Jornal arca15 ab 2013

Nova Lima/MG, ABRIL / 2013/Ano 6/N o:15

AQUI AINDA PODEMOS BEBER !

SERRA DA MOEDA EU TE ABRAÇO !

Ilana Lansky

Na Serra da Moeda ainda podemos beber água limpa, encher os olhos de belezas naturais, experimentar a máquina do tempo e conhecer o passado. Aqui, ainda temos o sustento para as futuras gerações.

Precisamos agora eternizar estes privilégios que ainda temos, atingir o ponto entre a proteção do patrimônio cultural e natural e os interesses econômicos da serra.

Este é o nosso desafio.

Buscando a proteção da Serra da Moeda, a ARCA traz nesta edição especial informações que podem embasar ações para cuidarmos de nossas mais básicas necessidades como a água e a biodiversidade.

A história entranhada nesta serra mostra que quando o objetivo é comum a todos, temos a capacidade de construir elos fortes em prol do desenvolvimento humano sustentável.

Chamamos a todos para abraçar a Serra da Moeda todos os dias, apertos de mão são bem vindos!

Boa Leitura.

Simone Bottrel

Nova Lima/MG, ABRIL /2013/Ano 6 No:15

SERRA DA MOEDA Importância e localização

Ilana Lansky

A Serra da Moeda fica ao sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte, ela é um conjunto montanhoso que se integra à Serra do Espinhaço, considerada como Reserva da Biosfera pela UNESCO. A Serra da Moeda se estende por cerca de 50 km, atravessando os municípios de Nova Lima, Rio Acima, Brumadinho, Moeda, Belo Vale, Itabirito, Ouro Preto e Congonhas. Insere-se no Quadrilátero Ferrífero, separando as bacias dos rios das Velhas e Paraopeba, e contribuindo com inúmeros cursos d’água.

Suas altitudes variam entre 800 e 1.600 m.

FoiLANA LANto Evelyn Zajdenwerg

Caracteriza-se por uma vegetação variada: Mata Atlântica, Campos, Cerrado, entre outras formações. Abriga espécies da fauna e da flora raras, endêmicas e ameaçadas. A sua importância hidrológica é vital. As suas inúmeras formações geológicas, como as cangas, têm uma grande importância, não só pela recarga dos aquíferos que elas proporcionam como também por abrigarem uma impressionante biodiversidade. A serra encontra-se ameaçada por interesses econômicos que movimentam uma exploração mineral e um crescimento imobiliário insustentáveis.

Expediente: Diretoria Executiva: Simone A. Bottrel, Jeannine Marie Barailon, Silivia Oliveira Revisão de texto: Marco Antonio Damasceno / Fotógrafa: Ilana Lansky Jornalista: Paulo Andrés Barros Mendes / Projeto e editoração gráfica: Evelyn Zajdenwerg Contato: amaserra@gmail.com / Impressão: Gráfica Formato / Tiragem: 6 mil exemplares 02

Nova Lima/MG, ABRIL /2013/ Ano 6 No:15

PATRIMÔNIOS CULTURAIS DA SERRA Janela interna do Forte

Foto Ilana Lansky

A Serra da Moeda é

um importante patrimônio natural e cultural que com sua beleza cênica, importância natural e os marcos históricos atrai inúmeros visitantes do mundo inteiro.

Entre os importantes patrimônios culturais da Serra se destacam a Igreja Matriz de Piedade de Paraopeba, pré-barroca, das pri meiras décadas do séc. XVIII. A Fazenda Martins, também do séc. XVIII, incluía uma senzala, e está ligada ao quilombo Sapé. O Forte de Brumadinho é um conjunto arqueológico, representante das unidades mineradoras da última década do séc XVII, estendendo-se por cerca de 3.800hc com mundéus, cavas, aquedutos, canais, áreas de lavra, bicames e calçadas construídas pelos escravos. Já a Casa da Moeda fazia a fundição de moedas falsas e funcionou de 1729 a 1731.

As comunidades quilombolas de Chacrinha dos Pretos, Marinhos e Sapé abrigam habitantes descendentes dos escravos que trabalharam na região.

A Igreja de Nossa Senhora de Boa Morte que teve sua construção iniciada em 1760, também é um importante patrimônio. E em Congonhas há um conjunto arquitetônico, paisagístico e escultórico do Santuário do Nosso Senhor Bom Jesus de Matozinhos, com obras do Aleijadinho: os 12 Profetas e as imagens dos Passos da Paixão.

Há uma riqueza também de partimônios imateriais. As festividades culturais marcam a serra em toda sua diversidade como as belíssimas cerimônias dos quilombolas de Sapé.

Casa de Moeda Falsa

Foto Ilana Lansky

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Nova Lima/MG, Abril/2013/Ano 6 No15

Adquira estes e outros produtos no site: http://www.arcaamaserra.org/p/produtos-arca-amaserra.html ABRAÇO A SERRA DA MOEDA PARTICIPE!

TRABALHANDO POR VOCÊ A ARCA-AMASERRA continua suas ações pela proteção da Serra da Moeda e seu entorno. Estamos num momento crucial em que é essencial a mobilização e apoio de todos que se interessem por uma boa qualidade de vida no Vetor Sul, pois fortes interesses econômicos insustentáveis ameaçam nosso bem estar e das futuras gerações.

Colabore com seus talentos ou apoio financeiro. Deposite na conta: Banco do Brasil: Associação para a Recuperação e Conservação Ambiental -ARCA AMASERRA- Ag: 3387; Conta corrente: 2065-9; CNPJ: 09004764/0001-20

www.imagineecoloja.com

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EROSÃO DA BIODIVERSIDADE Colaboração Saulo Resende - Biólogo

A singularidade dos campos rupestres ferruginosos

PARTE

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Os principais agentes causadores de perSegundo a Profa. Cláudia Jacobi, os cam- pos rupestres ferruginosos estão entre os ecos- das dos campos rupestres ferruginosos, segunsistemas mais ameaçados do mundo. Além da do estudo realizado pelo Biólogo Flávio Fonseca ocorrência de espécies adaptadas a condições Carmo, sãoo mineração, responsável por 85% das Nova Lima/MG, ABRIL /2013/ Anodesse 6 N :15ecossistema, e urbanização (cidaextremas de clima e baixa fertilidade, apre- perdas sentam um alto grau de espécies endêmicas, des + condomínios) por 9%. É esperado que a ou seja, espécies que só ocorrem nesse tipo de mineração tenha um papel preponderante na ambiente. E por estarem isoladas em “ilhas” supressão desse ambiente, uma vez que normalem meio a outros tipos de vegetação, algumas mente sob as cangas ferríferas encontram-se jadessas espécies só ocorrem em um único local. zidas de minério de ferro. A conservação de sí Para se ter uma idéia do que isso significa, tios de vegetação sobre canga, rico inclusive em em um estudo minucioso realizado pela Bióloga espécies de plantas medicinais como a arnica, Lidia Maria dos Santos em sua tese de doutorado, tem perdido feio para as atividades minerárias. foram analisados levantamentos botâni- Preservação dos campos cos em oito diferentes áreas de campo rupestre ferruginoso no Quadrilátero Ferrífero.

Por outro lado, são muito poucas as áre Foram estudadas duas áreas no interior do as de campo rupestre ferruginoso protegidas, Parque Estadual Serra do Rola Moça, duas na ser- sendo o Parque Estadual da Serra do Rola Moça ra da Moeda, sendo uma delas na Serra da Cal- uma das únicas unidades de conservação de çada, além de áreas nos municípios de Mariana, proteção integral que contempla a proteção de Itabirito, Sabará e São Gonçalo do Rio Abaixo. parcelas significativas desse ecossistema. Entre-

A maior similaridade botânica encontrada entre as oito áreas amostradas foi de 34%, o que significa que as duas áreas mais parecidas entre as oito analisadas, continham apenas um terço das espécies de plantas iguais. Por outro lado, as duas áreas mais diferentes entre si em termos botânicos apresentaram apenas 5 e 7% de espécies iguais.

tanto, isso não é suficiente para garantir a conservação da biodiversidade desses campos, dado o alto grau de endemismo que eles encerram. E no caso de uma fatalidade de um incêndio de grandes proporções, como o ocorrido em 2012, corre-se o risco de se extinguir espécies e, assim, erodir nossa biodiversidade, um recurso natural tão importante, mas ainda pouco valorizado.

Fotos Saulo Resende

Flor de paratudo, planta medicinal encontrada nos campos da serra da Calçada (E); orquídea sobre canga observada na serra de Capanema (centro); arnica, espécie ameaçada de extinção registrada em campos rupestres ferruginosos no município de Ouro Preto (D).

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