TEORIZANDO O CANGAÇO: O “REI LAMPIÃO” E A QUESTÃO DO BANDITISMO SOCIAL.

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Sérgio Ricardo da Mata, Helena Miranda Mollo e Flávia Florentino Varella (orgs.). Anais do 3º. Seminário Nacional de História da Historiografia: aprender com a história? Ouro Preto: Edufop, 2009. ISBN: 978-85-288-0061-6

TEORIZANDO O CANGAÇO: O “REI LAMPIÃO” E A QUESTÃO DO BANDITISMO SOCIAL Wescley Rodrigues Dutra* O bandido assim como o herói se fazem cada vez mais presentes no cotidiano dos indivíduos. Muitos desses passam de uma existência real para uma ficcional – ou vice-versa - já que subjetivamente os sujeitos vão atribuindo a esses toda uma gama de narrativas e sobre essas suas “histórias reais” são criadas narrativas exóticas, heróicas, covardes, misteriosas, tentando assim, legitimar o lado bom ou mal do bandido, o heróico ou o cruel. Fato é que o herói e o bandido são faces de uma mesma moeda e a maior parte deles são admirados no Ocidente. Quem nos seus tempos de criança não se viu encantado ou boquiaberto assistindo no cinema ou na televisão aqueles filmes de faroeste americano, onde os trajes típicos dos “mal-feitores” e do Xerife fascinavam em meio aquele ambiente desértico? A ousadia dos assaltos, o linguajar típico, os constantes roubos de comboios e de “mocinhas inocentes” nos deixavam atônitos nas poltronas, enquanto na tela entre tiros - às vezes certeiros outros não – aqueles “camaradas” que roubavam por longo tempo nossa atenção iam embora montados nos seus cavalos deixando para trás somente a poeira que levantava quando eles rompiam rapidamente os caminhos íngremes. Bestificados ficávamos admirando aqueles “fora-da-lei” e no nosso cotidiano íamos gradativamente alimentando esta admiração sem sabermos o porquê, muitas vezes querendo transportar das telas uma figura fictícia para a vida real, quem sabe para que eles pudessem vir a fazer a justiça que tanto almejamos. Mas nem só de figuras do cinema Hollywoodiano vive o homem! A maior parte das vezes a ficção parte da vida real, de sujeitos que viveram em uma temporalidade específica, bandidos que no seu tempo foram amados e odiados ao extremo. Muitos se tornaram posteriormente mitos, servindo de exemplo de luta para aqueles que querem ver uma sociedade melhor e contestam a força despótica do Estado, *

Wescley Rodrigues Dutra: Graduado em História pela Universidade Federal de Campina Grande, Especialista em Geopolítica e História e Mestrando em História e Cultura Histórica pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba. Bolsista da CAPES.

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