Simplesmente JUDÔ #16

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EDITORIAL A Simplesmente JUDÔ número 16 compilou o judô na Paralimpíada Tóquio 2020. Novamente contamos com os competentes corresponden­ tes da FIJ e da Assessoria de Im­ prensa da CBJ e também da IBSA, Confederação Paralímpica do Brasi (CPB)l e Confederação Brasileira de Deficientes Visuais (CBDV), oportu­ nizando o registro histórico desta competição que, assim como a Olimpíada, foi sensacional. Nas próximas páginas descreve­ mos os detalhes da competição, com destaque ao judô verde e ama­ relo que conquistou três medalhas e que ajudou o Brasil a bater seu re­

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corde em conquistas de medalhas em Paralimpíada. Registramos aqui os créditos das fotos à IBSA e CPB, que permitiu que ilustrássemos a revista com qualidade e beleza. A capa dessa edição homena­ geia o competente judoca David Moura, judoca que mantém o legado deixado pelo seu pai Fenelon Oscar Muller. Nossa missão na revista Sim­ plesmente JUDÔ sempre será trazer informações sobre a modalidade on­ de quer que esteja acontecendo e dentro de nossas possibilidades. Simples assim. Boa leitura.


Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 teve início em 24 de agosto e encerrou em 5 de setembro. A cerimô­ nia de abertura foi realizada no Estádio Nacional do Japão. Nas próximas páginas vamos apresentar tudo o que aconteceu no judô, mas aqui vamos apresentar algumas curiosidades sobre a delegação brasileira na Paralimpíada de Tóquio 2020.

Número de atletas da delegação do Brasil A delegação brasileira foi composta por 259 atletas (incluindo atletas­guia, calheiros, goleiros e timoneiro), além de comissão técnica, médica e admi­ nistrativa, totalizando 435 pessoas. Ja­ mais uma missão brasileira em Jogos Paralímpicos no exterior teve tamanha proporção. Na última edição fora do Brasil, em Londres 2012, o Brasil com­ pareceu com 178 atletas, até então a maior. O número para a capital japone­ sa só é superado pela participação nos Jogos Rio 2016, já que o Brasil garan­ tiu vagas em todas as modalidades por ser país­sede e contou 286 atletas no total, ficando em oitavo lugar no ran­ king de medalhas. Número de atletas paralímpicas mu­ 04

lheres participantes A delegação brasileira paralímpica foi composta por 163 atletas homens e 96 atletas mulheres, o que significou uma representatividade de cerca de 37% feminina entre o total da delega­ ção brasileira paralímpica no Japão. O aumento da participação das atletas em todas as modalidades paralímpicas é um dos pilares do planejamento es­ tratégico 2017­2024 do CPB. A meta para os próximos anos é ocupar todas as vagas femininas que houver na de­ legação brasileira para a disputa dos Jogos. Para Tóquio 2020, a marca não foi possível porque o basquete femini­ no não se classificou. Modalidades o Brasil competiu Atletas paralímpicos brasileiros disputaram de 20 das 22 modalidades do programa dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, são elas: atletismo, bocha, canoagem, ciclismo, esgrima em ca­ deira de rodas, futebol de 5, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, parabadminton, parataekwondo, remo, tênis de mesa, tênis em cadeira de ro­ das, tiro com arco, tiro esportivo e vôlei sentado. O Brasil só não possui partici­


pantes no basquete em cadeira de ro­ das e no rúgbi em cadeira de rodas. A preparação A preparação dos atletas paralímpi­ cos durante a pandemia foi realizada em formato de bolha no Centro de Treinamento Paralímpico desde o dia 7 de julho de 2020, quando houve a rea­ bertura parcial do local após aprovação da prefeitura de São Paulo. O CT Pa­ ralímpico foi o espaço no qual a maio­ ria das seleções brasileiras realizou sua preparação, obedecendo a rígidos protocolos de saúde e segurança. Em maio de 2021, o Brasil recebeu a doa­ ção do COI (Comitê Olímpico Internaci­ onal) de vacinas da Pfizer e da Coronavac para aplicação em atletas, comissão técnica, estafe, e demais membros da delegação brasileira que seguiria para Tóquio a partir de 5 de agosto. Porta­bandeira do Brasil nos Jogos Paralímpicos Os medalhistas paralímpicos Petrú­ cio Ferreira, do atletismo, e Evelyn Oli­ veira, da bocha, foram os porta­bandeiras do Brasil na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de 05

Tóquio 2020. Atletas brasileiros estrearão em Jo­ gos Paralímpicos 87 atletas convocados são estrean­ tes em Jogos Paralímpicos. 47 homens e 40 mulheres vão disputar uma edição de Jogos pela primeira vez na vida. Es­ treia também duas modalidades, o pa­ rabadminton com um representante e parataekwondo com três lutadores. Atletas com deficiência severa (clas­ ses baixas) compõem a delegação Dos atletas com deficiência, 68 se­ rão das chamadas "classes baixas" (com deficiência mais severas). Foram 42 homens e 26 mulheres que fizeram parte deste grupo e que representarão o país no Japão a partir de agosto. Destes, 50% (ou 34) têm deficiência fí­ sica, 36,76% (ou 25) têm deficiência vi­ sual, e 13,23% (ou 9) têm deficiência intelectual. Atletas mais jovens da delegação 39 participantes que competiram no Japão tem menos de 23 anos, cerca de 17% do total da equipe nacional para­ límpica.


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O Comite Paralímpico do Brasil di­ vulgou um guia com todas as modali­ dades e atletas que representariam o Brasil na Paralimpíada de Toquio. En­ tão compilamos nesta edição da revista Simplesmente JUDÔ a apresentação dos judocas da seleção paralímpica de judô que representou o Brasil em Tó­ quio. Judô Paralimpico

A modalidade é disputada por atle­ tas com deficiência visual divididos em categorias de acordo com o peso cor­ poral. Com até cinco minutos de dura­ ção, as lutas acontecem sob as mesmas regras utilizadas pela Federa­ ção Internacional de Judô, com peque­ nas modificações em relação ao judô convencional. A principal delas é que o atleta inicia a luta já em contato com o quimono do oponente. Além disso, a luta é interrompida quando os lutado­ res perdem esse contato. Não há puni­ ções para quem sai da área de combate. No Brasil, a modalidade é administrada pela Confederação Brasi­ leira de Desportos de Deficientes Visu­ ais (CBDV). O Responsável pela primeira me­

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dalha de ouro verde e amarela foi o multicampeão Antonio Tenório, em Atlanta 1996. No total, até antes de To­ quio, o judô já rendeu ao Brasil 22 me­ dalhas na história dos Jogos, sendo quatro de ouro (todas conquistadas por Tenório), nove pratas e nove bronzes. Classificação Além das categorias por peso, os judocas são divididos em três classes, de acordo com o grau de deficiência vi­ sual. Todas começam com a letra B (blind, cego em inglês): B1, B2 e B3. Nos Jogos Paralímpicos, atletas de di­ ferentes classes podem competir jun­ tos. B1 ­ Cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância. B2 ­Atletas com percepção de vultos. B3 ­ Atletas que conseguem definir imagens.


"Ouro em Tóquio 2020"

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"Quinto colocado em Tóquio 2020"

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"Bronze em Tóquio 2020" 10


"Bronze em Tóquio 2020"

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"Quinto colocado em Tóquio 2020"

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Por Jo Crowley da FIJ e Lucy Dominy do IBAS

No judô, são os deficientes visuais que participam do torneio paralímpico. Eles competem em categorias de peso, não importa o nível de sua deficiência visual e têm exatamente a mesma pai­ xão por vencer que seus colegas nos Jogos Olímpicos. Eles treinaram tão duro e por tanto tempo quanto e no pódio eles tiveram exatamente as mesmas emoções. Foi emocionante acompanhar a grande quantidade de atletas olímpicos que agora torcem por seus pares paralímpi­ cos, em um mundo esportivo onde a diferença não é considerada um ponto fraco, mas uma dimensão que exige habilidades especiais tanto dos atletas quanto dos treinadores. Acabou. Parece um sonho estra­ nho. Cinco anos de espera e angústia e antes que você possa saborear o momento, acabou. Acabaram as Olim­ píadas e agora as Paraolimpíadas. Ha­ verá tempo para analisar tudo, mas já podemos avaliar com segurança que houve dois torneios de nível superior. Os atletas paraolímpicos trouxeram aquele mesmo orgulho nacional, igual 17

ao que sentimos nas Olimpíadas, por­ que os paraolímpicos protagonizaram uma competição excepcional. O último dia foi tão surpreendente e lindo quan­ to os dois anteriores. O Nippon Budokan viu três dias emocionantes de ação nos Jogos Pa­ raolímpicos de Tóquio 2020, com o ju­ doca se alinhando em 13 eventos individuais de medalha. O próximo grande passo nos levará a Paris 2024. A boa notícia é que menos de três anos de espera não é grande coisa. O bom é que sabemos que estaremos preparados porque podemos enfrentar qualquer problema, por maior que seja. O bom é que Covid não conseguiu pu­ lar a parede do judô. A boa notícia é que o judô está melhor do que nunca e olhando o que está acontecendo no mundo é uma ótima notícia e um alívio. Sayonara! Nas próximas páginas, você pode­ rá acompanhar os resultados e tudo o que aconteceu durante a competição.


O dia de abertura do judô nos Jo­ gos Paraolímpicos de Tóquio 2020 trouxe cenas emocionantes dentro das paredes sagradas do Nippon Budokan na sexta­feira (27 de agosto). Sonhos foram feitos e terminaram no tatame: o Azerbaijão conquistou du­ as medalhas de ouro, enquanto a Ar­ gélia e o judoca uzbequistanês também subiram ao pódio. Até 48 kg feminino Um confronto brutal entre a cam­ peã paralímpica feminina de até 52kg Sandrine Martinet da França e Shaha­ na Hajiyeva do Azerbaijão teve um fim emocionante quando Hajiyeva saiu vi­ toriosa. Ambas as mulheres chegaram mui­ to perto de dar o golpe decisivo, mas nenhuma delas conseguiu encontrar a vantagem definitiva. Hajiyeva conse­ guiu um ponto, mas sua liderança era frágil. Com 22 segundos para conquistar seu título paraolímpico, Martinet au­ mentou o calor da luta. Com quatro se­ gundos restantes no relógio, o árbitro parou a partida e pediu uma revisão do vídeo antes de conceder a Martinet um ponto por sua jogada anterior. Hajiyeva parecia mortificada e teve que enfren­ tar o golden score. A azeri de 21 anos precisava en­ contrar algo. Como Martinet se recusou a desistir sem lutar, Hajiyeva recebeu o ippon após outra análise de vídeo por derrubar a francesa. Martinet parecia inconsolável enquanto Hajiyeva se en­ rolava na bandeira de seu país. “Estou muito feliz por ser uma cam­ peã paralímpica tão jovem”, disse Ha­ jiyeva. “Eu sempre tive esperanças e por isso sabia que se eu colocasse tudo para vir aqui, coloquei tudo de mim pa­ ra ir para o topo depois disso. Não ha­ via outra maneira a não ser essa. “Isso sempre será uma motivação para mim e acredito que seria capaz de 18

Lucia Araújo, medalha de bronze


repeti­lo e realmente quero repeti­lo nas Paralimpíadas de Paris [2024] também.” Martinet, apesar da contrariedade inicial, depois se sentiu mais otimista: “É muito bom ter esse tipo de medalha na minha vida. Eu amo isso. Estou muito orgulhosa. Eu estava competindo em uma categoria diferente (de peso). É um desafio difícil, é um grande dia. “Mesmo que meus filhos não esti­ vessem esperando por este resultado, será tão bonito para eles.” Viktoriia Potapova, do Comitê Pa­ ralímpico Russo (RPC), recebeu sua última medalha paralímpica com bron­ ze. Potapova mostrou sua experiência com um excelente estrangulamento em Kai Lin Lee do Taipé Chinês. “Este é o meu terceiro bronze. De­ morou muito para chegar aqui, nem mesmo quatro anos, mas cinco anos. Foi um momento muito difícil, não ape­ nas para mim, mas para todos “, disse Potapova, referindo­se aos longos dias longe de sua filha enquanto ela treina­ va para Tóquio 2020. “Eu realmente queria ouro, queria tanto ouro, mas estava destinado a ser bronze e isso é um sinal de que preci­ samos competir pelo ouro em Paris [2024] e depois.” Depois de vencer a atual campeã paralímpico da China por uma vaga na disputa pela medalha de bronze, a me­ dalhista de prata de Londres 2012, Lee Lin, perdeu por pouco o retorno ao pó­ dio. O segundo bronze foi para a ucra­ niana Yuliia Ivanytska, pela terceira medalha paralímpica. Até 66 kg masculino A partida de Uchkun Kuranbaev do Uzbequistão com o espanhol Sergio Ibanez foi para o golden score antes que o uzbeque conseguisse apenas in­ clinar a balança a seu favor. O ouro é a primeira grande meda­ lha de Kuranbaev e a primeira de seu 19


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país em Tóquio 2020. O masculino de até 66kg contou com a alegria da torcida após um ippon fantástico para o japonês Yujiro Seto, de 21 anos, conquistar o bronze. Namig Abasli, do Azerbaijão, ga­ rantiu o segundo bronze contra o me­ dalhista de bronze paraolímpico da Ucrânia Davyd Khorava. Até 60 kg masculino O Azerbaijão garantiu o segundo ouro da tarde, cortesia de Vugar Shirin­ li. Shirinli e seu oponente Anuar Sariyev, do Cazaquistão, prenderam a respira­ ção pelo ippon em vários momentos da partida. Mas foi Shirinli quem no final foi recompensado por seus esforços com o ouro. “Tenho muito orgulho de estar aqui. Fiz tudo o que pude. Os meus adver­ sários também não eram fracos, eram muito fortes, mas graças a Deus me 22


Alana Maldonado, medalha de ouro

tornei campeão porque apostei tudo nisso. “Esse era um dos meus maiores sonhos e estou muito feliz por estar aqui porque é uma motivação muito boa para eu planejar participar das pró­ ximas Paralimpíadas. Tenho muita vontade de estar lá e de ser campeão lá também. ” Recep Citfci, da Turquia, conquis­ tou o outro bronze após vencer o vene­ zuelano Marcos Dennis Blanco. Blanco havia nocauteado o cam­ peão paralímpico do Uzbequistão, Sherzod Namozov, que lutou para vol­ tar ao pódio como um consolo. Mas não foi o que aconteceu, já que Alex Bologa, da Romênia, foi colo­ cado em seu caminho em uma partida pela medalha de bronze que durou quase seis minutos, forçando Namozov a ficar frustrado após um dia já estres­ sante. O número 1 do mundo, Bologa, es­ 23


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Meg Emmerich, medalha de bronze

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tava mesmo determinado a se recupe­ rar por perder a chance de ganhar o ouro e conseguiu repetir sua atuação de bronze no Rio 2016 contendo os nervos. Ele venceu por ippon depois que Namozov foi desclassificado. “Foi uma competição muito difícil e um período muito difícil que tínhamos antes”, disse Bologa. “Queria passar na final e vencer na categoria, mas es­ tou muito feliz com essa medalha de bronze. “Foi muito difícil se levantar depois de perder a semifinal [contra o Shirinli] com um placar de ouro em uma luta muito difícil. Fui motivado pelo meu treinador e por mim mesmo para ga­ nhar outra medalha e colocar a coroa neste particular cinco anos desde o Rio. ” Feminino até 52 kg A argelina Cherine Abdellaoui ficou absolutamente encantada com a me­ dalha de ouro na categoria feminina até 52kg, superando a terceira coloca­ ção no Rio 2016. A argelina superou a medalhista de bronze nº 2 do Canadá e no Campeo­ nato Mundial Priscilla Gagne, conse­ guindo um ippon. . No entanto, Gagne ainda ficará satisfeita com sua primeira medalha paralímpica. A categoria também causou des­ 27


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gosto para o Japão, quando Alesia Stepaniuk, da RPC, segurou Yui Fu­ jiwara pelo ippon e pelo bronze. A ucraniana Nataliya Nikolaychyk venceu a medalha de prata paralímpica da Alemanha Ramona Brussig por ip­ pon, repetindo seu desempenho em Londres 2012. No segundo dia de competição os judocas do Azerbaijão somaram mais três medalhas de ouro à sua conquista de medalhas de judô na noite de sába­ do (28 de agosto) nos Jogos Paraolím­ picos de Tóquio 2020. Até 57 kg feminino A medalhista de bronze do Azer­ baijão no Campeonato Mundial, Sevda Valiyeva, venceu a uzbeque Parvina Samandarova. A campeã européia de 2017 Va­ liyeva manteve a calma e correu o tem­ po para vencer por waza­ari. É a sua primeira medalha paralímpica. Depois de ter sido eliminada da disputa pela medalha de ouro pela ma­ nhã, a campeã mundial da Turquia, Zeynep Celik, parece determinado a conquistar um dos lugares restantes no pódio. No entanto, houve um problema. A medalhista de bronze paralímpica do Japão Junko Hirose estava igualmente focada em conquistar uma medalha em sua casa paralímpica, no Nippon Budo­ kan. As duas mulheres jogaram tudo o que tinham na luta e com um waza­ari cada, foram para o golden score. Foi apenas uma lacuna momentânea no foco de Hirose que custou caro, com Celik aproveitando a chance e sua pri­ meira medalha paraolímpica. Celik en­ tão abraçou Hirose por um longo tempo no tatame depois que a vence­ dora foi declarada em um momento co­ movente. A brasileira Lucia Araujo derrotou Natalia Ovchinnikova da RPC com um arremesso e uma segurada para o bronze. Segue­se às pratas de Araujo 29

do Rio 2016 e Londres 2012. “Todas as minhas medalhas foram difíceis de obter, mas esta tem um va­ lor especial porque estou no berço do judô. Estar aqui e lutar aqui no Budo­ kan com toda a história envolvida, é uma honra ”, disse a brasileira Lucia Araujo. Feminino até 63 kg A campeã européia azeri Khanim Huseynova ganhou sua primeira meda­ lha paraolímpica com um waza­ari con­ tra a medalhista de prata de 2016 Iryna Husieva, da Ucrânia. A chinesa Yue Wang repetiu seu desempenho no Campeonato Mundial de 2018 ao ganhar o bronze contra Ol­ ga Pozdnysheva da RPC. Nafisa Sheripboeva, do Uzbequis­ tão, ficou emocionada ao receber a se­ gunda medalha de bronze e começou a chorar antes de sair do tatame. Ela saiu da arena envolta em sua bandeira nacional. Até 81 kg masculino O campeão paralímpico do México Eduardo Avila voltou ao tatame para reclamar o bronze contra o francês Nathan Petit, sem a chance de reter o título. Houve um choque semelhante para o campeão mundial sul­coreano e me­ dalhista de prata de 2016, Jung Min Lee, quando ele não conseguiu chegar à disputa pela medalha de ouro. Mas ele se recuperou levando o bronze, à frente do ucraniano Dmytro Solovey, com um arremesso de ippon impressi­ onante e decisivo. Foi Huseyn Rahimli do Azerbaijão que derrotou Lee por um lugar na final, e Davurkhon Karomatov do Uzbequis­ tão que tirou o couro cabeludo de Ávi­ la, estabelecendo uma emocionante luta pelo ouro. Os quatro minutos viram dois shido cada um para Rahimli e Karomatov en­ quanto eles sacudiam os nervos e se


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dirigiam para o golden score. Rahimli viu sua chance um pouco antes da prorrogação, atordoando Karomatov e encerrando a partida enfaticamente. Até 73 kg masculino O medalhista de bronze asiático do Uzbequistão, Feruz Sayidov, quase surpreendeu seu oponente campeão regional Termizhan Daulet, do Caza­ quistão. Em uma das reinicializações, Sayi­ dov viu uma rachadura na armadura de Daulet e aproveitou a oportunidade, pegando­o e jogando­o no chão quase com um braço. Daulet parecia atordoa­ do enquanto se sentava no tapete após receber o golpe. O ucraniano Rufat Mahomedov conquistou o bronze graças à vitória sobre Vasilii Kutuev do RPC. O outro bronze foi para o lituano Osvaldas Be­ reikis, melhorando sua quinta coloca­ ção no Rio 2016. A judoca paulista Lúcia Araújo abriu o cardápio de medalhas da Con­ federação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Na madruga­ da deste sábado, ela conquistou o bronze na categoria até 57 kg ao ven­ cer, por ippon, a russa Natalia Ovchin­ nikova. Foi a 23ª medalha que a modalida­ de rendeu ao país na história e o ter­ ceiro pódio consecutivo de Lúcia em Paralimpíadas. Ela já havia conquista­ do duas pratas, na Rio 2016 e em Lon­ dres 2012: "Essa medalha vem com sabor de ouro, lembra o percurso todo até aqui, tudo o que eu tive de passar. Agora, é aproveitá­la e me preparar para a próxima, porque eu ainda busco o ouro", disse a atleta, deixando claro que o foco já começa a ser Paris 2024. Para colocar o bronze em volta do pescoço, a judoca de 40 anos precisou bater de frente com suas principais ad­ versárias. Na estreia, reencontrou a ar­ gentina Laura González, com quem 33

vem travando diversos combates nos últimos anos, incluindo no Parapan de Lima 2019, quando também levou a melhor. Com expressão séria, mos­ trando muita concentração, subiu no tatame do Nippon Budokan e aplicou o ippon para confirmar o favoritismo. As semifinais reuniram as quatro mais bem colocadas do ranking mundi­ al na categoria. Lúcia, número três, en­ frentou Parvina Samandarova, do Uzbequistão, segunda da lista, e teve pouco tempo para sentir o combate, sofrendo um wazari seguido de ippon em apenas 13 segundos. Porém, sem se abater, voltou ao dojô para bater Ovchinnikova e ficar com o bronze. A turca Zeynep Celik, número 1 do mundo e derrotada na semifinal, tam­ bém faturou o bronze – no judô, são dois bronzes por peso – ao vencer a japonesa Junko Hirose. O ouro ficou com Sevda Valiyeva, do Azerbaijão, quarta do ranking, que derrotou a uz­ beque Samandarova. Sábado recheado encerrou a moda­ lidade A noite de sábado (28 de agosto), que encerrou o judô em Tóquio, viu a maioria dos nove judocas do Brasil que foram ao Japão lutarem. Os combates classificatórios começaram às 22h30 (horário de Brasília) e foram realizados em sequência até as 2h de domingo. As finais começaram às 4h30 e foram até 7h50. O primeiro brasileiro a pisar no ta­ tame foi o potiguar Arthur Silva, na ca­ tegoria até 90 kg, que ficou com a quina colocação ao perder a disputa pelo bronze. Em seguida, o pesado Wi­ lians Araújo (acima de 100 kg) fez sua estreia em busca da segunda medalha (foi prata na Rio 2016). A lenda Antônio Tenório, dono de seis conquistas, lutou na sequência na categoria até 100 kg. Alana Maldonado, campeã mundial do peso até 70 kg, e Meg Emmerich (aci­ ma de 70 kg), estreante em Paralim­


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píadas, completaram a lista. Até aqui, outros três brasileiros, além de Lúcia Araújo, haviam entrado em ação. Harlley Arruda (até 81 kg), Karla Cardoso (até 52 kg) e Thiego Marques (até 60 kg) mas perderam seus combates e ficaram de fora da briga por pódio. Foi um emocionante último dia de judô nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 terminou com judocas britânicas e iranianas entrando nos livros de his­ tória no Nippon Budokan no domingo (29 de agosto).

“Onze anos atrás [quando comecei a perder minha visão], eu estava na parte mais sombria da minha vida por­ que não havia mais nada para mim. A única coisa que sobrou foi meu judô. ” “Para que isso se torne realidade hoje, não posso acreditar.” Goodrich também mostrou uma co­ ragem incrível depois de suportar uma partida épica de nove minutos nas pre­ liminares. “É agridoce. Já venci Skelley antes ”, disse Goodrich. “Ele é um jogo difícil, é um cara bom. Nós brigamos muito. Foi uma partida difícil, mas foi a mais curta hoje. Foi uma luta difícil ­ quatro minutos. “Ele tem uma ótima técnica, mas eu fui lá e fiz o que pude.” Faltando apenas alguns segundos para garantir sua sétima medalha para­ límpica consecutiva, o brasileiro Anto­ nio Tenório teve de enfrentar o golden score contra o uzbeque Sharif Khalilov na disputa pela medalha de bronze. Tenório foi o primeiro no placar, re­ gistrando um waza­ari no início da luta. Khalilov, no entanto, não desistiu e apenas conseguiu empatar o placar a três segundos do fim. Quem está a assistir não pode dei­ xar de pensar que era certo que Tenó­ rio assegurasse o seu último pódio, apesar do contratempo. Mas Khalilov mais uma vez teve outras ideias, regis­ trando um Uki­otoshi para roubar o bronze das garras do brasileiro. Anatolii Shevchenko dos RPCs fi­ cou com o outro bronze.

Até 100 kg masculino Um confronto tenso entre o meda­ lhista de bronze do Campeonato Mun­ dial da Grã­Bretanha, Chris Skelley, e o norte­americano Benjamin Goodrich, viu os dois judocas registrar resultados significativos para seus países na final do masculino até 100kg. Skelley e Goodrich chegaram à partida sem nada a perder. Skelley já estava encantado com a subida ao pó­ dio por ter ficado de fora do Rio 2016. Na final, foi Skelley quem fez o pri­ meiro movimento bem­sucedido, pouco menos de um minuto depois. Um to­ moe­nage garantiu­lhe o waza­ari. Os dois homens tentaram, e tenta­ ram novamente, obter pontos no placar e, à medida que o tempo passava, a tensão aumentava. A 20 segundos do fim, na reinicialização, o técnico de Skelley, Ian Johns, gritou para o luta­ dor: “Seja corajoso. Seja corajoso." E o bravo Skelley foi, lutando até o fim e se segurando pela vitória. Foi o primeiro ouro paraolímpico da Grã­Bre­ Até 90 kg masculino tanha em mais de duas décadas, des­ O medalhista de bronze no Campe­ de Atlanta 1996. onato Mundial do Irã, Vahid Nouri, con­ “[É] descrença. Foi uma longa es­ quistou a primeira medalha de ouro trada nos últimos 11 anos. Foi difícil paraolímpica do judô na categoria depois do Rio (2016). masculina de até 90kg. “Colocou um grande alvo nas mi­ Nouri acabou de pegar Elliot Stewart, nhas costas, então eu precisava che­ da Grã­Bretanha, com uma bela raspa­ gar aqui e treinar ainda mais forte para gem de pé para o ippon na final. Por: Nicolas Messner, Jo Crowley, Pedro Lasuen e Grace Goulding ficar onde estou. O iraniano refletiu sobre uma vitória Federação Internacional de Judô e Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Gabriela Sabau e Emanuele Di Feliciantonio

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histórica do Irã: “Esta é a primeira medalha de ouro do Irã no judô paralímpico. Antes tínha­ mos prata, bronze, agora esse é o pri­ meiro ouro. Estou tão emocionado quando minha bandeira nacional é hasteada. Eu vivo judô. ” Ambos os judocas tiveram uma jor­ nada impressionante até a final, in­ cluindo Stewart ultrapassando o campeão mundial ucraniano Oleksandr Nazarenko. “Foi incrível. Eu tive algumas lutas difíceis, eu tive um sorteio muito difícil ”, disse Stewart sobre sua época. “A primeira luta foi atual medalhista de bronze paralímpico ( Shukhrat BOBO­ EV , UZB ), segunda luta ­ campeão mundial, atual medalhista de prata pa­ ralímpica ( Oleksandr NAZARENKO , UKR ). Sorteio difícil, mas eu sabia que tinha feito o trabalho. Eu fiz o trabalho de casa, fiz tudo o que poderia fazer. “Cheguei à final, fui derrotado na fi­ nal. Foi um adversário muito bom, ape­ nas cometi um pequeno erro, mas estou satisfeito com o meu desempe­ nho. ” Stewart segue os passos de seu pai, medalhista de bronze nas Olimpíadas de 1988. "É ótimo. É um sonho tornado reali­ dade para mim e para ele. Ele sempre quis que eu fizesse tão bem quanto ele, ainda melhor, então eu tenho cer­ teza que ele ficará super feliz. ” O medalhista de prata europeu da França Helios Latchoumanaya mostrou seu ne­waza contra Zhanbota Amanzhol do Cazaquistão para levar o bronze. O jovem de 21 anos é uma grande perspectiva para os Jogos Pa­ raolímpicos de Paris 2024 daqui a três anos. O ucraniano Nazarenko mostrou sua qualidade ao conquistar o outro bronze a menos de 20 segundos do início da partida contra o brasileiro Arthur da Silva. 39

Acima de 100 kg masculino Após o ouro de Nouri, o compa­ nheiro de equipe Mohammed Kheriol­ lahzadeh passou a ganhar o ouro na categoria masculina acima de 100kg para dobrar para o Irã. Revaz Chikoidze, da Geórgia, foi o medalhista de prata. O campeão paralímpico do Azer­ baijão em 2004 e 2008, Ilham Zakiyev, conquistou sua quarta medalha para­ límpica após o oponente Shirin Shari­ pov, do Uzbequistão, ter desistido da disputa pela medalha de bronze. O campeão sul­coreano de Lon­ dres 2012 e Rio 2016, Gwan Geun Choi, se recuperou de perder a chance de defender seu título ao garantir o ou­ tro bronze. Até 70 kg feminino A medalhista de prata do Brasil no Rio 2016, Alana Maldonado, voltou da decepção de sua casa paraolímpica há cinco anos para reivindicar um título paralímpico muito cobiçado. Enfrentando Ina Kaldani, da Geór­ gia, que derrotou a campeã paralímpi­ ca do México Lenia Ruvalcaba no caminho para a final, a vitória de Mal­ donado raramente parecia em dúvida. Maldonado conseguiu um waza­ari no tabuleiro, mas continuou a atacar. Quando o relógio marcou 0:00, Maldo­ nado soltou um grande grito e abraçou seu treinador após ser oficialmente premiada com a vitória. “Foram cinco anos de muito traba­ lho, muita incerteza sobre se estaría­ mos aqui”, disse Maldonado. “Passei por muitas coisas pessoais, que quase me fizeram desistir. “Não é fácil para nós ir atrás de medalhas. Temos uma vida e temos que desistir para fazer isso. “Mas hoje posso dizer que valeu a pena. Realizei meu sonho e aquelas pessoas que me amam estão muito fe­ lizes. “Este ouro não é só meu, é nosso.


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Há muitas pessoas por trás disso. “Muito obrigado pelo apoio de to­ dos. Esse ouro é nosso, vai para o Brasil. ” A japonesa Kazusa Ogawa não deixou sua estatura relativamente pe­ quena atrapalhar em sua luta pela me­ dalha de bronze contra Olga Zabrodskaiia da RPC. Apenas no nível do peito de Za­ brodskaiia, Ogawa usou toda a sua for­ ça e técnica para atingir o waza­ari e deixar o tempo passar. É a primeira medalha de judô feminino do Japão nas Paraolimpíadas de Tóquio 2020 e no lendário local de judô, o Nippon Bu­ dokan. A campeã paraolímpica mexicana Lenia Ruvalcaba teve que se recuperar da decepção de perder a chance de defender o título e, em vez disso, bus­ cou o bronze. Enfrentando Raziye Ulucam da Turquia, Ruvalcaba teve seu consolo. Acima 70 kg feminino Dursadaf Karimova do Azerbaijão triunfou na categoria feminina acima de 70kg depois de executar um impressio­ nante Ippon­seoi­nage na Zarina Bai­ batina do Cazaquistão. Costa se recuperou e voltou para rei­ vindicar o bronze com um ippon contra Altantsetseg Nyamaa da Mongólia. Tendo feito parte de um grupo de judocas que veio para a seleção brasi­ leira de judô desde o Rio 2016, Meg Emmerich garantiu o bronze para so­ mar à sua medalha da mesma cor no Mundial de 2018. O Nippon Budokan teve três emoci­ onantes dias de ação nos Jogos Para­ olímpicos de Tóquio 2020, com o judoca se alinhando em 13 eventos de medalhas individuais masculinos e fe­ mininos. Os brasileiros representaram muito bem o País em Tóquio. A paulista Alana Maldonado é a pri­ 43 43

meira judoca do Brasil a conquistar uma medalha de ouro em Jogos Para­ límpicos. A atleta de 26 anos conse­ guiu o feito na madrugada deste domingo (29), no Nippon Budokan, em Tóquio, ao vencer todas as suas opo­ nentes da categoria mais de 70 kg. Na decisão, ela derrotou Ina Kaldani, da Geórgia, por wazari. "Ainda não caiu a ficha. A gente trabalhou muito para isso, foram cinco anos de muita coisa que passei para estar aqui e, hoje, posso dizer que tudo valeu a pena. Só tenho a agradecer a família, amigos, comissão técnica. Es­ se ouro não é só meu", disse. Em 2018, ela já fizera história ao garantir um então inédito ouro feminino em Mundiais durante a edição disputa­ da em Lisboa, em Portugal, o que a conduziu até a liderança do ranking no seu peso, posto que mantém até hoje. Medalhista de prata na Rio 2016, Alana não tomou conhecimento das adversárias no Japão. Bastante con­ centrada, ela finalizou as duas primei­ ras lutas por ippon. A primeira a cair foi a italiana Matilde Lauria, que durou se­ te segundos no dojô. Na semifinal, a turca Raziye Ulucam deu um pouco mais de trabalho, mas também não re­ sistiu. Por fim, a atleta da Geórgia mal conseguiu encaixar sua estratégia e, após o wazari sofrido, ficou completa­ mente à mercê da tática da brasileira. O que também ratifica o tamanho do feito de Alana é o fato de ela ser apenas a segunda judoca do país, seja homem ou mulher, a ganhar um ouro em Jogos Paralímpicos. Até então, o único campeão havia sido Antônio Te­ nório, simplesmente o maior de todos os tempos, dono de quatro medalhas douradas. "Agora, quero curtir muito com a minha família, com as pessoas que eu amo no Brasil e estão me esperando. Depois, vou tirar um período de des­ canso, mas ano que vem já tem Mundi­ al e vou defender o meu título",


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completou. Estreante, Meg é bronze Na sua estreia em Paralimpíadas, a paulista Meg Emmerich já disse a que veio. Ela garantiu a medalha de bronze ao derrotar Altantsetseg Nyamaa, da Mongólia, por ippon, na categoria aci­ ma de 70 kg. A campanha bronzeada da atual campeã parapan­americana começou também por um ippon, sobre a japone­ sa Minako Tsuchiya, que a levou direto para a semi, quando parou naquela que, mais tarde, viria a ser a campeã: Dursadaf Karimova, do Uzbequistão. "Foi um momento difícil, ter de assimi­ lar a derrota... Precisei me concentrar para poder voltar e disputar a meda­ lha", explicou Meg, que nasceu com atrofia no nervo óptico. Ela iniciou na modalidade em 2002, aos 15 anos de idade, e já possui um bronze em Mun­ diais (também no de 2018, o mesmo que consagrou Alana). Tenório chega perto do bronze Aos 50 anos de idade e após uma recuperação dificílima da Covid, que chegou a comprometer mais de 80% de seus pulmões neste ano, Antônio 45

Tenório lutou como a lenda que é e es­ teve a três segundos de conseguir a sétima medalha em sete participações. Na batalha pelo bronze da categoria até 100 kg contra o uzbeque Sharif Khalilov, ele vencia por wazari até per­ to do fim, quando levou o mesmo golpe do oponente, que empatou o combate. Na prorrogação, já exausto, o brasileiro acabou sofrendo o ippon no golden score e ficou fora do pódio pela primei­ ra vez desde Atlanta 1996. "Paciência, foi falta de atenção. Agora é voltar para o Brasil e me pre­ parar para o próximo ciclo. Paris 2024 me aguarda!", garantiu o dono de qua­ tro ouros, uma prata e um bronze. Quem também perdeu sua decisão pelo bronze foi o potiguar Arthur Silva, na categoria até 90 kg, derrotado pelo ucraniano Oleksandr Nazarenko por ip­ pon. O quinto judoca do país que este­ ve em ação no último dia do judô em Tóquio foi o peso­pesado Wilians Araú­ jo. Medalhista de prata na Rio 2016, ele perdeu logo na estreia, para o cu­ bano Yordani Fernández Sastre, por ippon. Como o adversário não avançou no torneio, o brasileiro não teve a opor­ tunidade de retornar à repescagem.


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Filho do consagrado judoca mato­ grossense Fenelon Oscar Muller, que representou o Brasil em onze campeo­ natos internacionais, David Moura nas­ ceu em Cuiabá/MT, cidade onde vive até hoje e treina pela Seleção Brasilei­ ra de Judô. David começou no judô aos seis anos, inspirado no pai Fenelon Oscar Muller. Até a adolescência experimen­ tou diversos esportes como boxe, fute­ bol e natação, mas foi aos 20 anos que escolheu dedicar sua vida para a mo­ dalidade do caminho suave da terra do sol nascente. Chegou ao Instituto Reação do Rio de Janeiro em 2013 e atualmente está entre os melhores atletas do ranking mundial na categoria +100kg. De lá pa­ ra cá já conquistou diversos títulos, co­ mo a prata no Mundial de Budapeste (2017) e o ouro nos Jogos Pan­Ameri­ canos de Toronto (2015), no Grand Prix de Cancún (2017) e no Grand Slam de Ecaterimburgo (2017), dentre 47

outros importantes títulos internacionais.

Motivado a fazer a diferença na vi­ da de crianças e jovens, criou um pro­ jeto social onde mora que veio a se tornar o Polo Cuiabá do Instituto Rea­ ção. A construção desta sede na capital mato­grossense começou em maio de 2019 e só foi possível graças a união de vários parceiros. O terreno para a construção foi cedido pela Prefeitura de Cuiabá, dentro da E.M.E.B Prof. Firmo José Rodrigues, onde as aulas já eram oferecidas pelo Reação. Fenelon e David Em 1975, foi campeão sul­america­ no e ainda conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan­Americanos do México, no peso pesado. Quarenta anos depois, David deu continuidade ao legado do pai e conquistou o ouro nos Jogos Pan­Americanos de Toronto 2015, na mesma categoria.


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