Bossa #1 - Abril 2016

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PEDRO MORENO

1 abril #

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editorial

João Compasso

Direção: Michelle Vasconcelos Styling: Paula Arredondo Photo: Mario Trueba Colaboração: Dmad Madrid

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João Compasso

editorial

EDITOR É com muito prazer e felicidade que lançamos o primeiro número da BOSSA. Como um filho, foi concebida com muito amor e cuidado por uma equipe e colaboradores que não há palavras que possam agradecer sua dedicação e comprometimento. Uma revista que tem a pretensão de ser moderna, atuante, vanguardista e da comunidade brasileira. A palavra ̈Bossa ̈ apareceu pela primeira vez em um samba, se eternizando na história devido ao estilo musical brasileiro. Genuinamente tupiniquim, Bossa significa movimento, ritmo, ginga, no melhor estilo brasileiro. É a marca Brasil elegante, fina e longe de estereótipos. Para o nosso debut, muita cultura, arte e brasilidade. Em nossa primeira capa, buscamos alguém que tivesse uma longa e estreita história na comunidade. Pedro Moreno, músico e compositor, que se entregou de corpo e alma com muita generosidade ao nosso editorial. Em nossas páginas muita tendência, moda, ativismo e cultura. Nossa plataforma se estende ao audiovisual com a TV BOSSA e a rádio BOSSA FM, com programas semanais. Estão todos convidados para somar a esse novo projeto. Esperamos ser a voz e os ouvidos da comunidade, levando com responsabilidade as informações, sempre da forma mais imparcial possível. Obrigado mais uma vez a todos que fizeram este projeto se tornar realidade.

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SUMáRIO 22 – BOSSA FM

Na onda com a BOSSA

SAM 8 – Entrevista

Armandinho Macêdo, o pai do trio elétrico.

Não é todo dia que um músico de peso como o Armandinho vem à Espanha. Reconhecido por ser um dos pais do trio elétrico e guitarra baiana, o músico tem shows marcado em Madri e Barcelona. Além de um workshop sobre o chorinho e as origens dos carnavais da Bahia.

12 – Soul brasileiro

Pedro Moreno e toda sua versatilidade Um rosto, um sentimento. Pedro Moreno sem dúvida é um dos músicos brasileiros mais expressivos da atualidade na Espanha. Aqui uma retrospectiva da carreira deste completo artista.

18 – Tred

Foodtrucks viram tendência com charme e sabor

Surgiram de uma forma massiva pela primeira vez em Nova Iorque, com uma proposta de reformular o fast food. Hoje, esses restaurantes sobre rodas estão na crista da onda, com muito estilo e bom gosto.

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Não só de papel se faz a BOSSA. O Dj e investigador musical, Rodrigo da Matta, comandará a rádio mais bossa da Espanha. Conheça essa plataforma e a programação do que rola em Abril.

28 – Ativismo

Amy Montemor é toda uma causa

A brasileira é uma das líderes do movimento negro Panafricano na Espanha. Mulher, ativista e negra, Amy tem um sorriso que desafia o mundo e a convicção de sua luta.

32 – Estilo de Vida

O poder da pequena Chia

Sim, a pequena semente oriunda da américa central é a nova queridinha das dietas. No seu currículo, se apresenta como uma excelente fonte de fibras, antioxidantes, cálcio, proteínas e ômega 3 de origem vegetal.


Capa Direção: João Compasso Produção: Vilte Pupkeviciute Photo: Natã Backhaus Estudio: Backhaus

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MBA 44 – Be Natural

10 dicas para cuidar da pele com produtos naturais

34 – Especial

Os cem anos do samba

Centenário deste senhor de vitalidade juvenil. Impossível ficar imune a uma data tão especial. Uma retrospectiva sobre o ritmo que é, por natureza, a identidade nacional canarinha.

38 – Entrevista

Patrícia Caicedo entre Brasil e Espanha

A cantora lírica lança um álbum com músicas catalãs no Brasil. Na Espanha, ela é responsável pelo Festival que se dedica a investigar a música brasileira.

42 – Trip

Entre o sabor e o sagrado

Monastério de Sant Benet: um dos destinos gastronômicos e culturais da Catalunha. O lugar guarda segredos entre montanhas e natureza.

Não é novidade que na natureza está a cura para todas as enfermidades, bem como a solução para se ter uma vida mais saudável. Porém, quais as receitas para cuidar da pele? A Tahone, especialista em produtos naturais, dá dez dicas.

54 – Agora

Brasileiros ativos na Espanha

Agora é o tempo de fazer. Na Espanha, temos muitos brasileiros magníficos que promovem, de forma efervescente, a cultura e a arte. Fique por dentro, antene-se!

64 – Quixote Macunaíma

10 coisas a fazer, antes de sair do Brasil

O provocativo e inquietante sociólogo Flavio Carvalho prepara essa curiosa e imprescindível lista. Destinada aos que vão, mas principalmente aos que precisam abandonar o conforto da inércia.

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carta

staff

CARTA É com grande satisfação que o Consulado-Geral do Brasil em Barcelona recebe a notícia do lançamento da Revista Bossa. Com uma jurisdição que, passando pelas Baleares a leste, vai da Catalunha a Murcia no sul, e ao Pais Basco e Aragão a oeste, nossa repartição em Barcelona não pode deixar de formular boas-vindas à nova iniciativa. Tenho certeza de que este veículo representará importante canal de divulgação e congraçamento da comunidade brasileira na Espanha, dando voz aos milhares de brasileiros que aqui residem e referência para os cidadãos espanhóis que se interessam pelas coisas do Brasil. A Revista Bossa se soma a outras iniciativas decorrentes do dinamismo dos nossos compatriotas e amigos na Espanha. Além disso, a publicação de conteúdo de qualidade em português permite a comunidade lusófona, bem como ao público em geral, manter contato com nosso idioma, instrumento importante de manutenção dos vínculos culturais dos povos. Incentivar as ações que fortalecem o português como língua de herança é um dos objetivos mais amplos do Consulado-Geral do Brasil em Barcelona, que conta com um Centro de Estudos Brasileiros bastante conhecido. Em vista de tudo isso, na qualidade de titular dessa Repartição, eu não poderia deixar de celebrar o presente lançamento. Desejo sucesso a Revista. E viva a Bossa! José Augusto Lindgren Alves Cônsul-geral do Brasil em Barcelona

staff DIRETOR João Compasso EDITOR João Compasso EDITORA BARCELONA Daniela Pacheco REDAÇÃO Clarice Compasso Daniela Pacheco DESIGNER Gonzalo López de Egea Gómez COLABORADORES Bruna Jenifer, Cris de Souza, Flávio Carvalho, Juliana Bezerra, Marcelo Costa, Michele Vasconcelos, Rodrigo da Matta, Tahone Jacobs. REVISIÃO Claúdia Maciel Isabelly Araujo CONTATO editor@revistabossa.com +34 64 007 41 77 DEPÓSITO LEGAL M-10540-2016 As opiniões expressas por nossos colaboradores são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. /revistabossa @revistabossa @revistabossabr

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entrevista armandinho

João Compasso

ARMANDINHO MACÊDO DE VOLTA À ESPANHA, TRAZ O CHORINHO E AS ORIGENS DO CARNAVAL DA BAHIA.

Um dos mais reconhecidos e prestigiados instrumentistas baianos, Armandinho, pai do trio elétrico e guitarra baiana, volta às terras espanholas para mais uma turnê. Dessa vez, ele só prestigiará Madri e Barcelona, onde fará seus shows. Na capital, ele também dará um workshop sobre o chorinho e as origens da música baiana. Inventor do trio elétrico, uma dos principais personagens do carnaval baiano, Armandinho tem propriedade e conhecimento de causa para falar sobre o movimento do qual ele foi um dos precussores.

Iniciou sua carreira na música em 1964, quando, ainda criança, formou o grupo de frevo Trio Elétrico Mirim, porém, apenas em 1974 criaria, junto ao seu pai, a banda Trio Elétrico Armandinho, Dodô & Osmar. Pode-se dizer que esse movimento foi pioneiro frente aos atuais carnavais baianos. Durante sua carreira, tocou com diversos músicos como: Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Caetano Veloso, Yamandú Costa, entre outros. Nas últimas três décadas, aprimorou seu trabalho instrumental, dedicando-se mais ao choro. No projeto “O chorinho de Armandinho”, tem o objetivo de manter vivo este gênero, que é um dos mais antigos estilos musicais do Brasil, porém infelizmente ainda pouco conhecido pelo grande público. Com este trabalho, Armandinho faz uma

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síntese das suas principais vertentes musicais, misturando o Rock, o Pop e ritmos carnavalescos, que são interpretados pelo músico com seu estilo inconfundível ao tocar o bandolim e a guitarra baiana. O novo espetáculo deste plural e, ao mesmo tempo, singular artista, promete trazer novidades dignas de um maestro, brincando com os ritmos, ele eletriza a música regional, fundindo o genuíno ao contemporâneo. Tudo isso acompanhado da sua guitarra de 7 cordas, do cavaquinho e do pandeiro, transformando o pop em choro e o choro em carnaval. A surpresa reservada para o show na Espanha fica por conta da fusão que fará entre a música brasileira e o flamenco. Para isso, contará com a participação especial de Fernando de la Rua e Rogerio d’Souza. BOSSA – Qual será o formato do workshop em Madri? Armandinho Macêdo - Eu tenho uma história com o bandolim de 10 cordas e a guitarra baiana e gostaria de falar sobre isso. Falar como esses instrumentos se formaram aqui na Bahia. Eu acho importante, porque estes instrumentos elétricos foram praticamente criados em uma época que não existia e isso foi toda uma descoberta. Pretendo levar a réplica do primeiro instrumento à Espanha, que eles chamavam de Pau elétrico, ainda não tinha nem o nome de guitarra, dado por mim. A intenção é falar um pouco da renovação do bandolim, do momento atual do chorinho no Brasil, das fusões entre chorinho, Jimmi Hendrix, Bob Dylan, Beatles e carnaval. Ou fazer chorinho com a guitarra baiana, onde falaremos sobre a criação desse instrumento, a fabricação, lutier e afinação. Outro ponto será sobre a origem do carnaval baiano, como surgiu o trio elétrico, quem foi seu


Eu pretendo levar a réplica do primeiro instrumento à Espanha, que eles chamavam de Pau elétrico, ainda não tinha nem o nome de guitarra, dado por mim [...]

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influências com a música regional, toco Beatles com chorinho. BOSSA – Então é um Workshop mais teórico? Armandinho Macêdo – Sim, mas terá a parte técnica também. Por exemplo, você é músico e me pergunta como afina isso, ou como funciona aquilo, ou mesmo, qual é a função das duas cordas, eu explicarei.

criador, o momento atual dos carnavais baianos, etc. Meu pai, Osmar, era um grande músico e me passou toda essa forma de tocar. Desde pequeno eu sou vidrado nele, foi meu grande ídolo, meu mestre [...] BOSSA – Sua história com a música. Armandinho Macêdo – Eu tenho uma história com o chorinho, porque é minha música de base, como o frevo, o baião, as músicas que meu pai fazia. Meu pai, Osmar, era um grande músico e me passou toda essa forma de tocar, desde pequeno eu sou vidrado nele, foi meu grande ídolo, meu mestre. Então eu absorvo toda essa parte musical dele, dos chorinhos que vêm do tico-tico no fubá, trio carioca e lógico, passo pelas influências da década de 60, dos Beatles, Jimi Hendrix, entre outros. Eu tive banda de Inhê inhê inhê, mas, no final, eu sempre introduzia o cavaquinho elétrico, que eu chamava de guitarra baiana, no lugar da guitarra. Então é isso que eu faço, misturo essas

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BOSSA – A guitarra baiana e o Armandinho têm uma história estreita. Quando e como surgiu origem desse instrumento? Armandinho Macêdo – Como guitarra baiana surgiu comigo, nos anos 70, porém, a base do instrumento já vem desde os anos 40. O meu pai e o Dôdo, escutavam falar de uma captação em uma época que não tinha nada elétrico. Era o problema das grandes festas, porque eles iam tocar e chegava um momento em que ninguém ouvia. Então eles ficavam loucos com isso. Eles descobriram o captador e que o instrumento feito de madeira maciça evitava o problema da microfonia, assim começam a fazer esse som elétrico, em um tempo que ninguém o fazia. Foi uma revolução na música. Como existia um terceiro que tocava com eles, eles se chamavam “trio elétrico”. Essa é a origem da guitarra baiana no referente a ser elétrica. Ela não tinha nada a ver com a guitarra baiana de hoje. O formato, o desenho, a alavanca, as 5 cordas, tudo isso já foi uma criação minha, na década de 70. Armandinho se apresentará unicamente em Madri e Barcelona. 10 de Abril. Barcelona La Habana - 22h 11 de Abril Workshop Madri Casa do Brasil - 17h 12 de Abril. Madri Sala Galileu - 21h


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soul brasileiro

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Jo達o Compasso


PEDRO MORENO VERSATILIDADE E TALENTO MARCAM SUA VIDA

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O rádio, uma das paixões de Pedro.

Uma voz potente. Pedro Moreno, sem dúvida, pode ser caracterizado por sua voz potente. Com formação erudita, esse baiano que foi criado desde muito novo em São Paulo tem dedicado toda a sua vida à música, e de forma magistral. Edimundo Figueiredo dos Santos, mais conhecido como Pedro Moreno, hoje é um dos maiores expoentes da música brasileira na Espanha, talvez da Europa. Para quem sonha em um dia ser cantor profissional, ou fazer algo que ama como profissão, o exemplo de Pedro Moreno é inspirador. Depois de estudar na Faculdade Paulista de Arte, tornou-se integrante do coro do Estado de São Paulo. Entrou para a música popular brasileira quase sem querer, graças a um dos muitos concursos que ganharia como cantor, intérprete e compositor.

Um pouco antes, em 1988, a vida de Edimundo se transformaria para sempre, nascendo o Pedro. Ele conheceu um famoso jornalista e produtor musical, Zuza Homem de Melo, um dos responsáveis pelos festivais que revelou grandes nomes da música brasileira, como Milton Nascimento, Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil, etc. Zuza se ofereceu para ser seu produtor e sugeriu a alteração do nome artístico para Pedro Moreno. Segundo ele, não havia ninguém famoso no país com esse nome, e era a cara do Brasil. O projeto empacou devido a uma mudança na política coincidindo com o convite para

O passo para seguir a carreira fora do Brasil aconteceu em 1990, com o convite do Cassino Estoril-Portugal – um dos lugares mais prestigiados no país. Integrou a um grupo seleto de artistas internacionais para durante 4 anos atuar no prestigioso “Salão Preto e Prata”. Pedro vive a 9 anos na Espanha.

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“DESDE QUE EU ME RECONHECI COMO GENTE, EU SABIA QUE QUERIA SER MÚSICO” Durante todos esses anos de trabalho, Pedro gravou de forma independente 3 discos: “ Mestiço”, “Coraçao.Com” e “Aposta Mútua”. Pedro viajou quase todo o mundo tocando, cantando e encantando. Vendendo cultura brasileira através de sua voz marcante. É dicícil selecionar os momentos mais significativos, entre os quais ter sido selecionado para representar o Brasil como compositor e intérprete no Festival Internacional de Vina del Mar, Chile. Ter cantado no evento comemorativo do 50º aniversário da ONU, realizada no Teatro Luis São em Lisboa, ao lado de Amália Rodrigues. Ter sido o músico oficial da Embratur por 10 anos tocando em toda a Europa.

Sempre soube que queria ser músico.

trabalhar em Portugal. Depois de 16 anos em terras lusitanas, ele se muda para Espanha por motivos familiares, onde já vive há nove anos. Pedro conta que sempre soube que queria ser músico. “Desde que eu me reconheci como gente, eu sabia que queria ser músico, cantor. Tal como o rádio foi o meu instrumento, minha inspiração e meu brinquedo. A confirmação se deu quando entrei na faculdade para fazer canto ou quando passei no concurso do estado de São Paulo e recebi o meu primeiro salário como cantor de orquestra. Depois quando comecei a participar dos festivais de música, ganhei vários prémios como compositor, letrista, interprete. Meu primeiro cheque também foi uma grande alegria, estava ganhando dinheiro com música, aquilo que eu amava”, confessa Pedro.

Tocou na Expo 98, com músicos como o Ney Matogrosso, Gabriel O Pensador, Skank e Fernanda Abreu. No Louvre, Paris, ele participou de um evento musical durante a Copa do Mundo na França. Foi premiado com o “Prêmio de cantor brasileiro revelação 2000”, pela rádio FM de Leiria, Portugal, junto com o escritor Jorge Amado, a atriz Aracy Balabanian e artistas como Maria João, Mário Laginha, Rui Veloso, Carlos Mendes e Eugenia de Mello. Participou de vários festivais, desde a China à Europa. Alguns deles com a participação em outras edições de músicos como Gal Costa, Maria Rita, Filo Machado e Seu Jorge.

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“MEU PRIMEIRO CHEQUE TAMBÉM FOI UMA GRANDE ALEGRIA, ESTAVA GANHANDO DINHEIRO COM MÚSICA, AQUILO QUE EU AMAVA” através do samba que muitos gênios da música, que talvez não tivessem oportunidades de se destacarem na comunidade brasileira, através do samba eles conseguiram imortalizar o ritmo e imortalizar uma cultura. O samba é tudo. Acho que todo o músico brasileiro, independente de tendência, gosta e canta o samba. Em fim, o samba representa o Brasil, é nossa identidade nacional musicalmente falando”. Pedro finaliza com uma análise de sua carreira. “Uma trajetória, de certa forma, compensadora, continuo sendo um artista independente, mas com um sonho quase realizado. Acredito que ainda tenho muito para fazer e terei oportunidade de levar a minha música para muitos outros lugares”, concluiu. Pedro Moreno tem 3 discos.

Na Espanha, foi convidado pela Embaixada do Brasil para o tributo a Vinicius de Moraes por seu centenário em dois concertos na Universidade de Salamanca e do Instituto Cervantes Auditorium (Madrid). Recebe o convite da Companhia Teatro Defondo, para a direção musical da peça ‘A Ópera do Malandro’, de Chico Buarque. A peça esteve em Madri e por várias cidades espanholas em turnê. Questionado sobre os cem anos do samba, ele afirmou: “O Brasil é um país com uma riqueza rítmica imensa, mas acredito que o samba é a manifestação cultural-artístico-musical da alma do povo brasileiro. Ele representa o máximo da cultura brasileira. Está no futebol, no pé e na finta dos jogadores. O samba está na rua, nas escolas e no dia-dia do brasileiro. É uma manifestação musical que está em todas as classes, não é música de uma classe social propriamente dita. Através do samba se canta a alegria e a tristeza, o sentimento de um povo. É de uma riqueza incrível, não só musicalmente falando, mas na parte poética. Como diz o Caetano Veloso naquela música ‘desde que o samba é samba’. E foi

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O samba é a manifestação cultural-artístico-musical da alma do povo brasileiro.


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trend

Redação

Food Truck UMA TENDÊNCIA SOBRE RODAS

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ma febre mundial, os restaurantes mambembes, mais conhecido por food truck (denominação que surgiu nos Estados Unidos), invadiram as grandes capitais. Apareceram pela primeira vez no Texas, no século XIX, para alimentar os cowboys que viviam longe de tudo e aonde nada chegava (exceto os food trucks). Depois de dois séculos, esses restaurantes de rodas voltaram a serem tendências foodies mundiais. Com a crise econômica de 2007 e a valorização exacerbada dos imóveis em Nova Iorque, as pessoas foram obrigadas a buscar soluções criativas e econômicas para ganhar dinheiro. Chefes consagrados decididos a reformular o conceito tradicional de fast food, reviveram as furgonetas restaurantes com um menu elaborado e criativo. O resultado foi um boom imediato.

Na Espanha, o movimento é recente e apenas em julho de 2014 aconteceu o primeiro evento de street food. Esse início foi suficiente para virar uma completa febre no país, refletindo uma tendência mundial. A imagem do food truck está de alguma forma relacionada ao movimento hipster, que busca recuperar no passado uma certa autenticidade. Infelizmente, na Espanha esse setor precisa evoluir e dar um passo à frente. Atualmente eles só podem funcionar em eventos e locais estabelecidos, proibido o livre acesso às ruas da cidade. Possivelmente, esse controle inibe a autenticidade que ainda falta na comida de rua na Espanha. De qualquer forma, se você ainda não viveu essa experiência, não perca mais tempo.

Food truck canarinho, meRio.

VANTAGENS SOBRE RODAS Todo ano se repete o “movimento de rua”. Com a saída do sol e o aumento da temperatura, as pessoas buscam fazer mais atividades ao ar livre. Os bares lotam suas mesas que estão nas ruas, enquanto dentro, nem mosca. É justo quando entra o food truck. Com o bom tempo e a predisposição popular de estar na rua, eles invadem a cena em um ambiente descolado e com boa comida. O mercado gastronômico instaurado oferece uma gama incrível de variedade, que vai desde comidas multiculturas até doces, cervejas e café. Assim, você pode provar vários tipos de cozinhas e de diferentes chefes em um mesmo lugar.

FOOD TRUCK TUPINIQUIM Apesar de radicados na Espanha, existem umas quantas representações canarinhas. Os Indígenas Street Food foram os primei-

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meRio está especializado em comida de boteco.

ros a se aventurarem nas terras de Cervantes defendendo a bandeira verde e amarela. Eles utilizam a base da gastronomia brasileira fusionada com ingredientes tradicionais da culinária espanhola. A tapioca é a grande aposta do chefe brasileiro Ricardo e de sua assistente espanhola, Bea. Ela conta que eles se conheceram em Barcelona e, depois de viverem por três anos no Brasil, decidiram voltar com a receita secreta de índios, adicionando-lhe um toque espanhol. Ainda segundo a asturiana, Indígenas nasce como um projeto de felicidade, porque quando eles estão em ação, trabalhando, são as pessoas mais felizes do mundo.

Entretanto, também surpreendem com a tradicional feijoada e pratos mais pesados. Oferecem cerveja brasileira, guaraná, caipirinha e açaí.

Outro caminhão de comida dedicado à culinária brasileira é o Me Rio Food Truck. Todo em verde e amarelo, traz a alegria brasileira onde estaciona. Especializados em comida de boteco, nele, reinam os quitutes – desde coxinhas, quibes e rissoles de camarão. Indigenas, aposta na Tapioca para triunfar.

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adotar o Brasil devido uma amiga brasileira. Eles acreditam que o seu negocio tem um diferencial, porque esse lado da gastronomia do Brasil não é algo conhecido na Espanha e é deliciosa. “Fizemos e seguimos fazendo uma profunda investigação na culinária brasileira que é vastíssima, para sempre estarmos atualizado e trazer o melhor para aqui.”, afirmou Joaquim Zabala, patriarca da família. Madreat em Casa de Campo.

O mais engraçado é que o negócio é levado por uma família espanhola, que escolheram

Siga indígenas e meRio no Facebook e Instagram: @indigenas_streetfood @meriofoodtruckwe

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BOSSA FM

Rodrigo da Matta e Rafaella Marques

o melhor da música brasileira em contexto

A Bossa FM é uma vontade antiga que ganhou mais força há 4 anos, quando me mudei para a Espanha e vi que a referência de música brasileira no exterior não era exatamente o que podemos considerar música brasileira de qualidade.

A Bossa FM e a Revista Bossa surgem de mãos dadas e em sinergia para amplificar a comunicação. Linguagem fácil, divertida, versátil e também informativa, abrindo um canal de comunicação com os leitores e os ouvintes.

Logo percebi que a bossa-nova tinha sim sua representação e o samba também, porém, sempre me perguntava: onde está Tim Maia, Gal Gosta, Lincoln Olivetti, Spok Frevo Orquestra, Pinduca, Dominguinhos, Clube do Balanço? Cadê a música brasileira que merece ser “exportada”?

Uma plataforma completa que objetiva se tornar referência para esse segmento que tem a música brasileira como prato principal. Além de ser o ponto de congruência entre debates, entrevistas, reflexões, notícias e tendências que farão parte da programação escolhida a dedo por nossa equipe de colaboradores.

A proposta da Bossa FM é inserir a música brasileira no dia a dia das pessoas através de programas em forma de “podcast”. E a grande sacada é que faremos vários programas tanto em português, como em espanhol e em inglês, com temáticas variadas, envolvendo experts e profissionais de diferentes áreas. E a música brasileira será o ponto de encontro e a conexão dessa iniciativa.

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Um canal moderno e aberto também para a difusão de empresas, instituições, projetos e pessoas que tenham interesses relacionados ao Brasil. Conheça alguns dos programas que farão parte da Bossa FM:


FREESTYLE

ELLAS

DJ CHAT

BE IN

Rafaella Marques e Rodrigo da Matta, diretamente de Madrid, apresentam temas da atualidade e contam com a colaboração de Jan Angelim (Madri), Felipe Marx (Barcelona), Nastasia Hase (Berlin), Lia Macedo (São Paulo), Sheylli Caleffi (São Paulo) e Juliana de Luca (Grécia). (Português, espanhol e inglês)

Elas vivem em Madri. Elas são de todas as partes. Elas têm voz e vem à Bossa FM contar o que fazem e como mudam o mundo. Em ”Ellas”, Marina Santo convida mulheres que deixam sua impressão digital em Madrid com seus pensamentos, projetos e fazeres. (Português, espanhol e inglês)

Rodrigo da Matta (Madri) convida DJs e colecionadores do cenário brasileiro e internacional para apresentarem suas influências da música brasileira em um bate-papo informal e com uma trilha sonora de dar inveja! (Português, espanhol e inglês)

Quer ouvir o som das bandas independentes brasileiras que se destacam no cenário nacional e internacional? O programa BE IN conta com a curadoria de Jandersom Angelim e propõe boas misturas de bandas do Oiapoque ao Chuí, com entrevistas e bate papos em um formato pocket-fit. Descubra quem são as bandas da cena independente brasileira.

ALEPH

LIVE

SÓ ELAS

Cecilia Rius (Londres/Madri) e Nahia Laiz (Madri), trazem um ponto de vista crítico a temas relacionados ao misticismo, emoções, psicologia e educação. (Espanhol)

Rodrigo da Matta e João Compasso registram momentos super especiais de expressões da cultura musical brasileira pela Europa. Com a colaboração do Pablo Levin (Madri), como técnico de som, o programa estréia com um especial junto a Armandinho Macêdo e banda! (Português e espanhol)

CONVERSA DE OUTRO MUNDO Tem gente que parece que vive em outro mundo! Entrevistando essas pessoas, Sheilly Caleffi nos mostra realidades possíveis para o futuro do planeta!

Lia Macedo (São Paulo), em colaboração com Sheylli Caleffi (São Paulo), apresentam temas relacionados ao feminismo e suas vertentes e trazem à tona a música brasileira feita única e exclusivamente por mulheres! (Português)

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BOSSA FM

Colaboradores:

Felipe Marx (Barcelona)

Juliana de Lucca (Ilha Perdida, Grécia)

Nastasia Hase (Berlim)

Pablo Levin (Madrid)

Jandersom Angelim

Conheça o Dingo Bells ROCK GROOVE SOUL CARREGADO DE METÁFORAS EXISTENCIAIS SOBRE O VIVER NO MUNDO MODERNO O Dingo Bells demonstra ser uma daquelas bandas que surgem como uma tremenda tormenta, seja por causa do barulho e da força que expressam nas canções, ou devido à beleza que suas músicas carregam, o trabalho conjunto do grupo e dos parceiros traz um resultado avassalador que vem conquistando crítica e público ao mesmo tempo. Em 2005, o trio abriu shows de Ringo Star, os punks estadunidenses do Television e cruzou o mundo para tocar no Festival Brazil Day, no Japão. Estes passos foram formando um caminho tão sólido quanto o trabalho artístico da banda que em 2015 se consolidou no cenário musical independente brasileiro com o lançamento do disco “Maravilhas da vida moderna”. “A gente mistura música brasileira com pop, com folk, soul music e outros estilos. Também gostamos de explorar algumas harmonias vocais e nos inspiramos em artistas que soam verdadeiros. Pode ser uma banda ins-

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trumental ou o Bob Dylan, por exemplo” comenta Filipe Kautz, baixista da banda. Eleito um dos melhores discos brasileiros no ano passado, “Maravilhas da vida moderna” entrou na lista dos melhores discos da revista Rolling Stone, do Estado de S. Paulo, do Portal IG, do Tenho mais discos que amigos, do jornal Zero hora e outros. Em ranking organizado pelo site Scream & Yell, com júri formado por mais de 100 profissionais do mercado da música, o cd ficou entre os 10 títulos nacionais mais votados. “Os temas que a gente explora no disco giram bastante em torno da questão existencial, sobre nosso momento da vida, o que a gente faz com nosso tempo, como a gente se relaciona com o mundo e com as pessoas e também com artistas que já trabalharam com este tema”, afirma Kautz. Gravado com recursos de financiamento coletivo, o trabalho venceu os prêmios açorianos nas categorias “Compositor Pop” e “Projeto Gráfico” em uma obra que apresenta uma banda de rock que ousa nos arranjos e que consegue refletir de maneira poética sobre anseios e dramas da juventude brasileira. Músicas como “Maria Certeza” e “Funcionário do mês” lançam uma visão extraordinária sobre a natureza bruta que é o viver no mundo moderno.

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Para Filipe Kautz, alguns pontos importantes para o sucesso e repercussão de “Maravilhas da Vida Moderna” estão relacionados ao detalhe que a banda dedicou a alguns temas. “Tem algumas coisas que a gente buscou neste disco, que fazem parte dele, como o groove que está muito presente, as harmonias de voz, algumas questões sobre os timbres. A gente foi super minucioso com timbres. É uma coisa que a gente presta atenção nos discos que a gente gosta. E também procurou fazer alguns arranjos inusitados porque acho que isso é uma das características de uma banda. Quando tu procura um arranjo que tu identifique como algo teu, algo original.” No palco, o power trio cresce e ganha força com o guitarrista de apoio Fabricio Gamboni e um naipe de sopros liderado por Júlio Rizzo. A energia, a excelência na execução das músicas e a empatia com o público foram essenciais para a ascensão da banda que recentemente subiu no palco de importantes festivais como o Prata da Casa do SESC Pompeia, Planeta Atlântida e Lollapalooza Brasil 2016. “O Lollapalooza foi incrível. Uma experiência que a gente vai se lembrar por muito tempo. Um lugar com mil palcos, colinas, milhares de pessoas e shows excelentes. Quanto ao nosso show, foi super legal. A gente tocou num domingo, fazia sol e tinha já um grupo de pessoas que conhecia a banda, que cantava as músicas e o público foi crescendo, no final do show o público era super legal.” Para dar continuidade a esta história, o Dingo Bells prepara o lançamento de “Maravilhas da vida moderna” em vinil, uma nova turnê por Porto Alegre com show no lendário Theatro São Pedro e a gravação do videoclipe da música “Dinossauros”. “A gente tem também o objetivo que é circular nacionalmente e estamos adicionando datas na nossa agenda, seria incrível tocar nesse plano”.


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ativisimo

João Compasso

A my

Montemor REVOLUCIONÁRIA, MULHER E NEGRA.

HÁ NOVE ANOS, DESEMBARCAVA NA ESPANHA A BRASILEIRA AMY MONTEMOR, CHEIA DE SONHOS, O DE SE TORNAR LÍDER DE UM MOVIMENTO NEGRO, NUNCA HAVIA PASSADO PELA SUA CABEÇA. AOS 29 ANOS, HOJE, ELA LIDERA VÁRIOS JOVENS COM A ORGANIZAÇÃO PANAFRICANOS, EM LEGANÉS.

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“Escolhi não aceitar mais o racismo.”

A história dessa paulista como ativista é recente e começou na Espanha, quando foi encontrada pelo presidente do Panafricanos, andando pelas ruas da Madri. No Brasil, comenta que nunca tinha se interessado por um movimento similar, porque o seu entorno era de pessoas brancas e não teve a oportunidade de ter contato com o ativismo negro. O chamado, através de um panfleto, despertou a consciência da ativista, transfor-

mando completamente sua vida. Ela descobriu, surpreendida, um novo mundo, onde os negros estavam organizados e lutando por seus direitos e por uma conscientização da sua história e seu papel na sociedade. As suas primeiras revelações foram nas sessões de cinema promovidas pela Organização, onde assistiam filmes relacionados ao tema, como Malcolm X. Quanto mais ela se

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Amy militando em Lavapiés

aprofundava sobre o tema, mais questionamentos surgiam na sua cabeça sobre a atual realidade do negro. Conexões com sua realidade e infância também corroboraram para que ela entendesse melhor todo esse cenário atual. “Hoje, a realidade do negro é comparada com a de 400 anos atrás. Segue sendo um reflexo daquele tempo, o sofrimento apenas muda a forma e os nomes”, afirmou Amy. Porém, apesar de estar consciente do seu papel e entender os problemas do seu povo, ela relatou que precisava dar um passo a mais, ela precisava agir. “Quando você tem convicção e vai à luta, é algo que sai sozinho, é como respirar. Precisava me ativar, colocar a mão na massa. Isso é o que falta a muitos

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negros, colocar a mão na massa. Não podemos apenas falar e passar outros 400 anos discutindo”, disse. A influência para ela também vem de articulações do Brasil, como a “Campanha Reaja”, que combate o genocídio do povo negro. “Tudo está relacionado com um passado histórico que nós negro tivemos. E quando a pessoa começa a aprender sobre esses temas e vincular esse passado com o presente, é quando começa a fazer algo para mudar esse futuro, este que espera os nossos filhos, que me espera também e espera toda a comunidade negra”, afirma. “De uma forma vulgar, eu te digo que quando o chicote estala na nossa pele, a gente


“Quando você tem convicção e vai a luta, é algo que sai sozinho, é como respirar [...]” reage de uma forma diferente de quando estala na de uma outra pessoa.” Porém, ela encontrou sérias dificuldades quando decidiu assumir essa segunda fase do seu ativismo, a do nível da atitude. “Quando você chega na fase de “mãos à obra”, é quando surgem as dificuldades para conseguir alcançar os objetivos”, confessa Montemor, que organizou junto a FOJA uma convenção nacional no dia 19 de março em Leganés. A segregação racial é algo presente, segundo Amy, o racismo está em todo o lado, e ela classifica de micro-racismo. Afirma que é difícil encontrar um negro trabalhando diretamente com o público e que a mulher negra também é preterida frente a mulher branca. “De uma forma vulgar, eu te digo que quando o chicote estala na nossa pele, a gente reage de uma forma diferente de quando estala na de uma outra pessoa”, Amy se refere ao individualismo do negro frente ao coletivo.

“Quando você chega na fase de “mãos à obra”, é quando surgem as dificuldades para conseguir alcançar os objetivos”

A importância do conhecimento da causa é fundamental para ter sustentabilidade no discurso. Amy defende um aprofundamento do conhecimento da história do negro, como também uma maior participação. “A partir do momento em que conhecemos a história, podemos trilhar nossa missão de acordo com grandes exemplos como Malcolm X. Seguir um caminho que já foi traçado na revolução haitiana, um caminho comum, como o objetivo da reparação e visibilidade do povo negro. É necessário falar com propriedade”, conclui Amy.

“A partir do momento em que conhecemos a história, podemos trilhar nossa missão[…]”

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estilo de vida

Redação

O PODER DA CHIA ESSA PEQUENA SEMENTE É A NOVA QUERIDINHA DAS DIETAS E DA GASTRONOMIA SAUDÁVEL quido, transformando-se em uma espécie de gel. Se usa chia para saladas de frutas, pudins, tortas, patês, pães, risotos, vitaminas, quiches, sucos, mousses, cremes, biscoitos, farofa, entre outros.

Semente de chia.

Você já ouviu falar da chia? Se comida saudável é a sua praia, muito possivelmente você não só ouviu falar, como deve ter um pequeno estoque na sua dispensa. A verdade é que ela está na moda e todos a querem. Proveniente da América Central, era cultivada pelos astecas antes da chegada de Colombo às américas. O resultado disso foi a demora de mais de 500 anos para esse poderoso vegetal se tornar realmente conhecido pelo ocidente. Embora a parte mais utilizada seja a semente, as folhas também são muito usadas para infusões nos seus países de origem. Atualmente, a semente está nos pratos de nove entre dez celebridades, sejam elas americanas, brasileiras ou espanholas. O motivo principal é por suas propriedades alimentícias, mas a versatilidade dessa semente na hora de preparar pratos, surpreende! Tem um forte poder de aglutinar em contato com lí-

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Fonte de nutrientes.

As propriedades da semente da chia são impressionantes: • a quantidade de cálcio é 5 vezes maior que a contida no leite; • a quantidade de antioxidantes é 3 vezes maior que a contida nos blueberries; • a quantidade de ferro é 3 vezes maior que a contida no espinafre; • a quantidade de fibras é 2 vezes maior que a contida na aveia; • a quantidade de proteína é 2 vezes maior que a contida em qualquer vegetal; • a quantidade de potássio é 2 vezes maior que a contida nas bananas; • é uma das mais ricas fontes de ômega 3;


• possui 16 vezes mais magnésio do que o brócolis. Impressionados? Não é só isso. A chia não contém glúten e é perfeita para os que buscam emagrecer, não apenas por suas propriedades, mas porque sacia a fome. Isso graças a outras qualidades, as de absorver e reter grande quantidade de líquidos.

entre 14 e 16 euros o quilo. É mais fácil de encontrar em lojas especializadas em produtos latinos ou lojas de produtos naturais. Porém, se você der sorte pode encontrar nos grandes supermercados, como: Carrefour, Alcampo e Hipercor. Também existe uma grande oferta na internet. Ou seja, sem chia você só fica se quiser!

Top 5 benefícios – Bom sabor

Dica

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O gosto da semente é realmente muito saboroso, lembra uma noz mais suave. Isso torna a dieta menos dura.

Pudim de Chia Receita fácil, rápida e gostosa

2 – Aumentam a massa muscular

Ingredientes: 6 colheres de sopa de chia 200ml de leite de coco 1 colher de chá de essência de baunilha

3 – Propriedades de limpeza e antioxidantes

Modo de fazer: Misture tudo em uma tigela com uma colher e deixe na geladeira por 3 horas.

A alta concentração de proteína favorece os que desejam ganhar músculos. Bye bye Whey Protein! Ajudam a remover líquidos e toxinas, regulam a flora intestinal, evitam a oxidação celular e beneficiam muitas outras funções que refletem por fora.

Sugestão: Comer com frutas no café da manhã.

4 – Saciedade

Absorve de 10 a 12 vezes o seu peso em água, o que ajuda a criar uma sensação de saciedade e manter o seu corpo bem hidratado.

5 – Combatem a dor na articulações

Ácidos graxos, Ômega 3, fornecem propriedades anti-inflamatórias. O consumo diário de chia reduz significativamente a dor nas articulações. Há uma lenda acerca da semente que diz que guerreiros astecas a usavam para curar lesões no joelho. Por ser algo, de certo modo exclusivo, é difícil de encontrar e não costuma ser barato. O preço médio da chia na Espanha pode variar

Pudim de chia.

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especial

Redação

CEM ANOS DE PUR ÀS VÉSPERAS DE CUMPRIR 100 ANOS, ESTE “SENHOR” CHAMADO SAMBA, ESTÁ MAIS JOVEM DO QUE NUNCA. É ENGRAÇADO PENSAR QUE ESSE RITMO TÃO BRASILEIRO NASCEU APENAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX.

Cartola, um dos ícones do samba que influenciou gerações.

Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga, entrou para história quando registrou seu primeiro samba “Pelo Telefone”, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em 1916. Apesar do registro oficial, informalmente, o samba já tinha dado os seus primeiros passos nas casas das “tias baianas”, nas comunidades do Rio de Janeiro. Apesar do registro, Donga não seria o único autor da música “Pelo Telefone”. Segundo histo-

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riadores, foi uma criação coletiva, feita na casa da Tia Ciata. Independente de ser criação coletiva ou individual, foi o nascimento oficial do samba, que, posteriormente, passou por um processo de profissionalização. A palavra samba surgiu no século XIX para substituir a palavra batuque, que se referia a qualquer dança ou música feita pelos negros. Musicalmente falando, os primeiros sambas são oriundos do maxixe. A modernização ocorre


RO SAMBA

na década de 20, com compositores como José Barbosa da Silva (conhecido como Sinhô ou ‘o rei do samba’), Heitor dos Prazeres e Caninha. Sinhô compôs músicas que foram gravadas por sambistas contemporâneos, como Zeca Pagodinho, que regravou “Jura”. Já na década de 30, dois nomes foram os maiores expoentes na divulgação do samba, o mestre Noel Rosa e o maravilhoso Wilson Baptista. Os dois travaram um verdadeiro desafio que o público agradeceu, gerando um legado de sambas. Através da música, os dois duelavam, isso resultou em quatro canções criadas por cada um dos artistas, totalizando oito belíssimos sambas. As músicas falavam do universo do malandro idealizado e da forma de viver do carioca. A modernização e urbanização do samba, o ramificava em outros gêneros. Entre a década de 40 e 50, é vivido um grande momento desse ritmo tão brasileiro, devido ao auge do samba-canção. Essa ramificação teve como grande destaque

Lupicínio Rodrigues, Maysa e Ângela Maria. Outros grandes sambistas também se arriscaram no gênero. O seu fim coincidiu com o surgimento da Bossa Nova. Paralelamente, a cidade do Rio de Janeiro vivia um momento de expansão e o samba, que nasceu no centro da cidade, migrou para os morros, tornando-se um ritmo genuíno da favela. Foi no popular bairro de Estácio de Sá, formado em sua maioria por negros e mulatos, que surgiu a primeira escola de samba, a “Deixa Falar” que, em seguida, daria origem à “Turma do Estácio”. A Turma do Estácio foi precursora das inovações rítmicas que mais tarde seriam absorvidas e disseminadas pelos blocos carnavalescos. Os primeiros morros a aceitar essa nova onda da Turma do Estácio foram a Mangueira e o Salgueiro. Tudo isso porque naquela época dois músicos, Cartola e Gradim, circulavam pelos morros levando esse novo ritmo.

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Roda de samba do Fundo de Quintal.

Os bambas do samba como Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça e Paulo da Portela, foram responsáveis por influenciar e lapidar as características essenciais desse novo samba carioca urbano, hoje conhecido com samba de raiz. O bar Zicartola, fundado por Cartola e sua mulher Zica, era o ponto de encontro desses bambas e da nova geração, como Paulinho da Viola e Nara Leão. Na década de 70 as mulheres marcaram presença no samba. Surgiu o trio de cantoras – formado por Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes – que até hoje têm suas músicas eternizadas nas rádios e interpretadas por outros artistas. Essa época precedeu grupos como Fundo de Quintal, nascido no bloco carnavalesco Cacique de Ramos. De lá também saíram grandes músicos, como Jorge Aragão e Arlindo Cruz. A inovação trazida na música por eles, junto com Zeca Pagodinho, gerou outra ramificação do samba, o pagode.

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Desde então muito vem sendo criado, como se o samba fosse apenas uma criança, com um futuro imenso e frutífero pela frente. As personagens dessa história são muitas e, por mais que sejam lembradas, inevitavelmente não caberão todas nessa reportagem. Viva Ary Barroso, Pixinguinha, Zé Kéti, Elton Medeiros, Candeia, os Malandros-sambistas, Ismael Silva, o Sete, Canuto, Dona Ivone Lara, Bezerra da Silva, Heitor dos Prazeres, Martinho da Vila, entre tantos. SAMBA DE HOJE, SAMBA DE AMANHÃ Paulinho da Viola, máximo expoente do samba, hoje com 74 anos, afirma em entrevista para o El País que o samba não acabou porque o povo não deixou. Ele faz uma análise da evolução rítmica, “Você pode dizer que o samba tem origem na África, com elementos da cultura portuguesa, com grandes influências aqui no Brasil, mas você vê que o povo foi antropofágico, pegou tudo e o devolveu de outra maneira. Nesses cem anos sempre houve experimentos, desconstruções, jovens talentos trazendo coisas novas, etc.... E essa linha rítmica tão forte


Paulinho da Viola e o samba, uma coisa só.

só não desapareceu por um motivo: porque o povo não deixou”, afirmou Paulinho. Kbelinho do Cavaco, sambista carioca que morou na Espanha e hoje desenvolve o seu trabalho no Brasil, comenta que o seu amor pela música surgiu quando ainda era criança e já escutava samba, “o samba é minha vida, eu com o meu cavaquinho posso ir para qualquer lugar que me defendo”, afirmou Kbelinho. O músico comentou também sobre a função social do ritmo, que resgata muitos garotos da comunidade. “Eu devo muito ao samba, ele é minha vida. Graças a ele eu consegui sair do Brasil e viajar por vários continentes”, disse o músico. Sobre a continuidade, Kbelinho foi enfático sobre a importância do seu papel como sambista, “Eu e a galera da minha época, estamos aqui para dar continuidade ao samba, defender essa bandeira, porque ele é tudo”, concluiu. Kbelinho do Cavaco faz parte da nova geração do samba.

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entrevista

Daniela Pacheco

PATRICIA CAICEDO

CANTORA LÍRICA PROMOVE CONEXÃO ENTRE CATALUNHA E BRASIL. LANÇARÁ CD COM MÚSICAS CATALANAS NO BRASIL

“Ir ao Brasil, para mim, é como voltar para casa”, declarou a soprano e doutora em música Patricia Caicedo, com um sorriso no rosto. Parecia escutar uma fina sintonia e, ao falar, entoava um ritmo mágico como se tentasse cantar cada palavra ao querer transmitir, em português, toda sua paixão pela cultura

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brasileira durante a nossa conversa. Na realidade, Patricia é uma apaixonada pela música. Há 12 anos ela realiza o “Barcelona Festival Song”, um evento que acontece anualmente em pleno verão barcelonês, no qual reúne artistas que se dedicam ao

estudo da história e à interpretação da música brasileira e seus compositores. Neste ano, o festival acontecerá de 25 de junho a 4 de julho. Os cursos e concertos acontecem de forma simultânea entre São Paulo e Barcelona, graças à Internet. Ainda em 2016, a soprano


vai lançar um CD intitulado “De Catalunya vinc…” todo em catalão no Brasil. Esse disco contará com obras de autores como Toldrà, Morera, Mompou, Pahissa e Carlota Garriga. Conheça um pouco mais sobre Patricia Caicedo nesta entrevista para Revista Bossa.

etas brasileiros e assim surgiu meu amor pelo Brasil, através da música e da poesia. E, por conta da música, terminei conhecendo pessoas maravilhosas, que me fizeram me apaixonar mais ainda pela cultura e idioma brasileiros.

Caceido dedicou parte do doutourado a investigação da música brasileira.

REVISTA BOSSA - Como surgiu o seu interesse pela cultura brasileira? Patricia Caicedo - Meu interesse iniciou por conta da música. Comecei a cantar canções de câmara de compositores como Camargo Guarnieri, Ovalle, Villa-Lobos, que conseguiram colocar música nas poesias dos grandes po-

REVISTA BOSSA - Você canta em português. O que mais lhe encanta na música do Brasil? Patricia Caicedo - É muito difícil dizer o que eu mais gosto da música brasileira, afinal, é muita coisa. Por exemplo, gosto da cadência da língua que dá uma doçura especial e, ao mesmo tempo, uma vi-

talidade única. Adoro a intensidade da expressão dos sentimentos, que se parece muito com a música do país em que nasci, a Colômbia. Adoro os ritmos e a sensualidade brasileira. Enfim, são muitas coisas. Destaco ainda que essas características se evidenciam igualmente na música erudita e na música popular brasileira. REVISTA BOSSA - Sem contar, que você tem mantido um constante intercâmbio cultural entre Barcelona e Brasil. Contenos um pouco mais sobre isso? Patricia Caicedo - Como expliquei antes, meu amor pelo Brasil veio das canções. Logo quando estava fazendo minha tese doutoral, dediquei parte do trabalho ao estudo da música brasileira e o seu desenvolvimento no contexto do nacionalismo. Posteriormente, em 2005, criei o Barcelona Festival of Song, um evento anual dedicado à promoção da canção de câmara ibérica e latino-americana que, desde o inicio, dedica uma parte muito importante ao estudo e à promoção da canção brasileira. Há 12 anos, reunimos vários especialistas para estudar a história e a interpretação da música brasileira e seus compositores em Barcelona. Desde 2011, no festival, promovemos cursos e concertos simultâneos entre São Paulo e

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Patricia apresentará o seu CD em São Paulo.

Barcelona graças à Internet, uma infraestrutura incrível que nos proporciona esse intercâmbio entre as duas cidades. O festival é um espaço único no mundo dedicado ao estudo deste tipo de repertório.

Meu amor pelo Brasil veio das canções REVISTA BOSSA - Poderia nos dizer alguns dos músicos brasileiros que lhe encantam?

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Patricia Caicedo - Bem, falar de músicos brasileiros também é bastante complicado porque tem muitos maravilhosos e de estilos bem diferentes. Começarei com o meu melhor amigo, o tenor Lenine Santos, que interpreta como ninguém a canção erudita brasileira. Entre os compositores, mencionarei outros amigos: Edmundo Vilani-Cortes e Marlos Nobre, e claro, não posso deixar de citar o grande Villa-Lobos. Deus! E como não lembrar de Jayme Ovalle ou Waldemar Henrique. E, da música popular, encanta-me Caetano, Gilberto Gil e a inesquecível Elis Regina. Poderia até ten-

tar seguir com a lista, mas acredito que não conseguiria acabar. REVISTA BOSSA - Inclusive este ano você vai apresentar um CD todo em catalão no Brasil. Fale sobre a ideia desse projeto? Patricia Caicedo - Sim, este ano regressarei ao Centro Cultural São Paulo para apresentar meu novo CD intitulado “De Catalunya vinc…”. Um CD de músicas catalanas de grandes compositores do século XX. Adoro voltar ao Brasil para ver meus amigos, comer frutas deliciosas e praticar meu português. Ir ao Brasil, para mim, é como voltar para casa.


Vilela & Associados Advocacia Internacional

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA A Homologação de Sentença Estrangeira é uma ação judicial necessária para que as decisões estrangeiras sejam eficazes no Brasil. Trabalhamos com qualquer tipo de homologação de sentença estrangeira, principalmente a homologação do divórcio obtido no exterior, uma vez que possui grande demanda. Como se trata de um procedimento burocrático, nosso escritório se dispõe a preparar toda a documentação, sem que o cliente faça demais esforços. Esses documentos devem estar legalizados pelo Consulado Brasileiro competente, ou seja, na mesma jurisdição de onde foi expedida a sentença estrangeira, bem como todos os documentos devem estar traduzidos por tradutor juramentado no Brasil. Nosso escritório possui estrutura para todo este tramite.

da comodidade e não se veja obrigado a sair do local onde esteja para se divorciar. Orientamos o cliente desde o início da obtenção dos documentos necessários, bem como sanamos todas as dúvidas quanto à partilha de bens, pensão alimentícia, guarda dos filhos menores, alteração do sobrenome para o cônjuge voltar a usar o nome de solteiro (caso tenha alterado o nome quando se casou), bem como outros temas relevantes.

Para apresentarmos essa ação, necessitamos de alguns documentos que comprovem que a pessoa é conhecida socialmente como pessoa do sexo diverso, sendo necessários também, diversos documentos que comprovem o tempo, os gastos, fotos etc., dependendo caso a caso, pois teremos que analisar cada caso concreto para verificar quais documentos serão necessários.

AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL (ALTERAÇÃO DE NOME OU SOBRENOME)

É normal nos dias de hoje, um pai ou mãe que não convivam juntos e que residem com os filhos menores no exterior, sendo muito mais comum quando é a mãe que decide ir residir no exterior e levar os filhos. Essa situação se complica quando o pai ou a mãe que reside no exterior com seu filho, não possui a guarda da criança documentada. Pois a administração pública local pede que esse pai ou mãe em específico apresente documentalmente que possui a guarda judicial do filho. Não tendo a guarda do filho, os pais não conseguirão regularizá-los devidamente, tornando isso, um problema na vida dos pais e da criança. Pensando nisso, nosso escritório realiza todo o trâmite judicial e administrativo com a finalidade de entregar ao cliente a Sentença que lhe conceda a guarda do filho em questão, sentença esta que já estará legalizada.

A legislação brasileira prevê que o nome ou sobrenome poderão ser alterados em duas hipóteses: primeiramente nos casos em que ocorreu erro de grafia e, nos casos em que o nome ou sobrenome expõe a pessoa ao ridículo, fazendo esta passar por situações vexatórias e humilhantes.

DIVÓRCIO NO BRASIL Para os brasileiros que residem no exterior e querem se divorciar, a situação se torna incômoda quando não podem ou não querem ir ao Brasil para “enfrentar” todo esse processo. Sabendo dessa dificuldade, Vilela & Associados Advocacia Internacional realiza um atendimento personalizado para que o cliente tenha a mereci-

Estamos obtendo êxito também em ações que tem por finalidade, alterar o nome de transexuais, sendo que em algumas dessas ações, conseguimos inclusive alterar o gênero, ou seja, alterando o sexo da pessoa de masculino para feminino e vice-versa, inclusive quando o individuo sequer realizou a cirurgia para a mudança de sexo.

AÇÃO DE GUARDA

www.homologacaosentenca.com 663 041 840 / 637 255 424 91 001 33 62. Calle Gran Via 64, Planta 4 derecha, 28013, Madrid, España. 93 112 12 13. Avenida Diagonal 468, planta 8, despacho 1. 08006, Barcelona, España 41


trip

Daniela Pacheco

Fotografía: Juan Colom

ENTRE A COMIDA E O SAGRADO MONASTÉRIO DE SANT BENET UM DOS DESTINOS GASTRONÔMICOS E CULTURAIS DA CATALUNHA Um dia de sol entre as montanhas, onde a natureza parece o tempo todo querer provocar as melhores sensações possíveis de tão bela e, ao mesmo tempo, tão intrigante. E, ali no meio, um monastério milenar, onde suas paredes guardam histórias de um povo guerreiro, da igreja em diferentes épocas, de emocionantes guerras e conflitos, do valor do vinho e da culinária. Sem sombras de dúvidas, um dos lugares mais charmosos para se conhecer e que fica um pouco escondido dos turistas, ou fora dos tradicionais roteiros. Mas que, para os amantes da cultura e da gastronomia, já se tornou um ponto de referência - o monastério de Món Sant Benet está localizado na região central da Catalunha, en Sant Fruitós del Bages, a 45 minutos de Barcelona. Entre a tradição e a modernidade, esse lugar se impõe e continua fazendo história. Num mesmo lugar, é possível conhecer um mo-

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nastério que foi recuperado cuidadosamente pensando em sua projeção internacional e, justamente por isso, que no mesmo complexo existe a comodidade de um hotel, de um restaurante e da Fundação Alicia - um centro de investigação culinária, assinado pelo renomado Chef Ferran Adrià. Um projeto audacioso que prova que a história, a ciência, a gastronomia e a natureza podem conviver e encantar até os mais pessimistas. E, ao se deparar com essa junção de ideias, é possível parar para pensar como é fascinante o fato das histórias sempre se repetirem. Antigamente os monastérios, entre outras coisas, eram reconhecidamente espaços onde estimulavam-se conhecimentos. E hoje, além de apresentar um pouco da história vibrante daquele lugar e da Catalunha, também cultiva saberes culinários. Prova disso é que pela Fundação Alicia (nome fruto da junção entre Alimentação e Ciência)


já passaram mais de 5.000 profissionais entre cozinheiros, nutricionistas, científicos, gastrônomos e enólogos. Como também já colaborou com mais de 250 empresas e acolheu mais de 200 estagiários. O objetivo é promover uma boa alimentação para melhorar a saúde em geral e prevenir a obesidade. Aliás, esta é uma das bandeiras levantadas por Ferran Adrià: há anos, ele reclama aos governos que considerem a alimentação como tema prioritário, uma assinatura obrigatória nas escolas, para que eduquem a população desde a infância, a fim de estimular em suas vidas hábitos saudáveis. Depois desse passeio, nada melhor do que fechar com chave de ouro. O destaque é o restaurante La Fonda, onde o chef Sergi Costa oferece todo um mundo de reinterpretações da cozinha catalã, com verduras e legumes da sua própria horta e produtos da região. De forma que, natural e despretensiosamente, oferecem momentos em que podemos desfrutar dos pequenos e verdadeiros prazeres da vida. Ou, quem sabe, do pecado da gula!

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be natural

Tahone Jacobs

10 dicas para cuidar da pele com produtos naturais. Não é nenhuma novidade que há na natureza muitas soluções e fórmulas milagrosas. Plantas, flores, frutas são capazes de limpar, tonificar, hidratar e até mesmo curar a nossa pele. Alimentos como mel, arroz, açúcar, sal e até o nosso famoso cafezinho, são grandes aliados quando o assunto é “cuidados com a pele”. Tenho a pele muito sensível e, por isso, não posso utilizar muitos produtos comuns do dia a dia. Foi na cosmética natural que encontrei a solução para minha pele. Estudei e desenvolvi fórmulas 100% naturais, sem nada de química, nos produtos da empresa chamada Per Purr, da qual sou a fundadora. Pensando em ajudar àqueles que, assim como eu, confiam na natureza e apreciam o uso de plantas e elementos do nosso dia a dia, selecionei 10 dicas que podem melhorar (e muito!) sua pele: 1. Limpar a pele com água de arroz Ideal para a pele do rosto, coloque três colheres de sopa em um recipiente e cubra com água, deixe descansar. Assim que a água estiver esbranquiçada, estará pronta para o uso. Aplique com algodão em todo o rosto, pescoço e colo, iniciando pela testa. O ideal é que seja aplicada antes de dormir e reaplicada pela manhã, antes de passar o protetor solar. 2. Máscara hidratante com banana e mel Amasse 1/2 banana e 1 colher de mel. Aplique no seu rosto e deixe por 20 minutos. A banana é rica em sais minerais benéficos para a pele como potássio, vitamina A (anti-inflamaório), vitamina B (ajuda a eliminar manchas) e Vitamina E (anti-rugas). O mel é anti-inflamatório, anti-bacteriano e hidratante.

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3. Esfoliação com café e óleo de coco vegetal Misture 5 colheres de sopa de pó de café (sem ser usado) com 5 colheres de sopa de óleo de coco vegetal. Com essa mistura, faça uma esfoliação em todo o corpo. Ao enxaguar, notará a suavidade e a hidratação imediata da pele. 4. Máscara de iogurte natural e aveia Adicione os copos de aveia em um recipiente com água quente para que suavize um pouco. Quando tiver uma consistência mais firme, coloque em outro recipiente e acrescente o iogurte natural e uma colherzinha de mel. Misture todos os ingredientes e aplique sobre o rosto. A pele deve estar limpa para assegurar que todos os nutrientes da máscara sejam absorvidos por completo. Passe em todo o rosto, suavemente, com movimentos circulares. Deixe que a máscara atue por 20 minutos e depois retire com água morna. Sua pele ficará renovada! 5. Máscara de abacate e gema de ovo no cabelo Amasse o abacate e misturar com a gema de ovo. Aplique esta máscara no couro cabeludo até as pontas. Massageie e deixe agir por 30 minutos. Lave o cabelo como de costume. Você vai notar mais brilho, hidratação e leveza nos fios. 6. Tônico facial com chá VERDE Para ter um tônico simples, faça um chá verde, deixe esfriar na geladeira e aplique com um algodão no rosto. Você ainda pode adicionar um pouco de mel (muito pouco) para dar um toque de hidratação ao tônico. 7. Exfoliação de lábios com mel e açúcar Misture uma colher de sopa de açúcar mascavo e uma colher de sopa de mel. Faça movi-


mentos suaves de esfoliação nos lábios e deixe agir por 5 minutos. O resultado? Hidratação total e profunda. 8. Compressa com chá de camomila Deixe dois saquinhos de chá de camomila em água fria/gelada por alguns minutos. Depois é só colocar um em cada olho e descansar por uns 20 minutos. A infusão fria faz desinchar, enquanto o chá verde dá um banho de antioxidantes na região dos olhos. O chá de camomila é ótimo pra quem tem a pele e os olhos sensíveis. 9. Máscara de mamão papaia para amenizar manchas e hidratar Amasse uma fatia de mamão com uma colher de sopa de aveia. Adicione um pouco de água se a mistura ficar muito espessa. Espalhe sobre o rosto e deixe agir por 15 minutos. Ao enxaguar, já notará a textura suave da pele. O mamão é rico em vitaminas e antioxidantes, além de ser um poderoso anti-inflamatório

e cicatrizante, um excelente aliado no tratamento da acne. 10. Limão para clarear as unhas Corte o limão ao meio e coloque os 5 dedos dentro de uma rodela, fazendo movimentos suaves por 5 minutos. Enxague bem e verá como as unhas ficarão clarinhas. Além dessas dicas, sempre é válido lembrar: durma bem, beba bastante líquido diariamente, ame, seja feliz. Imunidade em alta é garantia de pele boa. Seguindo todos estes passos, garanto que quem não está satisfeita com a pele vai ficar. Tahone Jacobs é brasileira, morou em Milão, onde se formou em moda e se especializou em cosmética natural. Mudou-se para Madrid há 4 anos e criou a marca de cosmética natural premium Per Purr, responsável por formular sabonetes feitos a frio e manualmente, óleos vegetais corporais e faciais, sais de banho e esfoliantes.

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de língua

Flávio Carvalho

PORTUGUÊS VIVO “GOSTO DE SENTIR A MINHA LÍNGUA ROÇAR A LÍNGUA DE LUÍS DE CAMÕES” (VELOSO) Sugestão de atividade: Conferência (em português) “2016. Um ano olímpico para o Brasil”. Dia 14 de abril, às 19h, na Sala de Atos da Escola Oficial de Idiomas de Barcelona Drassanes – Av. Drassanes nº 14. Grátis e aberta para qualquer pessoa interessada. Na mais importante instituição pública catalã onde se pode estudar português, falarei sobre a atualidade olímpica que o Brasil está passando neste ano. Nesse caso, o adjetivo “olímpico” atende a um duplo sentido: o esforço de preparação dos primeiros jogos olímpicos da América do Sul e os desafios de uma nova crise econômica que freia o processo de desenvolvimento vivido na última década. Todo um privilégio, poder falar e dialogar em português, sobre o Brasil, com entrada franca, em Barcelona. Nessa seção, com dicas e sugestões práticas sobre a nossa língua portuguesa, trataremos do idioma sobre vários aspectos, estudos e algumas siglas que devemos nos acostumar: PLE. Português como Língua Estrangeira é o nome utilizado para tratar das pessoas que não nasceram falando português nem “herdaram-no” das suas mães e dos seus pais, mas que estudam o idioma pelos mais diversos interesses. Somente em Barcelona, por exemplo (falo do que mais conheço porque aqui dou aulas de português para particulares e empresas desde 2007), multiplicou-se por três o número de espaços de ensino de português, segundo a Generalitat da Catalunya. Oficialmente, eram 14

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escolas em 2001 e uma pesquisa realizada no ano 2014 “mapeou” 48 centros de ensino de português (incluindo instituições de ensino regular, públicas e privadas) na capital catalã. Somente na web com que trabalho, tusclasesparticulares.com já são mais de uma centena de pessoas na Espanha oferecendo serviços de aulas particulares, intercâmbio de idiomas e traduções relativas à língua portuguesa. Mais informações sobre PLE serão encontradas em siple.org.br e ppple.org. POLH. POrtuguês como Língua de Herança é a expressão utilizada para definir a transmissão da língua portuguesa em todo o mundo, passando de mães e pais para seus filhos e filhas (principalmente de falantes de português que emigram e, por meio da língua, mantém o idioma e a cultura do país de origem). Recentemente, por iniciativa das comunidades brasileiras no exterior, está se definindo o dia 16 de maio como o dia do POLH (ou PLH, em determinados casos). Mais informações podem ser acessadas nas páginas webs brasilemmente.org, eloeuropeu.org ou, por exemplo, fazendo uma simples busca na Internet sobre a Associação de Pais de Brasileirinhos na Catalunha. Material didático grátis pode ser acessado na web da redebrasilcultural.itamaraty.gov.br. Os interessados também podem me solicitar, por e-mail (cbrasilcatalunya@gmail.com). Será sempre um prazer ajudar a difundir nossa língua. Nunca é tarde para começar a falar português com seus filhos, sempre sem forçar, de forma natural, com o único esforço de se acostumar a falar com eles em português e


não se preocupar se eles responderem em outro idioma. Não se preocupe, pois dentro de suas cabecinhas estão processando tudo (eles não complicam nada; quem complica somos nós, adultos) e, um dia, quando quiserem falar português, com sotaque ou sem sotaque, logo verá que começarão a falar. E eles ainda lhe agradecerão. Não sou somente eu quem diz isso. Está constatado por inúmeros especialistas no mundo inteiro. Pode confiar. Desfazendo mitos: Infelizmente, não falamos “brasileiro”. Nossa língua não é o “brasileirês”. Falamos português, a língua do país que nos colonizou séculos atrás. Quem falava “brasileiro” de verdade eram as centenas de povos indígenas que viviam no Brasil e que foram exterminados pelo processo de colonização (que ainda hoje se pratica contra as culturas indígenas). O Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 274 línguas indígenas são faladas no país. Sem falar que ainda existem 69 povos indígenas não contatados no Brasil... Três coisas importantíssimas sobre a língua portuguesa. Na Espanha plurilíngue dos quatro idiomas oficiais (castelhano, catalão, euskera e galego), já não há dúvidas que as línguas podem conviver e nutrir-se mutuamente. Aprender línguas sempre soma e nunca diminui. Digo isso, para concluir, que a “imersão linguística” (“mergulhar de cabeça” no idioma que se quer

aprender) é um dos melhores e mais efetivos métodos. Meus alunos espanhóis de português já não se surpreendem comigo quando começo as aulas: “eu te darei a base sobre esse idioma, mas o sucesso da tua aprendizagem depende de como tu mesmo te dedicarás” e, enfim, acabo recomendando uma boa viagem ao Brasil. Depois me agradecem, contentes. Estudei com um bom linguista que sempre dizia que a interação verbal é o que importa. Se quiser aprender português, portanto, escute o que se fala nas ruas (certo, errado ou diferente) e nunca abandone a gramática – que não é Bíblia nem dogma, mas ajuda. O pedagogo Paulo Freire também dizia que o que determina um bom texto é o contexto em que este se desenvolve. Ler livros é uma das melhores formas de entender o mundo. Recomendo um: Como aprendi o português e outras aventuras, de Paulo Rónai. Para não acabar com saudades... Não é verdade que saudade é uma palavra que só se expressa em português. O sentimento, felizmente, não tem fronteiras e sempre encontrará uma forma de se dizer (e interpretar-se) em qualquer país do mundo. Até a próxima e muito obrigado - quem define a concordância desse adjetivo é o gênero de quem agradece. Como eu sou um homem, digo obrigado e não obrigada.

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Cris de Souza

Tapioca

gourmet

A revista Bossa também é gastronomia e “Gourmet” será o nosso novo espaço para falar das nossas raízes gastronômicas e das tendências dentro desse universo. Tapioca vegetariana. Falar de culinária é falar de arte, de prazer e, por que não, de amor. Quem se esquece daquela comidinha feita pela mãe? (humm... quantas recordações). Falaremos de tipos de alimentos e suas origens, além de dicas e receitas, é claro. Porque o saber não ocupa espaço. Para o nosso debut, escolhi uma comida que está fazendo sucesso entre famosos do mundo inteiro: a tapioca. A queridinha do momento vende saúde e gostosura! A tapioca é uma receita derivada de uma goma obtida a partir do amido extraído da mandioca. Este ingrediente também se faz presente nas panquequinhas (ou “crepeocas”) típicas da culinária nordestina. A origem do nome vem do tupi tïpï’og, que quer dizer coágulo, mais uma das maravilhosas heranças indígenas. A tapioca está na moda (que bom!). Além de ser um alimento saudável, também se adapta a qualquer gosto e se destaca por seus inúmeros benefícios nutricionais, como a presença de hidrato de carbono, proteínas, fibras, vitaminas B2 e B3, cálcio, fósforo, potássio e ferro. Ufa! E quer saber o melhor? Não contém glúten. Mas, na Espanha, como posso preparar uma tapioca? É muito fácil. Seguem as dicas.

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A tapioca de carne seca é uma das preferidas.

Para começar, necessitamos de goma de tapioca (fécula de mandioca hidratada). Aqui na Espanha conseguimos comprar facilmente o polvilho doce ou massa pronta para tapioca. No caso do polvilho, você terá que hidratálo. Ah, vale lembrar que não precisa passar óleo ou manteiga antes de jogar esse preparo na frigideira. A farinha vai grudar sozinha e ficar num “formato de panqueca” em poucos minutos. O recheio é a gosto. Sugestões: queijos, carne seca, frango, carne assada desfiada, presunto, peito de peru, tomates, legumes picadinhos, mariscos, pescados, coco, morango, leite condensado, brigadeiro, creme de avelã e goiabada. Passo a passo.

1. Coloque o polvilho em uma tigela e, aos poucos, acrescente a água, misturando com a ponta dos dedos até obter uma farofa úmida e granulosa. 2. Peneire a massa, esfregando com as mãos para obter uma farofa mais fina *Caso use a tapioca pronta, saltar esse passo.

Use a sua imaginação e o que tiver sobrando na geladeira! Uma vez que temos nosso ingrediente principal (a goma): 1. Aqueça uma frigideira antiaderente. 2. Coloque uma porção da massa (aproximadamente 1/2 xícara), espalhe com uma colher até cobrir todo o fundo da frigideira. 3. Cozinhe por cerca de 1 minuto. Vire e cozinhe por mais 1 minuto ou até a massa ficar seca. 4. Recheie a tapioca ainda no fogo, colocando apenas de um lado. 5. Dobre em meia lua e sirva ainda quente. Agora é só saborear! Bom apetite!

Dica Bossa:

A Loja Kibom vende fécula para tapioca, como a massa pronta de tapioca, já hidratada. Envios para toda a Espanha. Acesse: www.kibom.es Cris de Souza; Chefe de Cozinha Ilhas Balneares

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cinéfilos nacionais

Marcelo Costa

Corpos ao chão

Cenas do premiado filme Boi Neón.

Enveredar, desvelar e representar diferentes rincões, tipos humanos e contextos sociais de um país tão grande e diverso como o Brasil é, ao mesmo tempo, um desafio instigante e arriscado, à medida que esse exercício de alteridade pressupõe os perigos da representação de universos que pouco conhecemos ou do qual não tomamos parte. Por outro lado, seria de um reducionismo limitante esperar que só pudéssemos representar aquilo que conhecemos bem ou de que somos partícipes. Talvez seja dentro dessa reflexão que o cinema de Gabriel Mascaro pode ser pensado. A cada novo filme ele parece interessado em revelar um quinhão do Brasil, microhabitats onde pessoas comuns vivem suas vidas para aquém ou para além da “grande realidade” nacional. Depois de investigar a vida e a

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morte de habitantes de uma pequena comunidade litorânea em Ventos de Agosto (BRA, 2014), Mascaro se debruça sobre o universo rural e agropecuário da vaquejada em Boi Neon (BRA, 2015), um filme mais delicado e bem-acabado que oferece diferentes camadas de leitura.


À primeira vista, poder-se pensar que Boi Neon resulta de uma discussão sobre gênero, à medida que apresenta personagens que parecem, a todo momento, desafiar e alargar os limites (sociais e culturais) impostos nessa distinção. É o cuidador de bois Iremar (Juliano Cazarré) que divide-se entre o ofício de cuidar dos animais e seus dejetos e o sonho de ser estilista; a caminhoneira Galega (Maeve Jinkings), que em meio ao trabalho braçal de consertar o caminhão mantém sua sensualidade como stripper, com figurinos eqüinos confeccionados por Iremar; Cacá (Alyne Santana), a sua filha e testemunha desse mundo, que desconhece a figura do pai e encontra em Iremar uma referência paterna; e Júnior (Vinícius Oliveira), um ajudante vaidoso de chapinha no cabelo e aparelho nos dentes, mas que não perde a virilidade masculina. É portanto nesse universo rural e embrutecido que esses personagens sonham, sobrevivem e transitam entre elementos do arcaico e do moderno, num processo de globalização que já não desconhece nenhum recôndito. Um universo humanamente precário, onde leilões e espermas de cavalo valem bem mais que as condições de vida dos trabalhadores. É nesse tom crítico, sem no entanto soar panfletário, que Boi Neon também pode ser pensado como um libelo da política dos corpos. O primeiro plano do filme parece ser revelador neste sentido: um travelling perpassa um estreito curral em que bois se amontoam e espremem-se numa quase analogia do cárcere, sob os cuidados de Iremar. O próprio universo da vaquejada, e do destrato dos animais, aqui representado com um realismo desconcertante e questionável, parecem depor nesse sentido. A simples idéia de corpos levados ao chão sob a euforia de uma platéia, de um boi contundido que já não consegue levantar-se, da mutilação do rabo do bicho provocada pelo puxão, ou de

um animal marcado na pele a ferro e fogo - que inevitavelmente remete à cena em que a protagonista de Ventos de Agosto tatua um porco parecem reforçar a sensação de que o corpo é objeto central no cinema ficcional de Mascaro. O corpo em situações limítrofes de uma representação do exótico, daquilo que clama atenção pelo inusitado porém num tratamento real. Se em Ventos de Agosto a protagonista bronzeava-se com coca-cola no corpo ao som do punk rock, aqui esse flerte soa mais delicado e eficaz, como na cena em que Galega depila-se na cabine do caminhão. O destrato dos animais logo pode ser transposto para as condições sub-humanas dos trabalhadores dessa indús-

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cena de rara beleza e competência. Aliás, um dos méritos do filme são as composições de uma fotografia com pleno domínio dos contrastes e da saturação das cores, associada ao competente trabalho de arte e figurino. Tudo isso costurado por uma linguagem clássica e elegante nos enquadramentos e movimentos de câmera, e na própria delicadeza da encenação, que reafirma a direção segura de Mascaro.

A fotografia prima pelo domínio dos contrastes e saturação de cores.

tria do espetáculo: corpos que espremem-se na boléia de um caminhão, que descansam em redes suspensas e que amontoam-se em silhuetas fugidias num banho coletivo, numa

É também a partir do corpo que a sexualidade aflora em Boi Neon, em duas cenas de registros distintos, mas que guardam em comum a verdade da cena e uma posição de domínio do prazer feminino, algo importante dentro do contexto ainda paternalista do cinema. A cena em que Iremar vai agradecer o presente a Geisy é um primor de construção de clima, realização cinematográfica e entrega dos atores; e mais uma cena em que cabe ao espectador digerir uma informação sonegada, ou um detalhe “irrelevante”, ao menos para a diegese. Nesse sentido, Boi Neon

O elenco também se destaca.

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revela-se um filme de situações que a todo momento provoca o espectador e dele exige alguma participação, seja pelo ritmo lentificado, pela eventual ausência de acontecimentos, ou por tratar-se de um filme anticlimático, sem grandes desdobramentos ou conflitos a se resolverem. Alinhado à uma tendência contemporânea de pulverização narrativa, o roteiro de Boi Neon revela-se exitoso na maneira como constrói suas situações, diálogos críveis que parecem nascer ali, ou como desenvolve os personagens e suas relações sem defini-los ou interpretá-los. Há sempre uma informação denegada, há algo que falta para se fechar

uma leitura de suas intenções e estabelecer julgamentos ou relações de causa e efeito. Nesse sentido, pode-se dizer que Boi Neon é um filme do presente, e voltado para o presente. É nessa lógica de desconhecimento prévio de intenções que Boi Neon estabelece um olhar muito humano e delicado sobre seus personagens, cujo caráter indefinido se forja de acordo com as situações que lhes se apresentam. Personagens complexos - com exceção de Júnior, que poderia ser melhor desenvolvido - e personificados por um elenco em grande sintonia. Um tipo de cinema em dissonância com uma tradição narrativa normativa, porém alinhado à aparente falta de acontecimentos e à temporalidade do cinema moderno, e a uma vertente contemporânea de grande visibilidade no circuito internacional, que parece flertar com a exotização, as singularidades de um dado contexto levadas ao limite da representação. Em Boi Neon isso está colocado de forma delicada e pertinente. Um universo embrutecido do trabalho braçal e animal, no qual ainda cabem um sonho de uma dança com um cavalo, um boi que reluz e um cavalo alado luminoso.

EM CARTAZ 8 de Abril JULIETA Pedro Almodovár Os dramas, silêncios, arrependimentos e sofrimentos da vida de Julieta entre os anos de 1985 e 2015.

15 de Abril THE LADY IN THE VAN Nicholas Hytner Camden Town, bairro de Londres, 1970. Mary Shepherd (Maggie Smith) é uma senhora idosa, que mora dentro de uma van. Se depara com a antipatia de todo um bairro, com exceção do Sr. Bennett.

22 de Abril THE LADY IN THE VAN Patricia Rigger Annabel sofria de uma doença grave. Ao cair e bater com a cabeça em uma árvore, ela afirma ter visitado o paraíso onde descobriu estar curada de sua doença crônica.

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Redação

ESPANHA

O Novocine segue sua saga nas cidades de Burgos, León, Valladolid, Barcelona e Avilés. Considerado o maior festival de cinema brasileiro na Espanha, é também uma oportunidade para acompanhar os lançamentos nacionais. Todos os filmes possuem áudio original, em português, e legendas em espanhol. A programação conta com a maioria da carta dos filmes da edição de Madri.

BURGOS

28 março – 2 abril | Salão da Biblioteca Pública (Plaza San Juan s / n) Segunda-feira, 28 de março de 19h30 – Getúlio (Drama), João Jardim. Terça-feira, 29 de março, 19h30 – Tim Maia (teatro), Mauro Lima. Quarta-feira, 30 de março, 19h30 – Casa Grande (teatro), Fellipe Barboza. Quinta-feira, 31 de março de 19h30 – Eduardo Coutinho, 7 outubro (documentário), Carlos Nader. Sexta-feira, 01 de abril, 19h30 – A Farewell (teatro), Marcelo Galvão. Sábado, 2 de abril de 12h00 – A Estrada 47 (drama de guerra) e conversa anterior com Vicente Ferraz.

LEÓN

31 de março | Auditório da biblioteca pública (Calle de Santa Noni 5). Quinta-feira, 31 de março, 19h00 – A Estrada 47 (drama de guerra) e conversa anterior com Vicente Ferraz.

VALLADOLID

1 abril – 8 abril | Auditório da biblioteca pública (Plaza Trinidad, 2). Sexta-feira, 1 de abril, 19h00 – Getúlio (Drama), João Jardim.

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Vilela & Associados Advocacia Internacional

Solicitamos e legalizamos todos os documentos brasileiros para que tenham validade na Espanha e também legalizamos e traduzimos documentos espanhóis para que tenham efeitos no Brasil. Antecedentes Penais, Certificados de Nascimento, Matrimônio, Soltería, Óbito, Guarda de Menores, Autorizações, etc. Direito Civil • Divórcio de mútuo acordo e litigioso. • Privação de custódia. • Homologação de sentença estrangeira na Espanha. • Sucessões e doações Direito Penal • Assistência legal em comissária. • Assistência e representação em juízos de falta. • Sequestro internacional de menores. • Violência de género. • Tráfico de drogas. • Mandado de detenção europeu e extradição (Audiência Nacional). • Assistência em procedimentos de internamento de estrangeiros no CIE.

• Infracções rodoviárias: dirigir alcoolizado, excesso de velocidade, dirigir sem habilitação, abuso de autoridade, direção imprudente e omissão de socorro. • Crimes contra a liberdade sexual: agressão sexual, abuso sexual, assédio sexual, etc. • Resistência policial, desacato a autoridade e atentado agente da polícia. • Assistência aos tribunais: Tribunais de instrução, Tribunais penais, Tribunais provinciais, Tribunais Superiores de Justiça, Tribunal do Júri, Supremo Tribunal e do Tribunal Constitucional. • Lavagem de dinheiro e Boilers Room. (Audiência Nacional) • Substituir expulsão judicial em matéria de execução penal estrangeiros. • Procedimentos penitenciários, Revisão da pena, Conselho de Tratamento (Administrativo e no Tribunal de vigilância penitenciária)

DIREITO ADMINISTRATIVO E EXTRANGERIA • Procedimentos disciplinares. • Medidas de internação do CIE. • Demandas Contencioso-administrativo contra uma decisão de processos disciplinares e procedimentos de residência, Estancia. • Medidas cautelares. • Nacionalidade e recursos frente a Direcção-Geral dos Registos e do Notariado. • Regime comunitário de estrangeiros e familiares de comunitários. • Regime Geral de Estrangeiros. (Arraigo social, familiar, residência sem fins lucrativos, asilo, recursos e procedimentos de sanção). • Estudantes. • Vistos, recursos contra a denegação de vistos (Contencioso central). • Renovação de residência. • Residência de longa duração.

TAMBÉM TEMOS UMA EQUIPE ESPECIALIZADAS EM DIREITO DO TRABALHO

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agora

Redação

ESPANHA Segunda-feira, 4 de Abril, 19h00 – Tim Maia (teatro), Mauro Lima. Terça-feira, 5 de Abril, 19h00 – A Estrada 47 (drama de guerra) e conversa anterior com Vicente Ferraz. Quinta-feira, 7 de abril de 19h00 – A Farewell (teatro), Marcelo Galvão. Sexta-feira, 8 de abril, 19h00 - Casa Grande (teatro), Fellipe Barboza.

BARCELONA

2 abril – 7 abril | Filmoteca Sábado, 2 de abril, 21h30 A Despedida. Domingo, 3 de abril, 19h00 A Estrada 47 (drama de guerra) e conversa anterior com Vicente Ferraz. Terça-feira, 5 de abril, 21h30 Tim Maia (teatro), Mauro Lima. Quarta-feira, 6 de abril, 21h30 Getúlio (Drama), João Jardim. Quinta-feira, 7 de abril, 21h30 Casa Grande (teatro), Fellipe Barboza. Na sessão do domingo terá o diretor do filme.

AVILÉS

1 abril – 3 abril | Centro Niemeyer de Avilés Sexta-feira, 1 de abril, 19h00 A Estrada (drama de guerra) 47 – Vicente Ferraz. Sexta-feira, 1 de abril, 22h00 A Farewell (teatro), Marcelo Galvão. Sábado, 2 de abril, 19h00 Getúlio (Drama), João Jardim | 21:00 Casa Grande (teatro), Fellipe Barboza. Domingo, 3 de abril, 19h00 Eduardo Coutinho, 7 outubro (documentário), Carlos Nader | 21h00 Tim Maia (teatro), Mauro Lima. Mais informação: www.novocine.es

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Juliana Bezerra

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ESPANHA Pianistas brasileiros na Espanha

André Dolabella.

Este ano, a Espanha será invadida por pianistas brasileiros. Por iniciativa do empresário e pianista mineiro Ederson Urias, vários talentos do piano brasileiro vão tocar em cidades espanholas como Madri, León, Barcelona e Salamanca trazendo um repertório diversificado.

Luis Rabello.

A ideia de trazer pianistas para a Espanha surgiu quando Ederson Urias participava de um curso de verão na França, com a consagrada pianista brasileira Cristina Ortiz. Ali, Urias conheceu o empresário e pianista espanhol Eduardo Frías, que organiza concertos na Sala Toccata en A, em Madri. “O objetivo é levar um pianista brasileiro por mês para Espanha” conta Ederson Urias, diretor da agência Virtuosi Produções. Em Madri, as apresentações ocorrem na Sala Toccata en A, espaço dedicado à música de câmara; em León, os recitais acontecem na Fundación Eutherpe, na Sala Eutherpe. Em breve serão anunciados os locais para as cidades de Salamanca e Barcelona. Este ano, já estiveram por aqui o pianista Silas Barbosa e o Duo Aurore, formado por Renata Bittencourt e Diego Munhoz. Ainda em 2016, devem se apresentar na Espanha artistas como Luis Fabiano Rabello e André Dolabella. Da mesma forma, para completar o ciclo de concertos organizado pela Virtuosi Produções, os músicos espanhóis Eduardo Frías, piano, e Martina Alonso, violino, estarão em turnê pelo Brasil em setembro, também levados pela Virtuosi Produções. Renata Bittencourt e Diego Munhoz.

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Juliana Bezerra

MADRI Curso preparatório do ENCCEJA gratuito em Madri Um grupo de professores voluntários se uniram para uma boa causa: criar um cursinho preparatório gratuito para os que pretendem fazer o Exame Nacional de Certificação de Competências na Espanha. Trata-se da segunda edição do preparatório, cuja iniciativa nasceu no ano passado. O curso está sendo realizado na Casa do Brasil em Madri, todos os sábados, das 15h às 19h30. O objetivo é dar o suporte necessário aos alunos que desejam prestar o exame. Para isso, contam com a colaboração da Casa do Brasil, que cedeu o espaço e toda a infraestrutura. Segundo a professora Viviane Ferreira – doutoranda pela Universidade Complutense de Madri e uma das voluntárias –, o coletivo conta com cerca de seis professores que atendem cerca de 30 alunos. De acordo com a experiência da voluntária, muitos realizam o Exame Nacional visando ampliar seus estudos e entrar em uma universidade. Porém, outros tantos desejam apenas concluir o ensino médio. O curso ainda conta com atendimento online, no qual os alunos podem tirar dúvidas, encontrar material de estudo e provas dos anos anteriores. Mais informações e matrícula: Casa do Brasil Avenida Arco de la Victoria, 3 - CP 28040 Madrid Telefone: (0034) 91 455 15 60 Fax: (0034) 91 543 51 88 E-mail: portugues@casadobrasil.es Um pouco mais sobre o ENCCEJA As inscrições foram abertas desde o dia 14 março e se encerram no dia 5 de abril. Brasileiros residentes em nove países e 12 regiões poderão se inscrever para o ENCCEJA 2016. Paris e Nova York realizarão o exame pela primeira vez, enquanto que em países como Japão a prova acontece desde 1999. Na Espanha, o teste é realizado em Madri, a inscrição é gratuita e realizada exclusivamente via Internet. As provas serão aplicadas em dois dias. Para o ensino fundamental, ocorrerá dia 28 de maio, sábado. Para o ensino médio, dia 29 de maio, domingo. Mais informações: http://cgmadri.itamaraty.gov.br/pt-br/encceja.xml Inscrições ENCCEJA: http://sistemasencceja2.inep.gov.br/exterior/

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MADRI Festa de lançamento da revista BOSSA e da rádio BOSSA FM em uma das terrazas mais incríveis de Madrid Se você ainda não conhece a famosa vista do hotel Meliá ME, na plaza Santa Ana, anote na agenda: sábado, dia 9 de abril, acontecerá a festa oficial de lançamento da Revista BOSSA e da rádio BOSSA FM. E vocês, leitores e ouvintes, são nossos convidados! Além da vista e do clima cool da terraza, preparamos um dia repleto de atrações para celebrar este marco da comunicação brasileira na Espanha. Confira a programação: Street Food A terraza ganhará muita cor e energia com o Pop Up Gastronômico, proposto pelo renomado chef David Fernandez Losas, e coquetéis, por Robert Morata. Terreiro – Funk Samba Soul A novidade da cena musical brasileira na Europa! A banda propõe um repertório que não deixa ninguém parado. Tim Maia, Jorge Ben, Sandra de Sá, Wilson Simonal e Emílio Santiago são alguns dos artistas interpretados pela banda. DJ’s Rodrigo da Matta (BOSSA FM) Jota Jota (BOSSA FM) Be.nuit (Sonar Kollektive) Jesús Bombín (Sonideros – Radio 3) Carlito Groove (El Junco) Local: Hotel ME Madrid Reina Sofia Plaza Santa Ana, 14 – Madrid. Horário: 13h – 03h30

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agora

Juliana Bezerra

MADRI conexão Madri-São Paulo

Letícia Malvares e Fernando de la Rua participam do Clube em Madri.

O Clube Caiubi, que reúne compositores de vários estilos em São Paulo, chega a Madrid. Criado em 2002, os encontros realizados na rua Caiubi, para troca de experiências entre músicos e letristas, deram bons frutos como Tavito e Ze Rodrix – Rodrix; e o cantor e compositor Pedro Moreno, que hoje vive em Madrid. O Clube Caiubi se expandiu para além das fronteiras físicas e, na Internet, alçou voos mais altos: atualmente conta com 8500 associados em todo mundo. Graças ao site, os compositores podem mostrar seus trabalhos e entrar em contato com membros do clube. Este intercâmbio de ideias entre músicos e letristas está sendo revivido aqui em Madri numa iniciativa capitaneada pelo DJ e percussionista Rodrigo da Matta. “O objetivo é dar visibilidade aos compositores que escrevem fora da linha de mercado”, explica Da Matta, que integra os grupos como Samba de Terraza e a Roda de Choro de Madri. O esquema das apresentações lembram as rodas de violão: “cada um canta duas músicas de sua autoria”, conta Rodrigo da Matta. Ao mesmo tempo, compositores brasileiros assistem à performance dos parceiros através de um “hangout”. O evento acontece quinzenalmente, às quartas-feiras, no Bar Liber Art e qualquer compositor interessado pode participar. Definitivamente, a arte não tem mais fronteiras.

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Daniela Pacheco

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BARCELONA Barcelona celebra Ano Olímpico - Rio 2016 Consulado-Geral do Brasil em Barcelona promove diferentes ações para divulgar o evento esportivo Durante este ano, o Consulado-Geral do Brasil em Barcelona organizará uma série de eventos para promover o ano olímpico. Um deles será a Exposição “RIO 2016: Uma cidade em transformação”, que vai mostrar a impressionante transformação pela qual a capital carioca passou do ponto de vista urbanístico e esportivo.

O filme “Mulheres Olímpicas” estará em cartaz em Barcelona.

A exposição será realizada no Museu Olímpico e de Esporte Joan Antoni Samaranch de Barcelona, situado no Parque de Montijüic. A amostra abre as portas de 2 de maio a 18 de setembro, seu término coincide com o mesmo dia em que se encerram os jogos Paraolímpicos no Brasil.

Segundo a organização do evento, o objetivo da exposição é mostrar como a cidade do Rio de Janeiro se preparou para receber o maior evento esportivo do mundo através de uma linguagem universal, a arte, além de promover uma integração social entre as culturas brasileira e catalã de forma divertida e fascinante, como são os valores esportivos. Outro evento que o Consulado preparou para o mês de maio é a exibição do filme “Mulheres Olímpicas”, no dia 5, dentro da sétima edição do Bcn Sports Film Festival que acontecerá de 3 a 7 do mesmo mês. O documentário, com direção assinada por Laís Bodanzky, tem a intenção de traçar um paralelo entre a mulher na sociedade e a mulher no esporte olímpico. Sinopse – Pode-se dizer que a história das esportistas brasileiras nas Olimpíadas é recente. Foi em Los Angeles, em 1932, que uma primeira mulher brasileira participou de uma Olimpíada. Contudo, mas a primeira medalha só chegou em 1996 em Atlanta, 64 anos depois. Só em 2012, em Londres, que todos os países participantes tiveram representantes mulheres e inauguraram o boxe feminino, fazendo com que pela primeira vez na história, as mulheres participassem de todos os esportes olímpicos.

O filme está baseado na história das mulheres brasileiras em Olimpíadas.

Este filme foi o vencedor do projeto “Memória do Esporte Olímpico Brasileiro”, que promove o resgate da história dos grandes atletas que representaram o país nos jogos olímpicos. Com cinco edições realizadas, o programa já conquistou mais de 600 inscrições de projetos de filmes via seleção pública, aberta a qualquer produtora de vídeo do Brasil. Antes da exibição do filme “Mulheres Olímpicas”, será apresentado um vídeo sobre o projeto.

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agenda

madri CHOCOLATRES 2 de abril | 21h | 7€ La Taperia de Prado | Plaza de Plateria Martinez, 1

isso porque o grupo tem seu repertório voltado para a música negra brasileira. ARMANDINHO MACÊDO 11 de abril | 17h | 40€ Workshop na Casa do Brasil

Comemorando um ano de nascimento, este fantástico trio garante muito swing, músicas dos anos 20, 30 e 40 e também arranjos dos anos 80, além de temas próprios. BANDA TERREIRO 29 de abril | 23h | 10€ Sala Clamores

Voltado para investigadores da música, produtores culturais, músicos e jornalistas, contará a origem dos carnavais e da guitarra baiana. ARMANDINHO MACÊDO 12 de abril | 21h | 12€ Sala Galileo | Calle Galileo, 100

Terreiro Funk Samba Soul é uma banda diferenciada na cena espanhola. Tudo

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O músico prepara um show único em Madri. O choro mais alegre do Brasil é uma retrospectiva por sua história e pela história da música regional brasileira fusionada com o pop/rock dos anos 60, 70 e 80.


barcelona ARMANDINHO MACÊDO 10 de abril | 21h | 10€ Sala Habana | Calle Galileo, 100

Amantes da gafieira também serão contemplados na festividade da capital catalã.

O instrumentista baiano abre sua turnê em Barcelona. O formato do show será mais carnavalesco, remontando às origens. Um show dançante e vibrante.

PEDRA DO SAL 24 de abril | 12h30 Centric Gastrobar | Plaça Catalunya, 39-41

RODA DE CHORO 12 e 26 de abril | 22h | Gratuito. Cara B Barcelona | Torrent de les flors, 36

Um projeto formado por três músicos que cantam samba e bossa nova, indo de João Gilberto a Paulinho da Viola. CAETANO VELOSO & GILBERTO GIL 2 de maio | 21h | Desde de 38€ Palau de la Música Catalã

O choro tem um encontro quinzenal em Barcelona. GAFIERA SAMBA FEVER 22 de abril | 22h30 | 5€ Marula Café | Escudellers, 49

Dois dos maiores músicos brasileiros tocam juntos no festival ‘Guitar BCN 2016’.

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quijote macunaima

Flávio Carvalho

10 coisas a fazer, antes de sair do Brasil. Vou rolando no mundo igual bola. Só porque a gente não nasceu quadrado (...). Descobri sem querer a vida... (Zeca Pagodinho).

1.

Viaje pelo país tanto quanto puder. Conheça o Brasil, que é um mundo. Isso lhe ajudará a preparar-se para viajar pelo mundo. Não se arrependa daquilo que não conhece. Aliás, tente arrepender-se somente daquilo que não tentou.

2.

Tente ao máximo misturar-se, integrar-se com os imigrantes de outros diversos países, que vivem no Brasil. Conhecê-los ajudará a suportar o desconhecimento, a raiz dos problemas contra os migrantes. Principalmente quando se tornar um. Garanto que a primeira surpresa será descobrir que os imigrantes que vivem no Brasil não estão distantes de sua vida e que isso pode proporcionar-lhe um inesperado prazer. Prazer em conhecer!

3.

Você que viaja porque quer, pergunte-se: o que poderia e deveria fazer pelos milhares de refugiados, aqueles que viajam porque não têm outra escolha, porque sim, há muito a fazer. Ponha-se nos seus lugares, sinta-se como aquelas mães, pais e filhos. Este é hoje o principal problema europeu, um continente difícil – para não entrar em outros ad-

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jetivos mais obscenos. Esse continente que você pôde escolher como destino é, para muitos, a única possibilidade de vida. Prepare-se.

4.

Organize uma boa festa de

despedida. Pense em cem pessoas a convidar. Depois diminua a lista pela metade e logo verá que a quantidade não é importante (pode ser até maior). O importante será recordar, um, dois, cinco, dez anos depois, quantos destes amigos permaneceram - e quantos ficaram pelo caminho, com o tempo.

5.

Abrace. Sua família, seus amigos mais próximos, seus amores. Lamento informar-lhe que, um dia, você sentirá muita falta desses abraços. Aproveite-os ao máximo, portanto. Ontem me disseram que, de fato, o abraço pode ser o primeiro desejo de um recém-nascido e o último de uma pessoa prestes a morrer. Bem-vindo, portanto, a este renascer. Afinal, não se preocupe tanto com a distância. Já verá que ela pode ser muito relativa e que até pode aproximar você, por incrível que pareça, dos seus mais queridos.

6.

Concentre-se, foque, jogue fora tudo que não for essencial. Aproveite essa intensa mudança para pensar no que realmente interessa. Diminua todos os pesos que tiver a carregar e olhe que não estou falando só do excesso de bagagem em formato de malas, sim Falo mais das coisas que não têm preço. Você mesmo sabe.

7.

Faça uma lista dos seus melhores sonhos. Faça uma lista de problemas pendentes. Se a segunda lista for maior que a primeira, adie um pouco a sua partida. Resolva, então, encarando alguns dos mais importantes problemas. Então, deixe de fazer contas e concentre-se no seu viajar. O caminho se faz ao caminhar.

8.

Feche a porta de saída com a mesma chave que poderia usar ao voltar. Se algum dia você voltar, verá que tudo muda: o país, as pessoas e, principalmente, você.

9.

Não pense no voltar como uma obsessão. Confie em Zeca


Pagodinho: “deixe a vida te levar”. Se for para voltar, ela, a vida, lhe devolverá em dobro tudo aquilo que você plantar. Plante bem. Plante bem, plante o bem e desfrute. Ser positivo dá bons frutos. E flores.

garantir-lhe é que pensar muito neste decálogo me ajudou a pensar em como eu, com a melhor das vontades, poderia ajudá-lo. Obrigado, enfim, pelo enorme prazer de permitir-me querer ajudá-lo.

Se você conseguir chegar até este último ponto, já posso revelar-lhe que eu não segui todos os passos do presente decálogo, como eu tanto gostaria. Acho até que se eu tivesse pensado muito, eu nem estaria hoje aqui na Catalunha. O que posso

Quando a água do mar não está tão quente, ou entra com um mergulho de cabeça, ou você se tortura, entrando aos poucos. Logo verá que a temperatura do seu corpo ajuda a estar mais confortável dentro da água do que

10.

fora e sairá da água, por causa da imperiosa necessidade que nós, os seres humanos, temos de mudar. Mudar sempre para melhor. Porque se for para pior, será melhor que continue na sua covarde zona de conforto. Mas, para acabar positivamente: busque sempre a sua melhor forma de mudar, seja de águas ou de lugar, de temperaturas ou de mar. Aquele abraço! Flávio.

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