Revista Simplesmente JUDÔ #26

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EDITORIAL Simplesmente JUDÔ número 26 na área! Mais uma edição entregue men­ salmente, há mais de um ano! Vamos seguindo em frente, porque o judô não para e nós também não. Nesta edição, o Grand Slam Tbilisi, uma mega competição na Geórgia com medalhas conquistadas por brazucas. Trouxemos também a Copa Euro­ peia de Gaz, na Hungria e o Campeo­ nato Brasileiro Sênior 2022, realizado em Porto Velho, Rondônia. Importante mostrar também o projeto "Educação

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CBJ" que qualificou mais de 500 profis­ sionais de judô no primeiro módulo do Programa de Formação Continuada de Treinadores. Está tudo explicado nesta edição! A capa da revista faz homenagem a Aurélio Miguel, primeiro judoca cam­ peão olímpico.Replicamos uma maté­ ria incrível sobre essa história que completa 34 anos. Foto da capa: André Durão. Boa leitura.


Tiblíssi ou Tbilisi, antigamente mais conhecida por seu nome russo, Tíflis, é a capital e a maior cidade da Geórgia. Situada às margens do rio Cura, sua área é de 726 km², e sua população, de 1 152 500 habitantes. Como capital e cidade mais populosa do país, é o principal centro financeiro, corporativo, mercantil e cultural da Geórgia. A cidade possui uma composição demográfica diversa e abriga, historica­ mente, povos de várias culturas, reli­ giões e etnias. Embora seja 04

majoritariamente cristã ortodoxa, a ci­ dade é um dos poucos lugares do mundo em que se pode encontrar uma sinagoga e uma mesquita lado a lado, no Distrito do Banho. Tiblíssi é servida por um aeroporto internacional. Suas atrações turísticas incluem a Catedral de Sameba, a Pra­ ça da Liberdade, a Catedral Sioni, o Parlamento da Geórgia, a Avenida Rustaveli, a Ópera de Tiblíssi e a Basí­ lica Anchiskhati. Entre 03 e 05 de junho, a cidade


recebeu judocas de todo o mundo para realizar o Grand Slam de Tbilisi de 2022. Em termos organizacionais, se qui­ séssemos comparar, o Japão seria uma sinfonia de Beethoven, a França uma ópera vivaldi e a Geórgia um con­ certo de hard rock. Na Geórgia parece que as coisas estão meio acabadas, mas é só isso, uma impressão. Quan­ do as coisas sérias começam, ou seja, o Grand Slam de judô, quando o públi­ co chega e as primeiras barras da mú­ 05

sica soam, a impressão dá lugar à cer­ teza de que será um show para lem­ brar. Tbilisi é aquele território hostil onde só os intrépidos se sentem con­ fortáveis. Para alguém que quer cons­ truir uma reputação, a coisa mais rápida e eficiente a se fazer é ganhar aqui, mas não é para todos porque o contingente local está armado até os dentes; É a casa deles e eles não gos­ tam de batidas na porta.


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RESULTADOS FINAIS:1. LEGOUX CLEMENT Melanie (FRA), 2. MARTINEZ ABELENDA Laura (ESP), 3. TANZER Katharina (AUT), 3. PONT Blandine (FRA), 5. GERSJES Âmbar (NED), 5. LIMA Amanda (BRA), 7. FERREIRA Natasha (BRA), 7. MENZ Katharina (GER)

­48kg O toque francês Se havia dúvidas, pois muitas vezes ocorrem surpresas, as duas favoritas as limparam com ippon. Mélanie Legoux­Clément (FRA) tem experiência para se destacar, mas aos trinta anos ela não é tão regular quanto deveria e sente a pressão, já evidente, das novas gerações. A ju­ doca francesa não conseguiu melho­ rar, nem mesmo igualar, a medalha de bronze obtida no Abu Dhabi Grand Slam no ano passado. Geor­ gia foi a oportunidade de recuperar sensações e reivindicar o direito dos anciãos de continuar ganhando. Laura Martínez Abelenda (ESP) é o exemplo perfeito dessas pro­ messas que se uniram e atingiram o nível de elite, para ficar. Ela também teve um período delicado com resul­ tados que não corresponderam à 08

sua qualidade e potencial. Tbilisi a serviu bem com um passo para o trem do sucesso, aquele que está reservado para medalhistas. Estava escrito que elas se enfrentariam na final, mas elas tinham que ir acima do resto, especialmente nas semifi­ nais. A francesa se livrou da brasilei­ ra Amanda Lima e a espanhola eliminou a holandesa Amber Gers­ jes. Não foi uma bela final. Legoux Clément tomou a iniciativa o tempo todo e o espanhol foi prontamente penalizado com dois shido. A tercei­ ra caiu a poucos segundos do gol­ den score. Legoux Clément embalou sua carreira com um ouro providen­ cial e Martínez Abelenda, além da prata, somou pontos necessários para a corrida olímpica que começa­ ria em três semanas.


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RESULTADOS FINAIS: 1. NOZADZE Temur (GEO), 2. SARDALASHVILI Giorgi (GEO), 3. BAYRAMOV Turan (AZE), 3. KOGA Genki (JPN), 5. ALIYEV Rovshan (AZE), 5. CHKHVIMIANI Lukhumi (GEO), 7. MORGOYEV Bekirbek (UKR), 7. OMIROV Aybek (TKM)

­60kg A Festa Havia quatro georgianos, o privilé­ gio do país organizador. Como os mo­ radores têm muita profundidade no banco, especialmente nas categorias leves, eles não decepcionaram. Três dos quatro chegaram às semifinais. O rival de Nozadze saiu da semifinal en­ tre Lukhumi Chkhvimiani e Giorgi Sar­ dalashvili e aqui houve bom judô e drama. Sardalashvili fez uma ofensiva chkhvimiani e contra­contra­ataca, marcando o waza­ari vencedor. O dra­ ma foi porque se analisarmos a reação de Chkhvimiani, que estava completa­ mente sobrecarregado e incapaz de controlar suas lágrimas, é possível que Sardalashvili ganhou sua passagem para o campeonato mundial. Com o ouro assegurado, resta saber qual dos dois, Nozadze ou Sardalashvili, seria o melhor este ano. 12

Foi uma luta explosiva. Sardashvili desnatado o ippon, Nozadze multipli­ cou os ataques e Sardashvili respon­ deu da mesma forma. O golden score era inevitável. Para ganhar você tem que elevar o nível ainda mais. Foi uma delícia de combate, sem poupar um átomo de energia. Nozadze foi o ven­ cedor. O Azerbaijão obteve o bronze graças a uma partida entre compatrio­ tas. Turam Baynarov precisou de 27 segundos para marcar um primeiro wa­ za­ari e um minuto para marcar outro ippon e medalha. Koga (JPN) e Chkhvimiani (GEO) lutaram pelo bronze. Os japoneses ris­ caram um entalhe no livro georgiano com um ippon que silenciou o público georgiano por um momento, mas que acabou aplaudindo por serem apaixo­ nados, mas justos.


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RESULTADOS FINAIS: 1. KRASNIQI Distria (KOS), 2. PUPP Reka (HUN), 3. GNETO Astride (FRA), 3. LOPEZ SHERIFF Estrella (ESP), 5. GONZALEZ Leonie (FRA), 5. CASTAGNOLA Mar­ tina (ITA), 7. DELGADO Angelica (EUA), 7. VAN KREVEL Naomi (NED)

­52kg Copiar e Colar Aqui aconteceu como em ­48kg, mas com uma competição mais exi­ gente. A Kosovar Distria Krasniqi não precisa ser apresentada, mas caso ha­ ja alguém sem noção, deixe­os saber que ela é a campeã olímpica em ­48kg, que agora caminha seu currículo nesta categoria. Reka Pupp é uma húngara de 25 anos que, através do trabalho árduo, alcançou o terceiro lugar no ranking mundial. O caminho para a fi­ nal foi tranquilo e agradável, mas hou­ ve um pedágio significativo nas semifinais. O pedágio de Krasniqi foi a francesa Astride Gneto, que está na melhor forma de sua vida há alguns meses. Pupp foi a xerife espanhola Es­ trella López, que busca recuperar a re­ gularidade que em 2021 lhe permitiu 16

ganhar medalhas. Krasniqi não deu chance à vitória de Pupp. Um minuto e meio para sentir isso, então waza­ari imediatamente se­ guido por osae­komi, como se fosse um exercício. Krasniqi está completan­ do uma preparação completa para o campeonato mundial e está seguindo o plano à risca. A França somou uma se­ gunda medalha com Astride Gneto, que dominou sua compatriota Léonie González e a Espanha também ofere­ ce graças a Xerife Estrella López. Co­ piar e colar, caso não estivesse claro.


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RESULTADOS FINAIS: 1. VIERU Denis (MDA), 2. TUTASHVILI Giorgi (GEO), 3. MARGVELASHVILI Vazha (GEO), 3. TANAKA Ryoma (JPN), 5. LIMA Willian (BRA), 5. TILOVOV Mukhriddin (UZB), 7. SAIDABUROROV Shahboz (TJK), 7. ALIYEV Ibrahim (AZE)

­66kg O Mago Moldávio O técnico espanhol Sugoi Uriarte nos disse há alguns anos para não perder de vista Denis Vieru. "Ele é um mágico", explicou Uriarte, "Ele faz tudo e faz tudo muito bem. Ele tem um ta­ lento enorme." Vieru é agora o número um da categoria e venceu em Lisboa e Antalya. Ele foi o terceiro no Campeo­ nato Europeu e na Geórgia ele se sen­ te muito confortável. O moldávio é um daqueles que não fica nervoso e não importa quem ele é na frente ou onde eles se encontram. Tbilisi gastou uma pequena parte de seu repertório para chegar à final sem ninguém colocá­los em apuros. Como ele gosta de um de­ safio, a cereja do bolo foi a final contra um georgiano, Giorgi Tutashvili, um dos jovens que pressionam fortemente, o tipo de oportunidade para Vieru en­ 20

tregar uma master class. Visto do lado oposto, Tutashvili tinha acabado de es­ calar algumas montanhas e agora era o Everest. Infelizmente para ele, para seu rival também, porque ninguém gosta de ga­ nhar assim, e para o público, Tutashvili não apareceu, devido a lesão. Vieru foi o merecido vencedor e Tutashvili um fenomenal vice­campeão. A georgiana Vazha Margvelashvili conquistou o bronze contra o brasileiro Willian Lima. O japonês Tanaka Ryoma fez o mesmo contra o uzbeque Mukhriddin Tilovov.


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RESULTADOS FINAIS: 1. HUH Mimi (KOR), 2. STARKE Pauline (GER), 3. SILVA Rafaela (BRA), 3. LIPARTELIANI Eteri (GEO), 5. GNETO Priscilla (FRA), 5. TONIOLO Verônica (ITA), 7. NISHANBAYEVA Sevara (KAZ), 7. TOPRAK Acelya (GBR)

­57kg É a Campeã? Este é o peso que foi explodido pe­ los forasteiros. Muito se esperava de Eteri Liparteliani (GEO), ainda mais de­ pois de derrotar a ucraniana Daria Bilo­ did em uma partida de quinze minutos. Também era esperado muito de Priscil­ la Gneto, irmã de Astride. A georgiana sucumbiu à coreana Mimi Huh e a atle­ ta francesa perdeu para a alemã Pauli­ ne Starke. Foi uma final sem precedentes para fechar um primeiro dia onde a cadeia de comando foi res­ peitada em todas as categorias, exceto esta. Não teria apostado em tal final? Sabia que os grandes favoritos seriam esmagados? Mimi sabia e marcou um 24

waza­ari cedo para parar os ataques de Starke, para uma primeira medalha de ouro em um Grand Slam, aos 19 anos. A brasileira Rafaela Silva e Lipar­ teliani, da equipe da casa, conquista­ ram os bronzes. Georgia fechou o concerto com cinco medalhas e isso apenas começou.


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RESULTADOS FINAIS: 1. SHAVDATUASHVILI Lasha (GEO), 2. OYOSHI Ken (JPN), 3. YULDOSHEV Murodjon (UZB), 3. TERASHVILI Giorgi (GEO), 5. PELIVAN Petru (MDA), 5. LOMBARDO Manuel (ITA), 7. SARAKHONOV Muhammadrahim (TJK), 7. CHIKHELIDZE Giorgi (GEO)

­73kg Viva o Rei Shavdatuashvili tem um recorde exemplar, com um ouro olímpico, uma prata e uma medalha de bronze, além de um europeu e um título mundial. Além de sua coleção de troféus, o se­ gredo de sua longevidade está em seu domínio tático. No tatame, ele é prova­ velmente um dos três judocas mais in­ teligentes do mundo. O georgiano chegou à semifinal, onde seu compatri­ ota Giorgi Terashvili estava esperando. Não foi fácil, mas Shavdatuashvili venceu sua luta. A única certeza era que um local lutaria pelo ouro. A outra semifinal colocou o moldávio Petru Pe­ livan contra o japonês Oyoshi Ken. Oyoshi ganhou a semifinal. Foi um belo duelo, começando com o kumi­kata, uma oposição de estilos. Oyoshi trocou de marcha e tomou a ini­ ciativa, mas o controle tático de Shav­ datuashvili foi impressionante. Apenas um erro poderia separá­lo da vitória e 28

veio a três segundos do fim. O judoca japonês empatou com seu próprio wa­ za­ari, mas com um shido a menos. Não se esqueça, no entanto, estamos falando do rei de Tbilisi. Trinta segun­ dos após o início do golden score, um de­ashi­barai mandou Oyoshi para o chão. Então houve uma ovação de pé, decibéis em pleno poder. O Uzbequistão teve um primeiro dia difícil, um daqueles que pareciam promissores, mas tudo desmorona. Murodjon Yuldoshev teve que ser res­ ponsável por conquistar o primeiro bronze para seu país neste segundo dia, derrotando o moldávio Petru Peli­ van. A temperatura e o barulho aumen­ taram com a segunda medalha de bronze, disputada entre o italiano ex­ número um do mundo Manuel Lombar­ do e o anfitrião Terashvili. Lombardo atacou e o georgiano respondeu com um contra­ataque devastador. Outra medalha para o anfitrião.


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RESULTADOS FINAIS: 1. SHEMESH Inbal (ISR), 2. QUADROS Ketleyn (BRA), 3. Tamires CRUDE (BRA), 3. DEKETER Manon (FRA), 5. BAZYNSKI Nadja (GER), 5. VAN DEN BERG Geke (NED), 7. MARTIN Hannah (EUA), 7. VARGA Brigitta (HUN)

­63kg Shemesh Airlines Entre as doze melhores do ran­ king mundial, Ketleyn Quadros foi a única que viajou para Tbilisi. A brasi­ leira é a número seis do mundo e começou como favorita. Ela não fa­ lhou e também não ficou muito can­ sada, chegando à final como planejado. O nome de sua oponente permaneceu para ser visto e havia dúvidas, por apenas alguns minutos, o tempo que levou para Ibal She­ mesh entrar no tatame. A israelense de 25 anos ocupa a 50ª posição no ranking. Seu nome não apareceu em nenhuma piscina e ela chegou na Geórgia calmamente, sem que ninguém notasse. Talvez a requinta­ da comida georgiana, a umidade, ou simplesmente porque há dias em que tudo vai bem, mas o fato é que Shemesh destruiu todas as probabi­ 32

lidades com um judô espetacular e chegou à final em que Quadros não era mais tão serena, como testemu­ nha do desempenho dos israelen­ ses. Não era uma final para enqua­ drar; cada uma decidiu cancelar a outra, por três minutos, até que She­ mesh tomou a iniciativa com um ura­ nage que enviou a brasileira voando. A israelense não fez a viagem por nada desde que ganhou sua primei­ ra medalha de ouro em Grand Slam. As duas medalhas de bronze foram para a brasileira Tamires Crude e a francesa Manon Deketer. Crude der­ rotou a alemã Nadja Bazynski com um magnífico ippon, celebrado pelo público. Deketer fez o mesmo no golden score contra a holandesa Geke Van Den Berg.


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RESULTADOS FINAIS: 1. LEE Joonhwan (KOR), 2. GRIGALASHVILI TATO (GEO), 3. HAJIYEV Eljan (AZE), 3. BOLTABOEV Sharofiddin (UZB), 5. FALCONE Tiziano (ITA), 5. TCKAEV Zelim (AZE), 7. MANUKIAN Hievorh (UKR), 7. RIZOEV Shodmon (TJK)

­81kg Lar dos Bravos Tato Grigalashvili é a personifica­ ção do talento. Ninguém se entedia com ele porque algo sempre acontece. Ele nunca defende, sua atitude é total­ mente condicionada pelo espírito ofen­ sivo. Ele ataca de qualquer lado e não recua de ne­waza. Ele é um prodígio. Ele só tem um ponto fraco, mas muito tempo para corrigi­lo, porque ele tem apenas 22 anos; ele não deve ignorá­ lo, seu problema é mental. Ele tem uma tendência a exagerar e olhar ex­ cessivamente para a mesa dos árbi­ tros. uum pequeno detalhe, mas conta. Caso contrário, seu judô é divertido e eficaz. Ele chegou à final em que ele era o favorito claro contra o coreano Joonhwan Lee. Não seria fácil para Grigalashvili porque o coreano tinha eliminado rivais como o uzbeque Sha­ rofiddin Boltaboev e estava inspirado. Tudo estava pronto para a festa 36

georgiana estar completa, mas o core­ ano não viu dessa forma. Grigalashvili sentiu­se mais forte e atacado, come­ tendo o erro de abrir a porta para Joo­ nhwan, o tipo de erro que é implacável neste nível. É uma ducha gelada para Grigalashvili, fria para o público tam­ bém, mas quente para o coreano. É tórrido para o judô porque foi uma boa luta com um vencedor justo, o melhor na terra dos bravos. Trinta e sete se­ gundos foram levados pelo azeri Eljan Hajiyev, para se livrar de Tiziano Falco­ ne. Era como se ele estivesse com me­ do de perder o avião no caminho de volta para Baku. De qualquer forma, ele teve que esperar porque outro bronze estava em jogo para o Azerbai­ jão nas mãos de Zelim Tckaev, que en­ frentou Boltaboev. Os Azeris não perderam o avião, mas só ganharam uma medalha, a outra foi levada por Boltaboev.


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RESULTADOS FINAIS: 1. VAN DIJKE Sanne (NED), 2. TSUNODA ROUSTANT Ai (ESP), 3. MAEKELBURG Sarah (GER), 3. CHYSTIAKOVA Nataliia (UKR), 5. BETEMPS Cecília (ITA), 5. JAGER Hilde (NED), 7. CARVALHO Luana (BRA), 7. ISSOUFI Kaila (FRA)

­70kg Como esperado Se a holandesa Sanne Van Dijke e a espanhola Ai Tsunoda Roustant ti­ vessem se cruzado no avião, talvez ti­ vessem ficado para se verem na final. Eles eram as duas favoritas, pelo me­ nos para nós, em uma categoria com muitos ausentes e sob a liderança das holandesas, a número dois do mundo. Van Dijke não encontrou problemas em seu caminho para o bloco final. Quanto a Tsunoda Roustant, ela quase deu uma virada nas semifinais quando a alemã Sarah Maekelburg marcou wa­ za­ari. As espanholas reagiram com excelente trabalho em ne­waza que culminou em osae­komi. A Espanha não tinha um ouro após 40

a prata e o bronze do primeiro dia. Van Dijke (NED) não se importou e não dei­ xou o trem do título passar com um jo­ go tático que fez Tsunoda Roustant parecer mais jovem do que suas per­ formances anteriores indicaram hoje. Forte representação da alemã com a primeira medalha de bronze indo para Maekelburg. O segundo bronze foi pa­ ra a ucraniana Natallia Chystiakova após um estrangulamento muito rápido contra Hilde Jager (NED).


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RESULTADOS FINAIS: 1. GVINIASHVILI Beka (GEO), 2. TOTH Krisztian (HUN), 3. NGAYAP HAMBOU Maxime­Gael (FRA), 3. MUKAI Shoichiro (JPN), 5. PAPUNASHVILI Giorgi (GEO), 5. PIRELLI Gennaro (ITA), 7. BUBYR Artem (UKR), 7. MARGIANI Ushangi (GEO)

­90kg Estatísticas não mentem Beka Gviniashvili seria uma estrela do judô, até que a figura de Lasha Be­ kauri emergiu. Com o campeão olímpi­ co ausente, Gviniashvili liderou o grupo de quatro georgianos. Esta é uma ca­ tegoria em que eles são bons, mas o único que chegou ao último passo foi Gviniashvili, que esmagou todos os seus oponentes. Krisztian Toth é um veterano experiente de mil batalhas e ainda tem muita corda. Em Tbilisi ele evitou todas as armadilhas e apareceu na final contra Gviniashvili. Gviniashvili e Toth já se encontra­ ram 9 vezes na categoria júnior, com 8 vitórias para o georgiano. Desde que eles estiveram no Circuito Mundial de Judô eles se encontraram mais oito ve­ zes e Toth perdeu todas. Estatísticas 44

sendo o que são, embora Toth prova­ velmente não estava pensando muito nisso, não houve milagre para os hún­ garos. Gvniniashvili marcou waza­ari e foi muito superior. É claro que ele tem a medida de Toth e ele sabe disso. Toth acabou desesperado e com três shido. Gviniashvili ganhou seu terceiro ouro no Grand Slam. O francês Maxime­Gael Ngayap Hambou conquistou o bronze ao bater o georgiano Giorgi Papunashvili. Ngayap Hambou dominou toda a parti­ da, marcando waza­ari e esperando o tempo acabar. A luta pelo segundo bronze colocou o italiano Gennaro Pi­ relli contra o japonês Mukai Shoichiro. Mukai teve seu melhor jogo do dia. Pri­ meiro ele marcou waza­ari e depois gerenciou sua vantagem até o final.


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RESULTADOS FINAIS: 1. WAGNER Anna­Maria (GER), 2. AGUIAR Mayra (BRA), 3. POWELL Natalie (GBR), 3. STEVENSON Karen (NED), 5. TCHEUMEO Audrey (FRA), 5. LYTVYNENKO Yelyzaveta (UKR), 7. BUTTIGIEG Chloe (FRA), 7. TCHANTURIA Mariam (GEO)

­78kg Ficando mais forte Desde que se recuperou de sua grave lesão e depois da depressão, Anna­Maria Wagner é tão constante quanto uma estrela no céu. A alemã chegou à Geórgia com o status de grande favorita. Ela não tremia em ne­ nhuma luta e ganhou todos por ippon até chegar à final para enfrentar uma mulher com um enorme recorde. A bra­ sileira Mayra Aguiar também teve séri­ os problemas físicos que tem superado pacientemente. Em Tbilisi ela ofereceu seriedade e concentração, além de bom judô, o que a ajudou a eliminar a francesa ex­campeã mundial Audrey Tcheumeo nas semifinais. Wagner (GER) , na final, saiu com pressa e aos 45 segundos ela marcou waza­ari. Aguiar (BRA) reagiu, mas fal­ tou algo para traduzi­lo em pontos. Ela trabalhou duro para encontrar seu ca­ minho, mas estava quase recebendo outra pontuação e isso abalou sua de­ 48

terminação e ela perdeu a iniciativa. Wagner controlou o final da partida tra­ balhando no chão. É sua segunda vitó­ ria no ano em tantos torneios, depois de vencer em Antalya. Natalie Powell e Tcheumeo poderi­ am ter se visto na final porque elas têm o nível para isso. Elas lutaram pelo pri­ meiro bronze. A lutadora britânica mar­ cou ippon e expulsou a francesa do pódio. A ucraniana Yelyzaveta Lytvynenko surpreendeu a todos com excelente judô, apesar de seus 18 anos e sua posição de 127 no ranking mundial. Ela venceu sua primeira luta, dificultou muito para Tcheumeo e ganhou a hon­ ra de lutar pelo bronze. Para ganhar, ela teve que derrotar a holandesa Ka­ ren Stevenson. Lytvynenko poderia apreciar o quão longe ela ainda tem que ir para o topo, mas ela continua subindo.


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RESULTADOS FINAIS: 1. SANEBLIDZE Onise (GEO), 2. BERIASHVILI Giorgi (GEO), 3. TURABOEV Otabek (UZB), 3. HERBST Daniel (GER), 5. SERIKBAYEV AibeK (KAZ), 5. SULAMANIDZE ILIA (GEO), 7. VEG Zsombor (HUN), 7. HUMBERTO André (BRA)

­100kg 19 segundos Aqui a Geórgia agiu como um va­ lentão porque ele neutralizou qualquer indício de resistência. Giorgi Beriashvili e Onise Saneblidze chegaram à final para ter certeza de adicionar outro ou­ ro ao quadro oficial de medalhas e per­ mitir que o público desfrute de uma luta sem estresse, sabendo que o hino do país soaria no final. Ao longo do cami­ nho estavam o Uzbeque Otabek Tura­ boev e o georgiano Ilia Sulamanidze, de quem muito mais era esperado. Sa­ neblidze se livrou de Turaboev com uma facilidade incrível. Beriashvili tinha um caminho mais complicado contra Sulamanidze. Só quando o árbitro con­ cedeu dois shido beriashvili foi ao ata­ que, marcando ippon. Saneblidze foi ótimo! Primeiro ele 52

escorregou e caiu no chão. Então ele se levantou, atacou com um espetacu­ lar ura­nage e pousou Beriashvili com um estrondo para a loucura da multi­ dão; tudo isso em 19 segundos. Em di­ as como este, é maravilhoso estar errado. Turaboev lutou com sucesso pelo bronze ao derrotar o cazaque Aibek Serikbayek. O alemão Daniel Herbst teve que dançar com Sulamanidze e você já sabe que o rock and roll georgi­ ano não é feito para iniciantes. Parece que Herbst aprendeu rapidamente. O alemão venceu por estrangulamento e pegou uma medalha da Geórgia que alguns tomaram como certa antes do tempo.


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RESULTADOS FINAIS: 1. TOLOFUA Julia (FRA), 2. CHEIKH ROUHOU Nihel (TUN), 3. SOMKHISHVILI Sophio (GEO), 3. KAMPS Marit (NED), 5. FONTAINE Lea (FRA), 5. BERLIKASH Kamila (KAZ), 7. MARATOVA Nazgul (KAZ), 7. JABLONSKYTE Sandra (LTU)

+78kg Sem surpresa Tudo apontava para uma final entre as francesas Julia Tolofua e Léa Fon­ taine, devido à ausência dos japoneses e Raz Hershko. Tolofua respeitou os presságios e se classificou para a final. Fontaine falhou e por pouco não per­ deu na final quando foi claramente der­ rotada pela tunisiana Nihel Cheikh Rouhou, que marcou waza­ari duas ve­ zes. Tolofua começou à frente nas pre­ visões, mas Cheikh Rouhou teve um dia inspirado. A francesa é mais alta e mais móvel, por isso a judoca tunisiana estava procurando um corpo a corpo. Quando o golden score já estava cutu­ cando seus narizes, Tolofua marcou um waza­ari dourado e conquistou 56

uma vitória em um grand slam. A geor­ giana Sophio Somkhishvili conquistou o bronze devido à lesão de Fontaine. Não é a melhor maneira de ganhar, ninguém gosta, mas você tem que pa­ rabenizá­la porque é sua primeira me­ dalha de Grand Slam. O outro bronze foi para a holandesa Marit Kamps, car­ rasca da cazaque Kamila Berlikash.


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RESULTADOS FINAIS: 1. ZAALISHVILI Gela (GEO), 2. YUSUPOV Alisher (UZB), 3. BAKHTIYOROV Shokhruh (UZB), 3. MATIASHVILI Levani (GEO), 5. TERHEC Joseph (FRA), 5. BUGHADZE Onise (GEO), 7. KHAMMO Yakiv (UKR), 7. SIPOCZ Richard (HUN)

+100kg Boum A categoria dos pesos pesados era a oportunidade que o Uzbequistão es­ perava desde sexta­feira. Alisher Yusu­ pov derrotou dois georgianos e um francês pelo direito de lutar pelo ouro. O problema era que havia, é claro, ou­ tro georgiano em frente a ele, Gela Za­ alishvili. Era uma oposição de força bruta, para ver quem dos dois poderia produ­ zir mais quilowatts. Parecia luta livre, mas era judô, sem sutileza, como bes­ tas. Yusupov procurou o abraço do ur­ so e acabou embutido no tatame. Zaalishvili encerrou um esplêndido tor­ neio com dois waza­ari idênticos. O Uzbequistão fechou um excelente ter­ ceiro dia com a medalha de bronze pa­ 60

ra Shokhruh Bakhtiyorov, que derrotou o francês Joseph Terhec por shido. No entanto, falando em excelência, a Geórgia, com o bronze de Matiashvili, parou o balcão de medalhas aos 14, oito a mais que a França.


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Por: Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Oliver Sellner ­ EJU

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A seleção brasileira Sub­21 (Júnior) de judô disputou a Copa Europeia Jú­ nior de Graz, na Áustria, de olho na classificação para o Campeonato Mun­ dial Júnior, que acontecerá em agosto, em Guayaquil, no Equador. É a segun­ da competição internacional do time sub­21 do Brasil neste ano. Em abril, a equipe liderou o quadro geral de me­ dalhas do Campeonato Pan­America­ no, em Lima. A competição na Áustria começou no sábado, 04 de junho, com as dispu­ tas nas categorias 63kg, 70kg, 78kg, +78kg, 60kg, 66kg e 73kg. No domin­ go, foi a vez dos atletas dos pesos 48kg, 52kg, 57kg, 81kg, 90kg, 100kg e +100kg. Confira abaixo os atletas que re­ presentaram o Brasil na Áustria: 64

FEMININO 48kg Alexia Nascimento ­ FJMS ­ ASSOCIA­ ÇÃO ATLÉTICA JUDÔ FUTURO Rafaela Batista ­ FJERJ ­ ISCE ­ INSTITU­ TO SANTA CRUZ DE ESPORTES

63kg Maria Eduarda Diniz ­ FJERJ ­ CRF ­ CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO

78kg Eliza Ramos ­ FJERJ ­ CRF ­ CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO Beatriz Freitas ­ FPJ ­ ESPORTE CLUBE PINHEIROS

+78kg Luana Oliveira ­ FPJ ­ SAO JOAO TENIS CLUBE


MASCULINO 60kg Henrique Silva ­ FGJ ­ Grêmio Náutico União

66kg Paulo Rodrigues ­ FGJ ­ KIAI ­ Associação Canoense de Judô

73kg Gabriel Falcão ­ FJERJ ­ JCREAC ­ JUDÔ COMUNITÁRIO INSTITUTO REAÇÃO

81kg Kauan Jorge dos Santos ­ FJERJ ­ CRF ­ CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO Felipe Bothomé ­ FGJ ­ KIAI ­ Associação Canoense de Judô

90kg Guilherme Morais ­ FPJ ­ SESI SP +100kg Vitor Fagundes ­ FGJ ­ Grêmio Náutico União

E a seleção júnior de judô do Brasil fez bonito na Europa. O país fechou o primeiro dia com uma prata, de Maria Eduarda Diniz (63kg), e um bronze, de Eliza Ramos (78kg). Gabriel Falcão (73kg) também andou bem na sua chave e foi até a repescagem, parando uma luta antes da disputa pelo bron­ ze. Duda foi a melhor de sua chave nas preliminares, batendo Laura Kallin­ ger (AUT), Yuval Cohen Udi (ISR), Flo­ rentina Ivanescu (ROU) e Esmigul Kuyulova (KAZ). A brasileira só perdeu para a japonesa Kurumi Ioshioka na decisão pelo título. Eliza, por outro lado, passou por Carolina Mengucci (ITA), Matilda Nie­ meyer (GER) e perdeu para Lieke Derks (NED), na semifinal. Na luta pelo bronze, a brasileira não deu chances para a ucraniana Anna Kasakova e fi­ cou com a medalha. No mesmo peso, Beatriz Freitas 65

(78kg) caiu na primeira luta com a ja­ ponesa Aki Kuroda e não conseguiu a vitória. Na repescagem, ela parou em Iriskhon Kurbanbaeva. No pesado feminino, Luana Olivei­ ra (+78kg) foi superada por Erica Si­ moneti, da Itália, e por Machut, da França, na repescagem. Nas categorias masculinas, o me­ lhor desempenho foi do peso leve Ga­ briel Falcão, que encarou a maior chave da competição. Mesmo vencen­ do duas lutas ­ contra italiano e Georgi­ ano ­ o brasileiro não chegou às quartas e caiu nas oitavas para Vusal Galandazarde, do Azerbaijão, e foi pa­ ra a repescagem. Nessa fase, Falcão precisaria vencer mais três lutas para chegar à disputa de bronze. Ele come­ çou bem, com vitória sobre cazaque, mas não passou por outro georgiano e ficou fora da disputa pelo bronze. Henrique Gusmão (60kg) e Paulo Rodrigues (66kg) também lutaram nes­ te sábado, mas pararam na primeira rodada. Henrique perdeu para Kenta Sekimoto, do Japão, e Paulo para Alim Osmanov, da Romênia. Com os resultados do primeiro dia, o Brasil ocupa a 4ª posição no quadro geral de medalhas, atrás do Japão, Cazaquistão e Holanda. 37 países par­ ticipam do evento. Uma das rivalidades que vem sur­ gindo na classe júnior em competições nacionais deu ao Brasil, no domingo, duas medalhas na Copa Europeia Sub­ 21 de Graz, na Áustria. Rafaela Batista e Aléxia Nascimento venceram todas as suas lutas nas preliminares e se en­ frentaram na final do peso ligeiro (48kg). Aléxia começou melhor, forçando duas punições à Rafaela por falta de combatividade. A reação veio com um


Brasileiro Felipe Kitadai, medalhista olímpico, atuando como técnico da seleção da Áustria

ippon de Rafa a quatro segundos do fim do tempo normal de luta. Batista foi bronze no Mundial Júni­ or de 2021 e Aléxia foi campeã dos Jo­ gos Pan­Americanos Júnior de Cali em 2021 e do Pan de Lima, neste ano. As duas protagonizam finais de competi­ ções nacionais frequentemente e, com isso, vêm crescendo no mesmo nível. Kauan Jorge dos Santos também andou bem na chave do 81kg, vencen­ do três lutas seguidas ­ Canadá, Hun­ gria e Cazaquistão ­ até cair nas quartas para um polonês e, depois, na repescagem, para Kosovic, da Sérvia. No mesmo peso, Felipe Bothomé pas­ sou por David Yakovlev, de Israel, mas parou na segunda rodada diante de Bernd Fasching, da Áustria. No 90kg, Guilherme Morais venceu 66

na estreia o italiano Daniel Clocchiati, mas caiu nas oitavas para Mitrovic, da França, e na repescagem para Axel Heeren, da Holanda. O Brasil também contou com Vitor Fagundes (+100kg), que é ainda da classe juvenil (Sub­18) e não passou por Tabatadze, da Geórgia, na primeira luta em Graz. Na repescagem, Vitor venceu Alsadum, da Arábia Saudita, e perdeu para Nasibov, do Azerbaijão. Resultados: OURO ­ Rafaela Batista (48kg/Instituto Santa Cruz/FJERJ) PRATA ­ Aléxia Nascimento (48kg/Judô Futuro/FJMS) PRATA ­ Maria Eduarda Diniz (63kg/Flamengo/FJERJ) BRONZE ­ Eliza Ramos (78kg/Flamengo/FJERJ)


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Por: Assessoria de Imprensa da CBJ Fotos: Lara Monsores 69


O Campeonato Brasileiro Sênior de Judô, uma das principais competições do calendário da Confederação Brasi­ leira de Judô (CBJ), levou a Porto Ve­ lho, Rondônia, nos dias 11 e 12 de junho de 2022, a elite do judô nacional representando as seleções das Fede­ rações Estaduais de Judô em busca do título de melhor judoca do Brasil. Neste ano, a competição prometeu e cumpriu um elevado nível técnico e muita competitividade. Foi oportunida­ de única para os rondonienses fãs de judô acompanharem de perto grandes estrelas da modalidade, como a cam­ peã olímpica e mundial, Rafaela Silva, que representou a seleção do Rio de Janeiro na disputa. A descentralização das competi­ ções nacionais para outros estados fo­ ra do eixo Sul­Sudeste é uma das políticas de fomento da CBJ para que o judô se desenvolva e se massifique por todo território nacional. 70

As lutas aconteceram no Ginásio Cláudio Coutinho, com entrada gratui­ ta. As preliminares, tanto no sábado, 11, quanto no domingo, 12, começa­ ram às 9h (horário local), 10h (horário de Brasília). As finais no sábado foram a partir das 15h (local), 16h (Brasília), enquanto no domingo começaram mais cedo, às 11h30 (local) e 12h30 (Brasília). Além de Rafaela, outros nomes que integram ou já integraram as sele­ ções brasileiras de judô também esti­ veram em ação no Ginásio Claudio Coutinho, como a semifinalista olímpi­ ca Mariana Silva (63kg/São Paulo), Amanda Lima (48kg/Minas Gerais), Maria Taba (52kg/Minas Gerais), Ke­ telyn Nascimento (57kg/São Paulo), David Lima (73kg/Rio Grande do Sul), Leonardo Gonçalves (100kg/Rio Gran­ de do Sul), Aléxia Castilhos (70kg/Rio Grande do Sul), Ryan Conceição (60kg/ Rio de Janeiro), Phelipe Pelim (66kg/


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São Paulo), Renan Torres (66kg/São Paulo), entre outros. Jovens de destaque das equipes de transição (Sub­21) como Eliza Ra­ mos (78kg/ Rio de Janeiro), Aléxia Nascimento (48kg/Mato Grosso do Sul) e Rafaela Batista (48kg/Rio de Janei­ ro), que subiram ao pódio na Europa no final de semana que antecedeu o campeonato brasileiro, também estive­ ram em Porto Velho buscando um lu­ gar entre os principais judocas do Brasil. Além da glória de ser campeão na­ cional, o Brasileiro Sênior deu ao cam­ peão uma grande vantagem na Seletiva Nacional que definirá a Sele­ ção Principal de 2023. Os campeões brasileiros receberam o convite da CBJ 72

para lutar a Seletiva e já entrarão dire­ to na segunda fase de disputa, que é o rodízio final de cada categoria. Ou se­ ja, chegará mais descansado na fase decisiva da Seletiva. Pela primeira vez, a CBJ transmitiu a competição ao vivo, desde as preli­ minares pelo canal próprio, o Brasil Judô, no Youtube. E após dois dias de competição, atletas de 26 dos 27 estados brasilei­ ros participaram da disputa represen­ tando as seleções das Federações Estaduais de Judô filiadas à CBJ. Nas chaves masculinas, a seleção de Minas Gerais foi quem conquistou o maior número de ouros e liderou o quadro geral com os dois ouros de Eduardo Bettoni (100kg) e Juscelino


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Nascimento (+100kg), além da prata de Tiago Palmini (+100kg) e o bronze de Guilherme Guimarães (81kg). Já nas categorias feminina, São Paulo dominou a disputa e ficou em primeiro. Ketelyn Nascimento (57kg), 74

Pamella Palma (70kg) e Barbara Ribei­ ro (78kg) foram campeãs, Karol Gime­ nes (78kg) ficou com a prata e Layana Colman (57kg), Agatha Silva (+78kg) e Mariana Silva (63kg) ficaram com bron­ ze.


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PROGRAMA CBJ DE FORMAÇÃO CONTINUADA

A INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL DO JUDÔ NO BRASIL Por: Educação CBJ

O Programa CBJ de Formação Continuada, lançado em março de 2022, pela Confederação Brasileira de Judô, tem como objetivo a oferta de cursos de formação e qualificação pro­ fissional em diversas áreas de conheci­ mento que abrangem o judô. Esse é o ponto de partida do novo setor de Edu­ cação da CBJ, que terá a missão de gerenciar todos os programas edu­ cacionais da entidade, promovendo o intercâmbio de conhecimento por meio da produção, socialização e certifica­ ção dos profissionais que atuam com a modalidade. O judô, como uma das modalida­ des esportivas mais praticadas no Bra­ sil, contribui para o desenvolvimento de valores sociais e normas de condu­ ta, sendo reconhecido como um espor­ te educacional. Apesar da modalidade ter se difundido e se organizado de for­ ma a apresentar resultados internacio­ nais expressivos, ao longo da sua trajetória, o judô defronta­se com um conjunto de fatores que compreendem a cultura esportiva e social. O modelo artesanal no ensino do judô, ou seja, a “pedagogia da prática”, que ao longo da história marcou os processos de ensino e aprendizagem no judô, encontra­se presente até os dias atuais, na formação que, tradicio­ nalmente, os faixas pretas, instrutores, técnicos e dirigentes se enquadram no Brasil. Esta lógica de formação cujo aprendizado é essencialmente prático por meio do treinamento até o alcance do domínio e/ou competência técnica, 77

objetiva a formação do caráter do alu­ no da mesma maneira que os conheci­ mentos formais (escolares) formam o indivíduo. No contexto brasileiro, este modelo de gerenciar o judô atendeu inicialmen­ te a demanda social e se desenvolveu ao longo da história do país. No entan­ to, ao resgatar a história de evolução do judô e as transformações sociais ocorridas, percebe­se mudanças signi­ ficativas em relação à prática do judô. Neste sentido, o perfil e as deman­ das profissionais como já observado, passam por um período significativo de transição, sinalizando uma nova fase e a necessidade de implantação de uma política de formação que, em suas pro­ postas curriculares, incentivem a práti­ ca e a qualificação do judô. A formação não se constrói por acúmulo de cursos, de conhecimentos ou de técnicas, mas por meio de um trabalho de reflexão crítica sobre as práticas e de (re)construção perma­ nente da pessoa do professor, no in­ vestimento de novos conhecimentos, aliados ao saber da experiência e aos percursos de vida pessoal e profissio­ nal. A relevância da implantação da área educacional na Confederação Brasileira de Judô, por meio do Pro­ grama CBJ de Formação Continuada, se materializa pela oferta de novas oportunidades de atualização e de ca­ pacitação profissional com base cientí­ fica a toda a comunidade do judô brasileiro.


EDUCAÇÃO CBJ QUALIFICA MAIS DE 500

PROFISSIONAIS DE JUDÔ NO PRIMEIRO MÓDULO

O Programa de Formação Continu­ ada de Treinadores, lançado em março deste ano pela coordenação de Educa­ ção da Confederação Brasileira de Judô, já pode ser considerado um grande sucesso. Pouco mais de dois meses após o lançamento, o curso já qualificou e certificou mais de 500 trei­ nadores de judô no Brasil. Aqueles que concluíram o primeiro módulo de ativi­ dades estão credenciados para atuar nas competições nacionais realizadas pela CBJ em 2022. Na avaliação da coordenadora de educação, Clarice Pires, muitos objeti­ vos foram alcançados já nesse primei­ ro módulo. “A satisfação dos participantes 78

quanto à socialização da metodologia do Programa de Desenvolvimento das Equipes de Transição da CBJ para a construção do alto rendimento alinhado com todos os estados; a possibilidade dos envolvidos de confrontar as expe­ riências práticas da área com o conhe­ cimento técnico­ científico acessado, ou seja, a relação da teoria com a prá­ tica de treinamentos; e por fim, reitera­ do por muitos a ampliação do conhecimento sobre os valores, proto­ colos e programas que envolvem a CBJ objetivando o crescimento dos profissionais junto a entidade foram al­ guns dos principais objetivos alcança­ dos com o módulo I”, enumera. Nesse primeiro módulo, os alunos


puderam conhecer, de forma introdutó­ ria, os métodos de desenvolvimento esportivo praticados pela CBJ na for­ mação de judocas. A base do conteúdo deste curso veio do Programa de De­ senvolvimento Esportivo das Equipes de Transição da CBJ. A proposta da coordenação do curso é lançar mais três módulos só neste ano. “Queremos que os treinadores en­ tendam que isso não é um projeto iso­ lado. É um programa que tem continuidade e vai estar na vida do trei­ nador de judô do Brasil daqui para frente”, sublinha o professor José Olí­ vio Jr, coordenador do curso e técnico das Equipes de Transição (Sub­18 e Sub­21) da CBJ. Para aprimorar e oferecer um ser­ viço ainda melhor aos cursistas, foi fei­ ta uma pesquisa geral com todos os alunos. Eles avaliaram o programa em diversos aspectos e deixaram suges­ tões para os próximos passos. Entre elas, a realização de estágios práticos com as seleções brasileiras de judô. A ideia já estava nos planos do programa e, em breve, o setor de educação da CBJ divulgará maiores informações sobre datas e critérios de participa­

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ção. A pesquisa revelou ainda um perfil altamente qualificado dos profissionais que atuam com o judô no Brasil e que concluíram o primeiro módulo. Em sua maioria, os alunos são treinadores com ensino superior completo e alguma es­ pecialização na área de esporte, além de mais de 20 anos de atuação como treinador (a). Os estados com o maior número de inscritos foram São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Pernambuco, respecti­ vamente. Todos os estados da federa­ ção tiveram representantes inscritos, com exceção do Acre. O Módulo II já está em fase final de preparação e será lançado no segundo semestre de 2022 seguindo o mesmo modelo pedagógico do Módulo I, ape­ nas com a inserção de aulas síncronas (ao vivo) com conteúdo distribuído em trilhas de aprendizagem e vídeo­aulas dentro da plataforma de ensino à dis­ tância educacaocbj.com.br . O Módulo I continua disponível na plataforma e pode ser adquirido a qualquer momen­ to.


Fotos: Hipólito Pereira

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Há 34 anos, o judô brasileiro muda­ ria sua trajetória com um marco históri­ co cujo principal protagonista foi o paulistano Aurélio Fernandes Miguel, o primeiro judoca a conquistar o ouro olímpico para a modalidade. Para homenageá­lo, replicaremos aqui a matéria de Hellen Guimarães para o O Globo que entrevistou o pro­ fessor Geraldo Bernardes, então técni­ co da seleção brasileira de judô nos Jogos Olímpicos de Seul em 1988. A matéria completa encontra­se no Blog Acervo O Globo: “Aurélio Miguel parecia uma fera no tatame”. Foi assim que o GLOBO noti­ ciou o primeiro ouro olímpico do judô brasileiro. De estilo agressivo e técnica apurada, o paulista de 24 anos surpre­ endeu o mundo ao ditar o ritmo das cinco lutas que disputou para levar o tí­ tulo da categoria meio­pesado (à épo­ ca, até 95 kg). Além de histórica, a conquista foi também a única vez em que o hino do país tocou nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. O treinador do judoca era Geraldo Bernardes, o Gera, que comandou a seleção brasileira de 1979 a 2000. Não bastassem as seis medalhas olímpicas que conquistou com diferentes atletas no currículo, ele ajudou a formar talen­ tos como Flávio Canto e Rafaela Silva, primeira judoca do país, entre homens e mulheres, a se tornar campeã mundi­ al e olímpica.

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­ A emoção foi grande, muita gente não acreditava que o Brasil pudesse sequer ganhar uma medalha nos Jo­ gos, principalmente no judô. Na primei­ ra luta, não havia nenhum repórter. Conforme Aurélio foi ganhando, até o presidente do COB estava lá querendo falar com ele ­ relembra­se Gera, antes de elogiar o pupilo, que já tinha con­ quistado o Mundial de Judô de Porto Rico, em 1982. ­ Ele foi o melhor atle­ ta, referência para todo mundo que veio depois. Antes da final em Seul, Aurélio Mi­ guel pediu ao sensei que retirasse to­ dos os curiosos da área de preparação, queria ficar sozinho para se concentrar somente na quinta e últi­ ma batalha. No dojô, a decisão foi equilibrada do início ao fim. A estraté­ gia essencialmente defensiva do ale­ mão rendeu­lhe duas punições por falta de combatividade, colocando o brasileiro em vantagem. ­ Aurélio atacava o tempo todo, ta­ manho de adversário não era nada pa­ ra ele. Suas marcas eram a agressividade, a força de vontade e a superação. Tinha grande preparo físico e sua especialidade eram os kumi ka­

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tas, as pegadas. Ele fazia parecer que um cara de dois metros de altura era anão. Foi o que aconteceu com o Mei­ ling. Ele conseguiu fazê­lo se encolher todo e ser punido ­ explicou Bernardes. Depois de tomar uma rasteira, o que fez um dos árbitros registrar um koka (pontuação mais baixa do judô, atualmente extinta) para Meiling, o bra­ sileiro foi para o tudo ou nada e derru­ bou o adversário de cara no tatame com um uchi­mata, anotando um yuko e vencendo a disputa mais importante de sua carreira. ­ Na época, a gente se desespera­ va porque faltava dinheiro, estrutura adequada, o uniforme não era o me­ lhor, mas tínhamos muita vontade de ganhar. Da medalha em diante, come­ çamos a ter mais patrocinadores. A vi­ tória em Seul foi um marco não somente em técnica, mas no investi­ mento também. Aurélio Miguel encerrou a carreira em 2001, com duas medalhas olímpi­ cas (ouro em 1988 e bronze em 1996), três medalhas mundiais (duas pratas e um bronze), um ouro no mundial júnior (1983) e sete títulos panamericanos.



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