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ARCA AMASERRA

Nova Lima/ MG, Outubro/ 2014/ Ano 7/ No 18

Mais uma barragem de lama que despenca causando morte de pessoas e de rios. Outras barragens estão ameaçadas. Até quando continuaremos a colocar nas mãos das mineradores o nosso patrimônio mais precioso que é a água? Será que só acordaremos quando não houver mais chances? Uma triste realidade onde o dinheiro se sobrepõe a vida.

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PLANO ESTRATÉGICO DO SINCLINAL MOEDA

Está

finalizado o Plano Estratégico do Sinclinal Moeda. Elaborado com o apoio da Fundação Dom Cabral teve participação de especialistas em diversas áreas e lideranças locais. Um seminário está em preparação para divulgá-lo, implementá-lo e eleger o grupo gestor.

A missão deste plano é contribuir para a preservação, conservação, recuperação dos recursos ambientais, valorização e promoção dos patrimônios culturais materiais e imateriais e melhoria das condições de vida da população do Sinclinal Moeda, articulando os diversos atores, promovendo o fortalecimento da sociedade civil em relação à licença social, influenciando a legislação, as Doações para apoiar este plano 02

Foto: Ilana Lansky

políticas públicas, a atuação do setor público e uma atitude responsável do setor privado com relação a esta causa.

Vão ser necessárias ações em várias frentes: educação, turismo, pesquisa, eventos, informação, capacitação, mobilização e muitos projetos focados na valorização do patrimônio natural e cultural, material e imaterial, economia solidária, além de propostas de projetos de lei e políticas públicas.

Com a adesão de indivíduos, organizações, empresas e poder público ao plano, podemos torná-lo realidade e construir uma nova perspectiva para a já tão impactada região do Sinclinal Moeda.

Banco do Brasil, Agencia: 33871, Conta: 206539 CNPJ: 09.004.764/0001-20

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Nova Lima, 30 de Outubro de 2014 C

Um

MORRO DO CACHORRO AMEAÇADO

basset deitado é a imagem que originou o apelido dado a um trecho da Serra dos Três Irmãos, o Morro do Cachorro, área extremamente relevante para Casa Branca, berço de importantes nascentes que abastecem a comunidade de Jangada, condomínios e bairros de Casa Branca.

Esta área é importante para a conexão dos corredores ecológicos da serra da Moeda.

Localizado na área do entorno do Parque Estadual Serra do Rola Moça, tem vegetação rasteira e é estampado por canela de ema, com uma pequena gruta em sua encosta.

Toda essa beleza e importância geológica não foi suficiente para evitar uma proposta de exploração mineral.

Mineradoras realizaram testes de sondagem na região, com intuito de verificar a qualidade do minério em seu subsolo. Na ocasião do desmatamento para realização das pesquisas, nasceu o “Movimento pelas Águas e Serras de Casa Branca” que já realizou uma série de atividades, dentre as quais se destacam o “Dia da Alegria”, que fechou a estrada de Casa Branca para o distrito de Brumadinho, além de “Tardes Festivas”, seminários e audiências populares e até Bloco de Carnaval. Uma lágrima gigante foi colocada no Morro, simbolizando a tristeza do cachorro com o desmatamento.

No começo de 2014, a mineradora Vale convidou a Prefeitura de Brumadinho e todos os vereadores para uma reunião na mina Córrego do Feijão e apresentou seu projeto de nova mina. Diante do fato, o Movimento se rearticulou e realizou uma série de atividades este ano: um Seminário Popular que contou com a presença de um geólogo especialista do Movimento Gandarela (que explicou tecnicamente a incompatibilidade entre mineração e preservação das nascentes na região do quadrilátero ferrífero), uma bela Tarde Festiva na praça central e três manifestações pacíficas. A Câmara Municipal de Brumadinho aprovou requerimento para a realização de uma Audiência Pública.

Foi enviada uma carta ao Prefeito de Brumadinho solicitando que nenhuma declaração de conformidade seja emitida antes que o povo de Casa Branca tenha a oportunidade de conhecer detalhadamente o projeto para que possa se posicionar com clareza se deseja ou não um novo empreendimento de mineração em seu território.

Salve o Morro do Cachorro e toda a água abundante que ali nasce.

Mov. pelas Águas e Serras de Casa Branca

Foto: Ilana Lansky

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CADÊ O RIO QUE ESTAVA AQUI ? O BOI BEBEU?

Em

uma inédita solução emergencial a COPASA solicitou a abertura das compor tas do antigo sistema de represas da empresa Anglogold Ashanti - Ingleses, Miguelão e C odornas - para abastecer B ela Fama, a principal captação de água da Região Metropolitana de B elo Horizonte, localizada no rio das Velhas, em Nova Lima.

Se hoje falta água em Bela Fama, é porque as nascentes e córregos a montante da captação já estão comprometidos. Acima de Bela Fama estão exatamente as serras da Moeda, a oeste, e do Gandarela, a leste. A proteção destas serras é a garantia de água para toda a população a jusante.

Foto: Ilana Lansky

Nestas serras preciosas encontra-se o cerrado, um bioma ameaçado que presta um ser viço essencial, ele é o grande produtor de água da região. As raízes de suas plantas são adaptadas para abastecer aquíferos. Preser var o cerrado é cuidar para que a água se infiltre no solo, portanto, nestas serras não há mais espaço para supressão de vegetação nativa, é parar ou secar.

Leiam mais sobre a importância do cerrado para o abastecimento das cidades na entrevista com o Prof. Altair Sales Barbosa, pesquisador, com doutorado em Arqueologia Pré-Histórica pelo Museu Nacional de História Natural, em Washington (EUA) disponível no site: www.arca.eco.br COORDENAÇÂO EDITORIAL: Simone Bottrel / PROJETO, EDITORAÇÃO GRÁFICA e JORNALISTA: Evelyn

Zajdenwerg / FOTOGRAFIA: Ilana Lansky / ILUSTRAÇÃO: Mário Valle / IMPRESSÃO: Gráfica Formato

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Nova Lima, 30 de Outubro de 2014

BARRAGEM DE LAMA

S em

Ilustração: Mario Vale

que uma mísera gota de água caísse do céu, veio abaixo mais uma barragem de rejeitos de mineração.

Aconteceu em Itabirito, bem no meio do Complexo da Serra da Moeda.

Valeria de Oliveira, o fenômeno ocorre quando um rocha de maior resistência surge na parte mais baixa do relevo. Com o passar de milhões de anos, o sentido de formação das rochas é invertido.

Em nota, a empresa Herculano Mineração, responsável pela barragem rompida, alerta que há risco de colapso na estrutura das demais barragens, com escoamento do rejeito de finos ali dispostos, gerando um acidente ambiental na área jusante, podendo atingir também o Ribeirão do Silva. Estudos contratados pela mineradora apontaram a existência de canais subterrâneos, originários de um fenômeno geológico conhecido como “inversão de relevo”, como a possível causa do rompimento.

O rompimento afetou a bacia do rio Itabirito, afluente do rio das Velhas que se encontra logo antes da principal captação de água de Belo Horizonte.

Relatórios oficiais informam que essa bacia já sofre com a poluição de rejeitos, causando o assoreamento dos seus rios .

Segundo a professora do departamento de Geografia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Cristiane

O cenário geral indica que a mineração de ferro no Sinclinal Moeda é ainda insustentável.

Tragédia humana: três vidas perdidas, ribeirões contaminados pelos rejeitos que escaparam. Podemos desperdiçar tanta água para fabricar lama? E as novas barragens que querem construir?

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TRADIÇÃO QUE AMPLIA A PRESERVAÇÃO

Festa de Maria do Rosário e Congo de São Benedito

Ilustração: Evelyn Zajdenwerg

A Serra da Moeda constitui um bem importante desde os primórdios da

ocupação europeia em Minas Gerais. O sistema de valores seculares encontram-se ainda razoavelmente preservados, estabelecidos em um ambiente construído de incomparável valor histórico e beleza cênica, e que vem sendo sistematicamente destruído quando apropriado e ocupado por novos interesses, principalmente aqueles relacionados à exploração mineral e à expansão urbana metropolitana.

Ali também se encontram num cotidiano vívido os arraiais primevos e, contrastando com os maiores empreendimentos imobiliários, os antigos moinhos e manufaturas e grandes instalações industriais. A mineração da bateia e outras técnicas ancestrais e as minas gigantescas e mecanizadas a céu aberto, o esforço individual dos primeiros mineiros confrontando com as grandes corporações internacionais da atualidade. O viver num ambiente tradicional e um estilo de vida urbano baseado no consumo do clima e das visadas paisagísticas.

Os antigos arraiais e povoados entraram em decadência, muitos se estagnaram; ocorreram migrações para os centros urbanos mais importantes.

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Nova Lima, 30 de Outubro de 2014

Várias povoações e áreas rurais mantêm baixos níveis de densidades populacionais, às vezes ainda menores do que nos períodos anteriores (São Caetano da Moeda, Marinho da Serra, Coco, dentre outros).

e

com

muito

ainda

a

ser

conhecido

A mineração gera uma falsa riqueza, mas as condições de vida na Serra da Moeda não são satisfatórias para parte dos seus habitantes, notadamente quanto à renda, à educação, ao saneamento, à saúde e à situação da criança e, de modo mais pronunciado, nos municípios menores (Belo Vale, Jeceaba e Moeda) e em toda a sua zona rural. Isto expressa uma situação de vulnerabilidade econômica e social. Esse quadro social e ambiental preocupante torna-se ainda mais complexo na relação com esse patrimônio ambiental, material e intangível de riqueza inigualável que é a Serra da Moeda.

Mesmo com todos estes desafios, a Comunidade Quilombola de Marinhos unindo-se com a comunidade de Sapé, mantêm as tradições e realizam anualmente a festa de Maria do Rosário e Congo do São Benedito, cheia de força e beleza. Os cantos, os tambores, a devoção do povo, encantam a todos que dela participam. A festa é uma expressão de resistência das comunidades quilombolas para manterem sua identidade. Um belo exemplo de nossa diversidade cultural ainda tão presente na serra da Moeda, em meio a homogeneização ditada pelo poder econômico. .

José Eustáquio e Celina Borges 07

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BELO VALE TOMBA RUINAS E CALÇADAS

O Conselho Municipal

do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Natural de Belo Vale aprovaram o “Dossiê de Tombamento do Conjunto Arqueológico e Paisagístico das Ruínas das Casas Velhas e Calçada de Pedras”.

Os patrimônios tombados são referências de valor histórico e cultural e, se integram com outros já tombados, que compõem o Patrimônio Natural da Serra da Moeda.

Tarcísio Martins - Jornalista e membro do Conselho, representando a APHAA-BV .

REFORMA DA IGREJA DE BOA MORTE

A Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale (APHAA-BV) e o Conselho Estadual dos Direitos Difusos (CEDIF), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE) assinaram Convênio de Cooperação Financeira para execução do projeto arquitetônico, obras civis de recuperação da Capela de Boa Morte, localizada em Belo Vale.

Foto: Acervo ARCA

Conheça as atividades da ARCA-AMASERRA APOIE NOSSOS PROJETOS ACESSE: WWW.ARCA.ECO.BR amaserra@gmail.com GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS SECRETARIA DE ESTADO DE TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SOCIAL Financiamento: Fundo Estadual de Direitos Difusos FUNDIF

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