Jornal 4

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Nova Lima/MG, Dezembro - 2008 • Ano 2 • Nº 04

Serra da Calçada já é Patrimônio de Minas! MISSÃO “Hão de me perguntar por que tomo conta do mundo: é que nasci incumbida” Clarice Lispector Todos cuidamos do mundo. Basta estar no lugar certo, na hora certa e acreditar. E estamos. Estamos nas serras de Minas, na serra da Moeda, na serra da CALÇADA. E a hora? A hora é essa, mais que certa, mais que propícia, necessária. Seja por paixão, seja por razão, o motivo é um só: proteger nossos patrimônios naturais, culturais, arqueológicos, nossa ÁGUA. Passamos por ansiedades, por temores, por apreensões, contudo não estamos sós. Somos muitos, às vezes incógnitos, mas atuantes mesmo que distantes. A força que emana dos nossos ideais nos alcança. Vem pela terra, pelo vento, vem até mesmo pela queimada que, quando passa, traz em seu rastro flores amarelas, lilases, e muito, muito verde. Verde esperança! Essa força, essa crença e esperança é que possibilitarão a preservação integral da serra da Calçada. Mas, acima de tudo, a nossa UNIÃO é que fará alcançar esse objetivo. Essa edição do Jornal Amaserra traz notícias positivas, porém, continuar a nossa mobilização é muito importante para proteger a nossa serra. Assim como Clarice Lispector, nós também nascemos incumbidos. Acreditem!

Em reunião realizada no mês de junho último, o Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico – CONEP, aprovou, por unanimidade, o tombamento provisório da serra da Calçada. O conjunto arquitetônico e paisagístico da serra da Calçada, situado em propriedades das empresas Vale e V&M, passa, assim, a ser protegido como bem cultural tombado, inicialmente, em caráter provisório, pelo governo de Minas Gerais. Agora, a serra da Calçada, que já vinha sendo judicialmente protegida por liminar concedida pela justiça, passa a gozar também da proteção que cabe aos bens tombados. O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG, vem realizando estudos e mapeando sítios arqueológicos na serra da Calçada desde 1985 e, como resultado das análises de campo e de ampla p esquisa bibliográfica, foi elaborado um documento técnico que embasou a decisão do CONEP, a partir de parecer elaborado pelo Prof. Leonardo Castriota, representante no conselho do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB.

Jeanine Baraillon, presidente da Arca-Amaserra

Relevância

Os estudos do IEPHA/MG destacam a vegetação, geomorfologia, caracterização hidrográfica e hidrogeológica, além do patrimônio espeleológico e arqueológico presentes na serra da Calçada, considerada relevante historicamente por guardar fragmentos da existência de uma sociedade formada em torno da exploração do ouro no século XVIII, constatada por vestígios arqueológicos relacionados à mineração. Através de monumentos como o Forte de Brumadinho, a região é testemunha do processo de ocupação de Minas Gerais e da organização dos primeiros núcleos urbanos no estado. No seu parecer favorável ao tombamento da serra, Leonardo Castriota recomenda que a decisão definitiva contemple a implementação de planos de manejo e de educação patrimonial para a região, a fim de que o ambiente natural e os locais em que houve intervenção humana continuem em harmonia, preservando a história e as condições paisagística e ambiental. Para Jeanine Baraillon, presidente da ARCA-AMASERRA, a decisão do CONEP foi uma vitória contra as ameaças da expansão urbana, da mineração e do turismo predatório a um dos mais ricos patrimônios de Minas Gerais.


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