978-85-65242-34-9- seminhaempresafalasse-WEB

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Sumário Se minha empresa falasse... 1............................................9 Bons motivos para o trabalho...................................... 13 O bom consultor......................................................... 15 Problemas com o planejamento................................... 17 A tarefa do executivo................................................... 19 Vantagens diretas da consultoria................................. 23 A condição de empresário........................................... 25 Se minha empresa falasse... 2..........................................29 Quero ser grande, e daí?............................................. 34 Um modelo para liderança.......................................... 37 Sinais de incompetência.............................................. 40 Comportamento adequado e competências................. 42 O que dizia Confúcio.................................................. 44 Se minha empresa falasse... 3..........................................47 O que dizia Platão....................................................... 52 As dimensões da liderança.......................................... 54 Relações humanas....................................................... 57 A condição solitária do líder........................................ 59 Relações humanas na prática empresarial.................... 62 Quer mesmo gerenciar projetos?................................. 65 Gestão do tempo em equipe........................................ 68 Diga-me teu tempo e te direi quem és......................... 70 Participar em projetos especiais................................... 72


Planejamento estratégico – análises e diagnósticos...... 74 Expansão empresarial................................................. 77 O que não dizia Alexandre.......................................... 79 Competências fundamentais....................................... 81 Leading....................................................................... 83 Como lidar com o futuro............................................ 86 Níveis de maturidade do líder..................................... 88 Que é liderança?......................................................... 90 A música da equipe..................................................... 92 O brilho do líder......................................................... 94 Tomar decisões........................................................... 95 Acertar ou errar........................................................... 98 Só isso?..................................................................... 100 Liderança como estilo............................................... 102 Como transformar técnicos em gestores?................... 104 Se minha empresa falasse... 4........................................107 Os ciclos na consultoria............................................ 110 Liderança e domínio................................................. 112 O problema da (falta de) profundidade..................... 114 Ver o invisível........................................................... 115 Shugyô....................................................................... 116 Mão na massa........................................................... 117 Liderança na prática. Prática na liderança.................. 119 Se minha empresa falasse... 5........................................121 Expansão empresarial II............................................ 124 Se minha empresa falasse... 6........................................127 Teoria da liderança.................................................... 130 O “jeitão” de cada um no trabalho............................ 132 O significado do trabalho.......................................... 134


Se minha empresa falasse... 1 “Carolina, os teus olhos tristes mostram tanta dor...� Chico Buarque - Carolina


Estavam todos, como de costume, sentados à minha volta.

Tiago Grandi

Aquilo mais parecia um tribunal do que uma reunião de negócios.

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O contador, de óculos, bigode, olhando por sobre os óculos, coçando o bigode. Encarava o empresário como se o estivesse analisando. O empresário, empolgado, mostrava a planilha que havia usado para simular um novo cálculo para aumentar a depreciação das máquinas e reduzir ainda mais o lucro declarado – assim pagaria menos impostos... Já o advogado, nem recordo quantas vezes disse que “isso não dá para fazer”. Aquele “trio parada dura” era o cenário cômico dos meus últimos dias. Sim, porque foram, de fato, os meus últimos dias. Eu fali.

Uma empresa falida não tem muita moral para falar, é verdade. Mas, a despeito da lição de moral, bem que foi uma trajetória engraçada. Tragicômica, para ser mais precisa. Desde a minha fundação, quando o senhor empreendedor sócio cotista com mais cotas teve a ideia de iniciar o negócio, vivi dias fantásticos. E também sofri, sofri muito. O outro senhor empreendedor, o sócio cotista com menos cotas, sempre duvidava da minha capacidade. Achava que eu não iria longe. Estava certo. Mas por certo também a culpa passou por suas mãos. Ele era o responsável pelas vendas. Tudo o que eu produzia tinha que ser vendido. Parece que o cara não sabia disso. Alguma estranha certeza o levava a pensar que todos queriam os meus produtos. Mesmo os que não sabiam, sequer, da minha existência. Mas


não adiantava. Ele não confiava na empresa. A empresa era a culpada. Sempre fui... aos seus olhos.

Quase dava para ver isto no seu crachá, pois nada fazia pela minha sobrevivência; nada sabia a respeito de sobrevivência. Se soubesse, viveria melhor sua própria vida, sem a necessidade de toda aquela fala bonita sem utilidade. Tenho de admitir que o senhor empreendedor sócio cotista com mais cotas, que ficou com mais cotas ainda, era o verdadeiro administrador. Mas não me gerenciava pensando em mim, não. (E afora minha carência de mais atenção, acho que a perda acaba sendo dele mesmo, pois, agora, onde vai trabalhar?)

Se minha empresa falasse...

Já o outro sócio empreendedor, o terceiro, o “laranja”, entrou na “jogada” – como ele dizia – somente para o senhor empreendedor com menos cotas, o sócio cotista que não acreditava em mim, sentir-se mais à vontade. Era só dizer de vez em quando que era questão de tempo. Que as vendas iriam deslanchar. Mas não foi suficiente. O desconfiado saiu da sociedade (perdi um dono) e aí este último passou a ser efetivamente conhecido como “laranja”.

Ele não escutava minha voz gritando para que pensasse na estratégia! Tanto menos quando, naquela última reunião, junto ao contador e o advogado, eu lhe sussurrava ao ouvido para que deixasse de lado os seus interesses de curto prazo. Naquele dia, o bigode do contador chegava a tremer junto. O último balancete era claro: eu estava falindo. O advogado, nem um pouco preocupado comigo, só falava dos bens do senhor empreendedor. O contador, só falava dos meus. Só que dos meus “maus”.

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O senhor empreendedor, não tinha jeito com meus números. Não entendia o que eu falava.

Tiago Grandi

Ele até achava que era bom com números. Só que a matemática dele era muito imediatista. Não sabia ler o que os números diziam (pois este é um recurso que uso. Gosto de falar através dos números).

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Ele achava que era uma questão de vender mais, mas não via que, quanto mais vendesse meus produtos, com aquela estrutura de custos, mais me sugaria e mais me atingiria. E foi o que aconteceu: numa grande venda para um grupo escocês, quase fiquei sem fôlego. Como eu conseguiria matéria-prima para funcionar, sem capital de giro? O cara nem pensou nisso. Só queria vender, vender. Quando o contador deixou o bigode e resolveu abrir a boca, escutei pela primeira vez que ele poderia me abandonar. Bom, se ser mal tratada era ruim, ser abandonada seria pior ainda. O advogado concordou e eu passei a detestar aquele cara, que só queria saber de papéis e de leis, enquanto eu estava com sede (sem dinheiro).


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