Público Porto 20160614

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Público Porto ID: 64857249

14-06-2016

Tiragem: 32857

Pág: 16

País: Portugal

Cores: Cor

Period.: Diária

Área: 25,70 x 30,43 cm²

Âmbito: Informação Geral

Corte: 1 de 1

Open House Porto: encontrar novos endereços nas ruas em que se habita O Open House regressa ao Porto, a Gaia e a Matosinhos. As portas de 51 edifícios vão abrir-se a “estudiosos, turistas, técnicos, amantes de cidades, voyeurs e futuros políticos”, já no fim-de-semana de 18 e 19 de Junho PAULO PIMENTA

Arquitectura Cristiana Faria Moreira Uma viagem entre finais do século XIX e o século XXI, conduzida por edifícios que contam estórias com várias décadas. O Porto vai, mais uma vez, abrir as portas à arquitectura, na segunda edição do Open House. No fim-de-semana de 18 e 19 de Junho, a “festa da arquitectura” estende-se a 51 edifícios das três cidades da frente atlântica e vai fazer os seus visitantes embarcar numa viagem que vai retroceder ao início do século XX, com paragem na Casa Barbot, em Gaia, por exemplo, mas que rapidamente salta para o século XXI, para o renovado Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões. A iniciativa da Casa da Arquitectura e da Trienal de Arquitectura de Lisboa conta com a parceria da Câmara Municipal do Porto e com a colaboração das câmaras de Gaia e de Matosinhos. E aparece “para levar a arquitectura ao grande público”, diz o director executivo da Casa da Arquitectura, Nuno Sampaio, na conferência de imprensa de apresentação do evento. Que ocorre numa cidade que é “reconhecida mundialmente, não só pelo que fazem os seus arquitectos, mas também pelo património que tem”, salienta José Mateus. Para o presidente da Trienal de Arquitectura de Lisboa, “este programa, de todos os que a trienal tem na sua lista de programação, é talvez o mais democrático, o mais aberto”, porque está pensado “desde a origem” para os cidadãos e não para os especialistas. Contudo, acrescenta que “tem também uma qualidade que garante que especialistas e os mais exigentes sintam que é um espaço especial de fruição da arquitectura”. O roteiro definido pelo comissário do evento, o arquitecto Jorge Figueira, e pelo comissário adjunto, Carlos Machado e Moura, é uma “homenagem às três cidades”, desenhado para quem vive “na região”, o que “contrabalança” com a atenção dada ao turismo. O curador lança o convite a “estudiosos, turistas, técnicos, amantes de cidades, voyeurs e futuros políticos”, a todos o que queiram “conhecer e encontrar novos endereços nas ruas que habitam”. Nesta viagem, o comissário destaca paragens “obrigatórias” em mo-

Esta edição vai percorrer 51 edifícios das três cidades da frente atlântica, uma viagem desde o final do século XIX aos dias de hoje numentos contemporâneos, como a Casa de Chá da Boa Nova, do arquitecto Siza Vieira, a Escola do Cedro, a Piscina de Leça, a Quinta da Conceição, “sítios que inscreveram a arquitectura portuguesa, já desde os anos 50, no debate internacional”. E uma “surpresa” que inclui uma visita a uma das Quatro Casas, em Matosinhos, uma das primeiras obras de Siza. Mas este percurso tem mais do que uma “visão intimista”. As “intervenções de grande escala na cidade”, como o Terminal de Leixões, a Torre do Burgo, de Souto de Moura, partes que não são habitualmente visitáveis do Metro do Porto, ou a Igreja Universal do Reino de Deus, vão ser abertas ao público. E é por isso que a engenharia do Porto também será contemplada pelas visitas à Ponte de S. João e ao Laboratório de Engenharia Edgar Cardoso. Um roteiro que

não esquece a habitação social, com visitas aos bairros do Lagarteiro e de Lordelo do Ouro. Para o comissário do Open House, a “pedra-de-toque” do evento passa pelo regresso ao Porto ecléctico do século XX, à matriz e à erudição” de edifícios como a Clínica Heliântia, a Casa Barbot, o Teatro S. João, o ateliê da Fundação Marques da Silva, a sede da Caixa Geral de Depósitos, o edifício d’O Comércio do Porto — imóveis que abriram a porta à arquitectura modernista dos anos 40 e 50. Também as câmaras municipais vão poder ser visitadas, “em nome do sentido democrático” que o projecto apresenta. Um itinerário que inclui lugares que não têm “espaço para acolher multidões, mas que têm grande valor arquitectónico e que se dividem pelas três cidades”, conclui Nuno Sampaio. O director da Casa da Arquitectura fez também

questão de destacar o papel de Paulo Cunha e Silva, a quem dedica a segunda edição da Open House Porto, na formação da frente atlântica, que “viu que o território das três cidades era um só”.

Para todos e até do ar A inclusão é uma das principais preocupações desta edição. Foi criado um programa “paralelo e de inclusão” que contempla visitas sensoriais, para invisuais, com explicação em braille, ao Palácio do Bolhão e com tradução para língua gestual à Serra do Pilar, por exemplo. Vai ser possível ter uma “visão Google Maps”, com uma vista aérea proporcionada por viagens de balão de ar quente que vão permitir que o cidadão possa ver a cidade de uma outra perspectiva. Também os estudantes de Arquitectura estão convocados. Para en-

treter as pessoas que estão à espera de entrar nos locais, os estudantes vão desenhar os espaços a partir de determinado tipo de detalhes, num “convite” para que as pessoas vejam os edifícios de uma outra forma. As crianças e as famílias vão poder envolver-se também em actividades lúdico-pedagógicas em três dos espaços do roteiro: na Câmara do Porto, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões e no Farol de Leça. Durante dois dias, cada um vai poder criar o seu itinerário pela cidade, por 51 espaços de património arquitectónico e urbanístico português, acompanhados por 150 voluntários e 61 especialistas que ajudarão nas visitas comentadas. A entrada mantém-se gratuita e o acesso é por ordem de chegada, sendo que em alguns casos será necessária uma pré-marcação. Texto editado por Ana Fernandes


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