobre as horas trabalhadas dos tutores dentro dos ambientes era notória. Apesar de não ser o foco do trabalho, é importante ressaltar que sob o ponto de vista gerencial, o fato de colocar todos os tutores baseados na instituição, fez com que a organização enxugasse o corpo de tutores ao mesmo tempo em que melhorasse a remuneração e aumentasse a eficiência e eficácia de todo o processo. Este processo trouxe ainda uma economia de 30% em relação aos custos praticados anteriormente com o trabalho de tutores. Voltando a construção do novo modelo, a coordenação dos trabalhos ficou a cargo do autor deste trabalho. Daí, mais uma vez, a justificativa da metodologia da pesquisa-ação participativa. No processo de construção, muitos estudos foram realizados de forma sistematizada com a participação de todos os tutores. Neste contexto é que foram aplicadas as etapas da pesquisa-ação e todas as ferramentas de gestão do conhecimento – processos descritos a seguir.

3.2 Processo de pesquisa-ação O processo de pesquisa-ação envolve as etapas de planejamento, ação, descrição dos efeitos da ação e avaliação dos resultados. Para a construção do modelo, cada uma das etapas da pesquisa-ação foi feita da seguinte forma foi construída com aderência ao modelo de gestão do conhecimento criado por Tarapanoff (2001). Desta forma, vale descrever que todas as ferramentas envolvidas


35 neste trabalho funcionaram como engrenagens na construção do modelo. Um resumo pode ser visto na tabela resumo das ferramentas utilizadas no trabalho.

Tabela 2 - resumo das ferramentas utilizadas no trabalho Pesquisa-ação

Planejar

Agir

Descrever efeitos Avaliar resultados

Modelo Tarapanoff (2001)

Conversão do Conhecimento Takeuchi e Nonaka (2009)

Identificação de necessidade de conhecimento Captura do conhecimento Seleção e validação Organização e Armazenagem Compartilhamento do conhecimento Aplicação Criação do Conhecimento

Exploitation

Exploration

Todas as formas

Sim

Sim

Todas as formas

Sim

Sim

Todas as formas Todas as formas

Sim Sim

Não Sim

Fonte: Criado pelo autor Dentro do trabalho realizado, a pesquisa-ação ajudou na construção do modelo de tutoria de forma que o processo cíclico da metodologia aplicada continua existindo para uma busca constante de inovação e, conseqüentemente, de melhorias no modelo de tutoria. O modelo de gestão do conhecimento de Tarapanoff (2001) ajudou a gerenciar o processo de criação do modelo de tutoria através das fases detalhadas que representam a base do modelo. Para cada fase houve acompanhamento e controle dos resultados, sempre de forma descritiva junto aos tutores e à equipe da educação a distância da instituição base do trabalho. Os modelos de conversão do conhecimento foram observados em todas as etapas do trabalho e contribuíram de forma significativa. A socialização existiu sempre quando houve conversas informais entre os membros da equipe de tutores, professores, etc., além de conversas com pessoas e profissionais externos à instituição e participação em eventos da área. Da socialização surgiram informações importantes para a construção do modelo de tutoria e, obviamente, na construção do “novo” conhecimento.


36 A externalização sempre existiu quando foram criados os documentos do projeto, tais como o próprio planejamento, as descrições das etapas, a construção dos manuais e até mesmo as atas de reuniões relativas ao projeto. Já a combinação existiu quando os documentos geraram novos documentos. Exemplos disso foram os documentos e mensagens trocados via e-mail, os documentos gerados de modelos de documentos ou mesmo processos de benchmarking impressos e assim por diante. Por último, a conversão através de internalização existiu quando houve a construção do conhecimento através da apreensão, pelos tutores, do modelo que foi criado. Importante ressaltar que os modelos de conversão também são importantes para a continuidade da inovação no modelo construído. Com relação a visão do tipo de conhecimento a ser utilizado no novo modelo, os conceitos de exploration e exploitation contribuíram de forma fundamental, uma vez que o conhecimento do “passado” (exploration), permitiu não refutar informações sobre o que funcionava ou não em relação a determinado modelo de tutoria. Por outro lado, o conceito exploitation, permitiu uma visão de futuro em relação a construção do modelo de tutoria sem ter um pensamento pacífico para o processo, ou seja, o modelo foi construído tendo também uma linha de pensamento nas tendências e perspectivas relacionadas à área de EaD.

3.2.1 Utilizando o modelo de Tarapanoff (2001) adaptado O modelo de gestão do conhecimento criado por Tarapanoff (2001) foi criado na intenção de se gerenciar o conhecimento de toda a organização e não somente de um setor específico. Daí a necessidade de se trabalhar o modelo de forma adaptada. Importante ressaltar que nas fases apresentadas a seguir, todas as formas de conversão do conhecimento foram trabalhadas, ou seja, socialização, externalização, combinação e internalização. Sendo assim, a construção seguiu os passos a seguir: 1 – Identificação: Fase onde foram identificadas as competências críticas para o sucesso do novo modelo de tutoria. Além das competências, foram identificadas habilidades, necessidade de capacitações e de recursos para que o processo fosse minimamente o que as tendências da área apontavam e até mesmo exigiam – como no caso dos referenciais de qualidade do MEC. As competências levantadas, juntamente com a gestão da unidade e a participação de todos os tutores, levou em consideração o posicionamento estratégico da organização (a missão, valores e visão do “negócio”). Na


37 identificação das competências necessárias, fez-se necessária a utilização do conhecimento com foco no passado (exploitation) visto que se deveria ter uma visão crítica sobre o modelo até então aplicado. 2 – Captura: nesta fase foi realizada a aquisição de conhecimentos, habilidades e experiências necessárias para criar e manter as competências essenciais da organização. As ferramentas de exploitation e exploration foram fundamentais nesta fase pois tanto o conhecimento do modelo anterior quanto as visões para perspectivas da área de EaD foram exaustivamente trabalhadas neste contexto.

Usando Exploitation na construção do novo modelo Obviamente, todo o conhecimento que foi criado no primeiro modelo não poderia se refutado na construção do novo modelo de tutoria. Para isso, todos os processos de trabalho dentro dos ambientes virtuais de aprendizagem e todas as propostas de interação na relações dos tutores com alunos, professores e coordenadores de curso foram mantidas, ou melhor, melhoradas com inovação diante do processo de exploration. No processo de exploitation, houve diversas reuniões com os tutores onde os mesmos apontaram o que tinha de mais positivo na condução dos trabalhos no modelo antigo e foi criado um quadro de atividades com uma linha básica de passos cumpridos em cada uma destas atividades. Portanto, no modelo de exploitation, os únicos conhecimentos mantidos foram fragmentos apontados como positivos e que foram construídos de forma isolada por cada tutor participante do processo.

Usando Exploration Para o uso da metodologia exploration foi necessário uma visão do cenário de Ead de forma mais expandida. Desta forma, tudo o que poderia ser visto como situação de risco (fechamento de pólos por não cumprir o mínimo necessário do ponto de vista de tutores, por exemplo) ou tendências da área, passaram a ser considerados para a implementação de mudanças. Desta forma, foram identificados conhecimentos necessários para atender a estes aspectos. Assim, para o novo modelo, os seguintes conhecimentos deveriam ser criados: Conhecimento ligados a todos os tipos de tutores (de conteúdo, de turma, de pólo, presencial, a distância, de animação) referenciados pelo MEC ou mesmo em outras organizações que tivessem vantagem competitiva com outros tipos de tutoria;


38 Conhecimentos de tecnologias que apontavam ser tendências de curto prazo e que poderiam trazer benefícios para os tutores (busca pelo conhecimento e compartilhamento do mesmo referente a itens como, por exemplo, softwares de webconferência que poderiam ser utilizados pelos tutores e professores na interação com alunos) e Conhecimento de forma a trabalhar redes sociais que apontavam ser tendência fora do contexto da ferramentas básicas utilizadas (AVA, editores de textos, planilhas, sites, etc.) Busca pelo conhecimento participando em eventos da área de Ead e, com isso, passando a estar mais interado com a área de Ead e com modelos de tutoria de uma forma geral. 3 – seleção e validação: Nesta fase, como o objetivo é filtrar o conhecimento, avaliar sua qualidade e sintetizá-lo para aplicação futura, buscou-se efetivamente tentar fazer isso já durante o processo de criação (ou busca) do conhecimento, ou seja, tentou-se ao máximo buscar o que era realmente necessário para evitar sobrecarga de informação/conhecimento e trabalho muito grande de validação. Foi nesta fase que o formato do novo modelo ganhou corpo com os conhecimentos adquiridos na fase anterior. Assim, o seguintes itens foram criados: Processos de rotina – foram mapeados e criados os processos básicos da rotina de trabalho dos vários tipos de tutoria (de pólo, de turma, de conteúdo, presencial e a distância) em aspectos relativos também a periodicidade (diária, semanal, mensal, antes de encontro, pós-encontro, início e fim de semestre, etc.) Manual básico de tutoria – foi criado um manual básico de conduta da tutoria diante de sua rotina de trabalho, conhecimentos que deve procurar, et. Blog Super tutores – por iniciativa dos próprios tutores, eles criaram um blog onde compartilham experiências com tutores de outras instituições. Os mesmos também mantém cadastro na ANATED – Associação nacional de Tutores de ensino a distância. Ambiente virtual de tutores – Foi criado um ambiente virtual para que os tutores possam trocar informações e ter um repositório de arquivos de forma constante. Este compartilhamento de conhecimento pode ser feito através das próprias ferramentas do ambiente virtual de aprendizagem. Arquivo de soluções – o arquivo de problemas é uma versão mais interessante das FAQs (perguntas mais freqüentes). Na realidade, eles descrevem de forma detalhada todas


39 os problemas que fogem da rotina de trabalho e as soluções empenhadas em cada uma das situações. Encontrando problemas iguais, recorrem ao arquivo de soluções. Capacitação continuada – Passaram a ter uma capacitação continuada que acontece duas vezes por semestre sempre com a participação de colaboradores internos e externos. Nestas capacitações são tratados assuntos inerentes ao papel da tutoria sob o ponto de vista pedagógico, administrativo, de relacionamento, de organização, etc. Projeto Inove - A primeira meia hora do dia, o tutor tem direito a leitura e estudo sobre quaisquer itens que queira desde que tenha relação com o trabalho que executa. A última meia hora do dia, o tutor faz um apanhado do dia e aponta problemas encontrados (no arquivo de problemas), se foram ou não solucionados, problemas de interação com alunos, professores ou coordenadores, sugestões para situações encontradas ou qualquer outros itens incomuns ao seu processo de trabalho. No final de cada semana, na última hora do expediente, é feita uma reunião entre todos os tutores e a supervisão de tutoria onde são apontadas todas as situações relevantes que foram encontradas nos estudos (primeira meia hora) e análises (da última meia hora). Esta processo gera a busca de inovação constante no trabalho de tutoria e estabelece atividades que despertam a criatividade do corpo de tutores para melhorar continuamente. Vale ressaltar que diante deste processo simples, diversos processos foram alterados e novas ferramentas de trabalho foram implementadas dentro do trabalho dos tutores e até mesmo de professores e coordenadores de curso. O arquivo de problemas é um exemplo disso e a implementação de um sistema de gerenciamento de relacionamento com os alunos (baseado num modelo CRM – Gerenciamento de relacionamento com clientes) são exemplos disso. Foram processos disparados a partir de análises dos tutores e socialização do conhecimento com professores e coordenadores de curso. Arquivos de modelos de mensagens – são mensagens criadas de forma padronizadas (mas que podem ser alteradas da forma que o tutor quiser) que facilitam o processo de interação com os alunos; Criação de documentos de controle – foram criados diversos documentos de controle que facilitam o trabalho dos tutores em suas atividades de interação. Entre estes, destaca-se o diário do aluno (onde são colocados apontamentos sobre acesso, atividades, contatos, etc.). Este está sendo substituído por um modelo de gerenciamento de relacionamento – muito parecido com softwares de gerenciamento de relacionamento com clientes (CRM).


40 4 – Organização e armazenagem: nesta etapa, a finalidade é garantir a recuperação rápida, fácil e correta do conhecimento quando da necessidade do mesmo. Para isso, todos os arquivos criados e todos os dados inseridos podem ser facilmente recuperados através da intranet da instituição e do próprio ambiente virtual de aprendizagem que foi criado para os tutores. 5 – Compartilhamento – Através do programa Inove (descrito anteriormente), existe um processo eficiente, eficaz e sustentável de compartilhamento do conhecimento entre os tutores. Além do fato de estarem trabalhando frente a frente hoje em dia, ainda podem usar de forma inteligente as tecnologias de informação e comunicação disponíveis. 6 – Aplicação: Diante de todas as etapas criadas anteriormente, todos os conhecimentos criados são efetivamente aplicados de forma continua e num processo cíclico de planejar, agir, descrever efeitos e avaliar resultados (pesquisa-ação). Desta forma, o que aponta o modelo de Tarapanoff (2001) é assegurado, ou seja, o uso dos conhecimentos acumulados em situações reais da organização conseguem produzir benefícios concretos como a melhoria do desempenho, inovação em processos, etc. 7 – Criação de conhecimento: Esta é a fase que envolve especificamente a avaliação dos resultados, e o surgimento da inovação, ou seja, com a aplicação do conhecimento, cria-se um novo conhecimento e com a experiência adquirida, pode-se socializar, combinar conhecimento, externalizar e internalizar o mesmo de forma a desenvolver o pensamento criativo através da pesquisa e experimentação buscando a inovação.


41

3.3 Análise do novo modelo de tutoria - Visão dos tutores Para entender a visão dos tutores, foi enviado um questionário com cada tutor e as respostas mais representativas são colocadas na tabela resumo a seguir

Tabela 3 - resumo com os questionamentos sobre o novo modelo Diferenciais do novo modelo

Como ajudaram na construção do novo modelo

O que foi pesquisado para a construção do novo modelo

Conhecimento construído e o que foi inovado

Como buscam inovação dentro do novo modelo

Como compartilham conhecimento

Todos presenciais e 40 h Acompanhament o mais preciso do aluno Tutor troca de disciplinas dentro de sua área – ganho de conhecimento e produtividade Trabalho em um mesmo espaço físico Tempo máximo de respostas – 24 h Tutor é mais atuante e tem mais autonomia Novas Tecnologias implementadas Mais interação com todos os participantes do processo Existe atendimento das 7 as 22 h Padronização de informações e forma de comunicação

Muita discussão Idéias em sessões de brainstorming Com o conhecimento do primeiro modelo Levantamento de problemas e dificuldades e possíveis soluções

fusão de experiências e conhecimentos adquiridos nas mais diversas formas (livros, cursos diversos, encontros)

Programa Inove Processos padronizados Manual de tutoria Enriquecimento profissional e pessoal Sistematização das ações Transformação da dinâmica e da postura do aluno frente a EaD O trabalho em Equipe A relação com o aluno A organização do ambiente em geral, As disciplinas onde existe tutor de conteúdo ficaram mais ativas Aperfeiçoament o das interações com todos os participantes do processo

Capacitações e discussões entre os próprios tutores Cursos Palestras Leitura Vídeos Site da Anated

De forma presencial e através de TICs – e o tempo todo Reuniões formais e informais Bate-papo durante café

Fonte: Criado pelo autor


42 3.3.1 Analisando a tabela anterior em relação aos conceitos estudados

Baseando-se na construção do conhecimento de forma planejada, os diferenciais que o novo modelo de tutoria trouxe, permitiu uma formato padronizado e organizado sem no entanto deixar de ser flexível. Neste sentido, os principais apontamentos feitos pelos tutores como diferenciais do novo modelo tiveram como base diversas reuniões onde foram discutidos formatos que deveriam ser seguidos por todos em relação as rotinas de trabalho. É claro neste contexto os conceitos de exploration e exploitation, ou seja, visão do passado e pensamento para o futuro com o pensamento da construção do novo modelo. Dentro do modelo de Tarapanoff(2001), o que se observa nestes diferenciais, foram identificados na primeira fase do modelo. E a fase dois do modelo de Tarapanoff(2001), de busca pelo conhecimento, foi o que disparou o processo para se buscar o conhecimento e, após aplicado, trazer estes diferenciais, ou seja, os diferenciais, são a inovação neste contexto e o conhecimento transformado em conhecimento. Desta forma, foi notória a participação dos tutores com suas idéias, com pesquisas em outras instituições, participações em eventos de tutoria , leitura de livros, entre outras fontes. Construiu-se o conhecimento baseando-se em conhecimento já existente e em levantamento de necessidades e soluções de problemas reais que foram identificados pelos tutores. Assim, capturou-se o conhecimento necessário para a construção do novo modelo, selecionou-se o que era necessário e validou-se, de forma prática, aquilo que se encaixaria no processo de EaD da instituição base. Buscando-se o conhecimento, era hora portanto de se “usar” este conhecimento. Assim, tudo o que foi apontado como necessário em termos de conhecimento, passou-se a utilizar no cotidiano. Ressaltando que este processo se encaixa com as fases quatro e cinco do modelo de Tarapanoff (2001) onde o conhecimento era armazenado e compartilhado em bases de conhecimento (site, portal, pastas compartilhadas da rede de comunicação interna) que foram criadas especificamente para este fim. Tais bases foram os manuais criados que indicavam a sistematização de padrões de atividades da tutoria. Da mesma forma, o conhecimento continuava (e continua) a ser reciclado dentro da prática do novo modelo, pois os tutores também criaram diversos mecanismos baseados em tecnologias de informação e comunicação que refinava o modelo a todo instante. Sendo exemplos disso os itens que foram criados pelos tutores tais como o Blog de tutores e o Programa Inove.


43 E a continuidade de todo este processo de busca constante pela inovação tem como princípio fundamental que seja feita também a busca constante pelo conhecimento. E neste quesito, os tutores sabem de suas responsabilidades em manter contínuo este processo. Desta forma estes últimos processos fecham o modelo de Tarapanoff(2001) com relação as fases seis e sete de aplicação e criação do conhecimento respectivamente. Será descrito mais adiante neste capítulo, mas já é importante ressaltar que todos os modelos de conversão do conhecimento citados por Takeuci e Nonaka (2009) foram utilizados em todas as fases da implementação do modelo. Sob a visão do autor do trabalho, o novo modelo trouxe, na realidade, o que o próprio nome aponta: um “novo” modelo. Do antigo, realmente se trouxe a experiência de tutorar dentro dos ambientes, mas nada era organizado, cada um fazia do seu jeito, existiam falhas de comunicação, diferentes formas de atuação e existiam informações contraditórias. O novo modelo praticamente extinguiu estas falhas e fez com que o processo de tutoria fosse revitalizado diante de uma situação que se encontrava praticamente insustentável. Novas tecnologias foram implementadas, processos foram mapeados e colocados como rotinas de trabalho, foram criados mecanismos de controle, etc. Tudo isso, como apontado anteriormente, não só aumentou a eficiência como a eficácia do processo de tutoria dentro da instituição.


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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho procurou traduzir de que forma ferramentas de gestão do conhecimento podem ser incorporadas em um modelo de tutoria de educação a distância. Em função disso, foi realizada a construção de um modelo de tutoria em um instituição de ensino superior credenciada para a modalidade a distância. Ressalta-se que o objetivo principal deste trabalho era construir um modelo de tutoria para educação a distância através de uma pesquisa-ação e de ferramentas de gestão do conhecimento. Portanto, conforme visto na discussão do trabalho, tal objetivo foi atingido segundo os próprios usuários do novo modelo, ou seja, os próprios tutores. É certo que não se pode considerar como uma gestão do conhecimento de forma completa uma vez que só se trabalhou somente com um setor (de tutores) dentro de uma unidade de gestão - a de educação a distância, mas não existe teoria que aponte que estas ferramentas só possam ser utilizadas num contexto organizacional completo. Assim, o modelo é válido para o cenário apresentado no trabalho uma vez que trouxe resultados positivos para o trabalho dos tutores dentro da instituição pesquisada. O novo modelo de tutoria buscou atender as tendências da área de educação a distância sempre com visão holística do processo de tutoria, analisando e considerando possíveis conseqüências e valores agregados trazidos pelo processo de inovação. Nada foi implementado sem um minucioso planejamento, assim como nenhuma ação foi realizada sem a visão do que foi planejado. E tudo que foi realizado foi monitorado, descrito e avaliado. A visão da pesquisa-ação ajudou neste contexto. O referencial teórico pesquisado trouxe uma base sólida para todas as etapas do trabalho apresentado e, consequentemente, para os resultados conquistados e a discussão dos mesmos. A pesquisa-ação, tendo como base o pensamento de Tripp (2005), permitiu a construção de um ciclo da prática do modelo de tutoria em constante evolução e busca por inovação. Tal modelo é hoje mais maduro que na época em que foi criado graças a este ciclo de busca constante pela inovação. Desta forma, é nítido que as ações dos tutores passa pelo planejamento, por ações em cima do que foi planejado, por monitoramento do que foi executado e pela avaliação dos resultados, ou seja, além de servir como base


45 metodológica para este trabalho, o ciclo da pesquisa-ação continua como base para a construção do conhecimento e implementação de inovações. O modelo de gestão do conhecimento de Tarpanoff(2001) contribuiu em relação a organização das idéias, das informações, na busca pelos conhecimentos necessários aos trabalhos dos tutores e a aplicação do mesmo gerando a inovação. O modelo de Tarapanoff, assim como na metodologia da pesquisa-ação, não é estático. Pelo contrário, a partir da implementação, torna-se cíclico em relação a identificação das necessidades de conhecimento, busca, seleção, validação, armazenamento, compartilhamento, aplicação e construção de novos conhecimentos. O modelo de gestão do conhecimento aplicado, também se tornou cíclico dentro dos trabalhos dos tutores. Os modelos de conversão de conhecimento baseados no pensamento de Takeuchi e Nonaka (2009) foram utilizados em todo o processo, bem como a visão de futuro diante de situações de risco ou perspectivas (usando exploration) e as experiências, vivências e conhecimentos do passado no modelo de tutoria que era até então utilizado (usando exploitation). Por fim, o sucesso apontado pelos tutores, não teria acontecido sem a participação incondicional de todos. Nenhuma ferramenta de gestão do conhecimento e nenhum tipo de metodologia teria funcionado sem a visão, o conhecimento, a interação, a dedicação e o empenho dos tutores envolvidos. Todos, sem exceção, abraçaram a causa de se construir um novo modelo e se jogaram de corpo e alma dentro do processo criativo. Este trabalho serviu como um exemplo a este autor para demonstrar que “tudo” que existe em termos de conhecimento, se transforma em “nada” se não há integração e participação do ser humano. E é exatamente neste contexto que surge uma sugestão para trabalhos futuros que seria uma pesquisa da influência do fator humano em um trabalho como este. Algo como pesquisar sobre a importância do trabalho em equipe ou mesmo das lideranças envolvidas no projeto. Uma outra situação para trabalhos futuros seria a construção de um modelo completo de EaD dentro da metodologia utilizada neste trabalho, ou seja, modelo de tutoria, modelo de ensino-aprendizagem na relação de professores e alunos, modelo de interação em um ambiente virtual de aprendizagem e assim por diante. Assim, tenta-se não colocar este trabalho como uma forma pacífica de pensamento, mas sim como uma provocação de que a gestão do conhecimento possa ser utilizada como referência para que a inovação seja uma constante em qualquer tipo de atividade.


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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANAND, J., MESQUITA, Luiz F., VASSOLO, Roberto S. The Dynamics of Multimarket Competition in Exploration and Exploitation Activities. Academy of Management Journal, Vol. 52, No. 4, 802–821. 2009. BASTOS, Marcelo. Twitter: consuma com moderação. Disponível em http://br.hsmglobal.com/editorias/twitter-consuma-com-moderacao. Acessado em 20 de outubro de 2010. CHOO, C.W., BONTIS, N. The Strategic Management of Intellectual Capital and Organizational Knowledge, New York: Oxford University Press. 2002 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. São Paulo: J.E.M.M. Editores Ltda., 1988. LITTO, Fredric M., FORMIGA, Marcos.Org. Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO – SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. Referenciais de qualidade para educação superior a distância. Brasília. Agosto de 2007. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas, Organização e Métodos. São Paulo, Ed Atlas, 4ª ed, 1992. SATHLER, Luciano, JOSGRILBERG, Fábio, AZEVEDO, Adriana Barroso de. Educação a distância – uma trajetória colaborativa. São Paulo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. 167 p. TAKEUCHI, H.; NONAKA, I.. Gestão do Conhecimento. Trad. Ana Thorell. Bookman: Porto Alegre. 2008. 320 p. TARAPANOFF, K. Inteligência Organizacional e competitiva. Brasília/DF: Editora Universidade de Brasília, 2001. TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Universidade de Murdoch. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005. VALENTIN, Silvia Almeida de. Aprendizagem como estoques e fluxos de conhecimento em organizações que integram redes de informação e conhecimento científico em saúde. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 2009.


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