Atratividade do Brasil como polo internacional de investimentos e negócios

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS 2011 /# 1


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

PREFÁCIO A ascensão brasileira como potência econômica global é hoje inegável, tendo o Brasil superado a fase de ser apenas a promessa de “país do futuro”. Entretanto, para a plena concretização desta promessa, é necessário garantir o reconhecimento internacional da transformação do Brasil em um país de serviços e em um polo de investimentos e negócios. Este documento é a segunda publicação da BRAiN (Brasil Investimentos e Negócios) e continua o mapeamento iniciado no relatório lançado em dezembro de 2010, “O Brasil como um dos polos na nova rede de negócios da América Latina”. O presente relatório busca lançar uma nova luz sobre o tema da atratividade de um polo de investimentos e negócios, identificando iniciativas que tornem o País ainda mais atrativo para empresários, investidores e todos os públicos envolvidos em transações de investimentos e negócios. Para preparar este material, a BRAiN realizou, com o apoio do The Boston Consulting Group, um trabalho de extensa pesquisa e análise, assim como entrevistas e workshops com experts e formadores de opinião dos setores público e privado. As conclusões iniciais deste estudo foram então apresentadas a empresas, entidades de classe, economistas e técnicos de renome, bem como a autarquias e representantes das esferas de governo federal, estaduais e municipais. O resultado do trabalho acima descrito é este documento que detalha a atratividade do Brasil como polo de investimentos e negócios na América Latina, define indicadores para o acompanhamento dinâmico da posição do País e identifica possíveis próximos passos e iniciativas para fomentar este posicionamento.

Criada em 2010, a BRAiN tem como objetivo assegurar a materialização de uma visão multissetorial da América Latina como uma rede regional de negócios fortemente interconectada, na qual o Brasil deve atuar como um dos polos proeminentes. A BRAiN almeja gerar consenso e ação nos diversos setores da economia ao redor dessa ideia e conta, para isso, com 13 associados atualmente: ANBIMA, BM&FBOVESPA, FEBRABAN, Fecomercio, Banco Bradesco, Banco do Brasil, Banco Santander, Banco Votorantim, BTG Pactual, CETIP, Citibank, HSBC e Itaú-Unibanco. Mais informações sobre a BRAiN e sua visão se encontram no site www.brainbrasil.org.


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ÍNDICE Sumário executivo

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A atual situação da atratividade brasileira

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01 Ambiente macroeconômico

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02 Ambiente institucional

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03 Talentos e capital humano

60

04 Infraestrutura física

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05 Infraestrutura financeira

88

06 Conectividade 104 07 Imagem do país

130

Painel de indicadores da atratividade brasileira 142 como polo internacional de investimentos e negócios Conclusão 150 Apêndice 1: metodologia

152

Apêndice 2: detalhamento dos indicadores

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DIAGRAMA 1

Pré-requisitos e diferenciais dos principais polos mundiais

SUMário executivo

Principais lições aprendidas dos estudos de caso:

PRÉ-REQUISITOS Intensidade de comércio e estabilidade macroeconômica Infraestrutura desenvolvida

O ponto de partida do presente trabalho foi a observação, durante a preparação da primeira publicação da BRAiN, “O Brasil como um dos polos na nova rede de negócios da América Latina”, de que todos os grandes centros de negócios de referência contam com traços comuns (veja Diagrama 1). A partir desta base, uma nova etapa de trabalho da BRAiN complementou a lista preliminar e identificou os pilares indispensáveis para definir a atratividade de um polo.

Talentos, tanto internos quanto do exterior Fluência em línguas, particularmente inglês

Para atingir esse objetivo, foi realizado um trabalho de extensa pesquisa e análise de dados, assim como entrevistas e workshops com especialistas e formadores de opinião dos setores público e privado, objetivando a definição e mensuração da atratividade brasileira como polo de investimentos e negócios. Este trabalho contou com a participação e a validação de empresas, entidades de classe, economistas e técnicos de renome, assim como autarquias e representantes das esferas de governo federal, estaduais e municipais.

Alinhamento público/privado para desenvolver o polo Proatividade governamental

DIFERENCIAIS

O resultado destes esforços foi a definição de sete pilares que constituem a visão BRAiN dos pré-requisitos fundamentais para a formação e a excelência de um polo atrativo de investimentos e negócios (veja Diagrama 2): ambiente macroeconômico, ambiente institucional, talentos e capital humano, infraestrutura física, infraestrutura financeira, conectividade e imagem do país.

Regulação favorável aos negócios Impostos: simples, idealmente limitados

1) Ambiente macroeconômico: Um crescimento econômico contínuo e regular e uma baixa incerteza sobre os níveis de taxa de juros ou sobre a taxa de câmbio são exemplos das condições que alicerçam o desenvolvimento de investimentos e negócios em um país.

Um porto seguro em uma região arriscada Foco em inovação como vantagem competitiva

Com relação a esta dimensão, podemos destacar positivamente que o Brasil: Excelência em sua região ou nicho

• É hoje a 7ª economia do mundo, com expectativa de subir à 5ª posição até 2030, e em alguns cenários, como o de uma reportagem da revista britânica The Economist1, espera-se que isso aconteça até 2025; • A taxa média anual de crescimento saltou de 2%, entre 1996 e 2000, para 4,4%, entre 2006 e 2010, mesmo considerando o impacto da crise econômica global.

Taxa de crescimento do mercado interno 1 Edição de 12 de novembro de 2009.

Criação de uma zona offshore

NYC

LON

SGP

HKG

DUB

PAR

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DIAGRAMA 2

Em comparação, o crescimento chinês subiu de 8,6% para 11,2%, enquanto o dos Estados Unidos cedeu de 4,3% para 1%;

Sete componentes que fundamentam a formação e excelência de um polo de investimentos e negócios

• O mercado interno tem se fortalecido pelo aumento na participação de classes econômicas com poder de compra: as classes A, B e C respondiam por 55% da população em 2002 e hoje representam 69%2; • A taxa de inflação que, no passado, chegou a cerca de 2.500% ao ano (1993), reduziu-se significativamente desde 1994 e vem se mantendo no patamar de um dígito desde 2003;

7. IMAGEM DO PAÍS

• A dívida líquida do setor público diminuiu de 60,6% do PIB, em 2002, para 40,4%, em 2010. Além disso, desde 2007, o Brasil é credor externo líquido, com as reservas e créditos brasileiros no exterior superando a dívida externa3;

6. CONECTIVIDADE

• O risco-país caiu de mais de 2.000 pontos no índice EMBI+ em 2002, para cerca de 200 pontos em 2010. Adicionalmente, em 2008, o País obteve a nota de “grau de investimento” das principais agências globais de classificação de risco. A despeito dos avanços observados nesta dimensão, ainda existem oportunidades de melhoria para a consolidação da atratividade do País, manifestadas, por exemplo, em:

5. INFRAESTRUTURA FÍSICA

• Aumentar, racionalmente, o nível de investimentos, que foi de apenas 16,7% do PIB, em média entre 2000 e 2009, enquanto países como China, Índia e Cingapura investiram 39,1%, 28,4% e 24,9%, respectivamente4;

4. INFRAESTRUTURA FINANCEIRA

• Manter a inflação sob controle e reduzir seu patamar: a expectativa de inflação brasileira para os próximos cinco anos é de 4,8% ao ano enquanto que, para a economia chinesa, mesmo aquecida, este valor está em 4% ao ano; • Elevar o nível da poupança doméstica para além dos atuais 19%;

3. TALENTOS E CAPITAL HUMANO

• Aplicar plenamente a Lei de Responsabilidade Fiscal (do ano 2000), completar suas lacunas e garantir adequada interpretação, em especial em relação às práticas fiscais da União.

2. AMBIENTE INSTITUCIONAL 2

Fonte: Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas. 3

Fonte: Banco Central do Brasil. 4

1. AMBIENTE MACROECONÔMICO

Fonte: World Bank Data.

Fonte: Worldwide Governance Indicators – World Bank. Indicador: Estabilidade política e ausência de violência (política), de 0 a 100. Pontuações: Brasil: 56; Grã-Bretanha: 56; Estados Unidos: 58; França: 61. 5

2) Ambiente institucional: A capacitação de um país como polo, principalmente em relação a outros centros, também reside em um Estado de Direito sólido, na possibilidade dada aos agentes econômicos de cumprirem rapidamente suas obrigações, e na transparência e eficiência dos processos administrativos. Aqui, o Brasil destaca-se com: • Uma democracia consolidada há mais de 20 anos, reconhecida inclusive por estar em patamar semelhante ao dos Estados Unidos, da França e da Grã-Bretanha, de acordo com ranking do Banco Mundial5 sobre estabilidade política;

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• A ausência de conflitos internos étnicos ou religiosos e também a inexistência de conflitos atuais ou potenciais com países vizinhos na região. Os marcos institucionais que definem as fronteiras nacionais são sólidos e estabelecidos pacificamente; • O recente avanço normativo para diminuir o número de casos esperando julgamento no Judiciário, por meio de medidas como a aplicação de súmulas vinculantes, o princípio de repercussão geral, a limitação dos recursos especiais repetitivos, e o maior uso de juizados especiais e de câmaras de arbitragem. Além disso, o Conselho Nacional de Justiça e o processo de informatização das cortes contribuem para aumentar a transparência e a eficiência deste Poder. As áreas desta dimensão em que o Brasil apresenta oportunidades de melhoria são: • A ainda grande influência política nas decisões que se referem à estrutura do Estado, refletida em exemplos como mandatos sem duração fixa para a Presidência do Banco Central, o critério de nomeação e a influência política das agências reguladoras, o excessivo número de ministérios e sua volatilidade; • A complexidade e o longo prazo para se abrir e fechar uma empresa; • Uma elevada proliferação de leis: em 2009, foram editadas 317 novas leis por mês, enquanto Estados Unidos e França editaram apenas 159 e 24, respectivamente; • A morosidade judicial, refletida numa avaliação do Banco Mundial que estimou em 616 dias o prazo para se concluir uma disputa comercial no Brasil, enquanto Hong Kong e Cingapura levam somente 280 e 150 dias, respectivamente, em disputa similar; • O alto impacto negativo da burocracia sobre os negócios (nota 9 de 10) em avaliação do IMD6, ao passo que Hong Kong e Cingapura obtiveram notas 5,9 e 4, respectivamente; • A alta quantidade de impostos, com constante alteração normativa, principalmente nos níveis estadual e federal7 e o alto número de obrigações acessórias8, implicando em falta de clareza sobre a aplicabilidade e altos custos de compliance9.

3) Talentos e capital humano: Um conjunto de talentos suficiente tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, um forte alinhamento entre as capacidades acadêmicas e as necessidades do mercado de trabalho e a possibilidade de se atrair especialistas de fora do país são alguns dos requisitos a serem cumpridos por um postulante a polo internacional. Aqui, o Brasil se destaca positivamente ainda em poucos pontos: • Disponibilidade demográfica de população economicamente ativa (PEA): o Brasil é a maior economia em que o crescimento esperado da PEA é suficiente para atender ao crescimento previsto para a demanda por pessoas para o trabalho; • Evolução na quantidade de matrículas no ensino fundamental, colocando este nível de ensino no Brasil próximo à universalização (93%)10.

6 International Institute for Management Development.

13 novas normas tributárias por estado e 117 federais, em média, por mês desde 1988. Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.

7

Apenas o ICMS possui sete livros de escrituração obrigatórios. Fonte: Clóvis Panzarini Consultores Associados.

8

Estudo comparativo do Banco Mundial entre 183 países considerando uma mesma empresa modelo coloca o Brasil como o país que tem o maior número de horas necessárias para cálculo e pagamento de tributos (2.600 horas/ ano). Fonte: Banco Mundial.

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10 Fonte: Unesco – dados de 2007.

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Aqui, as lacunas ainda são consideráveis, manifestadas em casos como: • Os investimentos em infraestrutura decaíram de 5,4% do PIB na década de 1970 para 2,1% nos anos 2000, o que, na visão de vários economistas, é suficiente apenas para manter a infraestrutura existente, sem prover expansão; • A infraestrutura brasileira é classificada somente em 28ª entre os 59 países avaliados pelo EIU13, e as deficiências nessa frente comprometem a eficiência logística no País;

OS PILARES DA ATRATIVIDADE SÃO: AMBIENTES MACROECONÔMICO E INSTITUCIONAL, TALENTOS E CAPITAL HUMANO, INFRAESTRUTURAS FÍSICA E FINANCEIRA, CONECTIVIDADE E IMAGEM DO PAÍS

• Os principais aeroportos do País operam acima da capacidade ideal; • O custo de telecomunicações é três vezes maior que a média global; • São Paulo apresenta o sexto pior índice de congestionamento entre as grandes cidades do mundo e, ainda assim, são previstos apenas 8 km de metrô por milhão de pessoas em 2015 (Pequim espera ter 56 km); • Falta um marco regulatório mais robusto e claro para as parcerias público-privadas (PPPs).

São vários os pontos que precisam ser melhorados nesta dimensão, como: • Taxa de matrícula no ensino médio de 77%10, longe da universalização;

5) Infraestrutura financeira: A presença de intermediários financeiros capacitados, o acesso contínuo a diversas fontes de financiamento e a existência de instrumentos para a mitigação de riscos ajudam diretamente o desenvolvimento de um polo de investimentos e de negócios.

• Taxa de matrícula do ensino superior de apenas 30%10, inferior à média global; • Baixa qualidade do ensino, refletida em notas fracas no exame internacional PISA11; • Baixo alinhamento entre o ensino de idiomas e as necessidades do mercado de trabalho (nota 3,1 na escala de 0 a 10);

O Brasil apresenta diversas fortalezas nesta dimensão: • A regulação do sistema financeiro é mundialmente reconhecida como referência;

• Baixa atratividade de talentos internacionais como ferramenta para formação local; • Falta de políticas para a gestão coordenada dos 3 milhões de brasileiros expatriados;

• A disponibilidade de recursos financeiros para as empresas, tipicamente por intermédio do uso de crédito PJ e do mercado de capitais;

• Baixo alinhamento da produção acadêmica às necessidades dos setores industrial, de serviços e financeiro.

• Um modelo de negociação e registro centralizado de operações de derivativos de referência internacional; • O sistema financeiro é forte e rentável, apresentando, nos últimos cinco anos, uma das maiores criações de valor aos acionistas no mundo.

4) Infraestrutura física: Opções de transporte multimodais que permitam a entrada e a saída do polo, bem como a movimentação interna e o acesso a uma rede de telecomunicações competitiva em desempenho e em custos são elementos evidentes entre os fatores de sucesso de um polo.

E pode se desenvolver ainda mais focando em: • Aumentar a utilização de debêntures tanto como meio de financiamento quanto para expandir a liquidez do mercado secundário deste instrumento;

Nesta dimensão, o Brasil aparece positivamente em alguns quesitos:

• Atrair mais empresas de pequeno e médio portes para o mercado de capitais;

• Ampla cobertura de telecomunicações, principalmente nos centros urbanos; • O nível de acesso à água e ao saneamento básico em regiões urbanas é comparável ao de outras nações desenvolvidas, de acordo com estudo do IMD; • O PAC , que prevê acelerar investimentos para suprir muitas necessidades existentes. 12

11 Programme for International Student Assessment: prova periodicamente aplicada pela OCDE a estudantes de 15 anos de 65 países.

Programa de Aceleração do Crescimento. 12

• Incentivar o desenvolvimento dos mercados de seguros, resseguros e derivativos de commodities; Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU).

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• Desenvolver ainda mais a capacidade de inovação em novos produtos financeiros.

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6) Conectividade: Um intenso fluxo de comércio de bens e serviços, de movimentação de capitais e de pessoas constitui um elemento vital para nutrir continuamente um polo de investimentos e negócios.

O Brasil já apresenta imagem positiva de destaque em:

Como destaques positivos do estágio atual da conectividade internacional do Brasil e da América Latina, podem ser citados:

• Ranking das melhores cidades para se fazer negócios na América Latina aponta São Paulo e Rio de Janeiro em 3º e 5º lugares, respectivamente16;

• O País lidera a atração de investimentos estrangeiros diretos na América Latina;

• Tem aumentado a atratividade do País para a realização de congressos e convenções internacionais, de 62, em 2003, para 293, em 200917;

• Múltiplos rankings de aspectos culturais, turísticos e de hospitalidade;

• Já existe acordo de livre residência envolvendo Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia, podendo, inclusive, ser expandido para outros países.

• Terceira colocação mundial em número de empresas que publicam anualmente relatórios de sustentabilidade.

E, como exemplos de áreas que podem ser mais bem desenvolvidas, elencam-se:

Como oportunidades de melhoria, podem-se citar:

• A América Latina ainda tem pequena participação nas exportações globais de bens (5%) e serviços (4%)14. Em particular, maior atenção deve ser dada a serviços, setor mais relevante para polos de investimentos e negócios;

• O Brasil apresenta imagem abaixo da média com relação à qualidade dos produtos nacionais; • O País tem apenas três empresas entre as 100 mais sustentáveis em ranking internacional18;

• Apesar de crescentes, as multilatinas ainda têm posição limitada no mundo. No caso do Brasil, a Vale, que é a primeira empresa brasileira por valor de ativos no exterior, não aparece no ranking das 100 maiores empresas do mundo com mais ativos fora do país de origem15;

• São Paulo e Rio de Janeiro são mal avaliadas como cidades para se morar, empatando em 92º lugar; • O número de turistas que visitam o País é pequeno em relação a outros polos.

• Baixo alinhamento da regulação e pouca integração de sistemas e registros entre os países latinos dificultam a operação internacional de empresas na América Latina;

A BRAiN definiu para cada pilar um painel de indicadores que permite a fácil comparação da situação brasileira com a de outros polos, assim como o monitoramento contínuo ao longo do tempo. Os painéis resultantes podem ser observados ao longo dos capítulos de cada um dos pilares e na conclusão final deste documento.

• Mesmo tendo recebido muitos imigrantes no passado e contando com colônias representativas de descendentes, o número de estrangeiros atualmente no Brasil, seja da América Latina ou de qualquer outra localidade, é pequeno se comparado com o tamanho da população; • O Brasil tem malha aérea pouco conectada com o restante da América Latina e do mundo quando comparado com outros países.

7) Imagem do país: A percepção positiva externa sobre as condições gerais de um país representa um ativo importante para a consolidação de um polo, em particular para atrair talentos e empresas.

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Fonte: Revista América Economia.

17

Fonte: International Congress and Convention Association.

Fonte: UNCTAD Stat.

Fonte: World Investment Report 2010 – UNCTAD. Dados referentes a 2008.

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18

Fonte: Corporate Knights – The World’s Most Sustainable Companies 2010.

Também a partir das análises da situação atual do Brasil em cada pilar, a BRAiN se propôs, através de sessões de trabalho com seus associados e de entrevistas com especialistas e formadores de opinião, a compilar um plano de ação contemplando iniciativas a serem executadas para elevar o Brasil à condição de polo com o mesmo nível de excelência de outras referências mundiais. Como resultado deste exercício, os primeiros grupos de trabalho já foram formados e espera-se colher resultados positivos concretos num futuro bastante próximo. A BRAiN convida todos os representantes e membros da sociedade que tenham interesse em participar destes diálogos estratégicos, bem como dos grupos de trabalho para aprimorar a atratividade do Brasil como polo de investimentos e negócios, a entrar em contato pelo e-mail contato@brainbrasil.org.

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A atual situação da atratividade brasileira O Brasil parte de base sólida nos diversos componentes importantes para um polo de investimentos e negócios. Não obstante, a consolidação como um polo diferenciado demanda atenção em diversas áreas O Brasil passa por um momento ímpar. O forte e contínuo crescimento econômico, a relativa resistência aos efeitos da crise econômica mundial, a ocupação dos primeiros postos globais em produção e exportação de matérias-primas, o aumento da qualidade de vida da população e, consequentemente, a evolução do mercado interno, são indicadores positivos que ilustram o atual momento da Nação. Como consequência deste progresso, os olhos do mundo se voltam para o País. Seu crescimento econômico e sua resiliência à crise têm sido destaques nos principais foros e periódicos de economia do planeta. Também tem se destacado o cenário político, com a eleição da primeira presidente mulher. Adicionalmente, o mundo esportivo também reconhece o momento brasileiro, ao eleger o País para hospedar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos nos próximos cinco anos. Por despontar no cenário mundial, o Brasil tem também obtido, consequentemente, posição relevante na América Latina. Com 40% de todo o território e 35% da população, o País responde por cerca de 40% do PIB regional e se sobressai também na participação dos fluxos comerciais, de capitais e de negócios, sendo já reconhecido como um dos polos mais relevantes da região. O País necessita tirar proveito deste momento positivo, consolidando sua posição ao reconhecer e divulgar suas fortalezas, identificar e tratar suas deficiências e promover uma maior integração econômica na região e no mundo.

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Sendo bem-sucedido nessa tarefa, a consolidação brasileira como um polo gerará benefícios diretos significativos para a economia e para a população. A maior conectividade com os vizinhos também beneficiará os demais países: um polo forte, que concentra recursos e atenção do restante do mundo, acaba por irradiar sua pujança aos parceiros regionais por meio dos próprios fluxos comerciais, de capitais e de negócios. As consequências desse processo, portanto, causarão impactos positivos a serem notados em toda a região.

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DIAGRAMA 3 Conceito geral de atratividade de um polo

CARACTERÍSTICAS INTRÍNSECAS Economia forte

O conceito de atratividade usado neste relatório O fator-chave que determina se um país tem potencial para ser um polo regional e internacional é sua atratividade, sob a ótica regional e internacional dos agentes que com ele interagem – investidores, empresas ou intermediários, regionais ou internacionais. A atratividade de um país pode se referir à capacidade de atração exercida por seu modelo social, cultural ou por suas características geográficas; por seu dinamismo econômico, diversificação ou estabilidade; ou até por elementos mais específicos, como a presença de um grupo de empresas privadas competentes, um nível mais elevado de inovação e, não menos importante, um regime tributário amigável e convidativo ao capital. A definição e o escopo do conceito de “atratividade” podem ter diferentes sentidos para distintos agentes econômicos. Pode ser relativo a pessoas físicas, a empresas, a instituições ou, em diferentes proporções, a várias delas. Também pode ser relativo à perspectiva interna ou externa ao país. Por exemplo, investidores financeiros diretos ou indiretos, grupos internacionais industriais ou de serviços e entidades financeiras intermediárias podem avaliar de forma diferente as características do país sob a luz dos benefícios potenciais de seu interesse específico. Para este relatório, a definição utilizada foi restrita à atratividade como um polo de investimentos e negócios e abrangente quanto aos tipos de agentes envolvidos nas relações com o polo. Com este escopo, para melhor entendimento, o conceito de atratividade foi decomposto em duas principais vertentes: (a) as características intrínsecas do país, que o definem como atrativo por si só; e (b) a conectividade do país, ou seja, seus fluxos, que definem a atratividade da rede à qual pertence. Fazem parte das características intrínsecas: uma economia forte, suas infraestruturas física, financeira, jurídica e regulatória e uma população capacitada. Por outro lado, o que define a força da conectividade de um país são a qualidade e a quantidade das conexões intrarregionais e, ao mesmo tempo, a qualidade e a quantidade de suas conexões com outros polos relevantes do mundo. Juntas, estas vertentes compõem a atratividade do país como polo e permitem que a nação possa competir pela atração de recursos, para si e para sua região de influência, diante de outros polos mundiais (veja Diagrama 3).

A visão BRAiN sobre os determinantes da atratividade de um polo Desde a primeira publicação da BRAiN, em dezembro de 2010, “O Brasil como um dos polos na nova rede de negócios da América Latina”, foram ilustrados alguns traços comuns existentes em todos os grandes polos de negócios de referência, assim como

Infraestruturas População capacitada

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CONECTIVIDADE Intrarregional Extrarregional

COMPETITIVIDADE vis-à-vis outros polos de outras regiões

algumas características diferenciais que reforçam o papel de cada centro como um polo internacional (veja Diagrama 1, na página 9). A partir dessa base, esta nova etapa de trabalho da BRAiN complementou tal lista preliminar e identificou os pilares indispensáveis para definir a atratividade de um polo. O resultado dessa identificação e do posterior agrupamento levou ao desenvolvimento de uma visão de sete pilares que constituem a lista dos pré-requisitos fundamentais para a formação e a excelência de um polo de investimentos e negócios (veja Diagrama 2, na página 10): • Ambiente macroeconômico: Um crescimento econômico contínuo e regular e uma baixa incerteza sobre os níveis de taxa de juros ou sobre a taxa de câmbio são exemplos das condições que alicerçam o desenvolvimento de investimentos e negócios em um país; • Ambiente institucional: A capacitação de um país como polo, principalmente em relação a outros centros, também reside em um Estado de Direito sólido, na possibilidade dada aos agentes econômicos de cumprirem rapidamente suas obrigações, e na transparência e eficiência dos processos administrativos; • Talentos e capital humano: Um conjunto de talentos suficiente tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, um forte alinhamento entre as capacidades acadêmicas e as necessidades do mercado de trabalho, e a possibilidade de se atrair especialistas de fora do país são alguns dos requisitos a serem cumpridos por um postulante a polo internacional; • Infraestrutura física: Opções de transporte multimodais que permitam a entrada e a saída do polo, bem como a movimentação interna, e o acesso a uma rede de teleco-

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municações competitiva em desempenho e em custos são elementos evidentes entre os fatores de sucesso de um polo; • Infraestrutura financeira: A presença de intermediários financeiros capacitados, o acesso contínuo a diversas fontes de financiamento e a existência de instrumentos para a mitigação de riscos ajudam diretamente o desenvolvimento de um polo de investimentos e de negócios; • Conectividade: Um intenso fluxo de comércio de bens e serviços, de movimentação de capitais e de pessoas constitui um elemento vital para nutrir continuamente um polo de investimentos e negócios; • Imagem do país: A percepção positiva externa sobre as condições gerais de um país representa um ativo importante para a consolidação de um polo, em particular para atrair talentos e empresas.

Medição da atratividade Além do entendimento abrangente e detalhado da situação do Brasil em cada um destes sete pilares por meio de análises a serem apresentadas, o trabalho realizado também criou um painel de indicadores para permitir a fácil comparação da situação brasileira com a de outros polos. Para tanto, em cada um destes pilares, foram elencadas dimensões que podem ser usadas para avaliar a situação do País diante de outros polos selecionados. A seleção dos indicadores baseou-se nas análises realizadas e em discussões entre os associados da BRAiN com autoridades e formadores de opinião dos setores público e privado. Foram criadas também métricas para essas dimensões com o objetivo de, além de avaliar a situação atual, acompanhar ao longo do tempo a evolução da atratividade do Brasil como polo de investimentos e negócios. As métricas usadas para medir cada um dos indicadores levaram em consideração a qualidade das fontes, a disponibilidade de dados para diferentes países e a possibilidade de monitoramento contínuo ao longo dos anos. A cesta de países para comparação foi definida a partir da busca por exemplos relevantes. Foram incluídos países desenvolvidos de referência, países que já operam como polos reconhecidos de investimentos e negócios e outros países pertinentes para a comparação. Cada um dos sete pilares de atratividade brasileira passa a ser analisado a seguir, com o objetivo de apontar a base de desenvolvimento da qual parte o Brasil e as áreas onde o País deve investir para se consolidar como polo de investimentos e negócios atrativo.

ATRATIVIDADE TEM DUAS VERTENTES: AS CARACTERÍSTICAS INTRÍNSECAS DO PAÍS, QUE O DEFINEM COMO ATRATIVO POR SI SÓ, E A SUA CONECTIVIDADE, QUE DEFINE A ATRATIVIDADE DE SUA REDE

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Alguns fatores recentes justificam esta previsão: apesar de crescer a taxas menores do que potências como a China, o País tem elevado sua taxa média de crescimento. Saiu de 2% ao ano, entre 1996 e 2000, e chegou a 4,4% ao ano, no período 2006 - 2010 (veja Diagrama 4). A baixa variabilidade de expansão da atividade econômica, o que indica maior previsibilidade e, portanto, melhores condições de planejamento para se operar nesta economia, é um ponto relevante a ser notado.

01

Para continuar essa trajetória positiva, um dos principais desafios que se apresenta ao Brasil é aumentar sua capacidade de investimento. O volume sobre o PIB, traduzido na formação bruta de capital fixo, é crucial para garantir a continuidade e a aceleração do crescimento em longo prazo. Segundo vários economistas, o Brasil tem pouca chance de crescer mais do que 4% a 4,5% ao ano de forma contínua se a taxa de investimento não chegar a um nível

Ambiente Macroeconômico

DIAGRAMA 4

As condições macroeconômicas do país representam um dos pilares para a determinação da atratividade de um polo de investimentos e negócios. Aqueles países que conseguem manter um crescimento sustentado, promover estabilidade e baixos níveis de risco e ainda gerar condições adequadas de financiamento aumentam a força dos negócios, estabelecendo um círculo virtuoso sobre a economia como um todo.

Brasil volta a ganhar posição, com previsão de ser a 5a maior economia do mundo em 2030

Além disto, tem crescido a taxas satisfatórias e está acelerando este movimento

RANKING MUNDIAL DE PIB (US$)1

CRESCIMENTO DE PAÍSES SELECIONADOS, 1996-2010

1980

O Brasil avançou muito nas últimas décadas na gestão de sua política macroeconômica. Este amadurecimento é reconhecido não apenas internacionalmente, como vivenciado internamente pelos cidadãos e pelas empresas que desenvolvem negócios no País. O Produto Interno Bruto (PIB) se projeta em ascensão mundialmente e cresce de maneira consistente, ao mesmo tempo em que a taxa de inflação se mantém controlada, garantindo e assegurando, portanto, condições de estabilidade, redução de desigualdades e aumento da demanda interna. A evolução das condições de financiamento da economia mostra, ainda, uma trajetória extremamente positiva, deixando o Brasil muito bem posicionado quando comparado a algumas das maiores economias globais.

1990

2000

2010

2020

2030 15

TACC por período %

1.

Crescimento brasileiro é, além disto, estável: Coeficiente de variação (2006-2010) Brasil: 0,71 China: 0,19 USA: 2,43

2. 3. 4.

10

9,76

5.

A seguir, o desempenho brasileiro é analisado em três aspectos – crescimento, previsibilidade e financiamento – e serão apontadas oportunidades que o País deve aproveitar para se transformar em referência como polo internacional.

11,18

8,63

6. 7.

Crescimento

8.

O tamanho da economia de um país e as condições para garantir seu crescimento de longo prazo são fundamentais para a expansão de negócios e a melhoria de vida para a população.

9.

O Brasil tem sido destaque na economia global nas últimas décadas. Mesmo durante a chamada “década perdida” (anos 1980), o País não deixou de ocupar seu lugar entre as dez maiores economias do mundo19 (veja Diagrama 4). Hoje, o Brasil é a sétima maior economia global e, mais importante, as expectativas são de que ascenda duas posições até 2030, possivelmente deixando para trás países de alta relevância no cenário mundial, como França, Reino Unido e Alemanha. Essa expectativa foi apontada, por exemplo, ao final de 2009, em reportagem especial publicada pela The Economist, que indicava que o Brasil poderia se consolidar como a quinta economia global ainda até 202520.

5

4,37

4,30

10.

2,78 2,02

2,40

11.

0,96

0

12. Fonte: The Economist Intelligence Unit Countrydata.

BRA CHN USA 1996-2000

BRA CHN USA 2001-2005

BRA CHN USA 2006-2010

19

20 Edição de 12 de novembro de 2009.

1. Ranking realizado com base no PIB Nominal dos países calculado em dólares com base na cotação de câmbio média do ano. Nota: Ranking de 2010 com base em PPP (EIU): Estados Unidos, China, Japão, Índia, Alemanha, Rússia, Brasil, Reino Unido, França, Itália, México, Coreia do Sul, Espanha, Canadá e Indonésia. Fonte: EIU CountryData; análise BCG.


26

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

aproximado de 22% do PIB. De 2000 a 2009, a taxa média brasileira de investimento ficou em 16,7%21, bem abaixo do valor necessário para garantir tal manutenção do crescimento. Este ponto merece atenção não apenas pelo patamar da taxa em si, mas também pelo fato de que a mesma vem caindo: nas décadas de 1980 e 1990, as médias ficavam em torno de 21% e 18,2%, respectivamente. O Brasil também se mostra abaixo de países de crescimento significativo e destaque internacional: China e Índia aumentaram o nível de investimento ao longo das últimas décadas e, entre 2000 e 2009, ficaram com média de 39,1% e 28,4% do PIB, respectivamente. Além do nível de investimento, outros pontos que estão relacionados com o crescimento de longo prazo de um país são a qualidade de vida e a distribuição de renda de sua população. É evidente que países que crescem mais têm maior facilidade de distribuir renda ao longo do período, mas estudos revelam que a lógica inversa também é verdadeira: países com renda mais bem distribuída e com nível de vida melhor têm melhores condições de manter seu crescimento estável no longo prazo. A análise do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Brasil mostra que, apesar de estar avançando, o país ainda o faz mais lentamente do que o restante do mundo e que, entre 169 nações, ainda ocupa a 73ª posição22. Além disto, em relação à distribuição de renda, o Brasil tem hoje uma pontuação de 0,55 no índice Gini, que varia de 0 a 1, sendo a maior pontuação a pior, por indicar mais desigualdade. Países como Alemanha e França, mais desenvolvidos, ou até outros, em desenvolvimento, como China e Índia, contam com pontuações bem mais baixas: 0,28; 0,33; 0,37 e 0,42, respectivamente23.

21

Fonte: World Bank Data.

Fonte: United Nations Development Program – Human Development Reports. 22

23

Fonte: Worldwide Competitiveness Yearbook – IMD. 24 Famílias que ganham mais de R$ 4.808 por mês.

Famílias que ganham entre R$ 1.115 e R$ 4.808 por mês.

Apesar de ainda ser uma lacuna brasileira, a distribuição de renda no país tem melhorado e incorrido também no aumento do potencial de consumo da população. O fortalecimento do mercado interno pode ser evidenciado pela expansão da participação das classes A, B e C no total populacional. Em dezembro de 2002, as classes A/B24 respondiam por 12% dos brasileiros e a classe C25 por 43,2%. Hoje, 15,6% e 53,6% da população estão em cada um destes grupos de classes, respectivamente, demonstrando melhora do poder de compra e, portanto, aumento do mercado interno26. Sem dúvida, o Brasil é um dos grandes destaques da economia mundial e as perspectivas mostram que essa posição tende a se solidificar. Para avançar ainda mais é, no entanto, importante que o País fomente as condições necessárias para expandir sua taxa de investimento e solucionar questões ligadas ao desenvolvimento e à qualidade de vida da população.

Previsibilidade

25

Fonte: Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas. Estudo: A Pequena Grande Década: Crises Cenários e a Nova Classe Média, 2010. 26

Índice de Preços ao Consumidor Amplo. Fonte: IBGE. 27

Além do crescimento, outros fatores macroeconômicos são importantes para garantir a atratividade de um país como polo de investimentos e negócios. A previsibilidade é crítica para gerar confiança e, assim, assegurar a materialização de investimentos pelos agentes econômicos, facilitando a operação dos negócios. No Brasil, a implantação formal do sistema de metas de inflação, em 1999, resultado de um processo longo de esforços para garantir a estabilidade monetária, foi um grande marco que mostra o comprometimento do País com a previsibilidade. Desde 2003, a inflação, medida pelo IPCA27, se mantém abaixo de dois dígitos. Mesmo com acelerações em função do

27


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

AS DIMENSÕES DO AMBIENTE MACROECONÔMICO SÃO CRESCIMENTO ECONÔMICO, ESTABILIDADE MONETÁRIA, SOLIDEZ FISCAL, VULNERABILIDADE EXTERNA, VOLATILIDADE ECONÔMICA, DESENVOLVIMENTO HUMANO E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

29

de dívida pública no Brasil, há uma evolução contínua e positiva ao longo dos últimos anos. O nível total da dívida líquida do setor público30 como porcentual do PIB cedeu significativamente de 2002 a 2010, saindo de 60,6% para 40,4%31. Além disto, a partir de 2006, o Brasil saldou sua dívida líquida externa, passando, desde então, a ser um credor líquido ante o resto do mundo (veja Diagrama 5).

Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público não financeiro e do Banco Central com o sistema financeiro (público e privado), o setor privado não financeiro e o restante do mundo.

30

aquecimento da economia, o Banco Central segue de perto esses movimentos, utilizando a taxa básica de juros da economia (Selic) como instrumento de controle.

31

Posição no final do ano.

32

Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI).

Prognósticos28 mostram que o Brasil deve ter uma taxa de inflação média de 4,8% ao ano nos próximos anos, ficando mais bem posicionado do que outros grandes emergentes como a Índia e a Rússia, com previsão de 5,3% e 6,7% ao ano, respectivamente. Existe, contudo, espaço para melhoria do Brasil na relação crescimento-estabilidade. A China, por exemplo, um país de alto crescimento, conta com previsão inflacionária em torno de 4% ao ano neste mesmo período.

A dívida pública bruta do País também evoluiu ao longo da última década. Depois de passar por um pico em 2002, quando atingiu 79,9% do PIB, o indicador vem caindo e fechou 2010 em 66,8%. Na previsão para os próximos anos32, o Brasil segue trajetória positiva, ficando mais bem colocado do que outros países desenvolvidos e sedes de centros de negócios. Enquanto espera-se que o Brasil encerre o ano de 2015 com este indicador em 64,8%, para Reino Unido, França e Cingapura a previsão fica em torno de 80% e para Estados Unidos atinge 110,7% do PIB. Outro ponto adicional sobre a saúde das finanças públicas e que impacta o ambiente macroeconômico é o déficit do setor público. A comparação do resultado de 2010 com os do início da

DIAGRAMA 5

O financiamento do País evolui positivamente

Ainda no que tange à previsibilidade, é interessante destacar que no Brasil, mesmo com um sistema de câmbio flutuante, a faixa de variabilidade do câmbio diminuiu ao longo dos últimos cinco anos. Durante este período, o valor máximo29 atingido pela moeda norte-americana foi de R$ 2,39 (durante a crise econômica mundial) e o valor mínimo foi de R$ 1,57, não tendo voltado a níveis elevados como os atingidos em 2002, quando alcançou R$ 3,81.

Dívida pública caiu de patamar nos últimos dez anos como % do PIB...

...assim como o déficit e espera-se que a trajetória positiva continue

Dívida líquida do setor público

Déficit Público % PIB

% PIB1

5,0

60,6 60

O Brasil tem mostrado avanços e maturidade na gestão macroeconômica que refletem o que se deseja para a estabilidade de um polo de investimentos e negócios. Afinal, a falta de previsibilidade não apenas inibe a entrada de novos agentes na economia, como é capaz de desorganizar mercados já existentes e tornar a operação de empresas e a realização de negócios uma tarefa mais árdua e com riscos mais acentuados. É fundamental que o País mantenha a trajetória positiva e garanta que estes avanços já conquistados não se percam, e sim continuem a evoluir.

5,1 4,6

47,0

50

“Não há como cortar as taxas de juros a menos que você reduza seu déficit fiscal. [...] Temos um objetivo em mente: que as nossas taxas de juros sejam convergentes com as taxas de juros internacionais.” Dilma Rousseff - Presidente do Brasil3

40,4

40

3,5 3,3

30

2,7

20

2,5

10

Condições de financiamento A saúde financeira do país tem grande relevância para a manutenção de um ambiente macroeconômico saudável e, por consequência, para a atratividade de um polo de negócios. Um balanço mal equacionado das contas públicas e uma má gestão das receitas e dos gastos do Estado, por exemplo, contribuem para o aumento dos custos de captação de investimentos da economia como um todo, afetando o custo operacional. Assim, serão analisadas nesta seção tanto as condições macroeconômicas de demanda quanto de oferta de recursos que garantam o crescimento saudável da economia. A demanda por financiamento do setor público é uma das alavancas que mais afeta as condições de financiamento da economia como um todo. No que diz respeito ao estoque

1,9

0

1,7

-10

Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU) Countrydata. 28

29 Considerando as médias das taxas diárias do mês de referência, calculadas para compra, ponderadas pelos dias úteis. Fonte: Banco Central do Brasil.

02

03

04

05

06

07

08

27

21

16

07

-02

-16

-28

Externa/total %

Interna

09

10

-21 -24

Externa

Total

0

02

03

04

05

06

07

08

09

102

1. Posição no final do ano. Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público não financeiro e do Banco Central com o sistema financeiro (público e privado), o setor privado não financeiro e o restante do mundo. 2. Dados estimados pelo FMI apenas para este ano. 3. Entrevista publicada no site do Senado Federal em: http://www.senado.gov.br/senadores/liderancas/lidptsf/detalha_noticias. asp?codigo=88795 / Fonte: BACEN; FMI.


30

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

década mostra um movimento de queda deste indicador, saindo de um patamar em torno de 4,6% do PIB para 1,7% (veja Diagrama 5). Além de registrar avanços importantes por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal aplicada a estados e municípios (veja Quadro A), este tema tem sido ressaltado pelo governo da presidente Dilma Rousseff: as declarações recentes da presidente apontam para uma volta a medidas de maior controle da política fiscal, depois de passada a última crise econômica global que demandou estímulos por parte do governo33.

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33 Notam-se aqui os empréstimos do tesouro direcionados ao BNDES para a concessão de empréstimos ao setor privado, entre outros.

QUADRO A

A contribuição da Lei de Responsabilidade Fiscal para a saúde financeira brasileira

Em 4 de maio de 2000, o Brasil foi o primeiro país emergente a aprovar uma lei de responsabilidade fiscal (Lei Complementar nº 101) com o objetivo de tornar transparentes os gastos públicos de estados e municípios e de limitá-los às suas capacidades de arrecadação. A lei veio para garantir maior transparência nas finanças públicas e para colocar fim à prática que havia sido cultivada entre os gestores públicos de realizarem grandes obras ao final de seus mandatos e deixarem dívidas significativas para os sucessores. A Lei de Responsabilidade Fiscal brasileira foi construída de acordo com a realidade do País, mas baseou-se em algumas referências internacionais importantes: • O Tratado de Maastricht da Comunidade Econômica Europeia forneceu referências sobre a manutenção da independência dos estados combinada com metas e punições referentes a déficits; • O Fundo Monetário Internacional (FMI), do qual o Brasil é membro, contribuiu com direcionamentos sobre a transparência de atos públicos, o planejamento de gastos e a publicidade e a prestação de contas do orçamento; • O Budget Enforcement Act dos Estados Unidos ilustrou a colocação de metas de superávit para os estados e os mecanismos de controle de gastos como o “sequestration” (limitação de gastos) e o “´pay as you go” (compensação orçamentária); • O Fiscal Responsibility Act da Nova Zelândia contribuiu com exemplos sobre gerenciamento das contas estaduais com o objetivo de manter as contas da União saudáveis e com certa flexibilidade no cumprimento de metas no curto prazo se as metas de longo prazo forem respeitadas. Apoiada em quatro principais eixos (planejamento, transparência, controle e responsabilização), a Lei de Responsabilidade Fiscal definiu parâmetros para a organização fiscal brasileira e, apesar de ainda não ser completamente cumprida por todos os estados, eleva significativamente o nível de maturidade do País sobre este assunto. Apesar de grandes evoluções, dez anos após a criação da lei, alguns passos adicionais são necessários, a exemplo da aprovação no Congresso das leis complementares necessárias à sua aplicação, como a criação do Conselho de Gestão Fiscal e a imposição de limites à dívida pública federal. Outro ponto de atenção sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal a ser aprimorado é o risco de o equilíbrio fiscal do curto prazo, exigido pela lei, resultar em maiores deficiências de longo prazo, como a não realização de investimentos em infraestrutura para bater metas orçamentárias de curto prazo. Fonte: Lei de Responsabilidade Fiscal; Receita Federal; FGV Projetos.

31


ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Em resumo, assim como em todos os outros aspectos macroeconômicos, o Brasil apresenta avanços significativos na gestão das contas do setor público. Ainda assim, revela-se importante garantir que a direção positiva continue sendo seguida e que não haja retrocessos, principalmente na questão fiscal e no déficit público, que podem ter efeitos significativos sobre o custo de captação de investimentos geral da economia, se mal gerenciados.

A melhoria das finanças públicas permitiu que o Brasil atingisse melhores níveis de classificação de risco. Depois de atingir mais de 2.000 pontos no EMBI+ em meados de 2002, o Brasil teve quedas consistentes na sua classificação de risco, atingindo a nota “grau de investimento” (investment grade), em maio de 2008. É importante notar que, mesmo tendo passado por esses níveis de pontuação em 2002, o Brasil, ao longo de mais de dez anos, não atingiu níveis tão altos de risco quanto Argentina e Rússia. As crises enfrentadas por estes países levaram suas classificações a patamares de 6.000 pontos, cerca de três vezes o máximo atingido pelo Brasil na última década. O bom posicionamento do Brasil nesse indicador melhora a percepção externa sobre o País como um todo e torna mais fácil a obtenção de recursos estrangeiros no caso da falta de fontes de financiamento adequadas internamente.

Indicadores Para o caso específico do pilar de ambiente macroeconômico, as dimensões selecionadas para acompanhamento contínuo foram:

Este ponto é especialmente relevante no caso do Brasil, dada a sua taxa de poupança interna: o nível brasileiro é um dos menores do mundo, em parte por causa do déficit público nominal gerado pelas contas públicas. Os 19% da poupança doméstica bruta sobre o PIB ficam muito aquém da taxa de outros países em desenvolvimento, como China (51%), Índia (31%), Rússia (31%), Chile (30%) e México (23%) (veja Diagrama 6). Esta característica é importante, pois países com baixo nível de poupança têm mais dificuldade de financiar seu crescimento com recursos próprios.

• Crescimento econômico: Quanto maior o crescimento esperado para um país, maior sua atratividade para agentes estrangeiros. Dificilmente um polo consegue atrair investimentos e negócios sem uma projeção positiva quando comparado a seus concorrentes diretos pela atração de capital; • Estabilidade monetária: A estabilidade monetária ajuda a definir a previsibilidade econômica dos investimentos e negócios no polo considerado. Quando a projeção é de inflação alta, um país perde atratividade, pois os agentes externos ficam temerosos com a perspectiva de seus investimentos e negócios se deteriorarem junto com o valor da moeda local;

DIAGRAMA 6

A taxa de poupança brasileira está entre as menores do mundo

• Solidez fiscal: Quando um país possui política fiscal inadequada, sobem os custos de captação de investimentos da economia como um todo, elevando, obviamente, o custo operacional. Portanto, quanto maior a solidez fiscal, maior a atratividade do país;

Poupança doméstica bruta / PIB (%)1 51% Países em desenvolvimento

48%

Brasil Países desenvolvidos

31%

31%

30%

30%

24%

23%

23% 19%

19%

1. Média 2007-2009. Últimos anos disponíveis. / Fonte: World Bank.

REINO UNIDO

BRASIL

FRANÇA

JAPÃO

MÉXICO

ALEMANHA

CHILE

COREIA DO SUL

HONG KONG

ÍNDIA

RÚSSIA

CINGAPURA

13%

13%

USA

31%

CHINA

32

• Vulnerabilidade externa: A disponibilidade de reservas para realizar os pagamentos externos de um país mede a dependência a recursos estrangeiros e oferece indícios da sua autonomia para garantir credibilidade financeira mundial; • Volatilidade econômica: As taxas de juros de curto prazo dos títulos emitidos por governos são um bom indicador da volatilidade econômica e da frequência de necessidade de ajustes. Economias com menor nível de volatilidade oferecem um horizonte de planejamento mais seguro para empresas e famílias, elevando o nível de investimento e de crescimento; • Desenvolvimento humano: Quanto maior o nível de desenvolvimento humano, maior a atratividade do país como polo, já que maior desenvolvimento se traduz em maiores disponibilidade de talentos, mercado interno consumidor e qualidade de vida; • Distribuição de renda: A distribuição de renda em um país influencia aspectos-chave para a formação de um polo, como a disponibilidade de talentos, o tamanho e o perfil do mercado consumidor, o nível de inovação e qualidade de vida. Quanto melhor a distribuição de renda, melhores esses aspectos para o polo de negócios.

33


34

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

35

O resultado da classificação do Brasil nas dimensões do pilar de ambiente macroeconômico diante dos outros países pode ser observado a seguir:

AMBIENTE MACROECONÔMICO crítico

a desenvolver

bom FRA

JPN

1. CRESCIMENTO ECONÔMICO

P

excelente

BRA

USA

MEX RUS

CHL

KOR HKG

DEU

GBR

IND

SGP

CHN

BRA RUS

2.

ESTABILIDADE MONETÁRIAP

3.

SOLIDEZ FISCALP

4.

VULNERABILIDADE EXTERNA

GBRUSA SGP FRA

MEX

IND

CHN CHL KOR HKG

JPN

DEU

BRA USA SGP FRA

JPN

IND

DEU

KOR

MEX

CHN RUS

CHL

HKG

GBR

BRA MEX KOR

CHL

RUS

HKG CHN

SGP

IND

BRA

5.

VOLATILIDADE ECONÔMICA

6.

DESENVOLVIMENTO HUMANO

HKG

USA

SGP

GBR JPN DEU CHL

KOR CHN

RUS

FRA

MEX IND

BRA IND

CHN

RUS

MEX

CHL

SGP

HKG FRAKOR DEU USA

GBR

JPN

BRA

7.

HKG CHL

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

MEX SGP

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

USA

RUS CHN

JPN

GBR KOR IND

DEU

FRA

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

P: Indicador baseado em dados projetados.

Como pode ser observado, o Brasil está em posição de bastante destaque no crescimento econômico e apresenta estabilidade positiva, apesar de atrás da maioria das referências de comparação. Sua solidez fiscal e vulnerabilidade externa estão entre boa e a desenvolver, principalmente por causa dos altos gastos que poderiam ser revistos e balanceados por significativas reservas acumuladas pelo País. Os indicadores de desenvolvimento humano e de distribuição de renda, sem nenhuma surpresa, relatam que o Brasil continua em posição desvantajosa socialmente quando comparado aos demais países.


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

CRESCIMENTO ECONÔMICO COM INFLAÇÃO CONTROLADA E CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTO SÃO ATRATIVOS, MAS É PRECISO FOCO NO FORTALECIMENTO DA GESTÃO FISCAL E NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Conclusão O Brasil apresenta-se com grande destaque econômico e as perspectivas são de alcançar posições cada vez mais elevadas na esfera mundial. As previsões apontam que o crescimento brasileiro se mantenha em torno de 4% a 4,6% ao ano, nos próximos cinco anos, posição atrativa como polo de investimentos e negócios. O Brasil tem despontado com mérito quando se analisam o crescimento econômico com inflação controlada e as condições de financiamento compatíveis com as necessidades do setor privado, características atrativas para um polo de investimentos e negócios. Através da manutenção desta posição positiva e de esforços focados de melhoria, principalmente nas contas públicas, o Brasil será capaz de avançar e alavancar não apenas a si próprio, mas à região como um todo. Objetivamente, os dois assuntos em que o Brasil mais precisa melhorar são a racionalização da gestão fiscal e a distribuição de renda. O primeiro tem potencial de garantir custos baixos de captação de recursos que continuem impulsionando o crescimento do País. O segundo poderá conferir a constante expansão da classe média consumidora que, por sua vez, contribui para o giro e o crescimento da economia.

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

02

QUADRO B

O voto eletrônico brasileiro como referência mundial

Ambiente Institucional

Além de se consolidar como uma democracia, o Brasil transformou seu processo e sua tecnologia eleitorais. Desde 1996, as votações são feitas através da urna eletrônica, um equipamento desenvolvido com tecnologia nacional e que reduziu substancialmente o risco de fraude que poderia colocar sob suspeita o resultado de um pleito. Adicionalmente ao aporte de segurança, a urna eletrônica proveu agilidade ao processo eleitoral, tornando a apuração dos votos mais rápida e fácil. Em 2010, cerca de 134 milhões de eleitores participaram de eleições federais informatizadas, sendo o resultado publicado em menos de 24 horas após o final das votações.

Um ambiente institucional sólido que garanta a estabilidade das regras do jogo e a celeridade e a eficiência na realização de negócios é condição indispensável para a atratividade de um polo: a certeza de poder confiar na efetividade das normas do país e a garantia da existência de processos previsíveis para alterações no ordenamento jurídico predispõem a realização de negócios. Além disso, a eficiência em processos, em serviços e em controles públicos atua como um catalisador, tornando negociações mais rápidas e a operação de empresas mais ágil e menos onerosa.

O Brasil é hoje, dessa maneira, referência em eleições eletrônicas. Por exemplo, a Justiça Eleitoral brasileira participou dos sufrágios de diversos níveis federativos no Paraguai, Argentina, Equador, México, Costa Rica, Honduras, República Dominicana e Panamá, inclusive tendo emprestado urnas. Também recebeu delegações de países, como a Coreia do Sul, que tinham interesse em entender o sistema brasileiro. O Brasil e a Índia são os únicos países em desenvolvimento a adotar um sistema de votação eletrônica. Apenas 16* nações desenvolvidas já adotaram este tipo de sistema.

O Brasil já conquistou marcos importantes na consolidação do sistema político e institucional, mas ainda tem desafios importantes pela frente, especialmente relacionados à segurança jurídica e à burocracia. São temas, portanto, que precisam ser trabalhados para melhorar a atratividade brasileira. Esta seção analisa a situação do Brasil em cada uma destas dimensões e os próximos desafios a serem enfrentados para que o País construa um entorno favorável à realização de negócios.

* Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estônia, França, Alemanha, Irlanda, Holanda, Noruega, Portugal, Espanha, Suíça, Estados Unidos e Reino Unido. / Fonte: Tribunal Superior Eleitoral, 2010; Tiresias.org; pesquisa na mídia.

Sistema político

Adicionalmente, o Brasil não registra qualquer sinal de conflitos atuais ou potenciais com seus vizinhos, além de contar com marcos institucionais sólidos e pacificamente estabelecidos, que definem as fronteiras nacionais, assegurando um ambiente de tranquilidade externa e de colaboração política e econômica. Há que se destacar, ainda, a ausência de conflitos internos, como étnicos ou religiosos.

O sistema político é o alicerce a partir do qual todas as demais regras de funcionamento de um país são determinadas. Dado seu caráter subjacente, é fundamental que sua configuração evite decisões arbitrárias, mantendo a organização e o papel do Estado como algo secular e não suscetível a alterações indiscriminadas. A garantia de que o arcabouço central de um país não sofrerá mudanças bruscas é condição elementar para manter, no longo prazo, a atratividade de um polo de negócios. O Brasil hoje vive sob um sistema político sólido. Depois de passar por um regime militar, o País se consolidou como uma democracia que funciona sem rupturas há mais de duas décadas. O caráter republicano determina a divisão em três poderes independentes, com eleições diretas e regulares para representantes nas esferas executiva e legislativa através do voto eletrônico, um dos processos eleitorais mais modernos e seguros do mundo (veja Quadro B). A participação no sistema eleitoral é universal e a disputa pelo poder é multipartidária. O Pacto Federativo distribui tanto as responsabilidades quanto a arrecadação de impostos entre os níveis municipal, estadual e federal, fazendo com que todos participem da execução das políticas públicas.

Essas características, consistentes ao longo dos últimos anos, têm levado a percepção de estabilidade política no Brasil ao mesmo patamar da de países desenvolvidos que contam com sistemas políticos institucionalizados há muito mais tempo. O indicador de estabilidade política publicado pelo Banco Mundial aponta que o Brasil está na mesma faixa de Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, países de tradição democrática muito mais longeva do que a brasileira34.

34 Indicador: Estabilidade política e ausência de violência (política), de 0 a 100. Pontuações: Brasil: 56; Grã-Bretanha: 56; Estados Unidos: 58; França: 61. Fonte: Worldwide Governance Indicators – World Bank.

Exemplos mostram que, mesmo com este cenário positivo, ainda há espaço para o aperfeiçoamento político do País, principalmente no que se refere à separação entre questões de Estado e interesses políticos dos governos. Um primeiro exemplo é a definição de mandatos do presidente do Banco Central (BC). Enquanto em países como Estados Unidos e Grã-Bretanha o presidente desta instituição tem mandatos fixos e não coincidentes com o do Presidente da República, no Brasil isto ainda não é uma realidade. É fato que o tempo

39


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

de duração do mandato dos presidentes do BC tem aumentado ao longo dos últimos anos – por exemplo, Henrique Meirelles, que foi o presidente do BC antecessor à atual administração, permaneceu no cargo durante oito anos consecutivos – mas, a institucionalização de mandatos fixos, se implantada, traria mais solidez à independência da instituição na condução da política monetária (veja Diagrama 7).

DIAGRAMA 7

Exemplos mostram que ainda existem espaços para melhoria no ambiente político

Aumento da duração de mandatos no BC é um ganho, mas estes ainda não são fixos...

Além deste, outro exemplo de algo a ser alterado é o ainda excessivamente alto número de ministérios, bem como o elevado nível de criação e extinção dessas instâncias. Chama a atenção o fato de que o número total de ministérios no Brasil seja muito mais elevado do que nos Estados Unidos e na França (veja Diagrama 7). Ao mesmo tempo, no Brasil, a rotatividade é significativamente mais alta que nestes países.

Anos de mandato dos presidentes do BC

BRA

Por fim, o processo atual de mudanças sociais em curso pode potencializar a melhoria da atuação política brasileira. Países que contam com um nível de capital social mais elevado e investem mais em educação possuem também atuação política de melhor qualidade e separação mais clara entre questões de Estado e interesses de grupos particulares. O Brasil precisa seguir avançando nesta direção.

Mandato fixo?

3,5

3,8

10,0

Quanto mais consolidados estão a previsibilidade normativa e o claro entendimento das regras do jogo em um país, menor é o nível de risco oferecido para a realização de negócios e maior é a predisposição dos agentes para realizar os investimentos e as transações que movimentam a economia e conectam o polo com o restante do mundo.

Alexandre Tombini, desde janeiro de 2011

sim

5,2

10,5

sim

6,8

ago 1979

Estabilidade e clareza normativas

não

8,0

18,5

8,0

USA

GBR

O Brasil ainda se depara com alguns desafios nesta frente. Por exemplo, a frequência de criação de novas leis no País é significativamente mais alta do que em outros centros internacionais. Em 2009, enquanto foram editadas no Brasil 317 novas leis por mês35, em média, na França e nos Estados Unidos estes números ficaram em 159 e 24, respectivamente (veja Diagrama 8). Obviamente, este elevado número de produção normativa torna muito mais difícil o acompanhamento das empresas e investidores sobre quais regras devem ser seguidas, aumentando o nível de insegurança jurídica.

41

Mandato em andamento

2011

...e criação e extinção de órgãos ministeriais1 ainda são altas Número de ministérios criados e extintos

Total2 11 8

35 Número médio de normas editadas por mês entre outubro de 2008 e outubro de 2010, pois os dados para o ano calendário completo de 2009 não estão disponíveis. Fonte: Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário.

BRA

1

2

1

1

1

1

1

-1

-1

2

1

1

38 -2

-1

-1

-1

-2

-1

-1

-7 1

1

USA

15 5 3

ESTE PILAR CONSIDERA ESTABILIDADE POLÍTICA, QUALIDADE REGULATÓRIA, SEGURANÇA JURÍDICA, FLEXIBILIDADE DO MERCADO DE TRABALHO, FACILIDADE DE ABRIR NEGÓCIOS E NO PAGAMENTO DE IMPOSTOS

1

FRA

-2 -1

-1

1988

1990

Criados

1995

Extintos

Ano de eleições

2000

2005

-1

15

-2 2010

1. Órgãos federais com status de ministério: respondem diretamente para o Presidente da República e tem responsabilidade em desenvolver políticas. 2. Número total de ministérios em 2010. / Fonte: Presidência da República; United States House of Representatives; Governo Francês; BACEN; Federal Reserve; Bank of England; análise BCG.


42

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 8

Além da instabilidade normativa, outro fator a contribuir para a insegurança institucional é a falta de transparência e de clareza sobre alguns temas. Por exemplo: 1) a prática das decisões terminativas do Senado Federal, permitindo que algumas normas sejam aprovadas sem ir a plenário; 2) o elevado número de Medidas Provisórias utilizadas pelo Executivo para legislar, que podem criar surpresas regulatórias indesejadas; e 3) a falta de clareza na definição de papéis de regulação do setor privado entre ministérios e agências reguladoras.

Alguns desafios sobre a base normativa precisam ser endereçados Proporcionalmente, nível federal é o principal responsável por produção legislativa Normas editadas desde 1988 Nível

Federal

Estadual

Municipal

Total

Normas (k)

154

1.095

2.906

4.155

Normas (k)/ unidade

154

40

0,51

-

Normas/dia útil-unidade

29

8

0,1

-

Segurança jurídica A clareza e a estabilidade normativas são insuficientes se não acompanhadas da certeza do cumprimento das normas. A efetividade dos compromissos e das regras garante a segurança jurídica e promove um ambiente de confiança entre empresas, pessoas e instituições. O impacto disto sobre o custo de operação de negócios é claro: ambientes de maior segurança diminuem os custos com disputas judiciais e de interpretação de contratos e limitam a quantidade de potenciais passivos, também onerosos.

“Até para um advogado é difícil saber o que está em vigor.” Sócio - Escritório de Advocacia

Alguns exemplos servem para demonstrar que melhorias institucionais geram benefícios diretos para cidadãos e empresas. Pode-se citar a redução das taxas de juros cobradas sobre empréstimos direcionados a pessoas físicas, a partir da criação e da regulação do empréstimo consignado, que é o desconto de parcelas do empréstimo diretamente em folha de pagamento do trabalhador. Após o consignado, empréstimos realizados pelas mesmas instituições financeiras para os mesmos clientes e para os mesmos objetivos tiveram uma redução significativa dos juros cobrados. A redução do risco promovida pela regulação deste crédito, a partir de 2004, fez com que os juros do crédito consignado se mantivesse em média 24,8 pontos porcentuais abaixo das taxas do crédito pessoal livre e com que o volume de crédito consignado hoje seja equivalente a mais de 50% do estoque total do crédito pessoal concedido (veja Diagrama 9).

Frequência de criação de leis no Brasil é maior que em outros países Instabilidade normativa, 20092

400

NORMAS NOVAS POR MÊS3

Outro exemplo claro é o da melhoria na recuperação de empresas a partir da instituição da nova Lei de Recuperação de Empresas (Lei nº 11.101 de 2005) em substituição à antiga Lei de Falências. A partir do fim do regime de concordatas e da instituição da recuperação judicial, o número de falências total no País caiu significativamente. O aumento da segurança jurídica sobre os ativos em risco de liquidação e sobre o tratamento de garantias melhorou este processo de recuperação, fazendo com que o Brasil saísse de um patamar de até 20,7 mil falências requeridas por ano (2003) para uma média de 2,7 mil ao ano entre 2006 e 2010 (anos em que a recuperação judicial já estava implantada) (veja Diagrama 9).

317 300

200

Mesmo com esses bons exemplos, alguns aspectos ainda precisam ser aprimorados para expandir a segurança jurídica e reduzir os custos dela derivados. Indicadores de percepção sobre o respeito às leis mostram que o Brasil está em uma posição de desvantagem comparativa a países desenvolvidos e a outros polos de negócios no mundo. Em particular, pode-se citar o indicador de percepção de Rule of Law do Banco Mundial, baseado na análise de especialistas sobre o tema36. Numa escala de 0 a 10, sedes de polos de negócios como Alemanha, Cingapura, Estados Unidos, Hong Kong e França estão todos na faixa de 8. O Brasil fica muito atrás, com 4,6 pontos.

159 119

Dos 16 países analisados, mais de 80% têm menos de 30 normas novas por mês

100

24

BRA

FRA

HKG

USA

20

CHN

10

8

7

6

2

1

CHL

JPN

SGP

KOR

GBR

IND

1. Considerando o número atual de municípios brasileiros: 5.507. 2. O valor diz respeito ao número médio de normas editadas por mês entre outubro de 2008 e outubro de 2010. Dados apenas para 2009 não são disponíveis. 3. Número de novas normas federais em 2009 por país. / Fonte: IBPT; órgãos governamentais nacionais; análise BCG.

36

Fonte: Worldwide Governance Indicators – World Bank.

Essa situação pode ser explicada por alguns fatores relacionados à sensação de baixo nível de independência do Judiciário e à dificuldade de acompanhamento pelos juízes das normas em vigor, dadas as frequentes modificações. Em relação ao primeiro ponto, o indicador de influências externas ao Judiciário do Fórum Econômico Mundial aponta a percepção de executivos sobre o assunto e deixa o País mais uma vez consideravelmente atrás de

43


44

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

outros centros de negócios. Quanto à dificuldade de acompanhamento das normas, a declaração de Paulo Mascaretti, presidente da Associação Paulista dos Magistrados, não deixa dúvidas: “Formei-me há 30 anos e, nesse tempo, houve uma produção legislativa intensa. [...] Todas essas modificações criam dificuldades para o juiz se posicionar e trabalhar”.

DIAGRAMA 9

Em última instância, reformas institucionais impactam positivamente a população

Em paralelo, o longo prazo para julgamento e execução de sentenças incrementa a incerteza sobre o funcionamento adequado da Justiça no Brasil. Em uma avaliação do Banco Mundial que mede o tempo necessário para a resolução de uma disputa similar em várias nações, o País está entre os piores colocados: 616 dias, enquanto Cingapura, outro polo, resolve a mesma disputa em 150 dias. Vale lembrar a natural dificuldade de comparação entre as métricas e procedimentos adotados em cada país (veja Diagrama 10).

Consignado1 permitiu empréstimos a juros mais baixos e aumento do crédito total Taxa média de juros (% a.a.) Diferença média de 24,8 p.p. desde a adoção do consignado

80

Estoque de crédito pessoal concedido (R$B) 60

300

40

200

20

100

0 12/04

12/06

12/08

DIAGRAMA 10

Prazo elevado para resolução de sentenças adiciona incerteza sobre o funcionamento da Justiça

0 01/07

12/10

01/04

Crédito pessoal padrão

Crédito pessoal padrão

Crédito consignado

Crédito consignado

Crédito mais acessível garante expansão maior do que trajetória histórica

12/10

Brasil tem um dos maiores prazos para resolução de conflitos em relação a outros centros internacionais

1.420 1.346

Número de dias para resolução de disputa comercial Julgamento: 365 dias Execução de sentença: 210 dias

Nova Lei de Falências2 contribuiu para queda no fechamento de empresas no país Número de falências requeridas ao ano (milhares)

616

25

20 19,9

20,7

13,9

13,9

média=2,7 (2006-2010)

4,2

2,7 2001

USA

FRA

JPN

2002

2003

2004

2005

2006

2,7

2,2

2,4

1,9

2007

2008

2009

2010

MAIS EMPRESAS OPERANDO PODE SIGNIFICAR MAIS EMPREGOS E MAIOR GERAÇÃO DE VALOR PARA A SOCIEDADE

1. Lei nº 10.821/2003 e Decreto nº 4.840/2003. 2. Lei nº 11.101/2005. Fonte: Banco Central do Brasil; Serasa; análise BCG.

415

DEU

AUS

GBR

CHL

MEX

CAN

40

BRA

CHN

Navegação dos processos pelo sistema judiciário prolonga seu tempo de resolução: – Número de recursos é alto – Constituição muito detalhada torna muitos processos aptos ao Supremo Acúmulo de processos por juiz em função do baixo número destes em relação ao total da população

IND

Juízes / 100 mil hab.1

Constante alteração normativa torna decisões mais difíceis de serem analisadas pelos juízes.

-5,4

5

2000

HGK

Esta situação é causada por diversos fatores: 9,5

0

SGP

11,6

10

331

406

150

A partir da nova lei implantada em 2005, média anual de falências caiu para 2,7 mil

15

300

360

280

395

399

425

394

23,0 20

0

4,0

5,3

MEX

BRA

10,2

11,0

USA

GBR

13,0

FRA

DEU

Nota: A disputa padrão considerada para o estudo diz respeito a uma transação entre duas empresas (comprador e vendedor), em que o comprador não paga pelos bens recebidos alegando que a qualidade destes não está nos padrões acordados. O vendedor entra com um processo judicial tentando obter pagamento pelos bens vendidos. 1. Números dizem respeito a anos diferentes em cada país. 2002: México e Brasil; 2001: Inglaterra, Alemanha e França; Início dos anos 1990: Estados Unidos. Número mais recente do Brasil (2009) é de 8,4 juízes para cada 100 mil habitantes. / Fonte: Doing Business - The World Bank, junho de 2009; Report: Brazil – Making Justice Count – World Bank; análise BCG.

45


46

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 11

O BRASIL SE CONSOLIDOU COMO UMA DEMOCRACIA FORTE E PODE CONTINUAR AVANÇANDO NA UTILIZAÇÃO DO SISTEMA POLÍTICO PARA APERFEIÇOAR O PAÍS

O registro de patentes e pirataria são desafios para segurança da propriedade intelectual no país

Tempo para registro de patentes é muito elevado

Nível de pirataria também é muito alto

Tempo para concessão de patente (anos) 8

6,8

6

7% 6% 42%

80 13% 60

4

18% 40

2

É importante salientar, no entanto, que, ao longo dos últimos 15 anos, algumas alterações importantes foram institucionalizadas no Sistema Judiciário brasileiro. Essas mudanças ocorreram tanto em processos quanto em estrutura e tendem a continuar promovendo ganhos consistentes para a qualidade e a velocidade do sistema.

0

66%

87%

2,9 20

USA

BRA

0

40%

1

GBR

2

USA

3

BRA

Compraram sabendo Compraram sem saber que era falsificado Nunca compraram

1. IPTOC survey, 2005: DVDs, CDs, jogos digitais, vestuário. 2. Gallup, 2005: sistemas operacionais, softwares, CDs, DVDs, álcool, cigarros, vestuário, joias, peças e ferramentas automotivas e medicamentos. 3. IBOPE, 2005: vestuário, relógios, bolsas, óculos, perfume e jogos eletrônicos. / Fonte: USPTO; Agência Brasil e JB on-line, entrevista com presidente do INPI; 2007 Global PC Software Piracy Study; análise BCG.

Por exemplo, a introdução das súmulas vinculantes e do princípio de repercussão geral, em 2006 (Leis nº 11.417 e nº 11.418), e a limitação dos recursos especiais repetitivos, em 2008 (Lei nº 11.672), tendem a diminuir o acúmulo de casos a serem julgados pelas cortes brasileiras. Além disso, rumam no mesmo sentido as mudanças que impactam a estrutura e a operação do Judiciário como a criação dos juizados especiais (Lei nº 9.099 de 1995), das câmaras de arbitragem (Lei n° 9.307 de 1996) e do Conselho Nacional de Justiça (Emenda Constitucional 45 de 2004) e o movimento de informatização das cortes, consolidado a partir da Lei nº 11.419 de 2006.

Apesar disso, os avanços legais brasileiros não foram ainda suficientemente capazes de garantir ao País uma imagem de porto seguro aos direitos de propriedade, sendo o Brasil o 72º colocado neste quesito38 entre 139 nações. Causas para essa má colocação envolvem tanto o lento e oneroso processo de obtenção de patentes, que dura em torno de sete anos no Brasil – comparado com cerca de três anos nos Estados Unidos –, quanto pela prática mais frequente de compra de produtos piratas (veja Diagrama 11). A despeito desta colocação ruim, algumas melhorias têm aparecido: em fevereiro de 2011, o Brasil foi retirado da lista norte-americana de “mercados notórios de pirataria e contrabando”39, sendo agora o único BRIC a estar fora desta lista.

% de consumidores 100 21%

Os maiores fatos causadores para o elevado tempo de navegação dos processos pelo Judiciário são o sistema adotado pelo País e as regras que regem os códigos dos processos civis e criminais. A possibilidade e a utilização de fato de um alto número de recursos e o grau de detalhamento da Constituição brasileira acabam levando muitos casos para a apreciação do Supremo Tribunal Federal. Adicionalmente, estudos indicam37 que o número de juízes no Brasil sobre o total da população é baixo comparativamente a países que apresentam maior celeridade na Justiça (veja Diagrama 10). É possível que, a partir desta análise, exista espaço para melhorias no dimensionamento da necessidade desses profissionais.

Outro ponto que influencia e representa a segurança jurídica do País é o respeito à propriedade, incluindo o direito à propriedade intelectual. Direitos de propriedade aparecem constantemente na agenda normativa brasileira desde 1970, quando da criação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), uma autarquia federal responsável pelo registro de marcas e patentes. Desde 1988, a Constituição Federal passou a considerar a propriedade privada como princípio da ordem econômica nacional e leis passaram a garantir a proteção de patentes e de direitos autorais. Adicionalmente, em 2004, foi criado o Conselho Nacional de Combate à Pirataria e a Delitos Contra a Propriedade Intelectual.

Compra de produtos falsificados

Outro elemento relevante do arcabouço de segurança jurídica é a execução de garantias. Existem alguns entraves no Brasil à execução e ao estabelecimento de garantias, que tipicamente estão relacionados com a rigidez das garantias tradicionais, com as dificuldades na constituição destas e com a morosidade do Judiciário. Em relação ao primeiro ponto, a preferência dada, em contratos de hipoteca e de penhor, a credores trabalhistas e fiscais sobre os credores estabelecidos em contratos de garantia reduz a efetividade destes instrumentos. Além disso, a necessidade de que estas garantias sejam discutidas na Justiça por intermédio de uma ação ordinária — que precede à ação de execução — faz com que não se tenha certeza nem sobre a dívida nem a respeito de um horizonte de previsão de recebimento da garantia40.

37 Fonte: Brazil: Making Justice Count – World Bank.

38 Ranking calculado a partir de score baseado em entrevistas com executivos, totalizando mais de 13 mil entrevistas. Para o Brasil, 168 pessoas foram ouvidas. A pergunta realizada foi: “How would you rate the protection of property rights, including financial assets, in your country?” [1 = muito fraca; 7 = muito forte]. Fonte: The Global Competitiveness Report 2010-2011 – WEF.

39 Representação dos Estados Unidos para o Comércio (USTR).

40 Apenas a discussão da ação ordinária pode levar de 2 a 5 anos caso a sentença for considerada transitada em julgado, quando não cabe mais recurso.

O registro dos contratos de garantia é oneroso e complicado. No País, não existe padronização dos documentos necessários para realizá-lo e a efetivação dos mesmos está sujeita, assim, às especificidades e exigências de cada cartório e ao nível de sofisticação dos entes relacionados no contrato. Por último, a morosidade do processo como um todo se deve em parte à extrema formalidade e detalhamento do sistema jurídico, o que acaba comprometendo a efe-

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

tividade das garantias. Segundo um representante do escritório Veirano Advogados, “o sistema processual precisa garantir que aqueles que têm um direito não o deixem de exercer pela morosidade. Na prática, ter um direito sem previsão de execução é o mesmo que não tê-lo”.

DIAGRAMA 12

Muitas melhorias sobre execução de garantias vêm sendo feitas, como a flexibilização do processo e a diversificação dos instrumentos disponíveis, aumentando assim a segurança jurídica quanto ao recebimento de direitos. Um exemplo significativo é o do estabelecimento e da expansão da propriedade fiduciária. A grande vantagem deste instrumento, tanto na alienação quanto na cessão fiduciárias, está no fato de que os bens e direitos não integram o ativo da empresa tomadora de crédito até que este seja totalmente pago. Desta maneira, as garantias dadas em caráter fiduciário não estão sujeitas à recuperação judicial e não são preteridas diante de outros tipos de credores. Além disso, a execução de instrumentos fiduciários pode ser feita sem a necessidade de tramitação por ação ordinária.

Alto custo da burocracia impacta negócios Brasil tem pior colocação em ranking que avalia impacto da burocracia nos negócios Nível de impacto da burocracia sobre os negócios / Nota 0-10 1 9,0

8,9 7,9

7,8 7,3 6,8

6,8 6,1

Todas estas melhorias contribuem para o aumento da segurança jurídica em relação a direitos estabelecidos e conferem benefícios aos usuários finais destes próprios instrumentos, como, por exemplo, permitindo que empréstimos sejam concedidos a taxas de juros mais baixas, dado o menor risco associado.

5,9

4,0

Burocracia e operação de empresas e negócios BRA

A burocracia de um país e a sua atratividade como polo de negócios estão bastante relacionadas: o maior grau de eficiência pública e a limitação de entraves burocráticos funcionam como catalisadores econômicos. Portanto, em um ambiente mais dinâmico, oportunidades não são perdidas pela falta de rapidez em realizar transações, tornando a operação de empresas mais eficiente, mais ágil e menos custosa.

CHN

GBR

FRA

USA

CHL

JPN

HGK

SGP

1. Pesquisa realizada com 4.460 respondentes de alta e média gerência de 58 países entre janeiro e abril de 2010. Fonte: IMD.

No Brasil, mesmo não impedindo a realização de negócios, a burocracia gera um grande custo para os que atuam no País. Em um indicador41 que mostra o nível de impacto da burocracia, o Brasil tem a pior classificação em comparação com outros polos de negócios pesquisados, ficando atrás inclusive de outros países em desenvolvimento, como México, China e Chile (veja Diagrama 12). É senso comum que os custos dos entraves burocráticos precisam ser considerados para realização de investimentos diretos no País: “A burocracia não é um impeditivo, pois o Brasil tem muitas oportunidades, mas é um custo extra que deve ser levado em conta”, afirma um representante do Pinheiro Neto Advogados. Outra consequência do excesso de burocracia em um país é a abertura de oportunidades para a existência da corrupção: quanto mais onerosas, demoradas e complexas são as transações, maior é o espaço deixado para pagamento de favores para a aceleração dos processos. A redução da corrupção, portanto, é mais um dos benefícios da redução do excesso de burocracia em um polo de negócios. Considera-se que algum nível de corrupção existe em todos os países, desenvolvidos ou em desenvolvimento. Entretanto, a quantidade e a profundidade dessa corrupção são de difícil mensuração. Dados sobre este tipo de atividade não são oficiais e são velados em diferentes graus por percepções culturais distintas, que variam entre nações ou entre

MEX

41 Fonte: IMD. Pesquisa realizada anualmente em nível mundial com respondentes de alta e média gerência de 58 países. Em 2010, a pesquisa contou com 4.460 participantes.

42 Fonte: 2010 Global Corruption Barometer: % dos entrevistados que afirmou ter pago propina nos últimos 12 meses a pelo menos um de 9 atores: alfândega, educação, Judiciário, serviços ligados à terra, serviços médicos, polícia, serviços de registros e permissões, autoridades de impostos e concessionárias de serviços públicos. 43

Fonte: Bribe Payers Index 2008.

diferentes extratos de uma mesma nação. Um exemplo da dificuldade de medir a corrupção vem por meio da análise do caso brasileiro. Por um lado, apenas 4%42 dos brasileiros entrevistados pela instituição Transparency International em 2010 afirmaram que pagaram durante o ano algum tipo de suborno, abaixo dos 31% no México e dos 5% dos Estados Unidos. Por outro lado, uma pesquisa realizada pela mesma instituição no ano de 2008 mostrou o Brasil entre um dos mais mal colocados em termos de corrupção, em 17º lugar entre 22 países43, estando o México em 20º lugar e os Estados Unidos em 9º lugar no mesmo ranking. A dificuldade de medir a corrupção nesse caso colocou o Brasil entre os melhores países em uma pesquisa e entre os piores em outra, com apenas um curto espaço de tempo entre ambas. Independente de melhor ou pior colocação, o fato é que a corrupção é um resultado não desejado da burocracia (entre outros) e que, por aumentar o nível de insegurança para a realização de negócios, deve ser combatida. O excesso de burocracia está também traduzido na complexidade de se abrir empresas: muitas capitais brasileiras apresentam grande número de etapas demandando

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

lhantes por empresas em todo o mundo, o Brasil, representado por São Paulo, aparece como o pior do planeta, sendo o seu número de horas necessárias correspondendo a aproximadamente cinco vezes o tempo exigido pelo segundo pior entre os polos considerados (veja Diagrama 15). Entre os tributos analisados no Brasil, o que mais gera dificuldades para as empresas é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). É importante ressaltar que para o investidor em portfólio este não é um problema, já que a responsabilidade pelo cálculo e pagamento dos impostos fica a cargo do agente financeiro.

tempo excessivo para esse objetivo. A descentralização de procedimentos é um dos problemas mais citados para justificar tal realidade e a observação do número de entidades envolvidas no processo confirma essa percepção (veja Diagrama 13). Apesar de tal entrave ser uma realidade para a maioria das cidades brasileiras, iniciativas mostram que existe espaço para melhorias e que o processo de abertura de empresas pode ser agilizado. O Minas Fácil, programa liderado pelo Governo do Estado de Minas Gerais em conjunto com as juntas comerciais, mostrou avanços significativos após esforços de otimização do processo de abertura de empresas. Por meio da unificação de interações da empresa com órgãos públicos e juntas comerciais, da utilização de canais de comunicação on-line e de integração de sistemas de informática, não apenas o tempo de abertura de empresas foi reduzido, mas também a segurança sobre a integridade das informações registradas aumentou (veja Diagrama 14). Além da dificuldade de abertura de empresas, o custo para o cumprimento das obrigações tributárias no Brasil é ponto importante que merece ser tratado. Em pesquisa que mostra o número de horas necessárias para cálculo e pagamento de impostos seme-

44

DIAGRAMA 14

DIAGRAMA 13

Minas Gerais simplificou abertura de empresas com interação unificada, processos internos integrados, e recursos on-line

A abertura de empresas no País envolve muitas entidades

Minas Gerais avançou criando interação com prefeitura, organizando processos internos e usando recursos on-line

Descentralização de procedimentos é um dos problemas mais citados como causa

ANTES Consulta de autorização de endereço com prefeitura.

Entidades envolvidas na abertura de empresas

estadual

municipal

Para todos

Sec. Munic. da Fazenda Prefeitura

Dependendo da atividade

Sec. do Meio Ambiente Fisc. de Obras Bombeiros

federal

outros

Sec. Est. da Fazenda Junta Comercial

CEF Receita Federal Ministério do Trabalho INSS

Sindicato patronal Sindicato dos funcionários

Sec. do Meio Ambiente

Banco Central 1 IBAMA 2 FUNAI 2 ANVISA

Sindicato patronal

“É impossível abrir uma empresa sozinho hoje no Brasil. Demoraria seis meses.” Advogado - Pinheiro Neto Advogados

Fonte: Worldwide Corporate Tax Guide 2009 – E&Y.

Os três grandes fatores responsáveis por este problema de pagamento de tributos no País estão associados ao número excessivo de impostos e contribuições obrigatórias, à alternância normativa em torno dos mesmos e ao número e complexidade de cumprimento de obrigações acessórias necessárias para o pagamento. De acordo com relatório publicado pela Ernst&Young44, o número de impostos a serem pagos por empresas no Brasil gira em torno de doze, enquanto em outros polos de negócios, como Cingapura e Hong Kong, este volume cai para três e um, respectivamente (veja Diagrama 15).

Obtenções de autorização de funcionamento independentes em órgãos1 municipais, levando no mínimo 30 dias HOJE Consulta de endereço feita via junta comercial (integração de processos) Obtenção de alvará provisório on-line faz com que processo seja feito em 1 dia

ANTES Registro das empresas analisado pelas juntas consultando três sistemas separados: da Junta, da Prefeitura e do Ministério da Fazenda, levando até 8 dias. HOJE Módulo Integrados das juntas comerciais: • Automatizou a análise, e o processo é feito tipicamente em 1 ou 2 dias • Diminuiu a possibilidade de erros de registro

MUNICIPAL

“Processo de abertura de empresas é muito descentralizado. Note-se a quantidade de agências do governo envolvidas no processo e o fato de que muitos documentos idênticos tem que ser entregues para cada uma delas.” Gerente Jurídico - Arab Banking Corporation Brasil

1. Apenas para capital de origem estrangeira. 2. Apenas para empresas que tenham impacto ambiental. / Fonte: Doing Business, The World Bank; RFOR Advogados; análise BCG.

ESTADUAL FEDERAL SINDICATOS SERVIÇOS PRIVADOS 1. Procedimentos e autorizações necessárias variam em cada município e são regidas pela Lei de Ocupação de Solo. Entidades geralmente envolvidas incluem Secretaria do Meio Ambiente, quando existir, Fiscalização de Obras, Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária. / Fonte: Doing Business, The World Bank; entrevista com Minas Fácil – Diretoria de Projetos; análise BCG.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 15

A dificuldade de pagamento de impostos gera custo adicional às empresas

Número de horas para cálculo e pagamento de impostos é o mais alto do mundo Dificuldade de pagamento de impostos Nº HORAS/ANO1

3.000 2.600 736

IRPJ

2.000 490 1.374

INSS, FGTS Sist. S

1.000

63

12

DUBAI

80

84

107

HONG KONG

110

119

LONDRES

132

187

NOVA IORQUE

196

271

213

316

355

504

MUMBAI

517

ICMS

SÃO PAULO

GRANDES RESPONSÁVEIS: número de impostos, alterações normativas e obrigações acessórias Número médio de novas normas tributárias por mês por ente no Brasil3

Número de impostos para empresas2

1

3

7

9

HGK

SGP

GBR

USA

12

BRA

17

IND

117,2 0,1

12,7

MUNICIPAL

ESTADUAL

FEDERAL

“Apenas o ICMS possui 7 livros de escrituração obrigatórios.”

Clóvis Panzarini, tributarista4

1. Estudo realizado em parceria com a PwC e baseado em uma empresa fictícia padrão através de diversos países. 2. Número total de impostos descritos no report E&Y. 3. Média desde 1988. 4. Trabalhou na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (sendo coordenador da administração tributária nos últimos oito anos), concebeu e implantou o PROMOCAT; foi assessor especial da Assembleia Constituinte de 1988 e é consultor tributário. / Fonte: Doing Business, The World Bank; Worldwide Corporate Tax Guide 2009, E&Y; Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT); análise BCG.

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Além disso, o volume de novas normas tributárias editadas mensalmente por todas as esferas de governo torna difícil seu acompanhamento, e o número de exigências para apuração de tributos como o ICMS aporta ainda mais complexidade. É importante notar que, enquanto para indústria e prestadores de serviços não financeiros o ICMS é um problema, para as instituições financeiras o principal entrave está na apuração do ISS, do PIS e do COFINS. Na aplicação destes três tributos existem áreas cinzentas que não só aumentam a burocracia como geram incerteza sobre o processo.

DIAGRAMA 16

O nível de burocracia enfrentado pelo Brasil hoje não é novidade, e diversas iniciativas e conquistas foram realizadas ao longo das últimas décadas para superar essa adversidade. Entre as iniciativas, pode-se citar a criação da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), que visa desenvolver competências em servidores e melhorar a qualidade da prestação de serviços públicos; o Programa Nacional de Apoio à Administração Fiscal para os Estados Brasileiros (PNAFE), que foca na melhoria das questões tributárias; e o Movimento Brasil Competitivo (MBC), entidade que, entre outras coisas, atua em programas de modernização da gestão pública. Além destas iniciativas, destaca-se também a utilização cada vez mais intensa das tecnologias digitais para agilizar processos de interação entre as esferas pública e privada, exemplificada pela implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED).

CONTRATAÇÃO

Flexibilidade do mercado de trabalho (% de países em cada situação1)

EMPREGO

Como exemplo de referência mundial, o Better Regulation Executive, uma organização do governo do Reino Unido, se dedica exclusivamente a atacar o problema por meio de programas estruturados. Entre estes, destacam-se a melhoria da distribuição da informação entre órgãos públicos, a redução do número de registros necessários, e o engajamento de servidores no entendimento de processos e serviços públicos para a disseminação de melhores práticas. Outro ponto importante que influencia a realização de negócios é o nível de flexibilidade no mercado de trabalho. O Brasil está entre os países menos flexíveis, ficando bastante atrás do Chile e dos Estados Unidos, por exemplo, principalmente nas questões relacionadas à contratação de pessoas (veja Diagrama 16). Apesar disso, nos processos de demissão, o Brasil não se posiciona mal. É preciso tomar cuidado para que esta posição não seja enfraquecida (por exemplo, com uma possível adoção da Convenção 158 da OIT45), preservando a alocação eficiente de empresas e pessoas para a realização de negócios. Ainda que o Brasil enfrente uma situação desafiante em relação à burocracia, é importante reconhecer os esforços já realizados, solidificar as iniciativas existentes e seguir o exemplo de polos de negócios de sucesso. Por exemplo, o Instituto Hélio Beltrão, think-tank sobre problemas burocráticos no Brasil, atua em diversas frentes, como a assistência a programas de desburocratização, consolidação e análises sobre o tema, promoção de seminários e encaminhamento de sugestões para o Estado – inclusive relacionadas ao desafogamento dos tribunais. O Instituto é, no entanto, uma organização independente, sem apoio governamental.

Indicadores Também foram definidas dimensões para avaliar o pilar de ambiente institucional: • Estabilidade política: A atratividade de um país normalmente é bastante impactada por sua situação política. Portanto, quanto mais estável, democrático e desprovido de violências políticas, mais atrativo será o país;

55

O Brasil não está bem posicionado em relação à flexibilidade do mercado de trabalho

Permissão de contratos temporários para atividades permanentes

não: 25%

Tempo máximo de duração de contratos temporários (meses)

até 24: 31%

Custo de hora extra para a empresa (% sobre custo padrão de hora)

100: 19%

Férias concedidas anualmente (dias)

Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Torna o processo de desligamento de funcionários muito mais burocrático e rígido. Se adotadas, as exigências incluem: justificativa, por escrito, de motivos do desligamento às autoridades competentes; direito à contestação de demissão; inclusão de sindicatos em negociações individuais de demissão; e abertura de processo judicial em caso de discordâncias. Dos 183 países membros da OIT, apenas 35 ratificaram o acordo e, destes, apenas seis são desenvolvidos (Austrália, Finlândia, França, Luxemburgo, Portugal e Espanha). Fonte: OIT.

até 60 6%

sem limite: 63%

50: 50%

25 a 40: 19%

11 a 20: 44%

sim: 13% sim: 38%

Existência de regras de reemprego

não: 69%

2: 25%

Custo de demissão (semanas de trabalho)2

até 10: 25%

não: 63%

sim: 31%

Período de aviso prévio (meses)

0: 13%

não: 88%

Obrigação de retreinamento ou realocação antes de demissão

45

sim: 75%

21 a 30: 31%

Necessidade de aprovação de terceiros

DEMISSÃO

54

20 ou +: 27%

1: 63%

8 a 11: 27%

0: 13%

2 a 6: 27%

0: 20%

nível de flexibilidade 1. Países inclusos na avaliação: Brasil, México, Chile, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Cingapura, Hong Kong, China, Japão, Índia, Rússia, Coreia do Sul, Austrália, Canadá. 2. Medida baseada em funcionários que tenham ficado no emprego durante cinco anos. / Fonte: Doing Business 2011, The World Bank; análise BCG.

+


56

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

• Qualidade regulatória: Mede a clareza normativa do país, incluindo a clareza de definição do papel das agências reguladoras e o grau de delegação de poder, quando necessário; • Segurança jurídica: Tenta medir a certeza sobre o cumprimento de normas no país, ou seja, a efetividade das normas e regras. Há uma relação direta entre insegurança jurídica e custos de operação oriundos de disputas judiciais, interpretações dúbias de contratos e longa duração de litígios; • Flexibilidade do mercado de trabalho: Quando esta dimensão está presente em um polo, tende a torná-lo mais dinâmico, pois os ajustes de oferta e demanda de mão de obra acontecem mais rapidamente. Para tal, considera-se importante que contratações e dispensas possam acontecer rapidamente e que não sejam tão onerosas ao empregador. Além disso, modelos flexíveis de contratação tornam um polo de negócios mais atrativo; • Facilidade de abrir negócios: Ilustra parte da burocracia enfrentada para se fazer negócios em um país, considerando tanto a complexidade burocrática para se abrir um negócio, quanto o tempo para a abertura; • Facilidade para empresas pagarem impostos: Calcula as horas necessárias para pagar tributos sobre valor adicionado, produção industrial e lucro, considerando uma mesma empresa-modelo padrão em diversos países. Claramente, quanto maior a facilidade de pagar os impostos, menos tempo é gasto, menos custos são incorridos pelas empresas e menor é a exposição à não conformação involuntária. O resultado da classificação do Brasil nas dimensões do pilar de ambiente institucional diante dos outros países pode ser observada a seguir:

crítico

a desenvolver IND

1. ESTABILIDADE POLÍTICA

bom

excelente

BRA

RUS MEX

USA CHN

KOR

GBR

HKG JPN

CHL FRA

SGP

DEU

BRA

2.

QUALIDADE REGULATÓRIA

3.

SEGURANÇA JURÍDICA

4.

FLEXIBILIDADE DO MERCADO DE TRABALHO

RUS

MEX

CHN

USA CHL

JPN

IND

FRA

KOR

HKG

DEU GBR

SGP

BRA RUS MEX

KOR CHL JPN

IND

CHN

HKG SGP GBR

FRA USA DEU

BRA FRA

DEU

KOR

MEX

RUS

CHN

CHL

JPN

GBR

IND

HKG

BRA

5.

FACILIDADE DE ABRIR NEGÓCIOS

6.

FACILIDADE PARA EMPRESAS PAGAREM IMPOSTOS

KOR

USA CHL MEX

RUS

IND

CHN

SGP

JPN GBR

FRA

BRA MEX

JPN RUS CHN

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

USA SGP

CHL

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

IND KOR

DEU FRA USA GBR

HKG

SGP

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

57


58

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

O PAÍS ENFRENTA SÉRIOS PROBLEMAS DE ORDENAMENTO JURÍDICO, COM INSTABILIDADE E FALTA DE CLAREZA NORMATIVA, ALÉM DA NECESSIDADE DE COMBATE CONSTANTE AO EXCESSO DE BUROCRACIA

As dimensões medidas neste pilar refletem o fato de que, apesar de o Brasil apresentar estabilidade política por meio de uma democracia madura e com pouca violência política, ainda existem outras dimensões que podem evoluir para aumentar a atratividade do País. A qualidade regulatória e a segurança jurídica são vistas como medianas, ao passo que as condições que diretamente impactam o desenvolvimento de negócios deixam bastante a desejar, como observado na baixa flexibilidade do mercado de trabalho e na dificuldade para se abrir empresas e pagar impostos.

Conclusão O ambiente institucional de um país é determinante para o grau de desenvolvimento econômico que o mesmo é capaz de alcançar e, portanto, para sua atratividade como polo. O Brasil se consolidou como uma democracia forte e pode continuar avançando na utilização do sistema político para aperfeiçoar o País como um todo, minimizando influências partidárias em políticas que devem ser contínuas e de Estado. São bastante relevantes os problemas enfrentados pelo ordenamento jurídico do Brasil. As normas ainda sofrem de instabilidade e falta de clareza, que precisam ser tratadas, exigindo esforços de todos os envolvidos nos processos legislativos. Em paralelo, a implantação de melhorias no Sistema Judiciário precisa ser continuada, objetivando reduzir o nível de insegurança jurídica, acelerar o prazo de processos judiciais e melhorar a resolução de disputas. Por fim, a burocracia precisa ser atacada com firmeza. É importante pensar separadamente em cada um dos aspectos que impactam a realização de negócios no País — como no pagamento de tributos e na abertura de empresas — e atuar nestes problemas. Buscar a modernização das leis trabalhistas é outro ponto relevante. Mais do que isso, é necessário que se transforme a mentalidade do Estado como prestador de serviços para as empresas e para os cidadãos, fazendo com que, de fato, estes sejam vistos como clientes. Medidas como estas sugeridas têm a capacidade de imprimir um novo dinamismo à realização de negócios no País e de projetar ainda mais o Brasil como um atrativo polo de negócios.

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

59


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 17

03

Conjunto de talentos brasileiros é 25º colocado entre 30 países

Brasil está em 25º lugar de 30 países no Global Talent Index 2012:

talentos e capital humano

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15.

Um polo de negócios baseia-se na existência de atividades que suportem a interação econômica entre diferentes agentes. Por sua natureza, a formação deste centro depende integralmente da existência de um conjunto de talentos estruturado e desenvolvido, o qual possa fornecer mão de obra e conhecimento técnico necessários para a realização de todas as atividades. Portanto, por estar baseado em uma economia de serviços, um polo tem demanda ainda mais intensa por talentos, já que o setor de serviços é o que mais exige qualificação de pessoas: no Brasil, 67% dos empregados no segmento de serviços têm pelo menos ensino médio completo e 25% têm ensino superior completo, proporções que caem para 43% e 9%, respectivamente, no restante da economia brasileira46.

Apesar de partir de base demográfica sólida e positiva, o conjunto de talentos brasileiro não tem boa colocação se comparado ao de outros países. Ao contrário: o País é o 25º colocado entre 30 países do Global Talent Index49 (veja Diagrama 17). Além disso, as empresas têm a segunda maior dificuldade global de contratar pessoas no Brasil, de acordo com a ManPower50 , empresa de serviços de recursos humanos. Essas barreiras se devem especialmente a lacunas na formação e circulação de talentos.

16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30.

Itália Ucrânia Rússia México Grécia Argentina Tailândia África do Sul Egito

Brasil Turquia Arábia Saudita Nigéria Indonésia Irã

Demografia

Demografia

Formação de talentos

23º

Qualidade do ensino obrigatório

26º

Qualidade do ensino nas universidades e escolas de negócio

23º

Mobilidade e abertura no mercado de trabalho local

24º

Capacidade de atrair talentos de outros países

Circulação de talentos

Nota: Além dos itens apresentados, o ranking considera também “Qualidade do ambiente para gerar e desenvolver talentos”, em que o Brasil está em 19º lugar, e “Capacidade para atrair investimentos estrangeiros diretos”, em que o país está em 18º lugar. / Fonte: Global Talent Index, Heidrick & Strugles.

A importância de talentos é reforçada pela preocupação cada vez maior das empresas em conseguirem acessar trabalhadores de maneira garantida. Um relatório elaborado pelo The Boston Consulting Group (BCG) em conjunto com a Federação Mundial de Associações de Gestão de Pessoas (WFPMA)47 revelou que, no mundo, em média, 24%48 das empresas consideram mudar de localidade em busca de trabalhadores, tendência que vem seguindo a percepção de que talentos devem se tornar ativos cada vez mais escassos nos próximos anos. Serão exploradas, a seguir, a situação atual e as oportunidades de ação sobre o conjunto brasileiro de talentos diante da necessidade de consolidá-lo para permitir a formação de um polo de negócios no País. A análise se dará por meio dos três elementos principais, formadores de um conjunto de talentos: demografia, formação de pessoas e circulação.

Estados Unidos Reino Unido Canadá Holanda Suécia China Alemanha Austrália França Índia Espanha Malásia Coreia do Sul Japão Polônia

Formação e circulação de talentos são as principais lacunas brasileiras:

Demografia A demografia é a base bruta para a formação de um conjunto qualificado de talentos: a disponibilidade de População Economicamente Ativa (PEA) determina a matéria-prima para formar a força de trabalho de um país. 46 Dados referentes ao total de empregados formais no Brasil ao final de 2009. Fonte: RAIS-CAGED. 47 Fonte: World Federation of People Management Associations: Creating People Advantage: How to Address HR Challenges Worldwide through 2015. 48 Média simples entre a porcentagem das diversas regiões.

Fonte: Heidrick & Strugles, Global Talent Index. 49

50 Fonte: ManPower 2010 Talent Shortage Report.

51 Oferta e demanda avaliadas na seção de demografia são puramente quantitativas, isto é, não consideram a qualificação das pessoas. 52

Fonte: Stimulating Economies through Fostering Talent Mobility.

Em demografia, o Brasil parte de grande vantagem estrutural, sendo a maior economia do mundo a apresentar crescimento de PEA suficiente para suprir o crescimento esperado na demanda por pessoas para o trabalho51. Um estudo divulgado pelo BCG em conjunto com o Fórum Econômico Mundial (WEF) no início de 201052 mostra que todas as economias atualmente maiores do que a brasileira – Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França e Reino Unido – terão demanda por pessoas crescendo a taxas maiores do que a oferta (veja Diagrama 18). Diante da perspectiva de escassez de talentos já vivida por diversos países com população de maior idade média, empresas afirmam que dependerão menos de recru-

61


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

É PRECISO QUALIDADE NO ENSINO BÁSICO, NO SUPERIOR, ALINHAMENTO COM O MERCADO, INTERNACIONALIZAÇÃO E FOCO EM PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

DIAGRAMA 18

O Brasil é a maior economia do mundo que terá equilíbrio positivo entre oferta e demanda por PEA RUS -0,6% CAN -0,3%

GBR -1,1%

DEU -0,7%

SUE 0,3%

ESP 0,1%

USA -0,6%

DIAGRAMA 19

POL -2,6%

FRA -0,7% ITA -1,3%

As estratégias das empresas serão moldadas pela busca por talentos TUR -1,3%

MEX 0,4%

JPN -2,3%

IDN 1,8%

ZAF 0,9%

Falta ou excesso limitados 1

Aumento de mão de obra1

% de empresas que apontaram recrutamento local como chave 78

AMÉRICA DO NORTE1

IDO -O,3%

AUS -1,2% Diferença entre crescimento da oferta e da demanda por trabalhadores1, 2010-2020

1. Valores apresentados são resultados do cálculo: crescimento anual da demanda por trabalhadores menos crescimento anual da PEA. Refere-se à média dos cenários com crise e sem crise. Crescimentos anuais calculados entre 2010 e 2020. Nota: Dados apresentados com base em visão quantitativa, não refletem fatores qualitativos (ex.: qualificação). / Fonte: Stimulating Economies through Fostering Talent Mobility, BCG & WEF.

AMÉRICA LATINA2

O Brasil tem capacidade para atrair empresas e transformar seu conjunto de talentos em um dos diferenciais de seu polo de negócios, considerando-se a base demográfica favorável e rara em grandes economias. Para isso, não basta ter, no entanto, um número suficiente de pessoas, mas garantir fortalezas também nos outros dois elementos do conjunto: formação e circulação. Se não os tiver desenvolvidos, o conjunto de talentos brasileiro poderá contribuir para o efeito contrário: o de esvaziamento dos negócios nacionais devido à simples exportação de pessoas para outras economias, dado o aumento do recrutamento internacional por outros países.

ÁSIA DESENVOLVIDA6 REGIÃO DO PACÍFICO7

7 48

72

18

20

8 60

70

32

23

6

52

22

56 81

ÁFRICA4

% de empresas que consideram mudar de localização para encontrar talentos

22

41

EUROPA3

... e mudar de localização em busca de talentos

% de empresas que apontaram recrutamento internacional como chave

62

25

11

52

52 81

ÁSIA EMERGENTE5

tamento local, aumentarão o recrutamento internacional e considerarão mudar de localidade em busca de maior disponibilidade de trabalhadores (veja Diagrama 19).

... aumentar recrutamento internacional...

Empresas devem reduzir recrutamento local...

CHN -1,7%

EGY 2,0%

BRA 1,6%

Falta de mão de obra1

KOR -2,6%

25

22

16 64

44 52

38

27

9

39

57 82 59

33

19 3

60

14

2007

2010 - 2015

1. Estados Unidos e Canadá. 2. Brasil, Argentina e Chile. 3. Alemanha, França, Rússia, Reino Unido, Itália, República Tcheca, Dinamarca, Espanha, Irlanda, Países Baixos, Suíça e Bélgica. 4. África do Sul. 5. China e Índia. 6. Cingapura, Japão e Coreia do Sul. 7. Austrália. / Fonte: BCG People Advantage Report , 2008 e 2010.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

65

Formação de pessoas

DIAGRAMA 21

A educação ampla, base para a formação de talentos, tem história recente no Brasil e já alcançou avanços importantes, embora precise evoluir significativamente em termos de quantidade, qualidade, alinhamento às necessidades do mercado e internacionalização.

A qualidade do ensino básico é crítica no Brasil Desempenho nacional é baixo no ensino fundamental e insuficiente no ensino médio

A educação no Brasil teve estruturação tardia: somente em 1930 o País criou o Ministério da Educação e transformou a educação básica em compulsória, o que já havia acontecido em países da Europa e da América do Norte durante o século XIX. A partir dos anos 1930, a educação no Brasil evoluiu bastante, tendo aumentado de 9% para 86% a taxa de escolarização, de 30% para 90% a taxa de alfabetização e de 1 milhão para 42 milhões o número de matrículas nos ensinos fundamental e médio. Atualmente, o Brasil já apresenta taxa de matrícula líquida53 no ensino fundamental de 93%54, superior à média global e próxima da universalização. No ensino médio, a taxa de matrícula líquida é de 77%54, superior à média global, mas ainda distante da universalização. Em se tratando de ensino superior, a taxa de matrícula cai para 30%, inferior à média global, de 38%54. As lacunas quantitativas brasileiras concentram-se, portanto, nos ensinos médio e superior (veja Diagrama 20). As lacunas brasileiras em qualidade de ensino são ainda maiores do que em quantidade. Apesar de ter evoluído, o País ainda registra uma das piores notas no PISA55, avaliação internacional do ensino básico, com pontuação inferior à média dos países avaliados. Considerando o Brasil isoladamente, a média nacional dos alunos da rede pública de ensino na Prova Brasil/SAEB56 está, no ensino fundamental, no limite inferior da faixa esperada, e, no ensino médio, abaixo da faixa (veja Diagrama 21).

Média nacional1 do ensino fundamental

340 320

médias esperadas: 201 a 325

300

ensino fundamental no limite inferior da faixa esperada

280 260 53 Taxa de matrícula calculada somente sobre população em idade escolar. A taxa de matrícula bruta no ensino primário brasileiro foi de 130% em 2007, de acordo com a UNESCO. 54

0 1994

55

Média das notas de Matemática e Português nas provas aplicadas às escolas públicas no Brasil por meio do SAEB (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) até 2005 e na Prova Brasil de 2005 a 2009. Dados referentes aos anos de conclusão de cada ensino. 56

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

Média nacional1 do ensino médio

500

médias esperadas: 326 a 500

400

ensino médio abaixo da faixa esperada 300

DIAGRAMA 20

246

239

220

Fonte: UNESCO. Dados de 2007.

Fonte: Programme for International Student Assessment: prova periodicamente aplicada pela OCDE a estudantes de 15 anos de 65 países.

média

255

240

286

272

País tem ensino básico perto da universalização, mas precisa evoluir, especialmente nos ensinos médio e superior

média

0

Taxa de matrícula total2 entre pessoas em idade escolar (%) em 2007

60

40

40

40

20

20

20

JPN MEX CHL BRA

JPN

CHL BRAMEX

60

527

519

510

500

497

496

468

58 52 30 26

média global: 38%

2010

média da OCDE: 497

519

RÚSSIA

60

529

top 10: 79%

80

média global: 68%

541

2008

USA

71

543

FRANÇA

80

546

2006

Apesar do baixo desempenho, Brasil teve a terceira maior melhoria entre os 65 países participantes

REINO UNIDO

77

2004

Média PISA2 2009

ALEMANHA

top 10: 94%

85

100

AUSTRÁLIA

80

98

CHINA

média global: 88%

100

CANADÁ

top 10: 99%

JAPÃO

94 93

COREIA DO SUL

98

2002

Brasil tem baixo desempenho no exame internacional PISA

CINGAPURA

100

2000

439

420

401

396

ARGENTINA

Taxa de matrícula líquida1 entre pessoas em idade escolar (%) em 2007

1998

BRASIL

Taxa de matrícula líquida1 entre pessoas em idade escolar (%) em 2007

1996

MÉXICO

Ensino Terciário

HONG KONG

100

Ensino Secundário

CHILE

1994

Ensino Primário

JPN CHL BRA MEX

1. Não inclui matriculados repetentes e fora da idade escolar 2. Considera repetentes e pessoas fora da idade escolar Nota: Ensino primário inclui anos 1 a 5 do ensino fundamental. Secundário inclui anos 6 a 9 do fundamental e ensino médio. Terciário inclui ensinos técnico e superior. / Fonte: UNESCO; análise BCG.

1. Média das notas de Matemática e Português. Refere-se ao SAEB (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) até 2005 e à Prova Brasil de 2005 a 2009, aplicada a escolas públicas. Dados referentes aos anos de conclusão de cada ensino. 2. Programme for International Student Assessment – OCDE aplicado a 65 países em 2009 – OCDE + convidados. / Fonte: “A Ignorância custa um mundo” de Gustavo Ioschpe; MEC; OCDE; IMD; análise BCG.


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 22

Outro aspecto em que o Brasil também deixa a desejar é no alinhamento do ensino superior às necessidades do mercado, sendo o quinto pior entre 58 países, de acordo com uma pesquisa entre executivos conduzida pelo IMD57. Uma ilustração deste desalinhamento é a taxa de aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): abaixo de 25% no Rio de Janeiro e em São Paulo, em comparação a 76% e 46% nos Estados Unidos e na França, respectivamente, em exames com o mesmo objetivo58.

A internacionalização da formação de talentos no Brasil é baixa e não atende às necessidades do mercado

Uma terceira lacuna brasileira em formação de talentos refere-se à internacionalização. O País tem alinhamento do ensino de idiomas e fluxo internacional de estudantes bastante inferiores às médias internacionais (veja Diagrama 22). Existem iniciativas já em andamento que mostram um possível caminho para a melhoria do ensino básico no Brasil, e estas devem ser ampliadas para o tratamento completo da situação. Iniciativas públicas, como a obrigatoriedade do ensino médio a partir de 2016 (veja Quadro C), o Fundeb, que garante fundos mínimos para a educação básica, e a Prova Brasil, que permite o acompanhamento nacional do ensino público, se bem estruturadas, geridas e dimensionadas, podem imprimir melhorias significativas na situação do Brasil.

Estudos no Brasil são pouco internacionalizados

Alinhamento do ensino de línguas às necessidades do mercado - notas de 0 (mín.) a 10 (máx.)

Fluxo internacional de estudantes Entradas e saídas por mil habitantes

MÉXICO

3,1

BRASIL

0,1

JAPÃO

3,1

ÍNDIA

0,1

BRASIL

3,1

MÉXICO

0,2

CHILE

Ao mesmo tempo, as iniciativas não governamentais, como o Movimento Todos Pela Educação, os Institutos Ayrton Senna e Unibanco, a Fundação Bradesco e o projeto Amigos da Escola, assim como muitas outras organizações não governamentais (ONGs) e institutos com o mesmo objetivo, contribuem para a melhoria do ensino no País. Além disso, a entrada do Brasil na fase de dividendo demográfico fez com que a população em idade escolar deixasse de crescer, reduzindo a pressão por investimentos em quantidade de ensino e permitindo maior foco em qualidade. O País conta com o momento e as ferramentas para melhorar a formação básica de pessoas – é necessário agir com o empenho e a estratégia corretos.

RÚSSIA

0,7

RÚSSIA

3,7

CHILE

0,8

USA

CHINA

4,6

COREIA DO SUL

5,0 5,2

3,4

FRANÇA

ÍNDIA

7,0

HONG KONG

4,0 4,8 5,8 6,0

REINO UNIDO

7,2 8,1 Média do grupo: 4,8

Saída

Fonte: IMD WCY Executive Survey; análise BCG.

3,0

CANADÁ

6,9

CINGAPURA

Entrada

2,2

3,3

CINGAPURA

5,5

1,4

ALEMANHA

ALEMANHA

CANADÁ

Dados dos Estados Unidos, referentes a Nova Iorque, e da França, a Paris.

JAPÃO 4,5

AUSTRÁLIA

58

3,8

USA

HONG KONG

57 Fonte: International Institute for Management Development (IMD) Executive Opinion Survey.

0,4

3,7

COREIA DO SUL

Com relação à internacionalização da formação de pessoas, novamente o Brasil encontra exemplos a serem seguidos. No ensino de idiomas, o governo do Rio de Janeiro aumentou o número de anos de aprendizado obrigatório do inglês e do espanhol, já se preparando para os eventos esportivos de 2014 e 2016. Também com foco nestes eventos, o Sindicato dos Autônomos de São Paulo ensina línguas para seus associados (como taxistas).

CHINA

3,2

REINO UNIDO

FRANÇA

Também existem iniciativas públicas e privadas para a melhoria do ensino superior e profissionalizante. Em São Paulo, o Centro Paula Souza, do governo estadual, conta com mais de 199 mil alunos em ensino técnico, constituindo uma referência para alinhamento entre formação e necessidades do mercado. O governo federal também atua para ampliar a oferta de vagas em escolas públicas nos ensinos técnico e superior por meio da abertura de novas escolas e também concedendo bolsas para alunos em escolas particulares por intermédio dos programas PRONATEC, no ensino técnico, e PROUNI, no ensino superior (veja Quadro C). Na iniciativa privada, por exemplo, as empresas Totvs, brasileira, e Infosys, indiana, também mostram esforços de aproximação com a academia por meio da contribuição com aulas e estrutura de formação superior – as empresas enxergam a oportunidade de formar pessoas com o conhecimento necessário às suas atividades. Iniciativas como essas devem ser ampliadas para acelerar a formação de pessoas qualificadas necessárias ao polo de negócios brasileiro.

Na internacionalização de estudos, grande parte das universidades e faculdades do País, públicas e privadas, se empenha na realização de parcerias internacionais para a realização de intercâmbios, e o Erasmus, associação internacional de estudantes na Europa, é exemplo de iniciativa que pode promover maior integração internacional de estudantes

Ensino de línguas no Brasil é pouco alinhado às necessidades do mercado

AUSTRÁLIA

6,9 Média do grupo: 2,7

67


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

no Brasil, especialmente na América Latina. Ainda em internacionalização da formação, a AIESEC, organização internacional também presente no Brasil, proporciona a estudantes e recém-formados a oportunidade de trabalhar em países estrangeiros para complementar sua formação. Essas iniciativas, entre outras, mostram um caminho que deve ser intensificado para a consolidação e a excelência do conjunto de talentos brasileiro.

QUADRO C

As contribuições públicas ao avanço brasileiro nos ensinos médio, técnico e superior

O Brasil vive hoje um período ímpar para o aumento de seus ensinos médio, técnico e superior: • O ensino básico está quase universalizado e libera atenções para os ensinos de níveis mais elevados; • O maior nível de instrução dos pais brasileiros contribui para o aumento da consciência sobre a importância do estudo em níveis superiores, mesmo entre as camadas mais pobres da população, o que resulta, por exemplo, em quase 70% dos jovens da classe C já terem nível de escolaridade superior ao de seus pais; • O ensino médio se tornará obrigatório em 2016, o que abre discussões e iniciativas para disponibilizar vagas a todos os jovens brasileiros; • Empresas e governo se conscientizam ainda mais sobre o impacto da falta de talentos qualificados na economia e começam a agir, separadamente e em conjunto, para aumentar a qualificação da PEA brasileira. Em resposta a essa oportunidade apresentada, alguns passos importantes têm sido dados na esfera pública e contribuem com avanços na área: • O governo discute realizar a ampliação do ensino médio, em linha com sua obrigatoriedade em 2016, em um modelo conjugado ao ensino técnico. Para esse objetivo, deve contar tanto com ampliação de sua rede de escolas técnicas, quanto com as ações das entidades privadas do chamado “Sistema S*”, com foco nos segmentos que as mantêm; • O Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (PRONATEC) foi anunciado no início de 2011 pelo governo federal e concederá bolsas e financiamento em escolas privadas a alunos do ensino técnico com menores condições financeiras; • O Programa Universidade para Todos (PROUNI) foi criado pelo governo federal em 2004 e fornece bolsas integrais e parciais em escolas particulares de ensino superior a alunos com renda per capita familiar inferior a três salários mínimos. O programa foi responsável por mais de 164 mil bolsas no primeiro semestre de 2010. Os avanços realizados por essas iniciativas públicas indicam a direção do caminho a ser seguido para o aumento dos ensinos médio, técnico e superior no Brasil, mas não são suficientes. O caminho iniciado deve ser ampliado e intensificado. * Organizações privadas constituídas pelos setores produtivos (indústria, comércio, serviços e outros) para qualificar seus trabalhadores, entre outras funções. São elas: SENAI, SENAC, SESC, SENAR, SENAT, SEST, SEBRAE e SESCOOP.

Circulação de talentos A circulação de talentos envolve a entrada de profissionais estrangeiros no País e a saída de talentos brasileiros para atuar no exterior, movimentos que devem se tornar cada vez mais intensos com a expansão da globalização e a escassez de talentos nas grandes eco-

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Tendo historicamente uma visão protecionista da mão de obra local, o Brasil não possui bom desempenho na gestão da circulação de pessoas, um dos elementos-chave para a formação de um forte conjunto de talentos. Faz-se então necessário o início de esforços nacionais em direção a ganhos nessa área.

nomias mundiais. Ambos os movimentos, chamados também de brain gain e brain drain, respectivamente, geram ganhos e perdas ao País, mas, se bem geridos, podem resultar em um saldo bastante positivo. O tema da entrada de profissionais internacionais no Brasil geralmente traz a preconcepção negativa de se ocupar com estrangeiros as vagas que poderiam ser preenchidas por brasileiros. Entretanto, esse ingresso pode ser utilizado para trazer pessoas de qualificação não existente no País no curto prazo, ou seja, para suprir lacunas temporárias de oferta. A entrada de estrangeiros no Brasil também traz ganhos em termos de aumento do conhecimento técnico nacional em novos assuntos e em aspectos de internacionalização, além de contribuir para a imagem brasileira no exterior. A saída de talentos do Brasil para trabalhar no exterior significa a redução da disponibilidade de mão de obra qualificada no País, movimento muitas vezes inevitável. O Brasil pode, no entanto, geri-lo para diminuir seu impacto, ao criar uma economia atraente para talentos nacionais e ao assegurar a captura de seus benefícios. Brasileiros expatriados podem voltar ao País trazendo conhecimento e recursos que contribuem para o desenvolvimento doméstico, assim como para o fortalecimento da imagem nacional no exterior. O Brasil não está bem posicionado na atração de talentos internacionais e nem na gestão de talentos brasileiros que vivem no exterior. Leis e a própria imagem do País não contribuem para o ingresso de estrangeiros – a legislação brasileira de vistos é complexa e o processo para obtenção de documentos é longo e oneroso, fazendo com que as empresas nacionais tenham que manter vagas em aberto por muito tempo por não encontrarem recursos internos e não poderem trazer os internacionais. A atração de talentos internacionais não é, portanto, usada pelo governo brasileiro de forma eficaz como ferramenta para a formação de um conjunto nacional de talentos. Apesar de estar mal colocado em atração de talentos, o Brasil começa a realizar avanços ao se projetar como potencial destino para profissionais de pesquisas e desenvolvimento, por exemplo. As vantagens de financiamento de pesquisas e a liderança do País em alguns tópicos específicos, como medicina tropical, bioenergia e biologia vegetal, têm atraído pesquisadores internacionais. Seguindo essa tendência, grandes empresas, como a General Electric, a IBM e a L’Oreal, estão construindo centros de pesquisa e desenvolvimento no País. O Brasil também não desempenha bem na gestão de seus expatriados, os quais somam mais de 3 milhões. Não existe uma rede organizada de manutenção de contato com expatriados para manter seu vínculo com o País e, dessa forma, elevar a probabilidade de volta e de envio de investimentos. Países como Austrália, Canadá e Reino Unido mostram exemplos de ações de sucesso de atração de talentos de forma estratégica para a formação do conjunto nacional de talentos. A Austrália, por exemplo, conta com programas de atração e emissão facilitada de vistos para os tipos de profissionais que estejam em falta no país, sendo a lista de trabalhadores necessários atualizada constantemente e acessível para o público. O Canadá e o Reino Unido adotaram um sistema de pontuação para concessão de vistos de trabalho, o qual balanceia suas necessidades à especialização dos imigrantes. No caso do Brasil, seria necessário mapear as deficiências de curto prazo, simplificar o processo de imigração para os tipos de profissionais em falta e estruturar iniciativas de atração dos mesmos de forma proativa. No caso da gestão do brain drain, o Brasil poderia evoluir ao seguir exemplos como os de Índia e Chile, que mantêm redes de contatos oficiais com seus expatriados, já tendo verificado resultados positivos de retorno de pessoas e de ingresso de investimentos advindos delas.

Indicadores

A VANTAGEM DEMOGRÁFICA NÃO ANULA OPORTUNIDADES DE MELHORIA NA FORMAÇÃO DE PESSOAS E NA CIRCULAÇÃO DE TALENTOS PARA TRANSFORMAR O POTENCIAL DE HOJE EM GANHOS REAIS PARA A NAÇÃO

As dimensões definidas para avaliar o pilar de talentos e capital humano foram: • Contingente demográfico: Mede a projeção de disponibilidade da população economicamente ativa (PEA) em comparação à projeção de demanda de trabalhadores em cada país. Este indicador aponta se há matéria-prima humana para constituição de um conjunto de talentos – quanto maior o excesso de crescimento da PEA comparada à demanda de profissionais, melhor para o polo; • Quantidade de ensino básico: Mensura o primeiro nível de qualificação dos talentos de um país, isto é, se todos recebem educação básica; • Qualidade do ensino básico: Apenas obter educação não é suficiente, caso não se tenha qualidade. Portanto, esse indicador procura apontar o nível de qualidade do ensino básico oferecido; • Quantidade de ensino superior: Reflete o nível seguinte da qualificação dos talentos do país por meio da taxa de matrículas no ensino superior; • Alinhamento do ensino superior ao mercado: Indica se o conteúdo do ensino superior, tanto técnico quanto universitário, está sintonizado às demandas profissionais do mercado. Quanto maior o alinhamento, melhor a atratividade do país; • Internacionalização de estudos (idiomas e vivência): Esse indicador mede as duas vertentes do caráter internacional da educação – o intercâmbio educacional entre países e o alinhamento do ensino de idiomas às necessidades do mercado de trabalho. Quanto mais internacionalizada a formação das pessoas, melhor preparado estará o conjunto de talentos do país para atender às necessidades de um polo internacional; • Disponibilidade de gestores e engenheiros de qualidade: Avalia se há um bom número de gestores e engenheiros de qualidade, profissionais demandados por empresas que pensam em se instalar no país; • Intensidade de pesquisa e desenvolvimento: Aponta o quanto de pesquisa e desenvolvimento é feito no país, o que está associado à geração de capital intelectual que, por sua vez, contribui para a atratividade de um polo. Esse indicador é medido pelo número de pessoas desempenhando trabalho de pesquisa e desenvolvimento sobre a população total; • Atratividade do país para talentos internacionais: Mostra a percepção dos empresários de cada país, através de pesquisa, sobre o quão atrativo o próprio país é para profissionais internacionais; • Complexidade de imigração de talentos: Afere a simplicidade ou a dificuldade para entrada de profissionais estrangeiros no país, os quais trazem conhecimento e vivência externos e suprem lacunas temporárias de capacitações específicas no conjunto nacional de talentos; • Gestão da diáspora: Indica se há mecanismos em prática para gerir os cidadãos

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

As dimensões deste pilar apontam a positiva situação do Brasil em disponibilidade de pessoas para seu conjunto de talentos e satisfatória taxa de matrículas para o ensino básico. Ao mesmo tempo, explicita os vários desafios da nação em todas as outras dimensões, dado que o Brasil apresenta classificação geralmente crítica ou a desenvolver.

do país que se encontram em outros lugares do mundo. A gestão da diáspora de um polo é chave, pois os expatriados constituem potenciais talentos que podem retornar à nação ou promover o país de origem nos mercados em que se encontram. O resultado da classificação do Brasil no pilar de talentos e capital humano diante dos outros países pode ser observado a seguir:

Conclusão crítico

1. CONTINGENTE DEMOGRÁFICO

P

a desenvolver

KOR JPN CHN

GBR

bom

DEU RUS

O conjunto de talentos brasileiro, chave para a formação de um polo de negócios, parte de uma vantagem demográfica não existente em outras grandes economias. Há, no entanto, a oportunidade de melhorar a formação de pessoas e a circulação de talentos para transformar o potencial existente hoje em vantagem competitiva real no futuro.

excelente

BRA

MEX

IND

FRA USA

BRA

2.

QUANTIDADE DE ENSINO BÁSICO

3.

QUALIDADE DO ENSINO BÁSICO

4.

QUANTIDADE DE ENSINO SUPERIOR

5.

ALINHAMENTO DO ENSINO SUPERIOR COM O MERCADO

IND

MEX

CHL RUS GBR KOR DEU

HKG

USA

SGP

CHN

FRA JPN

BRA MEX

CHL

FRA

RUS USA

DEU

CHN

KOR JPN

GBR

HKG

SGP

BRA IND

CHN

MEX

DEU

HKG

CHLFRA

RUS

GBR JPN

SGP

KOR

USA

BRA MEX CHN

RUS KOR

CHL JPN

FRA

DEU

IND

USA

SGP

GBR HKG

É possível para o Brasil transformar seu conjunto de talentos em força de atratividade para o polo de negócios. O cumprimento deste objetivo depende do planejamento estratégico de atividades e implementação, envolvendo todos os setores da economia, públicos e privados.

BRA MEX CHL

DE 6. INTERNACIONALIZAÇÃO ESTUDOS (LINGUAS E VIVÊNCIA)

FRA

RUS CHN

JPN

IND

GBR

HKG

DEU

SGP

KOR

USA

As iniciativas necessárias ao País não são inéditas – a grande maioria já existe no Brasil e deve ser aprimorada e ampliada para garantir os efeitos necessários. Uma outra parte, especialmente no campo de circulação de talentos, pode ser estruturada a partir dos exemplos internacionais. Além disso, um tipo de iniciativa hoje ausente no País poderia também aumentar o desempenho do conjunto de talentos brasileiro: seguindo o exemplo do Reino Unido e da Austrália, o Brasil poderia criar um órgão para coordenar todas as atividades e acompanhar o desenvolvimento do conjunto de talentos locais. No Reino Unido, os Sector Skills Councils são organizações público-privadas que cuidam do mapeamento de deficiências de talentos nacionais, presentes e futuros, incentivando e realizando atividades para reduzi-los, formando talentos nacionais na área desejada ou atraindo talentos internacionais para suprir essa necessidade.

BRA

7.

DISPONIBILIDADE DE GESTORES E ENGENHEIROS DE QUALIDADE

8.

INTENSIDADADE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

9.

ATRATIVIDADE DO PAÍS PARA TALENTOS INTERNACIONAIS

CHN RUS

SGP FRA IND CHL

DEU

KOR

HKG

JPN GBR

USA

BRA IND

CHL CHN

GBR

HKG

FRA RUS

DEU SGP

KOR

JPN

BRA MEX

KOR

RUS

DEU

CHN

IND FRA

CHL GBR

JPN

HKG USA

BRA

10.

COMPLEXIDADE DE IMIGRAÇÃO DE TALENTOS

11.

GESTÃO DA DIÁSPORA

RUS

KOR JPN

CHN

GBR

USA

MEX

DEU

FRA

HKG

IND

BRA DEU

CHL RUS

SGP

HKG

IND

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

CHL SGP

GBR

P: INDICADOR BASEADO EM DADOS PROJETADOS.

SGP

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

A CIRCULAÇÃO DE TALENTOS DEVE SER ESTRUTURADA A PARTIR DE EXEMPLOS INTERNACIONAIS. PODE-SE CRIAR UM ÓRGÃO PARA COORDENAR AS ATIVIDADES DESTES E ACOMPANHAR SEU DESENVOLVIMENTO

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ESTE PILAR CONTEMPLA MOBILIDADE URBANA, QUALIDADE DE TRANSPORTE AÉREO, QUALIDADE E CUSTO DE TELECOMUNICAÇÕES, DISPONIBILIDADE ENERGÉTICA E OFERTA DE SERVIÇOS BÁSICOS À POPULAÇÃO URBANA

04

infraestrutura física A relevância de uma infraestrutura física adequada baseia-se em dois fatores principais. Em primeiro lugar, possibilita a realização de investimentos e negócios ao permitir a movimentação de pessoas, bens e informações dentro do polo e entre este e outras localidades, proporcionando segurança e previsibilidade de operações e também podendo gerar economia de tempo e recursos aplicados. Em segundo lugar, por ser um negócio e investimento em si, necessita de financiamento nacional e internacional, emprega pessoas, cria demanda por serviços e gera resultados, tanto financeiros quanto tecnológicos e de empregabilidade.

Uma infraestrutura física desenvolvida é essencial para a formação de um polo. Especificamente no caso brasileiro, dado o momento atual de desenvolvimento do País, investir em infraestrutura é essencial: economistas consideram que dois pontos porcentuais a mais de investimentos em infraestrutura contribuem com cerca de um ponto porcentual a mais na expansão anual do Produto Interno Bruto (veja Diagrama 23).

Depois de volumosos aportes financeiros nos anos 1970, o Brasil reduziu progressivamente o foco em infraestrutura, tendo hoje taxa de investimento suficiente apenas para assegurar a manutenção da estrutura já existente (veja Diagrama 24). Os baixos investimentos nas

DIAGRAMA 23

Investimentos em infraestrutura física aumentam o potencial de crescimento da economia brasileira Infraestrutura tem impacto perceptível no crescimento da economia brasileira

DIAGRAMA 24

Cenários de crescimento da economia brasileira entre 2011 e 20201 variam de acordo com diferentes níveis de investimento em infraestrutura no País.

7

O Brasil manteve baixos níveis de investimentos em infraestrutura nas últimas décadas Investimentos em infraestrutura no Brasil não cresceram com a economia...

CRESCIMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA ENTRE 2011 E 2020 - % a.a.

...e hoje representam apenas o necessário para assegurar manutenção

Investimentos em infraestrutura no Brasil

6

cenário otimista do estudo1

5

cenário base do estudo1

4

% do PIB

Investimentos estimados pelo BNDES para o período de 2010 a 2013 mantêm nível atual, de manutenção

5,4

cenário com nível atual de investimentos

3

Investimentos em infraestrutura no Brasil

% do PIB

6-8

3,6 2,3

2,1

2,0

2,2

Valor dos investimentos em US$B de 20092

2 1

1970s 1980s 1990s 2000s

0

1

2

3

4

5

6

1. Cenários de acordo com previsões do Banco Morgan Stanley. / Fonte: Morgan Stanley’s Paving the Way; press search.

INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA % do PIB BRASILEIRO

7

441

296

216

171

nível mínimo de manutenção

2010-2013 132

nível de crescimento1

1. Estimativa do World Bank para o Brasil atingir o nível da Coreia do Sul, benchmark em infraestrutura. 2. Valores estimados com base no PIB de cada década e na % de investimentos divulgada pelo Banco Morgan Stanley. / Fonte: Morgan Stanley’s Paving the Way; EIU; USDA; análise BCG.

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últimas décadas resultaram na atual deficiência estrutural brasileira, a qual é noticiada frequentemente nos principais veículos de mídia nacionais e internacionais, e que também se reflete em rankings internacionais, como o elaborado pelo The Economist Intelligence Unit, em que o Brasil aparece como 28º colocado entre 59 países (veja Diagrama 25).

QUADRO D

As Concessões e as Parcerias Público-Privadas (PPPs) como meios de viabilização de investimentos na infraestrutura brasileira

A falta de recursos financeiros é um dos fatores que inibe o investimento público em infraestrutura. Assim, alternativas para financiamento e compartilhamento de riscos podem ser consideradas, como, por exemplo, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) (veja Quadro D). Entretanto, para completo aproveitamento desta fonte financiadora, o País precisa melhorar o marco regulatório que trata deste assunto.

As Parcerias Público-Privadas (PPPs) nasceram após as crises do petróleo dos anos 1970, em um contexto de redução da capacidade de financiamento estatal para grandes obras, em especial nos países que se baseavam em um modelo com forte presença estatal, como os europeus e os latino-americanos. Tendo sido adotadas progressivamente em um número cada vez maior de países, entre 1985 e 2010 foram financiados por meio de PPPs, no mundo, 1.867 projetos, equivalentes a US$ 712 bilhões, dos quais US$ 91 bilhões, correspondentes a 274 projetos, aconteceram na América Latina. Nas PPPs, um contrato de concessão temporária dá ao ente privado, em maior ou menor grau, o risco de projetar, construir e elaborar um empreendimento de interesse público, além da responsabilidade de operar o investimento, sendo o Estado responsável por compartilhar as incertezas inerentes à iniciativa e até por garantir um retorno previamente estabelecido. Ao término do contrato de concessão, fica sendo do poder público a posse da estrutura construída.

Apesar dos ainda baixos investimentos e das lacunas atuais na infraestrutura brasileira, o País começa a promover avanços e mostrar maior preocupação com o assunto como, por exemplo, por meio da estruturação de dois planos de investimentos do governo federal, os PACs (Programa de Aceleração do Crescimento). O primeiro PAC investiu entre 2007 e 2010 mais de R$ 440 bilhões em infraestrutura (82% dos investimentos previstos para o período)59, especialmente nas áreas de transporte, energia, saneamento, habitação e recursos hídricos, enquanto o PAC 2, anunciado em 2010, prevê aportes de R$ 959 bilhões até 2014, especialmente em melhorias urbanas, habitação, energia, transportes e serviços básicos, entre outros.

Juntamente com as concessões, modalidade em que o ente público não necessita entrar com valores pecuniários na execução ou no processo de viabilidade da obra, as PPPs são uma alternativa viável para o Brasil, com necessidade crescente de investimentos e claras deficiências em infraestrutura.

59 Fonte: 11º balanço do PAC, dezembro de 2010.

DIAGRAMA 25

Infraestrutura física brasileira classificada em 28º entre 59 países

Ranking de infraestrutura EIU 0 (mín.) a 10 (máx.) - 2010 9,8

9,4

9,4

9,4

9,0

9,0

8,8 8,5

Média do grupo: 7,9

8,5 7,8

11º

11º

16º

20º

22º

23º

27º

28º

30º

ALEMANHA

AUSTRÁLIA

CANADÁ

JAPÃO

REINO UNIDO

HONG KONG

COREIA DO SUL

CHILE

RÚSSIA

ARGENTINA

MÉXICO

BRASIL

COLÔMBIA

5,6

FRANÇA

5,8

5,9

EUA

6,3

6,4

CINGAPURA

6,9

Nota: Colocação brasileira considera países com a mesma performance na mesma colocação. / Fonte: EIU.

Podem ser citados vários casos internacionais de sucesso, tanto de concessões quanto de PPPs, como as rodovias em Portugal, as estradas interurbanas no Chile e os investimentos em água e saneamento na França. No Brasil, as experiências destes modos de contrato também se mostraram bem sucedidas: • O programa de concessões rodoviárias do Estado de São Paulo, iniciado no final da década de 1990, fez com que o Estado tenha nove entre as dez melhores rodovias do País; • As atividades de telecomunicações e de ferrovias no Brasil são quase todas controladas pela iniciativa privada por meio de concessões; • Os terminais operados por atores privados em concessões nos maiores portos brasileiros já movimentam mais de 50% das cargas; • No setor energético, mais da metade da distribuição e mais de 20% da geração de eletricidade são realizadas por meio de concessões; • O Estado de Minas Gerais, além da experiência em concessões rodoviárias, está construindo o primeiro complexo penitenciário a ser gerido pela iniciativa privada, com cerca de 3.000 vagas. O momento atual implica em uma grande oportunidade para o País expandir o número e o escopo das PPPs e das concessões. De um lado, o excesso de liquidez internacional e as baixas taxas de juros nos países desenvolvidos culminam em um grande montante de capital com potencial para ser direcionado ao mercado brasileiro. Por outro lado, países como o Brasil, com demanda interna estruturada e boas condições de crescimento, apresentam potenciais bons destinos para tal capital. Um estudo do BCG mostra que aproximadamente metade das obras de infraestrutura programadas para os próximos anos deve acontecer com participação mista do governo e da iniciativa privada e, além disso, a prática desse tipo de contrato poderia ser expandida para outros setores ainda pouco explorados, como a saúde e a educação. Fonte: 2010 International Survey of Public-Private Partnerships – Public Works Financing; BNDES; pesquisa na mídia; análise BCG.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Dentro do escopo da construção de um polo de negócios no Brasil, as necessidades de infraestrutura podem ser divididas em quatro categorias principais: mobilidade urbana, conectividade logística, telecomunicações e serviços básicos. Estes grupos serão discutidos a seguir, em ordem decrescente de importância para um polo e crescente para o grau de desenvolvimento brasileiro, de acordo com a matriz apresentada no Diagrama 26.

79

DIAGRAMA 27

Rio de Janeiro e São Paulo apresentam lacunas significativas em mobilidade urbana São Paulo e Rio têm grandes problemas de congestionamento... Índice de congestionamento (mín. 0, máx. 100) 100

Mobilidade urbana

100

São Paulo é a cidade com o 6º pior congestionamento no mundo e o Rio de Janeiro é marginalmente melhor • Rio teve média de 95 km de congestionamento diário em 2008, comparado com 114 km1 em São Paulo

97

São Paulo e Rio de Janeiro, as duas principais cidades brasileiras de negócios, apresentam deficiências significativas em mobilidade urbana. O congestionamento enfrentado todos os dias por pessoas que usam as vias públicas colocam São Paulo como sexta pior cidade no mundo em problemas de trânsito, sendo o Rio de Janeiro apenas marginalmente melhor em média de quilômetros de lentidão em horários de pico (veja Diagrama 27).

82

81 75

Este problema de mobilidade urbana é agravado pela baixa disponibilidade de alternativas ao trânsito viário: as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro têm menos da metade da disponibilidade de metrô per capita de cidades com densidades populacionais similares, como Pequim e a Cidade do México (veja Diagrama 27).

52 48 45 38

38 35 30

29

Elementos de infraestrutura física serão abordados de acordo com sua importância para o polo e seu grau de desenvolvimento

MONTREAL

BERLIM

LOS ANGELES

AMSTERDÃ

TORONTO

PARIS

LONDRES

MADRI

MILÃO

HOUSTON

BUENOS AIRES

URBANA

SÃO PAULO

1. MOBILIDADE

NOVA DELHI

2. CONECTIVIDADE LOGÍSTICA

ALTA

JOHANNESBURGO

CRÍTICO DEFICIENTE

CIDADE DO MÉXICO

Análises concentradas nas categorias de maior importância e menor desenvolvimento Importância para um polo de negócios

24

... e baixa disponibilidade de alternativas ao trânsito, como o metrô. DISPONIBILIDADE DE METRÔ km metrô /M pessoas

LONDRES

50 3. TELECOMUNICAÇÕES

4. SERVIÇOS BÁSICOS (ENERGIA, ÁGUA E SANEAMENTO)

30 20 10

BAIXA

Grau de desenvolvimento brasileiro (foco em SP e RJ)

1. Valor calculado como média entre congestionamentos dos picos da manhã e da tarde. Fonte: IBM Traffic Congestion Index; Observatório Nossa São Paulo; Plano Diretor de Transportes Urbanos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Shanghai Municipal Bureau of Statistics; UK Office of National Statistics; Census and Statistics Department, Hong Kong; Seoul Metropolitan Government; Tokyo Metropolitan Government; US Census Bureau; Instituto Nacional de Estatística (INE); Government of the State of Mexico; análise BCG.

40

MUITO IMPORTANTE

ACEITÁVEL

NOVA IORQUE

XANGAI

SEUL

MOSCOU

HONG KONG PEQUIM CIDADE DO MÉXICO

TÓQUIO

RIO DE JANEIRO SÃO PAULO DENSIDADE DA CIDADE mil habitantes / km2

DEFICIENTE Fonte: análise BCG.

05

10

15

20

19

NOVA IORQUE

30

DIAGRAMA 26

PEQUIM

78


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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Conectividade logística

O BRASIL APRESENTA GRANDES GARGALOS. MOBILIDADE URBANA NOS CENTROS DE NEGÓCIOS, CONECTIVIDADE LOGÍSTICA E TELECOMUNICAÇÕES MERECEM ATENÇÃO ESPECIAL PARA GARANTIR O CRESCIMENTO PROJETADO Para atenuar tal situação, as duas cidades possuem planos para melhoria na oferta de vias públicas e de transporte coletivo, projetos que têm sido impulsionados pela realização no Brasil da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Embora importantes, esses planos serão, por si só, provavelmente insuficientes: cidades semelhantes, como Pequim, têm já planejadas obras que criarão uma rede metroviária aproximadamente seis vezes maior do que a prevista para São Paulo em 2015 (veja Diagrama 28).

DIAGRAMA 28

Planos de expansão em São Paulo não reduzirão o déficit comparativo a outras cidades Metrô em São Paulo e seus planos de expansão são menores que os de Pequim

A conectividade logística para o polo de negócios brasileiro, representada aqui por simplificação pelo eixo Rio-São Paulo, considera a conexão entre as cidades do polo e as suas conexões com o restante do mundo. As análises de conectividade logística focarão em quatro tipos principais de vias: aeroviária, rodoviária, portuária e ferroviária:

60 Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão – Antônio Carlos Jobim (GIG), Aeroporto Santos Dumont (SDU), Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos – Governador André Franco Montoro (GRU), Aeroporto de Congonhas/ São Paulo (CGH), Aeroporto Internacional de Viracopos/ Campinas (VCP). 61

SÃO PAULO: 11 M hab. - 1500 km

2

2010 69 km de metrô

Rede de Pequim x Rede de São Paulo

~6 km / M pessoas

PEQUIM: 10 M hab. - 1300 km

2

228 km de metrô

• A conexão aeroviária entre São Paulo e Rio é intensa e feita por meio de cinco principais aeroportos60. Aproximadamente 130 voos diários, de duração média de 45 minutos, ligam as duas cidades, quantidade superior aos quase 70 voos diários que ligam Nova Iorque e Washington, por exemplo. Internacionalmente, uma média de 1.100 voos semanais liga as duas metrópoles brasileiras ao mundo, volume similar ao encontrado em cidades como Chicago, Pequim e Cidade do México. Os aeroportos do Rio e de São Paulo operam, no entanto, com sobrecarga, e as obras planejadas até 2014 podem não ser suficientes para atender ao aumento de demanda esperado, exceto talvez pelo Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (veja Diagrama 29). Além disso, apesar de ser a sétima economia mundial, o Brasil não conta com nenhum aeroporto entre os 100 melhores no mundo61; • São Paulo e Rio de Janeiro têm conexão rodoviária abundante e de qualidade relativamente boa com todas as regiões do País. Apesar de as rodovias na região sofrerem de alguns problemas de manutenção, assim como no restante do Brasil, São Paulo e Rio ocupam o primeiro e o quarto lugares, respectivamente, em qualidade de rodovias brasileiras, sendo os corredores que ligam esses dois Estados aos outros no Brasil considerados sempre bons ou ótimos pela pesquisa CNT62 de Rodovias;

Fonte: Skytrax.

Fonte: Confederação Nacional do Transporte. 62

~22 km / M pessoas

DIAGRAMA 29

Os aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro operam com sobrecarga e as ampliações previstas podem não ser suficientes

x 3,5 Principais aeroportos atualmente já operam acima da capacidade... Capacidade utilizada em número de passageiros anuais - % CUMBICA (SP)

2015 91 km de metrô

~8 km / M pessoas

561 km de metrô

x 6,0

~56 km / M pessoas

5.4

124%

CONGONHAS (SP)

114%

S. DUMONT (RJ)

113%

GALEÃO (RJ)

72%

Capacidade adicional/2014 Capacidade atual Nota: Mapas das linhas de metrô são ilustrativos e não refletem a escala das redes de cada cidade. / Fonte: Estudo BCG sobre infraestrutura.

Demanda estimada em 2014/M2

Três dos quatro principais aeroportos em São Paulo e Rio já operam com sobrecarga

...e melhorias planejadas podem não ser suficientes Capacidade de passageiros em 2014 / milhões

34

CUMBICA (SP)

21

GALEÃO (RJ)

18

CONGONHAS (SP)

12

15

15

35

19 8

26

22

S. DUMONT 3 3 (RJ)

3 15

8

Planos não consideram buffer para horários de pico e não tiveram implementação iniciada ainda1

1. 20% a 40% de capacidade ociosa recomendada para comportar demanda em horas de pico. 2. Demanda total para o Brasil calculada em 191M de passageiros anuais. Quebra de demanda por aeroporto feita de acordo com a quebra atual. A análise não é definitiva e foi feita somente para simular um cenário. / Fonte: IATA; Infraero; Aviation Administration Federation; entrevistas; análise BCG.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

• A conexão portuária de São Paulo e Rio de Janeiro com outras regiões no mundo é feita por meio de nove portos marítimos, incluindo Santos, o maior porto público do Brasil. Esses portos, assim como no restante do País, possuem gargalos de custos e eficiência, mas em 2009 foram responsáveis pela movimentação de 48% dos contêineres no Brasil. Obras planejadas incluem melhoria e expansão dos portos existentes nos próximos anos e a construção de outros como, por exemplo, dois novos portos no Estado do Rio de Janeiro;

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 30

O Brasil apresenta boa base de telecomunicações com oportunidades claras para melhorar Cobertura 3G ainda precisa ser ampliada no Brasil

HONG KONG ÍNDIA

SP

3G Outras

Serviços básicos O Brasil viveu racionamento de eletricidade e apagões entre 2000 e 2002 por falta de planejamento energético: a ausência de investimentos e o período de secas agudas da época provocaram insuficiência de geração. A experiência negativa fez com que o País focasse mais esforços no planejamento, refletidos em leilões e construções de novos projetos de geração de energia hidroelétrica e termoelétrica.

0,1

ALEMANHA

0,2

CHINA

0,3

CINGAPURA

0,3

RÚSSIA

0,4

Velocidade de conexão realizada é inferior à vendida pelas operadoras

1.024 Velocidade vendida pelas operadoras

Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro têm território 100% coberto por serviços de telefonia fixa e telefonia móvel, com pequenas lacunas para a plena cobertura de internet de banda larga em regiões mais interioranas. As verdadeiras lacunas de telecomunicações nos dois Estados referem-se à cobertura móvel de dados, especialmente para tecnologias como a internet 3G, que hoje está concentrada em grandes regiões urbanas, à qualidade dos sinais móveis disponíveis e aos preços cobrados dos usuários, posicionados entre os mais elevados do mundo (veja Diagrama 30). As operadoras brasileiras continuam com planos de extensão da cobertura de novas tecnologias. Diante desses planos, é necessário que os órgãos reguladores acompanhem esse movimento para assegurar que este não ocorra em detrimento da diminuição da qualidade e da velocidade dos serviços existentes, por exemplo. Paralelamente, o aumento da concorrência, com atenção do órgão regulador, deve ter efeitos de redução do custo repassado ao consumidor.

0,0

RJ

Velocidade de dados experimentada - kbps

Telecomunicações

Custo de telefonia móvel no País é superior à média global Custo de uma ligação de 3 minutos local em horário de pico, US$, 2008

• A rede ferroviária brasileira tem extensão e cobertura limitadas, com densidade sete vezes menor do que a registrada nos Estados Unidos. A pouca extensão das ferrovias brasileiras e seus planos de ampliação estão concentrados nos dois Estados, mas isso não é suficiente para colocá-los em posição de estar bem conectados por esta via. A construção de um trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro está sendo debatida e, se aprovada, adicionará uma camada relevante de conexão dentro do polo, mas ainda não solucionará a falta de conexão do mesmo com o restante do País. Em resumo, a conexão logística disponível para o polo brasileiro, especificamente focando em São Paulo e Rio de Janeiro, apresenta gargalos relevantes. Existem iniciativas projetadas para a solução parcial destes problemas, mas, para que se garanta o sucesso destas iniciativas, se faz necessário um plano estratégico de longo prazo para a infraestrutura logística do País. Além disso, o acompanhamento das obras já planejadas é importante para assegurar que a execução seja realizada nos prazos e com as especificações necessárias.

83

AUSTRÁLIA

0,5

CHILE

0,5

EUA

557

546

318 216

SÃO PAULO

RIO DE JANEIRO

Download

0,8

ARGENTINA

0,9

MÉXICO

0,9

COREIA DO SUL

1,0

REINO UNIDO

1,1

CANADÁ

1,1

BRASIL

2,1 24

FRANÇA

2,4

Upload

JAPÃO Fonte: Atlas Brasileiro de Telecomunicações; ITU; Revista Info; análise BCG.

2,6 0,7


84

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

A oferta de serviços básicos, como o acesso à água e ao saneamento, é satisfatória nas áreas urbanas brasileiras, estando o País em nível similar ao de nações desenvolvidas em cobertura quantitativa, como mostram os dados divulgados pelo Banco Mundial (veja Diagrama 31).

DIAGRAMA 31

O acesso à água e ao saneamento no Brasil tem nível semelhante a benchmarks

Acesso às fontes de água ÍNDIA

96

MÉXICO

96

Acesso ao saneamento 54 90

ARGENTINA

98

CHINA

98

RÚSSIA

98

BRASIL

99

CHILE

99

98

ALEMANHA

100

100

AUSTRÁLIA

100

100

CANADÁ

100

100

CINGAPURA

100

100

COREIA DO SUL

100

100

USA

100

100

FRANÇA

100

100

JAPÃO

100

100

100

100

REINO UNIDO

% da população urbana

91 58 93 87

Fonte: IMD.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Indicadores Foram também definidas dimensões para avaliar o pilar de infraestrutura física:

A ATENÇÃO ÀS INICIATIVAS NAS ESFERAS PÚBLICA E PRIVADA PARA MELHORAR A INFRAESTRUTURA FÍSICA PODE GARANTIR SUA EXECUÇÃO NO TEMPO E COM A QUALIDADE ESPERADOS

• Mobilidade urbana: Mede a disponibilidade de opções de transporte nas metrópoles de um país através da disponibilidade de metrô combinada com a criticidade do trânsito; • Qualidade de transporte aéreo: Mensura a qualidade do transporte aéreo em um país de acordo com opiniões de executivos; • Qualidade e custo de telecomunicações: Telecomunicações são chave para a formação de um polo de negócios, especialmente no setor de serviços. O indicador identifica o nível evolutivo das telecomunicações no país por meio da conjugação de qualidade e custos; • Disponibilidade energética: A disponibilidade presente e futura, medida por meio de opiniões de executivos em cada país; • Oferta de serviços básicos à população urbana: A oferta de serviços básicos em um polo define parte da qualidade de vida e também é indicador do nível de desenvolvimento do país e de seu mercado consumidor.

Neste pilar, o Brasil tem posição positiva na oferta de serviços básicos aos habitantes urbanos, mas deixa a desejar nas demais dimensões. A pobre infraestrutura de transportes é representada nas notas baixas da mobilidade urbana e na qualidade do transporte aéreo. Além disso, as telecomunicações têm avaliação ruim e a disponibilidade energética ainda precisa ser mais desenvolvida.

O resultado da classificação do Brasil no pilar de infraestrutura física diante dos outros países pode ser observado a seguir:

crítico

BRA

a desenvolver

IND

1. MOBILIDADE URBANA

FRA RUS

MEX

bom

excelente

DEU

GBR

Conclusão USA

CHN

BRA

2.

QUALIDADE DE TRANSPORTE AÉREO

3.

QUALIDADE E CUSTO DE TELECOMUNICAÇÕES

4.

DISPONIBILIDADE ENERGÉTICA

5.

OFERTA DE SERVIÇOS BÁSICOS À POPULAÇÃO URBANA

RUS

CHN

IND

MEX

GBR USA CHL

JPN

KOR FRA

DEU

HKG SGP

BRA MEX

RUS

CHN IND GBR CHL

FRA JPN KOR USA

DEU

SGP

HKG

BRA MEX

GBR

CHN

KOR

CHL

JPN DEU

FRA

HKG

SGP

RUS

CHL

KOR SGP GBR USA JPN FRA DEU

RUS USA

IND

BRA IND

CHN MEX

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

Por insuficiência de investimentos nas últimas décadas, o Brasil cultivou grandes gargalos de infraestrutura física, em todos os elementos importantes para um polo de negócios. Mobilidade urbana, especialmente nos grandes centros de negócios, conectividade logística e telecomunicações merecem atenção especial para garantir que o crescimento projetado para a economia se realize e, principalmente, para assegurar que o País seja atrativo como polo regional. Felizmente, existem iniciativas e planos nas esferas pública e privada para melhorar cada um destes elementos, sendo as parcerias público-privadas e os programas de concessões públicas para agentes privados exemplos de sucesso para investimentos na área. O acompanhamento de perto dessas iniciativas pode garantir a execução no tempo e com a qualidade esperados. Em alguns casos específicos, como os de mobilidade urbana e de aeroportos, é necessário também garantir que os planos de melhoria sejam mais adequadamente dimensionados, de modo a assegurar um alinhamento com a demanda prevista para o longo prazo.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

05

infraestrutura financeira Uma infraestrutura financeira forte é vital para a atratividade do país e para a formação de um polo internacional de investimento e negócios. Pelos efeitos diretos e indiretos, os diversos segmentos do sistema financeiro – bancos comerciais e de investimentos, mercado de capitais, seguros e asset management – podem fortalecer a atratividade do polo internacional e da região em que ele se encontra. Os objetivos básicos do sistema financeiro, ou seja, o financiamento da economia como um todo e a alocação eficiente de riscos entre os diversos participantes do mercado, estão intrinsecamente ligados à atratividade do país, sendo benefícios diretos da infraestrutura financeira para o polo brasileiro. Seja por intermédio do sistema bancário provendo crédito, do mercado de capitais viabilizando o financiamento com a emissão de papéis e a gestão de riscos nos mercados de derivativos, seja do mercado de seguros mitigando os riscos operacionais, esses efeitos diretos são vitais para que a economia do país e da região se desenvolvam. Mais do que isso, ao oferecer estes serviços de modo amplo e eficiente, o setor de serviços financeiros ajuda a atrair empresas e investidores para o país, catalisando o estabelecimento do polo de investimentos e negócios internacional. As vantagens de uma infraestrutura financeira forte também incluem diversos benefícios indiretos. Um sistema financeiro robusto constitui um importante gerador de empregos, crescimento e tributos para o país. Além disso, a sofisticação e o alto nível de especialização demandados pelas empresas de serviços financeiros promovem tanto o desenvolvimento de profissionais de alto nível, quanto a criação e a expansão de negócios de serviços profissionais ligados ao sistema, também altamente especializados, como auditoria, advocacia, tecnologia da informação e consultoria.

“[A ideia de que] o mercado financeiro contribui para o crescimento econômico é óbvia demais para que seja discutida seriamente” Dr. Merton Miller, Prêmio Nobel de Economia

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DIAGRAMA 32

O Brasil parte de uma posição concreta de destaque no pilar de infraestrutura financeira. A regulação do sistema financeiro brasileiro é reconhecida internacionalmente: a solidez da regulação como um todo supera a de polos tradicionais como os Estados Unidos e a Inglaterra em rankings de competitividade como os elaborados pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) e pelo IMD, e a regulação e a supervisão de segmentos específicos, como o de derivativos – com negociação e registro centralizados – são referência para outros países (veja Quadro E). Aliado a isso, o sistema financeiro do Brasil é também forte e rentável, já sendo destaque no mundo (veja Diagrama 32).

O Brasil já conta com um sistema financeiro forte e rentável, com destaque global

Bancos rentáveis, com 2º maior retorno aos acionistas do mundo1 nos últimos 5 anos TSR2 2005-2009 a.a. (%)

RÚSSIA

38,8

BRASIL

QUADRO E

27,2

COLÔMBIA

24,9

O Brasil como referência em solidez de organização e regulação do mercado financeiro ÍNDIA

Ouve-se muito no mercado que o Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise financeira e um dos primeiros a sair. Tal feito tem muito a ver com a solidez macroeconômica do País, mas também se deve à solidez da organização e da regulação do seu mercado financeiro. Desde o início de sua estruturação, o mercado financeiro brasileiro vem seguindo regras que tentam encontrar o balanço adequando entre a segurança e a flexibilidade de suas operações, tendo encontrado um ponto de equilíbrio com poucos paralelos no mundo e tendo sido usado como modelo de referência por outros países. Alguns exemplos de regulação de referência do Brasil são: • Operações financeiras são registradas em nome do beneficiário final e não do intermediário, o que garante a segurança do primeiro em caso de insolvência do segundo; • Fundos de investimentos são obrigados a divulgar suas posições aos órgãos reguladores no prazo máximo de três meses. Tal regulação garante que esquemas fraudulentos de pirâmide, como o caso Madoff, não sejam possíveis no País; • A internalização de ordens é proibida, garantindo maior liquidez no mercado central e o reflexo mais acurado do preço real dos ativos; • Todas as operações de derivativos no Brasil são registradas em um ambiente comum, a Central de Exposição de Derivativos (CED), controlada pela Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), o que permite que os agentes financeiros tenham acesso à posição das empresas em derivativos, mediante a autorização destas, antes de fechar operações, evitando assim a superexposição. Países como os Estados Unidos e Reino Unido vêm tentando criar sistemas parecidos, mas que ainda estão em fase de desenho ou desenvolvimento; • A transferência de recursos para liquidação de operações no Brasil está protegida do risco de insolvência dos intermediários: é feita em moeda de reserva bancária, no Banco Central (settlement in central bank line), e os valores envolvidos, incluindo garantias, quando ainda em mãos dos intermediários, não entram em eventual massa falida; • Todas as operações em bolsa no Brasil têm contraparte central, o que garante a segurança da transação aos envolvidos; • O País já exige de seus bancos o nível mínimo de Índice de Basileia de 11%, superior aos 8% exigidos internacionalmente. Além disso, o Banco Central do Brasil sinalizou a antecipação da implantação do Acordo de Basileia III, o qual aumenta o nível do índice para 13%, para o final de 2011, dois anos antes da exigência internacional da conversão.

23,9

INDONÉSIA

Mercado de ações com maior retorno desde 2004 entre principais economias

21,0

CHINA

Variação no valor do mercado de ações3

19,2

CHILE

12,7

CINGAPURA

12,5

índice 2004=100

400 BRASIL

MÉXICO

8,8

300 HONG KONG

CHINA

3,7

ÍNDIA -1,5

-3,8

-14,5

FRANÇA

200

MÉXICO RÚSSIA

ALEMANHA

-6,3

REINO UNIDO

-7,1

ESTADOS UNIDOS JAPÃO

Países em desenvolvimento

ESTADOS UNIDOS JAPÃO

100

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Países desenvolvidos

1. Entre principais sistemas bancários do mundo avaliados na pesquisa Creating Value in Banking. 2. TSR: Total Shareholder Return é composto por ganhos de capital e dividendos. 3. Em US$. Nota: Todos TSRs calculados em moeda local. / Fonte: Relatório BCG Creating Value in Banking de 2010; EIU; BIS; World Bank; Standard & Poor’s; World Federation of Exchanges.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

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DIAGRAMA 33

Partindo de patamar elevado, será abordada aqui uma análise mais detalhada das fortalezas já existentes e das oportunidades de continuidade de melhorias para benefícios diretos e indiretos da infraestrutura financeira para o Brasil como polo de investimentos e negócios.

Benefícios diretos da infraestrutura financeira para um polo

O financiamento para as empresas se expandiu significativamente no Brasil nos últimos anos Crédito PJ vem crescendo significativamente no Brasil Estoque de crédito PJ no Brasil (R$B reais1)

Debêntures também crescendo, porém com ritmo mais lento Estoque de debêntures no Brasil (R$B reais1)

+16%

Os benefícios diretos da infraestrutura financeira foram divididos em dois blocos principais: o financiamento da economia e a alocação eficiente de riscos.

Analisando especificamente o financiamento para as empresas, fundamental para a materialização de um polo internacional por meio da atração de negócios para o país e para a região, observa-se grande evolução brasileira nos últimos anos (veja Diagrama 33). Tanto o crédito bancário, com grande participação de linhas direcionadas do BNDES, quanto a capitalização das empresas listadas em bolsa, cresceram a taxas superiores a 15% ao ano em termos reais desde 2004, mais do que dobrando no período. A principal exceção é o mercado de títulos da dívida privada no Brasil, que, com um crescimento de cerca de 5% ao ano e um estoque inferior a R$ 20 bilhões, continua sendo uma via de financiamento pouco utilizada pelas empresas. Esse crescimento é certamente valioso e salutar. Porém, quando se compara a disponibilidade de financiamento no Brasil com a de algumas das principais economias do mundo, observa-se que é vital que esta expansão continue para que o mercado brasileiro atinja um nível compatível com o de referências globais (veja Diagrama 34). O governo já vem tomando iniciativas para estimular a expansão do financiamento para empresas, como o pacote de medidas para “desenvolvimento e modernização financeira” anunciado em dezembro de 2010. Estas medidas visam estimular principalmente o financiamento de infraestrutura, incluindo as Sociedades de Propósito Específico (SPEs), que investem neste segmento, e o mercado de debêntures por intermédio de medidas de desoneração e ampliação da liquidez. A necessidade de aumento dos recursos disponíveis se faz ainda mais importante quando é considerada a maior demanda de crédito advinda de programas como os PACs (Programa de Aceleração do Crescimento) e a exploração do petróleo na camada pré-sal, os quais contribuirão para que a necessidade por crédito no período de 2010 a 2013 seja aproximadamente 70% maior do que o montante contratado entre 2005 e 2008. É necessário, portanto, continuar a ampliação e o refinamento das medidas para a evolução das três vias de financiamento, de forma a favorecer a expansão e os investimentos de todas as empresas que queiram buscar recursos no Brasil, sempre mantendo níveis de risco controlados. • Crédito bancário: Duas das principais barreiras para a expansão do crédito bancário são os prazos relativamente curtos e os fatores estruturais que elevam os spreads do

354

464

407

2674

768

+17%

Financiamento da economia Quando se pensa nos benefícios que o sistema financeiro pode trazer para um país, o financiamento dos investimentos e do consumo é frequentemente o primeiro ponto mencionado. No caso brasileiro, especialmente, o financiamento é hoje um tema em destaque, tanto pelo histórico recente de forte expansão do mercado de ações e de crédito, especialmente ao consumo, quanto pela grande necessidade de investimentos ligada às projeções de enorme expansão econômica sustentada.

Valor da Bolsa também cresce rápido apesar da crise em 2008 Valor de mercado das empresas listadas na BM&FBovespa (R$B reais1)

674 543

2335

37%

+6%

30%

32%

13

35%

37%

14

14

15

15

1797

17 1106

1363

1351

38% 62%

63%

2004

2005 2006

65%

Crédito livre

68%

70%

63%

2007 2008 2009

2004

2005 2006 2007 2008 2009

2004

2005 2006 2007 2008 2009

Crédito direcionado (BNDES)

1. Valores base de dezembro de 2009, ajustados pelo IGPM. / Fonte: Bacen; EIU.

DIAGRAMA 34

As diversas modalidades de financiamento para empresas no Brasil ainda ficam abaixo de benchmarks mundiais

Estoque de crédito PJ/PIB COREIA

Estoque de debêntures/PIB 126%

USA

77% 45%

ÍNDIA FRANÇA

40%

COREIA

40%

USA

20%

Valor das empresas listadas/PIB (2009) REINO UNIDO

129%

USA

106%

FRANÇA

11%

CHINA

101%

ALEMANHA

10%

COREIA

101%

ÍNDIA

ALEMANHA

33%

CHINA

REINO UNIDO

32%

ÍNDIA

2%

FRANÇA

74%

REINO UNIDO

1%

BRASIL

74%

BRASIL

1%

ALEMANHA

BRASIL CHINA

24% 1%

7%

90%

39%

Nota: Dado mais recente disponível por país (2009 para debêntures e ações, 2008 para países além do Brasil em crédito PJ). / Fonte: Bacen; BIS; World Bank; Bancos centrais e outras instituições dos países individuais; EIU.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

mercado junto com a alta taxa básica de juros (veja Diagrama 35). O pacote de medidas para “desenvolvimento e modernização financeira” deu um passo certo para promover o crédito com prazos mais estendidos ao estimular a captação de longo prazo regulamentando e estimulando a oferta pública de letras financeiras dos bancos. Outra ação importante é o cadastro de crédito positivo, que deve viabilizar a correta mensuração da inadimplência e, portanto, a diminuição do spread cobrado de bons pagadores. Estes importantes passos não serão, no entanto, suficientes para equacionar toda a questão do crédito para empresas no Brasil. Além de acompanhar o impacto e a efetividade destas medidas, realizando refinamentos e ajustes quando necessários, é preciso seguir o debate sobre novas maneiras para estimular o crédito de longo prazo no Brasil, como, por exemplo, medidas para desoneração da captação e dos créditos com prazos alongados;

• Ações: O valor do mercado acionário brasileiro corresponde a aproximadamente 75% do PIB do País e já se encontra em um patamar próximo ao de alguns países desenvolvidos, como a França. Existem, ainda assim, oportunidades para fortalecer os diversos segmentos deste mercado de forma a aumentar a projeção e a contribuição para que o polo brasileiro se forme. A negociação de ações de pequenas empresas, por exemplo, pode ser aumentada, estando hoje ainda em volume inferior do que em outros países

• Debêntures: Conforme visto no Diagrama 34, o mercado de debêntures no Brasil ainda é incipiente. É necessário um programa organizado de longo prazo, com esforço continuado dos reguladores e da iniciativa privada para garantir que debêntures tenham um processo de emissão simples e eficiente, uma maior base de investidores e emissores e um mercado secundário dotado de liquidez. Várias das medidas recentemente anunciadas pelo governo vêm nessa direção: a redução da tributação sobre os mercados secundários, assim como a criação do fundo de liquidez com parte dos depósitos compulsórios (veja Quadro F).

QUADRO F

O caso do incentivo à liquidez do mercado secundário de títulos de dívida privada no Brasil

No final de dezembro de 2010, foi adotada no Brasil uma Medida Provisória (MP nº 517) que marca um importante passo em direção ao aumento da liquidez do mercado secundário de títulos de dívida privada. A MP contribui para diminuir os obstáculos regulatórios à liquidez do mercado secundário de títulos privados por meio das seguintes principais ações:

DIAGRAMA 35

Prazos e fatores estruturais dos spreads limitam crédito Composição do crédito PJ por duração1,2 1% 10%

55%

35%

>2 anos Outras 1-2 anos

Capital de giro (~16 meses)

Composição do spread no Brasil3

27%

Resíduo líquido (lucro)

22%

Impostos e compulsório

37%

Inadimplência

14%

Custos Administração

< 1 ano

dezembro/2009

2007

1. Dezembro de 2009. Apenas operações crédito com recursos livres referenciais para taxa de juros . Não inclui BNDES, leasing, etc. 2. <1 ano: Conta garantida, vendor, desconto de duplicatas, ACC e outras; 1-2 anos: Repasses externos, financiamento de importações, aquisição de bens (e giro); >2 anos: Financiamento imobiliário . 3. Conforme estudo do Bacen (2007). Estudo não separa PF e PJ. / Fonte: Bacen.

• Extinguiu a bitributação dos cupons pagos semestralmente por debêntures; • Reduziu a zero a alíquota do Imposto de Renda sobre os rendimentos de investidores estrangeiros que aplicarem em papéis privados no Brasil; • Isentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 30 dias sobre operações com títulos da dívida privada; • Autorizou a recompra de debêntures pelo emissor por valor superior ao de face em caso de valorização; • Aceitou emissões concomitantes de debêntures por um mesmo emissor para o aproveitamento de eventuais janelas de oportunidade; • Permitiu a fungibilidade de títulos de diferentes emissões e características semelhantes de um mesmo emissor; • Admitiu que títulos de dívida privada recebam correção monetária em periodicidade igual à estipulada para o pagamento periódico de juros, ainda que inferior a um ano; • Consentiu a emissão de títulos com valor superior ao capital social do emissor. As mudanças realizadas por esta MP retiraram grande parte dos obstáculos regulatórios à liquidez. Ainda assim, outros aspectos podem continuar inibindo emissões de debêntures: • Macroeconômico: Juros altos continuam a reduzir a atratividade de títulos de dívida privada em comparação aos da dívida pública, pois o spread advindo do risco do emissor compõe proporção bem menor dos juros totais a serem recebidos pelo investidor; • Práticas de mercado: Cultura de baixo uso destes instrumentos pelos emissores, intermediários e investidores, e corriqueiro uso de cláusulas de underwritting, que acabam influenciando o preço final dos papéis.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

(veja Diagrama 36). Nesse sentido, a iniciativa “Bovespa Mais” da BM&FBOVESPA, que criou em 2007 um mercado de balcão organizado para negociação de papéis de pequenas empresas, pode ser seguida por um movimento ainda mais amplo de simplificação e desoneração da abertura e da negociação de papéis nesse segmento. Adicionalmente, a listagem de papéis de transnacionais de origem estrangeira, dos mais diversos segmentos, a exemplo do IPO realizado pelo banco Santander no Brasil (o maior IPO do mundo em 2009), é outro caminho a ser explorado para ampliar o tamanho, a liquidez e a capacidade de atração de investidores do mercado de ações brasileiro.

DIAGRAMA 37

Os bancos brasileiros realizam pouca captação no exterior comparado com padrão de outros países Captação externas/ativos locais dos bancos por país (% 2009) %

220

200

Para assegurar o financiamento adequado da economia brasileira, será necessário, no entanto, mais do que reforçar o acesso aos recursos disponíveis internamente no País por causa de sua baixa taxa de poupança interna. Torna-se vital, portanto, que o Brasil passe a ter maior acesso aos capitais internacionais. Entretanto, os bancos nacionais ainda possuem baixo volume de captação no exterior (veja Diagrama 37). Nos mercados de ações, as grandes empresas brasileiras já contam com um elevado nível de acesso aos mercados internacionais. Isso se dá, porém, com a negociação de seus papéis no exterior (veja Diagrama 37), principalmente em Nova Iorque por meio da emissão de ADRs63, canal este que não contribui para o aumento da liquidez do mercado de ações brasileiro, deixando de beneficiar as companhias que estão listadas apenas localmente. Essa realidade se repete em todos os principais mercados da América Latina

120

201%

121%

59%

60

53%

40 26%

22%

20 63

20% 9%

American Depository Receipts.

CINGAPURA REINO UNIDO Países em desenvolvimento

HONG KONG

FRANÇA ALEMANHA ESTADOS UNIDOS

COREIA DO SUL

CHILE

8%

8%

JAPÃO

ÍNDIA

6%

4%

MÉXICO

BRASIL

Países desenvolvidos

1. Valor total de passivos no exterior / Valor total dos passivos do sistema bancário (incluindo PL, funding de varejo e outros). 2. Dado informado para México varia entre fontes. 35,9% calculado com ativos pelo EIU, outras fontes indicam alto percentual, variando entre 25%-35%. / Fonte: Austin Asis; Bank for International Settlements; EIU; análise BCG.

DIAGRAMA 36

Poucas pequenas empresas estão na bolsa brasileira % das empresas listadas por faixa de market cap1 % do número de empresas

78 Bolsa buscando atrair empresas de menor porte com iniciativas como o “Bovespa Mais”.

45

Alavancas de alocação eficiente de riscos

37 18

16 5 <500M Londres

500M-5B São Paulo

(veja Diagrama 38), o que sugere que medidas de pooling da liquidez dos mercados latinos, como a aliança em andamento entre as bolsas do Peru, do Chile e da Colômbia, podem ajudar a atrair para mercados da região parte da liquidez de suas empresas que hoje fica em Nova Iorque e em outros polos internacionais.

>5B

faixas de market cap (US$) 1. Dados na primeira semana de novembro/2010. Fonte: Bloomberg; análise BCG.

Além do financiamento da economia, a alocação eficiente dos riscos dos diversos setores da economia é também viabilizada por um sistema financeiro forte. Os exemplos de riscos que podem ser dirimidos são diversos: um exportador pode reduzir o impacto da variação cambial em suas receitas, uma empreiteira pode realizar um seguro para a construção de uma obra de infraestrutura, um produtor rural pode diminuir o risco de variação de preço de sua produção ou uma empresa de transportes pode segurar sua frota e carga contra acidentes e furtos. Portanto, os mais diversos riscos operacionais podem ser mitigados por meio do uso diligente do mercado de derivativos ou seguros.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 38

Empresas latinas “exportam” a liquidez de seus mercados

% do volume negociado de ações no mercado de origem versus mercados externos por país de origem da empresa (2010)1 86%

83%

64%

60%

No mercado de derivativos, o Brasil possui uma participação em commodities e índices ainda baixa quando comparada com padrões globais no volume de papéis negociados (veja Diagrama 39). Existe, então, uma oportunidade para expandir esses segmentos, especialmente o de commodities, dado o grande volume da produção brasileira (entre 20% e 30% da produção mundial de soja, açúcar e café, por exemplo) e a não existência de mercados de derivativos significativos que permitam seus produtores, especialmente os pequenos, realizarem hedging localmente de maneira simples e eficiente. Medidas específicas para fortalecer o mercado de derivativos podem ajudar as empresas e os produtores rurais brasileiros a gerirem riscos de maneira mais eficiente, viabilizando também a redução do custo de financiamento da produção. O mercado de seguros brasileiros também apresenta oportunidades, sendo ainda subpenetrado e tendo potencial de até duplicar para atingir o padrão global (veja Diagrama 40). Em especial, o mercado de resseguros deve enfrentar um momento importante nos próximos anos, por estar passando por uma transformação estrutural com a quebra do monopólio do IRB-Brasil Re (Instituto de Resseguros do Brasil) em 2008 e por ser vital para viabilizar os seguros necessários para as grandes obras que o País realizará nos próximos anos.

38%

33%

DIAGRAMA 39

Mercado brasileiro tem espaço em derivativos de commodities e de índices

20%

Contratos de derivativos negociados por tipo. Mundo versus Brasil (2009)

19%

15,2 B

17%

0,8 B

2% 9%

16%

14% 0.4%

25%

14%

35% 9% 27% 4%

46%

2%

0%

câmbio

commodities

37%

juros ações

4% nacional

internacional

1. Volume em US$ negociado no mercado de domicílio da “ultimate parent company” da empresa negociada versus em outros mercados. / Fonte: Bloomberg, análise BCG.

GLOBAL

índices

BRASIL

Nota: Produtos de balcão da BM&F (swaps, opção flex...) representam 0,8% do volume total e foram excluídos da análise. Fonte: Futures Industry Association (FIA); BM&FBovespa; análise BCG.

99


100

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 40

101

DIAGRAMA 41

Seguros têm amplo potencial de crescimento no Brasil

O setor financeiro tem um papel importante na geração de empregos, crescimento econômico e arrecadação de impostos

PIB versus tamanho do mercado de seguros por país Empregos em serviços financeiros em 2007 (% total)

Log Prêmios (US$ B 2009)

10.000

1.000

100

10

30

30

25

25

25

20

20

15

15

9% de empregos, mas 34% da folha de pagamento de NYC.

15

12%

1

10

100

1.000

10.000

100.000

9% NYC

Log PIB (US$ B 2009)

10

Impostos de serviços financeiros em 2007 (% total)

30

20

BRASIL PIB: US$ 1,6T1 PRÊMIO: US$ 48,8 T1

PIB de serviços financeiros em 2007 (% total)

LON

4,6%

4,5%

1. Valores absolutos somente no detalhe das informações para o Brasil. Estão em log no gráfico. / Fonte: SwissRe; análise BCG.

5,5%

14%

10 8%

5,9%

5

16% 13%

12%

10

8,6%

26%

~8%

9%

BRASIL

~6% BRASIL

5

5

~2%1 BRASIL

0

Benefícios indiretos da infraestrutura financeira Os benefícios de um sistema financeiro desenvolvido vão além dos diretos – financiamento e alocação eficiente de riscos. A indústria financeira constitui um pilar importante da economia, gerando empregos, crescimento da atividade e arrecadação de impostos (veja Diagrama 41). A geração de empregos do setor financeiro no Brasil tem potencial de superar os atuais 2% das ocupações totais e alcançar a média de 5% de países mais desenvolvidos. Além disso, é importante ressaltar que o tipo de profissional que o sistema financeiro demanda – e ajuda a formar – é, tipicamente, altamente qualificado e especializado, contribuindo para a constituição de um conjunto de profissionais mais desenvolvidos para todos os setores. A ampliação destes efeitos benéficos não depende apenas do fortalecimento de setores diretamente ligados ao financiamento e à alocação de riscos. Segmentos como o de asset management, investment banking e até mesmo os bancos de varejo ajudam a criar empregos e renda em serviços financeiros. O fortalecimento da infraestrutura financeira também eleva a demanda por profissionais e serviços de outros setores. Ou seja, tanto negócios diretamente ligados ao sistema financeiro quanto serviços de auditoria, consultoria, legal e de tecnologia da informação, como serviços subjacentes, caso de hotelaria e transportes aéreos, ganham demanda e podem crescer junto com a expansão de serviços financeiros.

USA

REINO UNIDO

SUÍÇA CINGAPURA

0

USA

REINO UNIDO

SUÍÇA CINGAPURA

0

USA

REINO UNIDO

SUÍÇA CINGAPURA

1. Calculado sobre número total de empregos formais no Brasil (aproximadamente 37M em 2007). / Fonte: US Bureau of Labor; New York State Department of Labor; Federal Department of Finance (Suíça); Ministry of Manpower (Cingapura); City of London; Imprensa; análise BCG.

Indicadores Foram definidas estas dimensões para avaliar o pilar de infraestrutura financeira: • Efetividade da regulação financeira: Opinião de executivos sobre a suficiência da efetividade da regulação do sistema financeiro de cada país, necessária à formação de um polo por garantir o equilíbrio entre segurança e flexibilidade de operações; • Utilização de recursos financeiros: Subdividida em três componentes: bolsa de valores, debêntures e crédito PJ. Analisando a combinação dos três, pode-se avaliar o grau de maturidade de utilização dos diferentes recursos financeiros para negócios. Entretanto, cada país pode preferir mix diferentes; por isso, a análise de cada subdimensão isoladamente é menos relevante; • Participação de empresas regionais e internacionais na bolsa: Mede a internacionalização das bolsas de valores de cada país. A maior internacionalização indica maior atratividade para negócios estrangeiros e maior representatividade internacional em negócios;


102

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

• Disponibilidade de serviços financeiros: Mensura a disponibilidade de serviços financeiros em cada país de acordo com a opinião de executivos. A disponibilidade de serviços financeiros é importante por prover as necessidades de financiamento e alocação de recursos e riscos dentro de um polo;

O Brasil apresenta posição de destaque na efetividade de sua regulação financeira e na disponibilidade de serviços financeiros. Entretanto, ainda precisa se desenvolver mais em outras dimensões relevantes como utilização de recursos financeiros, internacionalização e liquidez de sua bolsa e projeção como centro financeiro internacional.

• Liquidez das bolsas de valores: Quanto maior a liquidez das bolsas, mais dinâmico é o mercado financeiro de um país e maiores são as possibilidades de se financiar e de iniciar e se desfazer de investimentos na bolsa;

Conclusão

• Projeção como IFC64: Identifica o reconhecimento do sistema financeiro de cada país como centro financeiro internacional. Quanto melhor esse indicador, mais preparada a infraestrutura financeira do país está para suportar um polo de investimentos e negócios.

A infraestrutura financeira tem um papel vital na atratividade do país ao ajudar a financiar os investimentos e o crescimento, a gerir riscos operacionais dos mais diversos setores e a criar empregos, crescimento e negócios.

O resultado da classificação do Brasil no pilar de infraestrutura financeira frente aos outros países pode ser observado a seguir:

crítico

1.

EFETIVIDADE DA REGULAÇÃO FINANCEIRA

a desenvolver

MEX GBR

USA

RUS

bom

KOR

CHN

FRA

O Brasil parte de uma base forte em seu sistema financeiro, com uma regulação prudente e instituições sólidas e rentáveis. Ainda assim, o financiamento, especialmente pelo crédito bancário de longo prazo e pelos mercados de títulos de dívida privada, precisa de esforços para continuar suportando o crescimento do País. Além disso, o acesso e a abertura aos capitais internacionais precisam ser fortalecidos e o segmento de derivativos, especialmente de commodities e seguros, pode ser reforçado.

64 International Financial Center.

O País tem, portanto, a oportunidade de continuar o desenvolvimento de sua infraestrutura financeira para posicioná-la como ferramenta de atratividade do polo de investimentos e negócios brasileiro.

excelente

BRA

JPN

CHL

IND

HKG

SGP

DEU

BRA UTILIZAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS

2.

JPN RUS

MEX

BOLSA DE VALORES

FRA

IND

DEU

CHN

USA

CHL GBR

SGP

HKG

KOR

BRA

3.

DEBÊNTURES

4.

CRÉDITO PJ

GBR IND SGP

HKG

CHN DEU FRA

JPN

CHL

KOR

USA

BRA SGP

FRA IND

GBR

KOR

USA

DEU

BRA

5.

PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS NA BOLSA

6.

DISPONIBILIDADE DE SERVIÇOS FINANCEIROS

JPN

RUS KOR

CHL

IND

USA

GBR

MEX

SGP

HKG

FRA

CHN

BRA RUS

KOR

MEX

CHN

SGP CHL FRA USA

IND JPN

DEU

HKG GBR

BRA

7.

LIQUIDEZ DAS BOLSAS DE VALORES

CHL

SGP RUS

FRA

MEX

HKG

JPN

DEU IND

CHN

GBR

USA

KOR

BRA

8.

PROJEÇÃO COMO IFC

IND RUS

MEX

CHN

KOR

DEU

JPN FRA

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

SGP HKG

USA GBR

O BRASIL TEM UMA BASE FORTE EM SEU SISTEMA FINANCEIRO, COM REGULAÇÃO PRUDENTE E INSTITUIÇÕES SÓLIDAS. O ACESSO AO CAPITAL INTERNACIONAL PRECISA SER FORTALECIDO E OS SEGMENTOS DE DERIVATIVOS E DE SEGUROS ESTIMULADOS

103


104

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

significativos para avanços. Nos rankings analisados, o Brasil se encontra, regularmente, na metade inferior, enquanto os demais polos globais de negócios figuram entre os primeiros colocados (veja Diagrama 42).

06

DIAGRAMA 42

conectividade

O Brasil ainda é considerado pouco aberto nas dimensões de conectividade

Bens e serviços

Investimentos e capitais

Operação internacional de empresas

Pessoas

Liberdade de Comércio Internacional

Restrições aos Fluxos de Capitais

Prevalência de Propriedade Estrangeira

Mobilidade e abertura relativa do mercado de trabalho

(Nota 1 a 10)

1

Por definição, um polo está no centro de uma malha de conexões ou fluxos. Quanto mais conectado, mais atrativo, pois maior valor terá sua rede para os agentes com quem ele interage. Tradicionalmente as conexões de um polo são de dois tipos: regionais (intrarregionais) e globais (extrarregionais), ambas fundamentais para o desenvolvimento de um polo de investimentos e de negócios.

1 2 3

As conexões do primeiro tipo tornam mais coesa toda a região em que o polo está inserido, aumentando a atratividade regional para o restante do mundo. Já as do segundo tipo conectam a região, através de seu polo, aos demais polos do mundo e às suas respectivas regiões. Se estas últimas não se estabelecem produtivamente, a região como um todo pode acabar marginalizada dos principais fluxos econômicos mundiais.

DEU

22

GBR

26

USA

37

CHN

Hoje, a América Latina se encontra pouco intraconectada; ainda não existe um polo estabelecido de fato, apesar de alguns países estarem se sobressaindo. Em particular, o Brasil já assume um papel de destaque em muitas frentes, o que o torna um candidato natural para polo de investimentos e negócios na região. Assim sendo, um entorno regulatório e infraestruturas que simplifiquem as trocas entre o Brasil e os demais países latino-americanos e entre o Brasil e o restante do mundo são condições elementares para que o País possa se caracterizar como polo.

43

FRA

Desde que abriu seu mercado no início da década de 1990, o Brasil tem obtido avanços em sua conectividade com a América Latina e o mundo. Especificamente, o Mercosul foi um passo importante para aproximar o Brasil dos vizinhos, a despeito das barreiras ainda existentes e dos contínuos questionamentos que o bloco enfrenta. É, entretanto, necessário dar novo ímpeto ao movimento de integração do Brasil com os demais países da América Latina e do mundo. Contar apenas com acordos amplos e pouco efetivos, como, por exemplo, o da UNASUL65, não é suficiente para promoção da sua conectividade regional e global. São necessárias iniciativas específicas, com claro foco econômico e de negócios que possam gerar melhorias significativas na qualidade das conexões do País com o mundo. Quando se observa o posicionamento do Brasil em rankings que mostram quatro dimensões-chave de conectividade – comércio de bens e serviços, investimentos e capitais, operação internacional de empresas e pessoas – constata-se que ainda existem espaços

65 União de Nações Sul-Americanas.

55

KOR

66

MEX

72

IND

96

BRA

105

JPN

114

RUS

141

1

HKG SGP CHL

18

Além do efeito sobre a atratividade de um polo, um alto nível de conectividade costuma trazer outros benefícios, não só para o polo em si como também para toda sua região. Tipicamente, esses benefícios se materializam por intermédio de economias de escala e de escopo, que diminuem os custos transacionais para as contrapartes de um fluxo, seja ele intra ou extrarregional.

(Nota 1 a 7)

2

HKG

6

SGP

10

GBR

15

DEU

20

CHL

42

MEX

46

FRA

51

JPN

69

USA

73 75

BRA IND

94

KOR

119

RUS

123

CHN

139

(Nota 1 a 7)

3

2 3 7 9

SGP HKG GBR CHL

16

FRA

22

MEX

36

DEU

47

USA

76

BRA

81

IND

97 103

JPN CHN

106

KOR

126

RUS

139

(Ranking entre 30 países avaliados)4

2 3

GBR DEU

8 9 10 11 16 19 21 23 27

FRA IND USA CHN MEX KOR RUS BRA JPN

30

1. Baseado em pesos para diferentes componentes: tarifas, quotas, eficiência aduaneira, restrições administrativas escondidas e controles de taxa de câmbio e capitais. / Fonte: Fraser Institute – Economic Freedom of the World. 2. Baseados em pesquisas com executivos. 1 = muito restritivo, 7 = não restritivo de nenhuma forma. / Fonte: WEF – Global Competitiveness Report. 3. Baseados em pesquisas com executivos. 1 = muito rara, 7 = altamente prevalecente. / Fonte: WEF – Global Competitiveness Report. 4. Ranking baseado em composição de diversas métricas: Número de estudantes do país estudando no estrangeiro, % de estudantes estrangeiros no país, conhecimento de línguas, recrutamento de estrangeiros, abertura do comércio internacional. / Fonte: Heidrick and Struggles – Mapping Global Talent. Estudo focado em países com maior população. Não inclui Chile, Cingapura e Hong Kong.

105


ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

A seguir, decompõe-se a conectividade do Brasil com a América Latina e com o mundo nestas quatro dimensões apresentadas. O objetivo é analisar a situação atual do País e entender onde devem ser focados os próximos esforços para elevar a posição brasileira e também alavancar a região como um todo no cenário global.

DIAGRAMA 43

A América Latina e o Brasil se destacam pelo crescimento do comércio internacional BENS Crescimento anual médio em US$ entre 2005 e 2009, % a.a.

FLUXO DE EXPORTAÇÕES

ESTE PILAR ANALISA A CONECTIVIDADE DO BRASIL EM DUAS DIMENSÕES: EM RELAÇÃO À AMÉRICA LATINA E COM O RESTANTE DO MUNDO

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

SERVIÇOS Crescimento anual médio em US$ entre 2005 e 2009, % a.a.

14,7%

4,3% MUNDO

4,8% AMÉRICA LATINA

6,6% BRASIL

7,5%

MUNDO

8,7%

AMÉRICA LATINA

BRASIL

Comércio de bens e serviços Um polo deve contar com um ambiente que viabilize e promova o comércio internacional de bens, vital para os diversos setores produtivos da economia ao abrir mercados e viabilizar as cadeias de suprimento internacionais. Grandes polos como Londres, Hong Kong, Nova Iorque e Cingapura já eram centros de comércio muito antes de conquistarem papéis de destaque nos fluxos de investimentos e negócios que caracterizam a economia globalizada das últimas décadas. Além do comércio de bens, é importante para um polo internacional a viabilização do comércio internacional de serviços, setor que só tem elevado sua importância relativa no mundo. Isto vale para os diversos tipos de atividades: serviços profissionais altamente especializados como consultoria, publicidade, advocacia e auditoria; serviços técnicos de construção e engenharia e outsourcing, englobando desde processos (BPO) até call-centers. Tanto em bens como em serviços, a América Latina e especialmente o Brasil têm seu comércio internacional crescendo mais do que a média global. Enquanto os valores do comércio internacional de bens e serviços globais crescem a taxas anuais médias de aproximadamente 4,1% e 7,4%, respectivamente, na América Latina as exportações de bens crescem anualmente a 4,8% e as importações a 6,6%, sendo 8,7% e 10,1% os mesmos números para o comércio de serviços na região. No Brasil, o crescimento do comércio internacional é ainda maior, alcançando 6,6% e 14,5% em exportações e importações de bens e 14,7% e 17,8%, respectivamente, em exportações e importações de serviços (veja Diagrama 43). Apesar de ter alto crescimento, os fluxos comerciais internacionais latino-americano e brasileiro ainda têm representatividade limitada sobre o comércio global quando

FLUXO DE IMPORTAÇÕES

106

17,8% 14,5% 10,1% 3,9% MUNDO

7,2%

6,6% AMÉRICA LATINA

BRASIL

MUNDO

AMÉRICA LATINA

BRASIL

Nota: Todos os valores nominais. América Latina inclui o Brasil. / Fonte: Unctad Online handbook of statistics; análise BCG.

comparados com a representatividade de seus PIBs. A América Latina, por exemplo, foi responsável em 2009 por 7% do PIB global e somente por 5% do comércio de bens e por 4% do de serviços. Já o Brasil responde por volta de 3% do PIB global e apenas 1% das exportações e importações de bens e serviços, lacuna ainda maior do que a verificada na América Latina como um todo (veja Diagrama 44). Outra área para desenvolvimento na América Latina é a de seu comércio intrarregional, tanto em volume quanto em representatividade. Tomando como exemplo o comércio de bens, apenas 17% das exportações e 15% das importações latino-americanas em 2009 foram intrarregionais, números que vão para 42% e 48%, respectivamente, no caso da Ásia, e para 67% e 50%, no caso da Europa.

107


108

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 44

A América Latina e o Brasil têm espaço para aumentar sua representatividade no comércio internacional

BENS

SERVIÇOS

Participação no PIB e no comércio internacional de bens

Participação no PIB e no comércio internacional de serviços

% 2009

35%

% COMEX/ % PIB1 51%

38%

OUTROS

71%

% 2009

% COMEX/ % PIB1

38%

40%

OUTROS

76%

AMÉRICA LATINA

49%

ÁSIA

110%

EUROPA

141%

51% 5% 23%

5% 7%

AMÉRICA LATINA

20%

ÁSIA

77%

4% 7%

13%

BRASIL

29%

Tarifas impostas a exportações latinoamericanas também são mais altas

Restrição à importação de bens1

Restrição de acesso a outros mercados2

Tarifa equivalente a tarifas + restrições não tarifárias às importações

Tarifa equivalente a tarifas + restrições não tarifárias às exportações

MÉXICO

27,4% 22,1%

15%

ARGENTINA CHILE

ARGENTINA

16,4% 12,3%

BRASIL CHILE

15,7%

MÉXICO

9,4%

8,3% 5,1%

13% 45%

37%

Tarifas equivalentes de importação são mais altas na América Latina

BRASIL

3% 14%

164%

DIAGRAMA 45

A América Latina apresenta maiores barreiras alfandegárias para importações e exportações de bens que Europa e Áisia

37%

EUROPA

EXPORTAÇÕES

PIB

IMPORTAÇÕES

1%

3%

1%

127%

33%

CINGAPURA

41% 29%

EXPORTAÇÕES

PIB

IMPORTAÇÕES

1%

3%

1%

33%

1. Média da relevância (participação) da % de exportações e de importações sobre a relevância (participação) do PIB. Nota: Todos os valores são nominais. / Fonte: Unctad Online handbook of statistics; análise BCG.

Apesar de o Brasil e a América Latina terem potencial produtivo para aumentar a participação no comércio internacional de bens e serviços, dois principais obstáculos surgem como limitantes: barreiras alfandegárias e deficiências em infraestrutura. Sobre o primeiro desafio, países latino-americanos têm maiores restrições tanto à importação quanto à exportação de bens de acordo com uma análise do Banco Mundial, World Trade Indicators (veja Diagrama 45). Ainda de acordo com o mesmo estudo, o Brasil e os países da América Latina apresentam abertura comercial para serviços ainda menor, tendo número inferior de setores de serviços com assinatura de acordos de comércio internacional, os GATS66 (veja Diagrama 46).

19,7%

INDONÉSIA

COREIA DO SUL

10%

COREIA DO SUL

CHINA

9,8%

CHINA

INDONÉSIA

CINGAPURA

7,6%

12,7% 9,8% 9,2% 6,5%

FRANÇA

10,1%

FRANÇA

9,1%

ALEMANHA

10,1%

ALEMANHA

9,1%

ITÁLIA

10,1%

ITÁLIA

9,1%

REINO UNIDO

10,1%

REINO UNIDO

9,1%

MAIS RESTRITIVOS

Média mundial: 14,1%

Média mundial: 12,2%

MAIS RESTRITIVOS

1. Reflete a tarifa uniforme que manteria os níveis de importação doméstica constantes. 2. Reflete a tarifa uniforme que manteria os níveis de importação de parceiros comerciais junto ao país exportador constantes. / Fonte: World Trade Indicators 2009/2010 – World Bank. The General Agreement on Trade in Services. 66

109


ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 46

Os países latino-americanos podem aumentar sua participação em acordos de comércio internacional de serviços Número de compromissos do GATS1 assinados por país 50

21

19

17

14

14

12

11

9

81

83

87

CHILE

22

URUGUAI

30

70

115 PARAGUAI

67

BOLÍVIA

58

PERU

EQUADOR

55

COLÔMBIA

MÉXICO

53

BRASIL

49

ARGENTINA

37

VENEZUELA

01 VIETNÃ

5

RANKING

Viagem e turismo

Business services

Construção e engenharia

Recreação e cultura

Distribuição

Telecom

Serviços ambientais

Educação

Transporte

Saúde

% de compromissos assinados por setor2

Serviços financeiros

110

100% 100%

100% 75%

83% 83%

100% 80%

100% 0%

80% 40%

60% 60%

100% 0%

80% 80%

100% 44%

100% 50%

EQUADOR

67%

50%

67%

20%

60%

20%

20%

100%

0%

33%

25%

VENEZUELA

67% 100%

75% 100%

83% 50%

100% 80%

40% 0%

0% 60%

40% 40%

0% 0%

0% 0%

22% 0%

0% 0%

COLÔMBIA

67% 67%

25% 50%

33% 67%

80% 80%

0% 0%

60% 0%

20% 20%

0% 25%

0% 0%

44% 0%

0% 0%

PERU

67%

50%

50%

0%

40%

40%

20%

0%

0%

22%

0%

URUGUAI

67%

75%

67%

0%

20%

0%

20%

0%

0%

11%

0%

100%

75%

50%

0%

0%

0%

20%

0%

0%

11%

0%

BOLÍVIA

67%

50%

0%

0%

60%

0%

20%

0%

0%

0%

25%

PARAGUAI

67%

75%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

0%

VIETNÃ MÉXICO

ARGENTINA BRASIL

CHILE

1. Da página da WTO: The General Agreement on Trade in Services (GATS) is the first and only set of multilateral rules governing international trade in services. It was developed in response to the huge growth of the services economy over the past 30 years and the greater potential for trading services brought about by the communications revolution. 2. Cada setor possui de 3 a 9 subsetores demandando compromissos específicos (ex. serviços financeiros tem 3 subsegmentos – Seguros, banking e outros serviços financeiros). / Fonte: WTO trade in services database.

111


112

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Sobre o segundo desafio, especificamente no caso brasileiro, avaliações internacionais revelam uma percepção de que a infraestrutura portuária do País deixa muito a desejar, principalmente em comparação a outros polos mundiais. Enquanto, em uma escala de 1 a 7, os principais polos internacionais como Hong Kong, Cingapura, Estados Unidos e Reino Unido estão todos com notas acima de 5,5, o Brasil fica apenas com 2,9, quase a metade. Paralelamente aos portos, existe um baixo nível de conexões por terra com países vizinhos: as poucas estradas existentes ainda enfrentam problemas como interrupções e baixa qualidade, enquanto as ferrovias têm padrões de bitolas diferentes, manutenção deficiente e congestionamentos. Especificamente para serviços, a estrutura de telecomunicações da região, essencial para operações internacionais como call-centers, é pouco integrada. Diversas rotas de dados intrarregionais precisam passar por muitos países, frequentemente fora da própria região, diminuindo a velocidade de serviços on-line, piorando a qualidade de ligações e aumentando os riscos de interrupções.

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 47

A América Latina atrai IED proporcionalmente ao seu PIB, mas envia uma proporção muito menor, ambos relativamente constantes nos últimos cinco anos Europa recebe cinco vezes mais IED1 do que América Latina Participação no recebimento de IED Mundial

América Latina com participação irrisória no envio de IED, inclusive em relação ao PIB Participação no envio de IED Mundial

% recebido de IED do total mundial

% enviado de IED do total mundial

Fluxos de investimentos e capitais Estimular e canalizar fluxos internacionais de capitais é parte vital do que caracteriza um polo. Simplificar o fluxo de capitais do exterior para o país e para a região traz grandes benefícios para a economia ao ampliar a disponibilidade de financiamento para todos os setores – seja pelos mercados de capitais, seja pelo sistema bancário. Paralelamente, facilitar a realização de investimentos no exterior aumenta as opções para os poupadores domésticos. Em resumo, ambientes regulatório e institucional que facilitem a entrada e a saída de recursos permitem que o país atue como um verdadeiro polo, que atrai investimentos de todo o mundo e viabiliza o direcionamento de parte destes para outros países da região. É importante lembrar que um ambiente que facilite os fluxos de capitais também simplifica e estimula o investimento direto. Este acaba beneficiando a internacionalização das empresas ao mesmo tempo em que favorece a atração de investimentos de multinacionais para o país e para a região, gerando empregos e fortalecendo a economia. Ao longo dos últimos cinco anos, a América Latina recebeu em termos absolutos um porcentual pequeno do total de Investimento Estrangeiro Direto (IED) enviado no mundo. Este volume acompanhou muito proximamente a participação da região no total do PIB global (veja Diagrama 47). Ainda assim, os exemplos de outras regiões, como o da União Europeia e o do Sudeste Asiático, mostram que, quando estimulado, seja por características econômicas intrínsecas ou pelo ambiente regulatório, o volume de investimentos recebidos pode ser bem maior do que proporcional ao PIB. A situação da região é pior quando analisamos a participação em relação à saída de investimentos diretos. Aqui, o que chama atenção não é apenas a baixa participação em termos absolutos, mas também em relação ao PIB (veja Diagrama 47).

42,2%

40,3%

4,8%

5,1%

12,9%

10,7%

49,6%

43,9%

7,1% 15,9%

6,5%

40,2%

2,2% 7,6%

AMÉRICA LATINA3

17,1%

44,0% 30,3%

39,8%

3,1% 7,9%

6,9% 13,1%

50,9%

21,6%

OUTROS4

26,0%

12,5% 1,0% 7,1%

43,0%

1,9% 7,6%

50,9%

1,3% 12,5%

SUDESTE ASIÁTICO2

32,5%

68,6%

49,3%

56,8%

47,5%

35,3%

2005

2006

2007

2008

2009

UNIÃO EUROPEIA

2005

2006

ÍNDICE % IED recebido/ % PIB mundial

2007

2008

2009

0,96 AMÉRICA LATINA 1,20 SUDESTE ASIÁTICO

(média 2005-2009) 1,32 UNIÃO EUROPEIA

ÍNDICE

% IED recebido/

0,30 AMÉRICA LATINA

% PIB mundial

0,73 SUDESTE ASIÁTICO

(média 2005-2009) 1,72 UNIÃO EUROPEIA

1. Investimento Externo Direto. 2. Países selecionados: Cambodia, Coreia do Norte, Coreia do Sul, China, Cingapura, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Laos, Macau, Malásia, Myanmar, Tailândia, Taiwan, Vietnã. 3. Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Ilhas Malvinas, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai, Venezuela, Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua e Panamá. 4. Inclui Estados Unidos, Canadá, Austrália, Rússia, paraísos fiscais, entre outros. / Fonte: UNCTAD Stat; análise BCG.

O Brasil tem posição de destaque em termos absolutos tanto no total recebido quanto no total de investimentos estrangeiros diretos enviados a partir da América Latina, despontando como líder natural destes fluxos financeiros. Não obstante, em termos relativos ao PIB, o Chile é referência na região, mostrando que os fluxos no Brasil ainda têm espaço para crescer (veja Diagrama 48). A integração com os países latino-americanos pode ser melhorada: quando se observa tanto os investimentos entrantes quanto os que saem do Brasil, a participação da região fica abaixo de 10% do total, deixando os destaques por conta da Europa e da América do Norte (veja Diagrama 48).

113


114

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 48

O Brasil recebe fluxo intenso de investimentos diretos, mas a participação da América Latina no total é limitada

O TAMANHO DO BRASIL E DE SUA ECONOMIA O TORNAM UM CENTRO IMPORTANTE DE CONEXÃO COM O MUNDO, CAPAZ DE CONSOLIDAR NÃO SÓ A SI MESMO MAS TAMBÉM DE TRAZER BENEFÍCIOS PARA A REGIÃO

Brasil lidera atração e envio de IED em termos absolutos entre latino-americanos 1

1

IED para América Latina por destino - % do total BRASIL

IED da América Latina por origem - % do total CHILE

35,2

MÉXICO

BRASIL

20,4

CHILE

4,8

PERU 1,6

5,8 8,5

OUTROS

8,3

ARGENTINA

7

PERU

22,8

COLÔMBIA

9

ARGENTINA

23,4

MÉXICO

14

COLÔMBIA

24,9

11,7

OUTROS

Entrada de IED ponderado pela participação no PIB da região2

Envio de IED ponderado pela participação no PIB da região3 5,56

Uma das ferramentas que poderia promover maior integração regional e expandir a proeminência brasileira e latino-americana no mundo é a ratificação de acordos bilaterais de investimentos. Hoje, a participação brasileira nestes acordos é baixa se comparada com o Chile, por exemplo. Enquanto o Brasil possui acordos com 14 países, nenhum deles ratificado e apenas limitados ao escopo do Mercosul, o Chile conta com 51 acordos assinados (mais de três vezes o total brasileiro), sendo 38 deles ratificados, incluindo contrapartes como Estados Unidos, Canadá, México e Índia.

3,24 1,0 0,91 CHILE

1,0

0,79

0,81

BRASIL MÉXICO

CHILE

0,62

BRASIL MÉXICO

América Latina representa menos de 10% tanto da entrada quanto da saída de IED do Brasil 4

Investimento estrangeiro bruto no Brasil por origem (2009)

EUROPA

17.848 56%

AMÉRICA DO NORTE

OUTROS

Investimento estrangeiro bruto a partir do Brasil por destino (2009)

EUROPA

6%

AMÉRICA LATINA

3.284 10%

OUTROS

5.000

2.037

AMÉRICA DO NORTE

6.274 20%

AMÉRICA LATINA 1.803

4

US$M

10.000

15.000

20.000

26%

1.790 23% 658 115

8%

1%

US$M

1.000

2.000

3.000

4.000

1. Média 2007 – 2009. 2. Índice (% de IED recebido do total que veio para a região / % do PIB do país em relação ao total da região). 3. Índice (% do IED enviado pelo país em relação ao total que sai da região / % do PIB do país em relação ao total de região). 4. Paraísos fiscais não estão explicitamente incluídos, mas representam 8% e 42% da entrada e da saída de IED do Brasil, respectivamente. / Fonte: UNCTAD World Investment Report; UnctadStat; análise BCG.

67 Foram considerados investimentos em portfólio aqueles que, ao contrário dos diretos, não estão relacionados a um interesse duradouro no ativo ou a um controle gerencial efetivo sobre o negócio. Eles incluem tanto a compra de títulos de dívida públicos e de empresas quanto ações. Neste último caso, se caracterizam como portfólio participações de até 10% do capital total das empresas investidas.

Estes acordos bilaterais promovem a facilidade e a segurança de investimentos entre os signatários. Suas características em geral envolvem o tratamento igualitário entre investidores domésticos e estrangeiros, a proteção e a indenização em caso de desapropriações, a livre transferência dos rendimentos do investimento ao país de origem e a determinação de resolução de divergências em tribunais internacionais. A participação do Brasil em acordos deste tipo facilitaria não apenas o fluxo de entrada e de saída de investimentos diretos, mas também os de portfólio67, contribuindo para o crescimento da região por meio da alocação eficiente de capital entre aqueles que dele necessitam e aqueles que desejam aplicá-lo. Além da melhoria na regulação sobre as entradas e saídas de capital em si, o câmbio é um ponto que merece atenção dada sua intermediação óbvia entre os investimentos que saem e entram no país. O Brasil vem refinando sua regulação cambial e promovendo mudanças que tendem a tornar os processos mais simples e a entrada e saída de divisas mais abertas. Entre estas melhorias destacam-se a criação da Regulação do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI) e a extinção da antiga norma de Consolidação das Normas de Câmbio (CNC), que modernizaram e simplificaram diver-

115


116

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

sas regras antiquadas, desobrigando, por exemplo, a identificação de propósito das operações. Além destas, a consolidação de diversas regras de câmbio por meio da Resolução nº 3.844 de 2010, do Conselho Monetário Nacional (CMN), promoveu uma diminuição da multiplicidade de documentos aplicáveis às operações de câmbio. Evoluções dessa natureza precisam continuar a ser implantadas. De forma geral, em relação à conexão do Brasil com a América Latina e desta com o mundo, existe espaço para iniciativas que promovam reformas e acordos de maneira a aumentar ainda mais os fluxos de entrada e saída de investimentos. Apesar de sua já expoente posição dentro da região, existe espaço para diversas melhorias no Brasil no que tange à ratificação de acordos de investimentos e ao avanço na regulação cambial. Este tópico de integração financeira na América Latina será explorado em mais detalhes em um futuro relatório a ser publicado pela BRAiN ao longo de 2011.

Operação internacional de empresas Para que determinado país seja realmente uma parte integrada da rede de negócios mundial, é importante que, além de contar com fluxos internacionais significativos, também sedie empresas multinacionais. Isso significa tanto que as empresas do país devem ter as condições para se internacionalizar, quanto que o país deve ser capaz de atrair não apenas operações, mas também os centros de decisão regionais, funcionais ou até mesmo globais de empresas com origem em outras nações. Isso não somente atrai investimentos, mas principalmente cria empregos de alto valor agregado em funções corporativas que fortalecem um ciclo virtuoso de atração e formação de talentos. As empresas latino-americanas mostraram uma tendência significativa de aumento de sua internacionalização ao longo dos últimos anos. No ranking das empresas de países em desenvolvimento com maior volume de ativos no exterior68, as latino-americanas vêm ganhando participação cada vez maior: em 2003, tinham 14,1% do total dos ativos no exterior, passando para 17,2%, em 200869. Este ganho de posição foi possível em virtude de as empresas terem saído de uma posição de US$ 35 bilhões para US$ 125 bilhões de ativos no exterior, um crescimento de 258,1% em cinco anos. Destaca-se também a expansão do fluxo de saída de IED para outras regiões do mundo a partir da América Latina na última década. Em 2004, observa-se um salto no nível de IED, mais que triplicando em relação aos anos anteriores, com subsequente tendência de subida (veja Diagrama 49). A força que as empresas da região ganharam é significativa, mas elas ainda têm relevância limitada globalmente. No ranking das 100 maiores empresas transnacionais dos países em desenvolvimento70, aparecem apenas nove empresas da região, sendo três delas brasileiras. Quando considerado o ranking das 100 maiores empresas transnacionais do mundo, apenas uma multilatina aparece, estando colocada em 55º lugar (veja Diagrama 49).

68 Fonte: World Investment Report, UNCTAD. 69 Último ano para o qual há dados disponíveis. 70 Fonte: World Investment Report, UNCTAD.

117


118

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Se entre as empresas da América Latina de maior expansão internacional o Brasil não é destaque, o mesmo não ocorre em relação à atração de empresas estrangeiras. O Brasil é a nação com maior presença de empresas estrangeiras entre os latino-americanos, considerando-se as dez maiores empresas por receita de regiões selecionadas (veja Diagrama 50).

DIAGRAMA 49

As multinacionais latinas são uma força crescente, porém ainda pouco relevante em escala global Multinacionais latinas são uma força crescente... Saída de IED da América Latina 1990-2008 US$B

% saída/entrada

50

100

DIAGRAMA 50

42 40

30

26

60

Brasil é o país com maior presença de empresas estrangeiras...

... e lidera também atração de empresas por região externa

40

Presença nos países da América Latina das 30 maiores empresas da Ásia, Europa e América do Norte1

Presença das 10 maiores empresas de cada região em países da América Latina1

23 20

17 8

10 1

1

2

3

3

4

8

7

8 4

3

5

18

20

6

20 0

92

93

% saída/entrada IED

94

95

96

97

98

99

00

01

02

03

04

05

061

07

08

fluxo de saída (Us$B)

16

... mas ainda têm participação limitada no mundo todo

15

Empresas latinas no ranking das 100 maiores2 transnacionais de países em desenvolvimento PAÍS

EMPRESA

ATIVOS EXTERNOS (US$B)

HONG KONG HUTCHINSON 70,8 CHINA CITIC GROUP 43,8 MÉXICO CEMEX 40,2 BRASIL VALE 19,6 VENEZUELA PDVSA 19,2 BRASIL PETROBRAS 15,1 BRASIL GERDAU 13,7 MÉXICO AMÉRICA MÓVIL 10,4 ARGENTINA TERNIUM 7,0 MÉXICO TELMEX 3,9 MÉXICO FEMSA 3,5

EUROPA

91

RANKING DAS 100 MAIORES EM DESENVOLVIMENTO

RANKING DAS 100 MAIORES TOTAL

1 2 3 9 10 16 18 25 36 68 77

25 48 55

Brasil

9

Argentina

9

México Chile

08

12 05

7 5

Brasil

25 ÁSIA

90

7

Argentina 6 Chile

6

México 5 Única latina entre 100 maiores transnacionais do mundo (55ª posição)

24 17

AMÉRICA DO NORTE

0

O Brasil lidera na América Latina a atração de empresas da Europa, da Ásia e da América do Norte

80

Brasil

9

Argentina

9

México Chile

8 6

Não entram no ranking das 100 maiores do mundo 1. Aquisição da Inco pela Vale por US$ 18B. 2. Ranking por ativos no exterior. Não inclui empresas do setor financeiro. / Fonte: World Investment Report - UNCTAD; análise BCG.

1. Dez maiores empresas por receita de cada uma das regiões separadamente. América do Norte compreende apenas Canadá e Estados Unidos. Foram retirados do mapa os dados referentes a Uruguai, América Central, Caribe, Paraguai, Guiana e Suriname por serem pouco significativos. Nota: A presença de empresas diz respeito tanto a plantas industriais quanto a escritórios de representação e headquarters, etc. Foram aqui incluídas todas as formas de atuação. / Fonte: Forbes; Fortune; websites das empresas; análise BCG.

119


ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Mesmo os países que mais atraem imigrantes na América Latina ainda estão muito longe das principais economias globais Atração de imigrantes global e dentro da América Latina de países latinos % IMIGRANTES NA POPULAÇÃO

20%

AUSTRÁLIA

EUA tem maior participação de imigrantes latinos que Brasil e México

CANADÁ

Além das questões de regulação, a utilização de sistemas e cadastros comuns tornaria mais fácil a operação de empresas em múltiplos países. Por exemplo, no registro de marcas e patentes, em pagamentos, históricos de crédito e legais, informações aduaneiras e de comércio internacional e no registro de empresas, pessoas e licenças. Essa padronização poderia ser feita em etapas, começando pelo reconhecimento regional automático de operações em outros países, passando pela integração e pela conexão entre sistemas para compartilhamento de informações e, finalmente, criando sistemas regionais únicos.

15%

Movimentação de pessoas Fluxos de negócios não dependem apenas de bens, serviços, capitais e empresas. É vital que os executivos e os tomadores de decisão dos mais diversos setores possam entrar e sair com facilidade do polo, tanto para realizar seus negócios quanto para viabilizar a instalação de centros de decisão e sedes regionais das empresas. Além disto, a facilitação do fluxo de pessoas e da contratação internacional pode contribuir para equalizar a demanda de profissionais qualificados com a oferta do mercado, ajudando a prevenir pressões inflacionárias de caráter salarial, por exemplo.

CINGAPURA EUA

ALEMANHA

10%

FRANÇA REINO UNIDO COSTA RICA

RÚSSIA 5%

ESPANHA

ITÁLIA

0%

COREIA DO SUL 0%

JAPÃO MÉXICO CHINA

ARGENTINA URUGUAI

BRASIL

PERU

20%

40%

VENEZUELA

PANAMÁ COLÔMBIA 60%

CHILE

BOLÍVIA 80%

MAIOR PRESENÇA DE LATINOS NO TOTAL DE IMIGRANTES % DOS IMIGRANTES ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA LATINA

Para que isso ocorra, é necessário, primeiro, que o país tenha as condições de trânsito adequadas com outros polos do mundo – não apenas globais, mas também regionais e locais. Neste sentido, é vital que as exigências regulatórias para entrada e saída de profissionais sejam modernas, evitando excessos que, ao mesmo tempo em que dificultam a entrada de executivos e a realização de eventos e negócios no país, pouco impacto têm para fortalecer a segurança interna. Além disto, é pré-requisito fundamental uma alta conectividade aérea, com infraestrutura aeroportuária adequada e voos frequentes, por ser hoje a principal via de locomoção entre países no mundo globalizado. Em sua história, o Brasil já passou por épocas de recepção de volumosos contingentes de imigrantes, o que resultou em grandes comunidades de seus descendentes, a exemplo dos japoneses e dos italianos em São Paulo e dos alemães na Região Sul do País. Hoje, no entanto, o nível de integração de estrangeiros ao Brasil é baixo em comparação com outros polos de negócios globais e o mesmo cenário se repete em outros países da América Latina. Mesmo aqueles países que mais atraem imigrantes na região, como Argentina e Venezuela, ainda ficam muito longe das principais economias globais, como Estados Unidos e Reino Unido. Enquanto estes dois países desenvolvidos têm, respectivamente, um contingente de aproximadamente 12% e 8% de imigrantes em sua população, o país com o nível mais alto de imigrantes na América Latina, a Venezuela, tem em torno de 4% (veja Diagrama 51).

121

DIAGRAMA 51

Uma primeira dificuldade enfrentada pelas empresas para a operação em múltiplos países latinos está relacionada com o arcabouço regulatório. Um alinhamento de padrões contábeis, financeiros, tributários e de normas técnicas poderia tornar a operação intrarregional mais eficiente. Felizmente, como exemplo positivo temos os já existentes esforços orientados à harmonização de regras contábeis por meio da adoção do International Financial Reporting Standards (IFRS)71. Colômbia e Chile adotaram o padrão em 2009, enquanto Brasil e Argentina passarão a operar através dele a partir de 2011. Além disto, movimentos na região vêm sendo realizados com o objetivo de trocar experiências e organizar as demandas da região para o International Accounting Standards Board (IASB), garantindo assim maior força e representatividade.72

MAIOR PRESENÇA DE IMIGRANTES NA POPULAÇÃO

120

total de imigrantes no país (~10M)

América Latina

Outros

Nota: Dados de emigração mais recentes disponíveis em nível global com base aproximadamente em 2.000 comparados com população no ano 2000. / Fonte: Development Research Center on Migration, Globalization & Poverty; EIU.

71 Padrões contábeis internacionais publicados pelo IASB (International Accounting Standards Board). Desde 2001, a instituição tem conduzido esforços para implantar esses padrões com o objetivo de tornar mais fácil a comparação e integração de dados contábeis de empresas de países diferentes. 72 Em fevereiro de 2011, foi realizada uma reunião entre representantes de órgãos nacionais responsáveis pela emissão de regras contábeis de cada país (Brasil, Argentina, México, Chile e Venezuela) com os objetivos aqui citados.

No Brasil, especificamente, constata-se um pequeno número de imigrantes no total de sua população em comparação com outros países da América Latina. Enquanto a Argentina, por exemplo, tem 3,9% de imigrantes no total de sua população — sendo mais de 70% deles latinos — o Brasil tem quase dez vezes menos (0,4%) e com uma pequena participação de latino-americanos. A vasta maioria dos imigrantes hoje residentes no Brasil tem origem europeia e mais da metade é de portugueses. Da mesma forma que a América Latina não tem destaque na entrada de pessoas no Brasil, também não o tem no total de emigrantes. Do total de brasileiros no exterior, mais de 50% estão na Ásia ou na América do Norte (veja Diagrama 52).

100%


122

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 52

DIAGRAMA 53

Movimentos migratórios a partir de e para o Brasil estão voltados para fora da América Latina Presença relativamente limitada de imigrantes no Brasil, especialmente latinos

Emigração do Brasil focada no Japão e USA, imigrantes vindos principalmente da Europa

Participação da América Latina na entrada de trabalhadores no Brasil vem diminuindo

Participação da América Latina no turismo do Brasil é maior e estável

Percentual de imigrantes total, originários da América Latina e de outras regiões na população1

Estoque de emigrantes brasileiros por região de destino1

Vistos de trabalho emitidos por ano no Brasil por país de origem do trabalhador

Entradas de turistas1 no Brasil por país de origem

ÁSIA

˜ 10x TOTAL

4,1

3,9

1,2

0,5

0,4

0,3

0,2

276,0 29% 100

AMÉRICA DO NORTE

1,1

1,1

0,4

0,4

0,3

0,1

0,1

80

225,6 24%

AMÉRICA LATINA

177,6 19%

60 MIL IMIGRANTES

OUTROS 35,0 4% 3,0

2,7

0,8

100

0,2

200

300

VEN

ARG

CHL

0,1

MEX

BRA

COL

% de imigrantes latinos na população

9%

9%

17%

18%

15%

15%

21%

21%

29%

30%

OUTROS AMÉRICA DO NORTE

306

AMÉRICA LATINA

OUTROS

114 78

56%

Portugueses são ~200 mil

21%

14% MIL IMIGRANTES

47 9% 100

200

É interessante notar também que a participação da América Latina na entrada de trabalhadores no Brasil vem diminuindo. Enquanto em 2006 a região representava 10% do total de vistos de trabalho emitidos pelo País, em 2007 e 2008 este valor ficou em 9% e, em 2009, em 8%. O mesmo não ocorre com a participação de latino-americanos no porcentual de turistas que o Brasil recebe. O número absoluto de pessoas desta região atraídas para turismo brasileiro permaneceu no mesmo patamar nos últimos anos e, dada a queda no número global de turistas recebidos, aumentou sua participação (veja Diagrama 53). Um dos fatores que contribui para o pequeno número de imigrantes na população brasileira é o processo de autorização de entrada de estrangeiros no País, que é complexo e demorado. Em pesquisa realizada anualmente pelo IMD com executivos ao redor do mundo sobre a facilidade de entrada de imigrantes trabalhadores em seus países, o Brasil recebe apenas nota 5, em uma escala de 1 a 10. Enquanto isso, outros polos globais, como Cingapura e Hong Kong, ficam com notas próximas a 7 (veja Diagrama 54). As causas desta realidade estão relacionadas principalmente à complexidade das leis de imigração. A legislação do Brasil é protetora da mão de obra nacional, exigindo, com

300

400

80

Total de vistos (k)

12%

14%

14%

16%

OUTROS2

16%

16%

15%

14%

AMÉRICA DO NORTE

33%

34%

32%

38%

37%

38%

29%

EUROPA

40 46%

0

EUROPA

100

60

40

Estoque de imigrantes no Brasil por região de origem1

ÁSIA 1. Apenas imigrantes legais. Dados de emigração mais recentes disponíveis em nível global com base em aproximadamente 2.000 comparados com população em 2000. / Fonte: Development research center on Migration, Globalization & Poverty; EIU.

8%

44%

37%

38%

EUROPA

20

PER

% de imigrantes de outras partes do mundo na população

7%

ÁSIA

400

0,1 0,1

% de vistos de trabalho de cada região

241,4 25%

EUROPA

100

50

O Brasil atrai turismo em geral a partir da América Latina, mas não especificamente para fins profissionais

20 10%

9%

9%

8%

2006

2007

2008

2009

25,4

29,5

44,0

42,9

AMÉRICA LATINA

0

Aproximadamente 50% dos turistas vindos da América Latina são argentinos, com cerca de 50% realizando turismo local no Sul do País

41%

AMÉRICA LATINA 2005

2006

2007

2008

5,35

5,02

5,03

5,05

Total de turistas (M)

1. Número de turistas inclui turismo de lazer e de negócios. 2. Inclui países asiáticos. / Fonte: MTE; Ministério do Turismo.

exceção do Mercosul, experiência profissional comprovada e educação média e superior completas, independentemente do histórico profissional da pessoa e das necessidades apresentadas pelas empresas interessadas em trazê-la ao País. As principais ineficiências apontadas por estrangeiros no processo de entrada são o tempo e a documentação exigida. A duração média do processo é de dois meses e exige o patrocínio de um empregador. A renovação do visto pode durar até dois anos. Iniciativas são necessárias não só para simplificar o processo de entrada, mas também para repensar o modelo que o Brasil quer seguir em relação aos imigrantes. Em um mundo globalizado e cada vez mais conectado, a possibilidade de recrutamento livre é um importante diferencial competitivo. Isso traz benefícios não apenas para os que vêm e para as empresas contratantes, mas para o país como um todo ao torná-lo mais integrado com o que acontece no mundo, contribuindo para o desenvolvimento educacional e cultural dos residentes. Além disto, a abertura contribui para o balanceamento entre a oferta e a demanda de mão de obra, potencialmente contendo movimentos inflacionários decorrentes de pressões salariais.

123


124

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Um dos caminhos para essa simplificação é ampliar o espaço regional aberto para fluxo de pessoas criado pelo acordo de livre residência do Mercosul (veja Diagrama 55). Adicionalmente, cadastros regionais de pessoas e o reconhecimento integrado de profissões poderiam ser estudados.

É PRECISO BUSCAR ALINHAMENTO COM OS DEMAIS PAÍSES DA REGIÃO. A INTEGRAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DOS FLUXOS DE PESSOAS, CAPITAIS E COMERCIAIS GARANTIRÁ ATRATIVIDADE DO POLO E DINAMIZAÇÃO DOS NEGÓCIOS

Em paralelo às questões regulatórias, a mobilidade entre países depende da infraestrutura física disponível. O Brasil está comparativamente bem conectado em nível internacional por meio de voos: ao comparar o Brasil com o restante da América Latina em relação ao número de destinos internacionais, verifica-se a liderança brasileira, sendo os destinos latino-ameri-

DIAGRAMA 54

DIAGRAMA 55

Entrada de trabalhadores no Brasil é vista como difícil por executivos do País

Acordo de livre residência no Brasil poderia envolver mais países e ser reforçado

Facilidade para a entrada de imigrantes trabalhadores (nota 1 a 10, 2010)

CINGAPURA

6,8

CHILE

6,8

HONG KONG

6,7

FRANÇA

6,6

ALEMANHA

6,2

MÉXICO

6,1

Cidadãos de países membros passam por processo simplificado para conseguir residência no Brasil Cidadãos de países membros possuem entrada livre no Brasil Uma vez no país, cidadãos podem entrar com uma aplicação simplificada para obter autorização de residência por 2 anos Após 2 anos, cidadãos podem receber automaticamente residência permanente Países desenvolvidos

ÍNDIA

5,9

CHINA

5,8

Países em desenvolvimento Demais países da América Latina

5,0

BRASIL JAPÃO

4,4

USA

4,4

Outros países no acordo Fonte: IMD WCY Executive Survey; análise BCG.

Países fora do acordo

244 27

Após 1 ano, cidadãos estrangeiros podem receber documentos nacionais, dando acesso a todos os serviços públicos do país.

304

Alguns estados permitem que cidadãos assim “naturalizados” votem em eleições locais País tem desde 2006, realizado o programa “Pátria Grande” para legalização de imigrantes, que já legalizou mais de 1 milhão de pessoas

3,7

COREIA DO SUL RÚSSIA

Países do Mercosul

5,1

REINO UNIDO

Programa argentino é ainda mais amplo M habitantes

Brasil

3,2 Fonte: Migration policy institute; imprensa.

125


126

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

canos os mais representativos para o País e para os demais países da região. Em se tratando do número de assentos em voos internacionais disponíveis em relação à população, no entanto, o Brasil é o mais mal colocado entre outros países da região (veja Diagrama 56).

Indicadores

A capacidade de movimento das pessoas mostra-se essencial para a consolidação de um polo de negócios. Como visto, o Brasil ainda se mostra pouco integrado com o restante do mundo em termos do volume de pessoas que permanecem ou passam pelo País. Para avançar neste sentido, o Brasil deveria acelerar melhorias na regulação de ingresso de estrangeiros e na infraestrutura, de forma que chegadas e saídas dele sejam simples e fáceis.

• Abertura internacional para bens: A inexistência de restrições do país a importações de bens e a resistência de outros países às exportações de um dado país são evidências de sua disposição para a conectividade comercial;

Foram definidas dimensões para avaliar o pilar de conectividade. São elas:

• Comércio de bens: O comércio de bens é uma das atividades mais importantes de um polo de negócios e, por isso, é elemento a ser desenvolvido; • Abertura internacional para serviços: A participação do país em acordos de comércio internacional de serviços é evidência de sua disposição para a conectividade comercial de serviços;

DIAGRAMA 56

Brasil lidera em destinos de voos internacionais, mas tem baixo número de assentos em relação à sua população Brasil tem o maior número de destinos de voos internacionais na América Latina...

... porém a disponibilidade de assentos per capita é ainda baixa

Número de destinos de voos internacionais por país de origem (2010)

Assentos em voos internacionais / dia / M habitantes do país1 (2010)

BRASIL

48%

VENEZUELA

71%

ARGENTINA

53%

MÉXICO

55%

31% 7%7% 29

COLÔMBIA

69%

24% 7% 29

23%

9%

20%

44

ARGENTINA

640

EQUADOR

620

CHILE

61%

PANAMÁ

88%

• Regulação promotora de abertura a capitais: Ajuda a medir o quanto a regulação de um país é, por si só, facilitadora da entrada de capitais, através da opinião de especialistas; • Expansão de multinacionais do país: A projeção das empresas do país e o quanto estas são capazes de competir na arena global é um meio importante de conectividade do polo, alavancando outros fluxos como os de pessoas e comércio;

433

PERU MÉXICO

• Acordos de abertura para capitais: A participação em acordos bilaterais de investimento mostra a disposição em facilitar a saída e a entrada de capitais;

816

CHILE

30

20% 3% 23%

• Fluxo de capitais: A entrada e saída de capitais do país é um dos indicadores-chave de um polo de investimentos e negócios, permitindo o financiamento de emissores nacionais e maiores opções de investimento no restante do mundo; 3.672

PANAMÁ

16% 13% 31

• Comércio de serviços: O comércio de serviços ganha importância adicional em se tratando da formação de um polo de negócios baseado em serviços;

• Facilidade de entrada de multinacionais estrangeiras: A preparação da regulação de um país para receber empresas estrangeiras é fator determinante na decisão de entrada destas e alavanca a economia e a conectividade do país;

389

28

18% 21%

COLÔMBIA

353

VENEZUELA

351

• Recepção de imigrantes: A participação de imigrantes na população de determinado país é evidência de sua conectividade com o mundo em termos de pessoas;

8%4% 26

• Mobilidade de pessoas: A mobilidade internacional de pessoas, aqui medida pelo número de destinos aéreos disponíveis a partir do país, é relevante por permitir a entrada e a saída do polo.

81% 10%10% 21

PERU

BRASIL 198 0

10

20

30

Europa

Outros

América Latina

Ásia

40

50

500

1.000

3.500

4.000

1. Não inclui países do Caribe e da América Central. Nota: Baseado no número de voos da semana de 6 a 12 de setembro de 2010. Considera apenas partidas (aproximadamente metade do número de voos totais). / Fonte: OAG database; análise BCG.

O resultado da classificação do Brasil no pilar de conectividade diante de outros países pode ser observado a seguir:

127


128

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

BRA ABERTURA

crítico MEX

1. INTERNACIONAL

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

a desenvolver IND

bom

RUS

KOR

JPN DEU CHN

SGP

PARA BENS

excelente CHL USA

HKG

GBR FRA

COMÉRCIO

BRA

2.

COMÉRCIO DE BENS

3.

ABERTURA INTERNACIONAL PARA SERVIÇOS

USA

JPN

GBR RUS CHN

IND

MEX

FRA

DEU

KOR

SGP

CHL

HKG

BRA IND CHL

KOR

MEX CHN

SGP

FRA DEU

HKG

JPN

USA

GBR

BRA

4.

COMÉRCIO DE SERVIÇOS

5.

FLUXOS DE CAPITAIS

6.

ACORDOS DE ABERTURA PARA CAPITAIS

7.

REGULAÇÃO PROMOTORA DE ABERTURA A CAPITAIS

8.

EXPANSÃO DE MULTINACIONAIS DO PAÍS

9.

FACILIDADE DE ENTRADA DE MULTINACIONAIS ESTRANGEIRAS

MEX

CHN

FRA CHL

RUS

KOR GBR

IND

USA

SGP

DEU

HKG

BRA CHN IND

KOR JPN

RUS

DEU

FRA

GBR

MEX USA

SGP HKG

CHL

CAPITAL

BRA GBR

JPN

DEU RUS CHL

SGP

HKG

FRA

CHN

KOR IND

USA

MEX

BRA CHN RUS

KOR

USA

CHL

JPN FRA

IND

MEX

GBR

HKG

DEU

SGP

DEU

FRA

EMPRESAS

BRA IND

RUS

SGP

MEX

KOR

HKG

CHN

JPN

GBR

USA

PESSOAS

RECEPÇÃO DE IMIGRANTES

MEX RUS KOR

IND

FRA USA SGP JPN GBR

CHN IND

KOR MEX

RUS

JPN

GBR DEU

HKG

FRA USA

CHL

SGP

BRA

11.

Na dimensão de comércio, a América Latina tem poucos países de expressão mundial em exportação e importação de bens e, portanto, deveria garantir o desenvolvimento desta área. Ao mesmo tempo, é mais incipiente ainda o comércio de serviços intra e extrarregionais. Para tornar a região ainda mais conectada com o mundo e entre si, é preciso focar em iniciativas que melhorem a infraestrutura e os acordos de comércio. Existem também espaços para iniciativas que promovam reformas para entrada e saída de investimentos da região, de maneira a aumentar ainda mais estes fluxos. O Brasil, especificamente, mesmo com sua já expoente posição no continente, pode se consolidar ainda mais ao investir na promoção de acordos de investimentos e na revisão do sistema cambial.

BRA CHL

CHN

Grandes fluxos internacionais definem primordialmente um polo, que acaba por contribuir para a economia do país e de sua região ao canalizar, estimular e irradiar a circulação de bens e serviços, de capitais, de negócios ou de pessoas. O tamanho do Brasil e a pujança de sua economia o tornam, por si só, um centro importante de conexão com o mundo. Com foco em melhorias na facilidade de recebimento de empresas, investimentos e pessoas, a posição brasileira poderia ser ainda mais consolidada, e traria fortes benefícios ao País e à região. Este tópico de conectividade será ainda mais explorado em um futuro relatório da BRAiN planejado para ser publicado no segundo semestre de 2011.

CHL

BRA

10.

Conclusão

CHL

MOBILIDADE DE PESSOAS

HKG JPN MEX

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

IND

CHN

RUS

SGP KOR

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

GBR USA

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

O Brasil ainda tem bastante espaço para se desenvolver no pilar de conectividade. Com exceção dos acordos e da regulação para abertura a fluxos de capitais, onde o País começa a chegar a um nível bom, em todas as outras dimensões não se apresenta tão atrativo quando comparado ao grupo de países selecionados.

FRA

DEU

Empresas latino-americanas estão ganhando cada vez mais força e sem dúvida têm crescimento significativo internacionalmente. No entanto, com poucas exceções, ainda não são um destaque na arena global. A promoção de um maior alinhamento regional para a operação de empresas permitirá não apenas que elas se destaquem mundialmente, mas também que tragam mais investimentos diretos para a região, consolidando ainda mais o polo de investimentos e negócios brasileiro. Finalmente, no que tange à capacidade de movimento das pessoas, o Brasil ainda se mostra pouco integrado com o restante do mundo em termos do volume de pessoas que permanecem ou passam pelo País por outras razões além do turismo. Para avançar, é importante melhorar tanto a regulação da entrada de estrangeiros, para aumentar a flexibilidade e as possibilidades de contratação nacional, como também a infraestrutura aeroviária, de forma que a chegada e a saída do polo sejam facilitadas.

129


130

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

tiva, os diversos agentes de negócios, sejam empresas, pessoas ou investidores, terão maior interesse no País. O Brasil tem à sua frente uma oportunidade considerável para aproveitar o momento e desenvolver sua imagem relacionada a negócios, por causa de sua projeção mais acentuada recentemente devido a uma economia forte e atraente. Esforços de divulgação que poderiam fortalecer essa dimensão são ainda limitados; contemplando viagens de comitivas público-privadas, como o BEST BRAZIL, que apresenta o mercado financeiro nacional para investidores estrangeiros, e a APEX, que promove o comércio exterior do País.

07

imagem do país

A percepção sobre a geração de ideias e de produtos brasileiros, ou mesmo sobre o ambiente institucional local, por exemplo, tem avaliações inferiores à média global74 (veja Diagrama 57). Rankings e pesquisas de percepção internacionais, como as realizadas pelo Banco Mundial e pelo IMD, também mostram o Brasil em posições inferiores no quesito de negócios. Essas colocações, apesar de terem origem em deficiências genuínas do País em alguns casos, poderiam ser aperfeiçoadas por meio de esforços de melhor informar e influenciar a percepção de formadores de opinião. A aparente limitação desses esforços resulta em um grande atraso para a chegada das melhorias reais do Brasil até a percepção e o consenso internacionais.

A imagem do país é um pilar bastante importante para um polo de investimentos e negócios, pois reflete e comunica todos os demais pilares de sua atratividade. Ela define a percepção que o mundo tem sobre um dado polo, podendo, se bem gerida, potencializar qualidades e relativizar deficiências.

74 Avaliação de 50 países feita pelo Anholt-GfK Roper Nation Brands Report de 2008.

A criação e a gestão da imagem de um país são complexas e dependem de diferentes elementos que se influenciam mutuamente. Por exemplo, atuar sobre o aspecto cultural da imagem do país pode influenciar ao mesmo tempo a percepção sobre turismo e sobre negócios. Além disso, a construção da imagem parte da realidade do país e é complementada pela percepção externa. Isso significa que não se conseguem ganhos significativos e sustentáveis de imagem somente por meio do trabalho de influência de percepção – é necessário fundamentá-la em uma realidade condizente.

75

Eventos itinerantes, com periodicidade fixa e com mais de 50 participantes. Fonte: International Congress and Convention Association.

A despeito desta imagem não tão positiva, o País vem tendo algum destaque, como aponta o aumento no número de congressos e convenções internacionais realizados no território brasileiro: desde 2003, esse número tem crescido a uma taxa média de 30% ao ano, o que em 2009 significou a colocação do Brasil como sétimo país que mais recebe esses eventos em todo o mundo75 (veja Diagrama 58).

DIAGRAMA 57

Na presente seção, não será feita uma análise dos aspectos intrínsecos do Brasil como polo de investimentos e negócios, os quais já foram tratados em cada um dos outros pilares deste trabalho. Será, sim, analisada a divulgação da realidade brasileira com o objetivo de avaliar a percepção internacional sobre o País. A discussão será dividida em três elementos essenciais da imagem de um polo: lugar para se fazer negócios, local para se morar e região para se fazer turismo. Em cada elemento serão analisados o status atual da imagem do Brasil e suas oportunidades de melhoria, de forma a torná-la uma ferramenta na construção do polo de negócios.

Imagem de negócios do Brasil parte de patamar baixo Produtos Nacionais1 JAPÃO MELHOR

Ambiente Institucional2 SUÍÇA MELHOR

MÉDIA

Como ponto de partida, o Nation Brands Index, publicado em 201073, coloca o Brasil em posição de relativo destaque no mundo, ocupando a 20ª posição entre 50 países. A análise segmentada desse ranking em seus elementos mostra, porém, que o desempenho brasileiro é melhor em áreas de turismo e cultura e pior nas relacionadas a negócios, desequilíbrio que impacta negativamente a imagem almejada de polo de investimentos e negócios na América Latina.

BRASIL MÉDIA

BRASIL

Lugar para se fazer negócios Em seu objetivo de ser um polo de negócios, a imagem de “lugar para se fazer negócios” é, em última instância, a que o Brasil deve buscar. Por intermédio de uma imagem atra-

PIOR The Anholt-GfK Roper Nation Brands Index.

73

NIGÉRIA

PIOR

IRÃ

1. Contribui o país com a ciência e a tecnologia. Impacto das pessoas que compram produtos brasileiros. Tem ideias de avançada. 2. Tem governo honesto que respeita os direitos. Responsabilidade com a paz e a segurança. Preocupação com a pobreza e o meio ambiente. Nota: Pesquisa realizada entre 50 países. / Fonte: The Anholt-GfK Roper Nation Brands IndexSM 2008 50 country Report.

131


132

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 59

Paralelamente, cidades brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro já se destacam em rankings de lugar para se fazer negócios na América Latina, ocupando o terceiro e o quinto lugares, respectivamente, atrás somente de Miami76, Santiago e Cidade do México77 (veja Diagrama 58). Ou seja, o Brasil é reconhecido como polo de negócios dentro da América Latina, mas a lacuna existe na comparação com o restante do mundo. Outro ponto também importante para a formação da imagem do Brasil como polo de negócios é o da percepção sobre o posicionamento no tema de sustentabilidade, assunto cada vez mais recorrente na pauta decisória das empresas. Nesse sentido, o País ganha relativo destaque, sendo a nação com o terceiro maior número de empresas a reportarem um relatório anual de sustentabilidade de acordo com as diretrizes do Global Reporting Initiative (GRI), o modelo mais usado pelas empresas no mundo, de acordo com pesquisas da KPMG e da Ernst&Young em 2009 (veja Diagrama 59). No entanto, as práticas das empresas brasileiras não são ainda completamente refletidas em rankings globais de sustentabilidade: o País tem somente três empresas entre as 100 mais sustentáveis de acordo com um estudo publicado pela empresa Corporate Knights (veja Diagrama 59).

A preocupação das empresas brasileiras com sustentabilidade é alta, mas ainda não é reconhecida internacionalmente

76 Incluída na pesquisa por causa da ligação cultural latina. 77 Fonte: Ranking de lugares para se fazer negócios da Revista América Economia publicado em 2010 e baseado em aspectos macroeconômicos, sociais, de serviços, infraestrutura, talentos e marca.

Brasil é terceiro país com o maior número de relatórios publicados...

...mas tem somente 3 empresas entre as 100 mais sustentáveis do mundo

número de empresas que publicaram relatórios de sustentabilidade1 - 2010

número de empresas no ranking das 100 mais sustentáveis: Corporate Knights “The World’s Most Sustainable Companies”, 2010

USA

181 158

ESPANHA 134

BRASIL

123

JAPÃO

DIAGRAMA 58

País atrai número crescente de congressos e convenções

Cidades brasileiras começam a ganhar destaque

Número de eventos internacionais1 no Brasil Brasil é o 7º país que mais recebe eventos

RANK

293 +30% 207

254 209

145 106 62

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª

CIDADE

PAÍS

Miami Santiago São Paulo Cidade do México Rio de Janeiro Buenos Aires Cidade do Panamá Bogotá San José

USA CHILE BRASIL MÉXICO BRASIL ARGENTINA PANAMÁ COLÔMBIA COSTA RICA

Ranking de 37 cidades sobre melhor lugar para se fazer negócios em 2010, com base em aspectos macroeconômicos, sociais, de serviços, infraestrutura, talentos e marca

2004

2005 2006

2007

2008

12

USA CANADÁ

9

AUSTRÁLIA

9 6

SUÍÇA

AUSTRÁLIA

69

JAPÃO

5

HOLANDA

69

FRANÇA

5

CANADÁ

66

ALEMANHA

63

ALEMANHA

4

BRASIL

3

REINO UNIDO

62

SUÉCIA

3

CHINA

61

FINLÂNDIA

3

COREIA DO SUL

61

DINAMARCA

3

53

ÁFRICA DO SUL

CINGAPURA

2

SUÍÇA

50

HOLANDA

2

ITÁLIA

48

ESPANHA

2

ÍNDIA

2

COREIA DO SUL

2

ÁUSTRIA PORTUGAL MÉXICO

2003

83

SUÉCIA

O País começa a obter destaque como lugar para se fazer negócios

21

REINO UNIDO

42 35 34

OUTROS

94. Bradesco 96. Petrobras 99. Natura

7

2009

1. Eventos itinerantes, com periodicidade fixa e com mais de 50 participantes. Nota: Pesquisa realizada entre 50 países. Fonte: Revista América Economia; International Congress and Convention Association.

1. Considera apenas empresas que publicaram seus relatórios de acordo com as diretrizes do GRI (Global Reporting Initiative), as quais são as mais utilizadas de acordo com pesquisas da KPMG e da Ernst & Young, em 2009. / Fonte: GRI; Corporate Knights; análise BCG.

133


134

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Os avanços reais brasileiros e iniciativas como o BEST BRAZIL e a APEX são benéficos na formação de uma imagem corporativa do País. Entretanto, é necessário avançar em termos de quantidade de esforços e, principalmente, de coordenação em torno de um objetivo e de uma estratégia única de transformação do Brasil num dos polos de investimentos e negócios na América Latina.

DIAGRAMA 60

Brasil não tem boa imagem como lugar para se morar

RANKING1 Lugar para se morar

1ª 2ª 3ª 61ª 64ª 66ª 92ª 92ª 105ª 118ª 127ª

Para contribuir com sua imagem de polo de negócios, o Brasil precisa também ser reconhecido como um lugar atraente para se morar: a capacidade de atrair pessoas é fundamental para a formação do centro de negócios e depende da capacidade do País de proporcionar boas condições de vida a seus habitantes. A hospitalidade e a abertura cultural brasileiras são reconhecidas mundialmente. A cidade do Rio de Janeiro foi eleita a cidade mais feliz do mundo em 2009 pela revista Forbes78. Mesmo assim, o Brasil tem pouca projeção como lugar para se morar. Tal lacuna pode estar relacionada em parte a fatores reais, como trânsito e relativa falta de segurança, mas em parte também é resultado da tímida divulgação dos pontos positivos da vida em cidades brasileiras e da falta de disseminação de informações sobre o contexto e as melhorias dos pontos deficientes. Por causa dessa conjunção de fatores, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, figuram empatadas somente em 92º lugar entre 140 cidades no mundo no ranking do EIU de melhor lugar para se morar (veja Diagrama 60).

PAÍS

Vancouver Viena Melbourne Buenos Aires Santiago Montevidéu São Paulo Rio de Janeiro Cidade do México Caracas Bogotá

CANADÁ ÁUSTRIA AUSTRÁLIA ARGENTINA CHILE URUGUAI BRASIL BRASIL MÉXICO VENEZUELA COLÔMBIA

1. Ranking de 140 cidades sobre melhor lugar para se morar organizado pelo EIU em 2009, com base em estabilidade, serviços de saúde, cultura e ambiente, educação e infraestrutura. / Fonte: EIU.

Aparentemente, não existem hoje iniciativas específicas para a divulgação do Brasil como lugar de boa moradia, o que parece alinhado à política brasileira de não atrair mão de obra internacional. Os movimentos de divulgação de outros aspectos da imagem brasileira – como negócios e turismo, notícias –, rankings internacionais e a própria movimentação de pessoas para dentro e fora do País são hoje os únicos meios de formação da imagem brasileira como lugar para se morar. Para aprimorar sua imagem de destino residencial, além de investir na melhoria real de seus pontos negativos, o Brasil precisa divulgar mais seus avanços de forma estruturada, seja por intermédio de reportagens em meios de comunicação, seja por meio de formação de opiniões de visitantes ao País, ou seja via campanhas internacionais. Um exemplo de avanço não divulgado é que a cidade de São Paulo alcançou em 2009 uma taxa de homicídios inferior a de centros metropolitanos dos Estados Unidos: em São Paulo foram 11,23 homicídios por 100 mil habitantes, ante 23,85 em Washington e 16,08 em Chicago.

A imagem brasileira como destino turístico é destaque internacional, tanto pelos atrativos naturais quanto pela cultura do povo. O Brasil tem a oportunidade de transformar esse ponto forte em trampolim que contribua com a formação da imagem de seu polo de investimentos e negócios, de forma a provocar a divulgação de sua imagem corporativa também por meio dos turistas que o visitam. Isto é, visitantes turísticos que reconhecem o potencial brasileiro também para investimentos e negócios ajudam a formar a opinião internacional sobre o Brasil como polo.

Lugar para se fazer turismo O turismo beneficia a formação de um polo de investimentos e negócios no Brasil tanto pela atração de receitas e de atividades econômicas diretamente a ele ligadas quanto pela divulgação do País internacionalmente por meio do aumento do trânsito de visitantes.

CIDADE

78 Fonte: Ranking “The World’s Happiest Cities” da revista Forbes, publicado em setembro de 2009.

No entanto, diferentemente do que indica sua forte imagem como destino turístico, o Brasil é somente o 38º colocado entre os 60 países que mais atraem turistas no mundo (veja Diagrama 61), recebendo menos de 1% dos turistas mundiais. Em vez de acompanhar o crescimento do turismo internacional, o Brasil viu seu número de turistas internacionais cair nos últimos anos, tanto em lazer quanto em negócios (veja Diagrama 62).

135


136

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 61

Apesar de ter boa imagem, o Brasil atrai menos de 1% dos turistas do mundo Imagem brasileira é positiva em aspectos turísticos e culturais...

Turismo1

Cultura2

ITÁLIA

FRANÇA

MELHOR

BRASIL

10º

13º

... mas atrai somente pequena parte do volume global de turistas3

Ranking País

1º 2º 4º 6º 7º 10º 11º 14º 15º 28º 29º 30º 35º 38º

MELHOR

BRASIL Brasil é o 13º colocado entre 50 países

MÉDIA

Brasil é o 10º colocado entre 50 países

MÉDIA

PIOR

50º

50º

IRÃ

PIOR

% de turistas do mundo

FRANÇA USA CHINA REINO UNIDO HONG KONG ALEMANHA RÚSSIA MÉXICO CANADÁ CINGAPURA JAPÃO COREIA ÍNDIA BRASIL

10,6% 7,7% 7,2% 4,1% 3,9% 3,3% 3,2% 2,9% 2,3% 1,1% 1,1% 0,9% 0,7% 0,7%

IRÃ

1. Perguntas: Interesse em visitar o pais? É rico em beleza natural e monumentos históricos e cidades excitantes? 2. Perguntas: Tem sucesso em esportes e tem herança cultural? Tem cultura contemporânea? Nota: Pesquisa realizada entre 50 países. 3. Refere-se a todos os tipos de visitantes temporários, incluindo lazer e negócios, não considerando visitantes por atividades remuneradas no país de destino. / Fonte: The Anholt-GfK Roper Nation Brands IndexSM 2008 50 country Report; EIU.

Brasil é o 38º colocado entre 60 países

DIAGRAMA 62

O turismo no Brasil não acompanhou o crescimento mundial de turistas Número de turistas internacionais decresceu nos últimos anos no Brasil

Turistas internacionais por destino - M

Tanto o turismo de lazer quanto o de negócios decresceram no Brasil

Turistas internacionais no Brasil - M

TACC

TACC

5,4

919,0

5,0

5,0

5,1 4,8

900,5 880,5

MUNDO

2,4

2,4%

(44%)

2,2

(44%)

2,2

(44%)

2,2

(43%)

2,2

(46%)

-2,9% LAZER

-2,3%

846,0

1,6

801,6 45,1

47,7

49,2

5,0

5,0

5,1

48,0

43,4 5,4

2005

AMÉRICA 2,6% LATINA

(29%)

1,4

2006

2007

2008

4,8

BRASIL

2009

1,4

(29%)

1,4

1,4

(27%)

1,4

1,4

(27%)

1,5

1,1

NEGÓCIOS -8,5%

1,4

OUTRAS

(23%)

(27%)

(28%)

(28%)

(30%)

(32%)

2005

2006

2007

2008

2009

-2,9%

+1,5%

Fonte: Ministério do Turismo do Brasil; EIU; análise BCG.

137


138

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Fica clara, então, a necessidade de se atuar na transformação da imagem brasileira para aumentar seu turismo internacional. Felizmente, iniciativas para a divulgação do Brasil como destino turístico já são frequentes, principalmente por meio do Ministério do Turismo e da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). Além disso, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 serão oportunidades ímpares para a conversão da imagem positiva em um maior número de turistas. É necessário garantir a continuidade dos esforços existentes e atuar para transformá-los em aumento efetivo de turistas.

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

crítico

a desenvolver

CHL CHN MEX

NO ÂMBITO 1. IMAGEM DOS NEGÓCIOS

bom

BRA

KOR RUS

139

excelente

SGP

USA

IND

GBR

DEU

FRA JPN

BRA

Indicadores

2.

INTERESSE ESTRANGEIRO EM NEGÓCIOS E INVESTIMENTOS DO PAÍS

3.

ATRATIVIDADE PARA EVENTOS INTERNACIONAIS

CHL

KOR DEU RUS

FRA HKG MEX

SGP

USA GBR

As dimensões usadas para avaliar o pilar de imagem do país foram as seguintes: • Imagem no âmbito de negócios: A imagem positiva de um polo no âmbito dos negócios é essencial para a atração de investidores e de empresas em busca de oportunidades; • Interesse estrangeiro em investimentos e negócios do país: O interesse estrangeiro no país, aqui medido pelo volume de buscas realizadas sobre seu nome combinado a palavras relacionadas a negócios, mede a projeção internacional e, portanto, indica o potencial de atração de negócios estrangeiros;

RUS

HKG

CHL

IND

KOR

SGP

MEX

FRA

JPN CHN

DEU GBR

USA

BRA IND

4. SUSTENTABILIDADE

KOR

CHN

RUS

DEU GBR

MEX

FRA

SGP JPN CHL

USA

BRA

5. QUALIDADE DE VIDA

6. ABERTURA CULTURAL

• Sustentabilidade: A atitude de um país com relação aos recursos naturais define a sustentabilidade e contribui com a imagem para negócios, além de influir também na imagem de lugar para se fazer turismo e morar;

7.

SEGURANÇA PESSOAL E PATRIMONIAL

8.

IMAGEM NO ÂMBITO DE LAZER E TURISMO

• Abertura cultural: A abertura cultural de um país contribui para que ele receba bem os estrangeiros que o visitem a negócios ou a turismo e também garante melhor aceitação dos cidadãos que viajam ao exterior, sendo fundamental para a consolidação de um polo com ambições internacionais;

CHN

BRA

• Atratividade para eventos internacionais: A realização de eventos internacionais em um polo mostra a projeção no interesse de investidores e de empresários estrangeiros, o que contribui para a formação do polo;

• Qualidade de vida: A qualidade de vida em um país promove sua imagem como local para se morar e, assim, define sua atratividade para talentos internacionais e para empresas que estejam decidindo onde se instalar no mundo;

IND

JPN

RUS MEX

KOR

CHN IND

CHL

GBR

JPN

USA

SGP

FRA DEU

HKG

BRA FRA

RUS

MEX

USA

DEU

GBR

CHL

HKG SGP

CHN IND

JPN KOR

BRA MEX

RUS

CHN

IND

CHL

GBR

KOR USA

JPN HKG FRA

SGP

DEU

BRA SGP

CHL

IND

KOR

CHN

JPN

RUS

MEX

DEU FRA

USA GBR

BRA

9. INTENSIDADE DE TURISMO

CHL

IND

KOR

SGP JPN

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

MEX

RUS

HKG

DEU

CHN GBR

FRA USA

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

• Segurança pessoal e patrimonial: Junto com a qualidade de vida, a segurança é definidora da atratividade de um polo para se morar e também para turistas; • Imagem no âmbito de lazer e turismo: O lazer e o turismo contribuem diretamente com um polo ao gerar negócios e, indiretamente, ao ajudar na formação da imagem no exterior; • Intensidade de turismo: A intensidade do turismo, assim como a imagem do país nesse âmbito, mede o interesse internacional geral sobre a nação e contribui com a divulgação da imagem internacional do polo. O resultado da classificação do Brasil no pilar de imagem do país diante dos outros países pode ser observado a seguir:

No pilar de imagem, o Brasil já figura em posições de destaque em algumas dimensões importantes, como atratividade para eventos internacionais, sustentabilidade, abertura cultural e imagem de turismo e lazer. Para que a imagem como polo atrativo de investimentos e negócios se consolide, o País deveria continuar desenvolvendo e promovendo os seguintes temas: sua imagem para negócios; razões que despertem o interesse estrangeiro em investimentos e negócios; qualidade de vida; segurança pessoal e patrimonial do País; e a intensidade do turismo.


140

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Conclusão O Brasil apresenta imagem de destaque no mundo e deve alavancá-la para promover sua atratividade como polo de investimentos e negócios. Especificamente, é importante fortalecer e equilibrar a percepção da imagem brasileira nas dimensões “negócios” e “qualidade de vida”, em que o País tem posição de pouco destaque. O bom patamar de partida da imagem nacional, as iniciativas brasileiras de imagem já em andamento e as melhorias nos aspectos reais a serem divulgadas podem dar ao Brasil as ferramentas necessárias para promover uma imagem forte de polo de investimentos e negócios. Adicionalmente, os eventos esportivos internacionais de 2014 e 2016 contribuirão ainda mais para esse momento brasileiro. Por fim, a coordenação da divulgação das evoluções positivas do País é estratégia importante a ser seguida para a melhoria da percepção sobre o Brasil.

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

141


142

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

Painel de indicadores da atratividade brasileira como polo Internacional de investimentos e negócios

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

143

levaram em consideração a qualidade das fontes, a disponibilidade de dados para diferentes países e a possibilidade de se replicar a métrica ao longo dos próximos anos. A seleção de indicadores, portanto, respeita limitações de disponibilidade de dados; • A definição da cesta de países para comparação baseou-se na busca por exemplos relevantes de países desenvolvidos, países que operam como polos de investimentos e negócios e países que compartilham com o Brasil o status de “em desenvolvimento”; • A distribuição dos países ao longo da régua de cada indicador e sua classificação como “excelente”, “bom”, “a desenvolver” e “crítico” obedecem a um de dois racionais: (1) quando existente, o consenso social, político ou econômico publicamente estabelecido e, em caso de não existência de consenso; (2) a divisão estatística entre países, sendo a média da população divisora dos níveis “bom” e “a desenvolver” e um desvio padrão acima e abaixo da média divisores das categorias “excelente” e “crítico”, respectivamente; • O detalhamento sobre as fontes dos indicadores e os critérios para a distribuição dos países em cada régua estão disponíveis no Apêndice 2 deste relatório.

AMBIENTE MACROECONÔMICO crítico

a desenvolver

bom FRA

JPN

1. CRESCIMENTO ECONÔMICO

P

excelente

BRA

USA

MEX RUS

CHL

KOR HKG

DEU

GBR

IND

SGP

CHN

BRA RUS

2.

ESTABILIDADE MONETÁRIAP

3.

SOLIDEZ FISCALP

4.

VULNERABILIDADE EXTERNA

GBRUSA SGP FRA

MEX

IND

CHN CHL KOR HKG

JPN

DEU

BRA USA SGP FRA

JPN

IND

DEU

KOR

MEX

CHN RUS

CHL

HKG

GBR

BRA

Esta seção reapresenta a posição brasileira nas 57 dimensões selecionadas que fazem parte dos 7 pilares considerados essenciais para a atratividade de um polo. Cada dimensão se constitui em um indicador, a partir da comparação entre países. O objetivo destes indicadores é acompanhar a evolução brasileira ao longo dos anos, de forma a seguir mapeando os próximos passos necessários ao aumento da atratividade brasileira como polo de investimentos e negócios. É importante notar alguns pontos sobre a metodologia de definição do painel de indicadores: • A seleção dos indicadores para cada pilar baseou-se nas análises realizadas e em discussões com os associados da BRAiN e com autoridades e formadores de opinião dos setores público e privado. As métricas usadas para medir cada um dos indicadores

MEX KOR

CHL

RUS

HKG CHN

SGP

IND

BRA

5.

VOLATILIDADE ECONÔMICA

6.

DESENVOLVIMENTO HUMANO

HKG

USA

SGP

GBR JPN DEU CHL

KOR CHN

RUS

FRA

MEX IND

BRA IND

CHN

RUS

MEX

CHL

SGP

HKG FRAKOR DEU USA

GBR

JPN

BRA

7.

HKG CHL

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

MEX SGP

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO P: Indicador baseado em dados projetados.

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

USA

RUS CHN

JPN

GBR KOR IND

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

FRA

DEU


144

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

145

TALENTOS E CAPITAL HUMANO crítico

1. CONTINGENTE DEMOGRÁFICO

P

a desenvolver

KOR JPN CHN

GBR

bom

DEU RUS

excelente

BRA

MEX

IND

FRA USA

BRA

a desenvolver IND

1. ESTABILIDADE POLÍTICA

3.

QUALIDADE DO ENSINO BÁSICO

4.

QUANTIDADE DE ENSINO SUPERIOR

5.

ALINHAMENTO DO ENSINO SUPERIOR COM O MERCADO

6.

INTERNACIONALIZAÇÃO DE ESTUDOS (LINGUAS E VIVÊNCIA)

7.

DISPONIBILIDADE DE GESTORES E ENGENHEIROS DE QUALIDADE

8.

INTENSIDADADE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

9.

ATRATIVIDADE DO PAÍS PARA TALENTOS INTERNACIONAIS

IND

bom

excelente

BRA

RUS MEX

USA CHN

KOR

GBR

MEX

RUS

QUALIDADE REGULATÓRIA

USA CHL

JPN

IND

FRA

KOR

RUS MEX

SEGURANÇA JURÍDICA

IND

KOR CHL JPN

IND

CHN FRA

FLEXIBILIDADE DO MERCADO DE TRABALHO

SGP

DEU

KOR

MEX

RUS

CHN

CHL

JPN

GBR

IND

KOR

FACILIDADE DE ABRIR NEGÓCIOS

USA CHL MEX

RUS

IND

CHN

SGP

MEX

FACILIDADE PARA EMPRESAS PAGAREM IMPOSTOS

JPN RUS CHN

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

CHL

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

IND KOR

MEX

DEU

HKG

RUS KOR

CHN

KOR JPN

GBR

HKG

SGP

CHLFRA

RUS

GBR SGP

KOR

USA

CHL JPN

FRA

DEU

IND

USA

SGP

GBR HKG

BRA MEX CHL

USA SGP

FRA

RUS CHN

JPN

IND

GBR

HKG

DEU

SGP

KOR

USA

BRA CHN RUS

JPN GBR

SGP FRA IND CHL

DEU

KOR

HKG

JPN GBR

USA

BRA

FRA

DEU FRA USA GBR

DEU

FRA

RUS

CHN

MEX CHN

HKG

BRA

6.

CHN

FRA JPN

BRA

HKG SGP GBR

FRA USA DEU

BRA

5.

SGP

JPN

HKG

DEU GBR

BRA

4.

USA

BRA SGP

DEU

MEX

CHN

CHL

HKG JPN

CHL FRA

BRA

3.

CHL RUS GBR KOR DEU

HKG

USA

BRA

2.

MEX

BRA

AMBIENTE INSTITUCIONAL crítico

2.

QUANTIDADE DE ENSINO BÁSICO

IND

CHL CHN

GBR

HKG

FRA RUS

HKG

JPN

BRA

SGP

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

DEU SGP

KOR

MEX

KOR

RUS

DEU

CHN

IND FRA

CHL GBR

JPN

BRA

10.

COMPLEXIDADE DE IMIGRAÇÃO DE TALENTOS

RUS

KOR JPN

CHN

GBR

USA

MEX

DEU

FRA

HKG

IND

GBR

DEU

CHL RUS

SGP

HKG

IND

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO P: INDICADOR BASEADO EM DADOS PROJETADOS.

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

CHL SGP

BRA

11. GESTÃO DA DIÁSPORA

SGP

HKG USA

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS


146

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

147

INFRAESTRUTURA FINANCEIRA crítico EFETIVIDADE

BRA

a desenvolver

IND

1. MOBILIDADE URBANA

bom

FRA RUS

MEX

DEU

GBR

QUALIDADE DE TRANSPORTE AÉREO

USA

CHN

IND

MEX

GBR USA CHL

JPN

KOR FRA

DEU

HKG SGP

BRA

3.

QUALIDADE E CUSTO DE TELECOMUNICAÇÕES

MEX

RUS

CHN IND GBR CHL

FRA JPN KOR USA

DEU

4.

DISPONIBILIDADE ENERGÉTICA

GBR

IND

CHN

KOR

CHL

5.

IND

MEX

BOLSA DE VALORES

JPN RUS

JPN DEU

FRA

JPN

CHL

FRA

IND

SGP

CHN

USA

CHL GBR

SGP

HKG

BRA

3.

DEBÊNTURES

4.

CRÉDITO PJ

GBR IND SGP

HKG

CHN DEU FRA

JPN

CHL

KOR

USA

BRA SGP

FRA IND

GBR

KOR

USA

DEU

BRA FRA

HKG

SGP

5.

PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS REGIONAIS E INTERNACIONAIS NA BOLSA

6.

DISPONIBILIDADE DE SERVIÇOS FINANCEIROS

JPN

RUS KOR

CHL

IND

USA

GBR

MEX

SGP

HKG

FRA

CHN

BRA

CHN

RUS MEX OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

HKG

KOR

RUS USA

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

IND

DEU

DEU

HKG

BRA OFERTA DE SERVIÇOS BÁSICOS À POPULAÇÃO URBANA

2.

SGP

BRA MEX

CHN

excelente

BRA

BRA

CHN

RUS

bom

KOR

RUS

excelente

BRA

2.

USA

FINANCEIRA

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS FINANCEIROS

crítico

MEX GBR

1. DA REGULAÇÃO

INFRAESTRUTURA FÍSICA

a desenvolver

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

CHL

KOR SGP GBR USA JPN FRA DEU

RUS

KOR

MEX

CHN

SGP CHL FRA USA

IND JPN

DEU

HKG GBR

BRA

7.

LIQUIDEZ DAS BOLSAS DE VALORES

CHL

SGP RUS

FRA

MEX

HKG

JPN

DEU IND

CHN

GBR

USA

KOR

BRA

8.

PROJEÇÃO COMO IFC

IND RUS

MEX

CHN

KOR

DEU

JPN FRA

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

SGP HKG

USA GBR


148

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

149

CONECTIVIDADE BRA

1.

ABERTURA INTERNACIONAL PARA BENS

crítico MEX

a desenvolver IND

bom

RUS

KOR

JPN DEU CHN

SGP

IMAGEM DO PAÍS

excelente CHL USA

COMÉRCIO

JPN

GBR RUS CHN

IND

DEU

MEX

FRA

KOR

3.

ABERTURA INTERNACIONAL PARA SERVIÇOS

IND

INTERESSE ESTRANGEIRO

CHL

KOR

MEX CHN

SGP

FRA DEU

HKG

2. EM NEGÓCIOS E JPN

4.

MEX

FLUXOS DE CAPITAIS

6.

ACORDOS DE ABERTURA PARA CAPITAIS

7.

REGULAÇÃO PROMOTORA DE ABERTURA A CAPITAIS

8.

EXPANSÃO DE MULTINACIONAIS DO PAÍS

CHN

FRA CHL

RUS

USA

SGP

DEU

CHN IND

KOR

CAPITAL

KOR DEU RUS

FRA HKG MEX

JPN

FRA

GBR

MEX USA

SGP HKG

EMPRESAS PESSOAS

CHL

IND

FRA

JPN

DEU RUS CHL

SGP

HKG

4.

5.

QUALIDADE DE VIDA

6.

ABERTURA CULTURAL

7.

SEGURANÇA PESSOAL E PATRIMONIAL

8.

IMAGEM NO ÂMBITO DE LAZER E TURISMO

9.

INTENSIDADE DE TURISMO

IND

KOR

CHN

RUS

RUS

SGP

MEX

KOR

CHN

KOR

CHL

JPN FRA MEX

GBR

HKG

DEU

SGP

HKG

CHN

DEU

FRA

JPN

GBR

USA

CHL

RUS MEX

KOR

CHN IND

CHL

GBR

JPN

USA

SGP

CHL

MEX RUS KOR

IND

FRA

RUS

DEU

MEX

USA

DEU

GBR

CHL

IND

KOR MEX

RUS

JPN

BRA MEX

RUS

CHN

IND

CHL

GBR

KOR USA

CHL

MOBILIDADE DE PESSOAS

HKG JPN MEX

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

IND

CHN

GBR DEU

SGP

CHL

SGP

DEU

GBR

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

CHN

JPN

RUS

MEX

CHL

IND

KOR

SGP JPN

MEX

RUS

HKG

DEU

FRA

DEU

DEU FRA

USA GBR

BRA SGP

USA

IND

KOR

HKG

RUS

SGP KOR

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

JPN HKG FRA

BRA

FRA USA

CHL

HKG SGP

CHN IND

JPN KOR

FRA USA SGP JPN GBR

CHN CHN

FRA

HKG

BRA

FACILIDADE DE ENTRADA DE MULTINACIONAIS ESTRANGEIRAS

FRA

SGP JPN CHL

BRA USA

IND IND

USA

DEU GBR

MEX USA

IND

USA

MEX

KOR

DEU GBR

BRA CHN RUS

CHN

BRA

JPN

FRA

KOR

SGP

MEX

CHL

GBR

IND

BRA SUSTENTABILIDADE

BRA

11.

HKG

CHN

BRA

10.

USA GBR

RUS

BRA

RECEPÇÃO DE IMIGRANTES

SGP

JPN

HKG

RUS

DEU

DEU

BRA

KOR GBR

IND

GBR

FRA JPN

PARA 3. ATRATIVIDADE EVENTOS INTERNACIONAIS

BRA

9.

USA

GBR

BRA

5.

CHL

INVESTIMENTOS DO PAÍS

USA

BRA COMÉRCIO DE SERVIÇOS

SGP

BRA

HKG

BRA

KOR RUS

excelente

IND

SGP

CHL

bom

BRA

CHL CHN MEX

NO ÂMBITO 1. IMAGEM DOS NEGÓCIOS

USA

COMÉRCIO DE BENS

a desenvolver

GBR FRA

BRA

2.

crítico

HKG

PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO

OUTROS PAÍSES DESENVOLVIDOS

PRINCIPAIS POLOS INTERNACIONAIS

CHN GBR

FRA USA


150

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

CONCLUSÃO Um polo internacional de investimentos e negócios é fator de desenvolvimento para um país e para sua região. A América Latina precisa ter uma rede forte de polos, sendo alguns de projeção global, dentre os quais o Brasil é um dos candidatos. O País oferece diversas características que o tornam apto a esta função, como a força de sua economia, sua infraestrutura financeira e sua estabilidade política e institucional. Mas também apresenta várias oportunidades de melhoria. Este relatório tem como principal objetivo servir de fonte para a geração de Grupos de Trabalho que buscarão viabilizar as melhorias necessárias para tornar o Brasil mais atrativo como polo internacional de investimentos e negócios com foco regional e projeção global. Conforme visto, o relatório compara o desempenho do Brasil com cerca de 13 países em 57 dimensões, classificadas em 7 pilares considerados essenciais para a atratividade de um polo. A partir destas comparações, a BRAiN continuamente identificará as oportunidades de melhoria prioritárias e, quando cabível, coordenará a criação de grupos de trabalho engajando o governo e a iniciativa privada no Brasil e, em alguns casos, na região. Alguns destes Grupos de Trabalho já estão em operação e muitos outros surgirão em breve para, possivelmente, racionalizar atividades de regulação da iniciativa privada, simplificar a burocracia para entrada de talentos estrangeiros, estimular ampliação dos aeroportos, expandir programas para atração de pequenas e médias empresas para a bolsa de valores, buscar ratificação de acordos de livre comércio de serviços, assegurar coordenação dos esforços de promoção de imagem do País, dentre outros. Este relatório será refeito anualmente para monitorarmos o avanço do Brasil. Além disso, nos próximos meses, a BRAiN lançará outros relatórios: Talentos e Capital Humano, Conectividade e Integração dos Sistemas Financeiros Latino-Americanos. Adicionalmente, a BRAiN irá produzir um documento com fatos positivos e iniciativas de melhorias já existentes em cada um dos 7 pilares. Você que percebe a importância do desenvolvimento de um polo internacional de investimentos e negócios no Brasil e na América Latina está convidado a participar. Visite nosso site para acompanhar e contribuir com este processo: www.brainbrasil.org.

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 63

Pré-requisitos e diferenciais dos principais polos mundiais

Principais lições aprendidas dos estudos de caso:

APÊNDICE 1: METODOLOGIA

PRÉ-REQUISITOS Intensidade de comércio e estabilidade macroeconômica Infraestrutura desenvolvida Talentos, tanto internos quanto do exterior Fluência em línguas, particularmente inglês

A BRAiN tem consciência de que a avaliação da atratividade de um país é um exercício complexo e subjetivo. A fim de se validar o resultado apresentado neste relatório, a metodologia construída foi submetida à aprovação de experts e formadores de opinião envolvidos no projeto.

Medição da atratividade Desde a primeira publicação da BRAiN, em dezembro de 2010, “O Brasil como um dos polos na nova rede de negócios da América Latina”, foram ilustrados alguns traços comuns existentes em todos os grandes polos de negócios de referência, assim como algumas características diferenciais que reforçam o papel de cada centro como um polo internacional de investimentos e negócios (veja Diagrama 63). A partir dessa base, esta nova etapa de trabalho da BRAiN complementou tal lista preliminar e identificou os pilares indispensáveis para definir a atratividade de um polo. O resultado dessa identificação e do posterior agrupamento levou ao desenvolvimento de uma visão dos sete pilares que constituem a lista dos pré-requisitos fundamentais para a formação e a excelência de um polo de investimentos e negócios (veja Diagrama 64):

Alinhamento público/privado para desenvolver o polo Proatividade governamental

DIFERENCIAIS Regulação favorável aos negócios Impostos: simples, idealmente limitados Um porto seguro em uma região arriscada Foco em inovação como vantagem competitiva Excelência em sua região ou nicho Taxa de crescimento do mercado interno Criação de uma zona offshore

NYC

LON

SGP

HKG

DUB

PAR

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

DIAGRAMA 64

Os sete pilares da formação e da excelência de um polo de investimentos e negócios

7. IMAGEM DO PAÍS

6. CONECTIVIDADE

5. INFRAESTRUTURA FÍSICA

4. INFRAESTRUTURA FINANCEIRA

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

1. Ambiente macroeconômico: Um crescimento econômico contínuo e regular e uma baixa incerteza sobre os níveis de taxa de juros ou sobre a taxa de câmbio são exemplos das condições que alicerçam o desenvolvimento de investimentos e negócios em um país; 2. Ambiente institucional: A capacitação de um país como polo, principalmente em relação a outros centros, também reside em um Estado de Direito sólido, na possibilidade dada aos agentes econômicos de cumprirem rapidamente suas obrigações, e na transparência e eficiência dos processos administrativos; 3. Talentos e capital humano: Um conjunto de talentos suficiente tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, um forte alinhamento entre as capacidades acadêmicas e as necessidades do mercado de trabalho, e a possibilidade de se atrair especialistas de fora do país são alguns dos requisitos a serem cumpridos por um postulante a polo internacional; 4. Infraestrutura física: Opções de transporte multimodais que permitam a entrada e a saída do polo, bem como a movimentação interna, e o acesso a uma rede de telecomunicações competitiva em desempenho e em custos são elementos evidentes entre os fatores de sucesso de um polo; 5. Infraestrutura financeira: A presença de intermediários financeiros capacitados, o acesso contínuo a diversas fontes de financiamento e a existência de instrumentos para a mitigação de riscos ajudam diretamente o desenvolvimento de um polo de investimentos e de negócios; 6. Conectividade: Um intenso fluxo de comércio de bens e serviços, de movimentação de capitais e de pessoas constitui um elemento vital para nutrir continuamente um polo de investimentos e negócios; 7. Imagem do país: A percepção positiva externa sobre as condições gerais de um país representa um ativo importante para a consolidação de um polo, em particular para atrair talentos e empresas.

3. TALENTOS E CAPITAL HUMANO

2. AMBIENTE INSTITUCIONAL

1. AMBIENTE MACROECONÔMICO

Além do entendimento abrangente e detalhado da situação do Brasil em cada um destes sete pilares, o trabalho realizado também criou um painel de indicadores para permitir a fácil comparação da situação brasileira com a de outros polos. Para tanto, em cada um destes pilares, foram elencadas dimensões que podem ser usadas para avaliar a situação do País diante de outros polos selecionados. A seleção dos indicadores baseou-se nas análises realizadas e em discussões entre os associados da BRAiN com autoridades e formadores de opinião dos setores público e privado. Foram também criadas métricas para essas dimensões com o objetivo de, além de avaliar a situação atual, acompanhar ao longo do tempo a evolução da atratividade do Brasil como polo de investimentos e negócios. As métricas usadas para medir cada um dos indicadores levaram em consideração a qualidade das fontes, a disponibilidade de dados para diferentes países e a possibilidade de monitoramento contínuo ao longo dos anos. Finalmente, a cesta de países para comparação foi definida a partir da busca por exemplos relevantes. Foram incluídos países desenvolvidos de referência, países que já operam como polos reconhecidos de investimentos e negócios e outros países pertinentes para a comparação.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

AMBIENTE MACROECONÔMICO DIMENSÃO

RACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

EIU CountryData

Cobertura de 150 países. Projeções de 5 anos para todo o universo

Crítico: ≤ – 1 A desenv.: – 0,9 a 1,5 Bom: 1,6 a 4 Excelente: ≥ 4

Projeção da inflação média a.a. nos próximos 5 anos

EIU CountryData

Idem ao anterior

Crítico: ≥ 20 A desenv.: 8 a 20 Bom: 4 a 8 Excelente: ≤ 4

Projeção da dívida bruta do setor público (% do PIB)

IMF – World Economic Outlook Database

Avaliação consistente desde 1984 com cobertura mundial

Crítico: ≥ 100 A desenv.: 50 a 100 Bom: 20 a 50 Excelente: ≤ 20

Reservas internacionais / Dívida externa total (%)2

EIU CountryData

Cobertura de 150 países

Crítico: ≤ 0 A desenv.: 0 a 111 Bom: 111 a 276 Excelente: ≥ 276

Coeficiente de variação da taxa de juros de curto prazo de títulos do governo3

EIU CountryData

Cobertura de 150 países

Crítico: ≥ 0,59 A desenv.: 0,34 a 0,59 Bom: 0,10 a 0,34 Excelente: ≤ 10

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)4

UNDP - Human Development Reports

Dados disponíveis desde 1970 para mais de 160 países

Crítico: ≤ 0,75 A desenv.: 0,76 a 0,80 Bom: 0,81 a 0,84 Excelente: 0,85 a 1,00

Índice GINI

CIA, The World Factbook

Cobertura mundial

Crítico: ≥ 58,8 A desenv.: 46,8 a 58,8 Bom: 34,9 a 46,8 Excelente: ≤ 34,9

INDICADOR

FONTE

CRESCIMENTO ECONÔMICOP

Projeção de crescimento médio do PIB a.a. nos próximos 5 anos

ESTABILIDADE MONETÁRIAP

1

2

APÊNDICE 2: DETALHAMENTO DOS INDICADORES

SOLIDEZ FISCALP

3 VULNERABILIDADE EXTERNA1

4 VOLATILIDADE ECONÔMICA1

5 DESENVOLVIMENTO HUMANO1

6 DISTRIBUIÇÃO DE RENDA1

7 P: Indicador baseado em dados projetados. / 1. Pública + privada. / 2. Últimos 3 anos. / 3. Últimos 5 anos. / 4. Calculado com base em saúde, educação e economia.

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ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

TALENTOS E CAPITAL HUMANO INDICADOR

FONTE

RACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

Gap entre o TACC da PEA e o TACC da demanda por trabalhadores

“Stimulating Economies through Fostering Talent Mobility” do BCG com o World Economic Forum em 2009

Reflete a suficiência demográfica relativa ao desenvolvimento econômico. Pode ser calculado pela BRAiN em anos futuros caso não o seja pelo BCG+WEF

Crítico: < – 1% A desenv.: – 1% a 0% Bom: 0% a 1% Excelente: > 1%

QUANTIDADE DE ENSINO BÁSICO

Média entre taxas de matrícula líquidas nos ensinos primário e secundário

UNESCO e World Economic Forum Competitiveness Report 2010-2011

Mede a % da população em idade escolar que está na escola. Dado divulgado anualmente pela UNESCO

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

QUALIDADE DO ENSINO BÁSICO

Média das notas de leitura, ciências e matemática da prova internacional PISA

OCDE

Prova unifica a visão de aprendizado no mundo, sendo aplicada a cada três anos a crianças de 15 anos em 65 países

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

QUANTIDADE DO ENSINO SUPERIOR

Taxa de matrícula bruta no ensino superior

UNESCO

Mostra a % de pessoas em idade de escola terciária matriculadas. Dado divulgado anualmente pela UNESCO

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

ALINHAMENTO DO ENSINO SUPERIOR COM O MERCADO

Nota dada por empresários ao alinhamento do ensino universitário com suas necessidades no mundo

World Competitiveness Yearbook do IMD

Relatório divulgado anualmente com base em fontes de dados primárias e uma pesquisa global de opinião de executivos, com ~4.500 respostas

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média entre o fluxo de estudantes World Competitiveness que entram e saem de cada país Yearbook do IMD para estudar e a nota dada por empresários ao alinhamento do ensino de línguas com as necessidades do mercado

Idem ao anterior

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Avaliação de disponibilidade de gestores seniores e de engenheiros de qualidade

World Competitiveness Yearbook do IMD

Idem ao anterior

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Número de FTEs de pesquisa e desenvolvimento por 1.000 habitantes

World Competitiveness Yearbook do IMD

Idem ao anterior

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

ATRATIVIDADE DO PAÍS PARA TALENTOS INTERNACIONAIS

Nota dada por empresários à atratividade do país para talentos internacionais

World Competitiveness Yearbook do IMD

Idem ao anterior

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

COMPLEXIDADE DE IMIGRAÇÃO DE TALENTOS

Nota dada por empresários à complexidade para a entrada de talentos no país

World Competitiveness Yearbook do IMD

Idem ao anterior

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Existência de órgãos e programas de gestão da diáspora de cada país

Análise qualitativa BCG com base em websites de países

Não existe dado secundário produzido para essa avaliação. A BRAiN poderá continuar a análise dos diversos países nos anos que seguem

Países que têm gestão da diáspora são positivos, os que não têm são negativos

DIMENSÃO CONTINGENTE DEMOGRÁFICOP

1

AMBIENTE INSTITUCIONAL DIMENSÃO ESTABILIDADE POLÍTICA

INDICADOR

FONTE

RACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

Estabilidade e ausência de violência política (pontuação)

World Governance Indicators, Banco Mundial

Cobre 230 economias consistentemente desde 1996

Crítico: ≤ – 1 A desenv.: – 1 a 0 Bom: 0 a 1 Excelente: ≥ 1

Qualidade regulatória (pontuação)

World Governance Indicators, Banco Mundial

Cobre 230 economias consistentemente desde 1996

Crítico: ≤ – 1 A desenv.: – 1 a 0 Bom: 0 a 1 Excelente: ≥ 1

4

Crítico: ≤ – 1 A desenv.: – 1 a 0 Bom: 0 a 1 Excelente: ≥ 1

5

1 QUALIDADE REGULATÓRIA

2 SEGURANÇA JURÍDICA

Rule of Law (pontuação)

World Governance Indicators, Banco Mundial

Idem ao anterior

3 FLEXIBILIDADE DO MERCADO DE TRABALHO

Labor Market Flexibility (pontuação)

World Competitiveness Yearbook, IMD

Publicado consistentemente desde 1989 e hoje cobrindo 58 países

Crítico: ≥ 45 A desenv.: 28 a 45 Bom: 11 a 28 Excelente: ≤ 11

4 FACILIDADE DE ABRIR NEGÓCIOS

Facilidade de abertura de empresas estrangeiras (pontuação)

Investing Accross Borders, Banco Mundial

Iniciativa cobrindo 87 economias e focada especificamente em IED (Investimento Estrangeiro Direto)

Crítico: ≤ 50 A desenv.: 50 a 64 Bom: 64 a 78 Excelente: ≥ 78

Horas necessárias para pagar tributos

Doing Business, Banco Mundial

Estudo detalhado, envolvendo 183 países desde 2002

Crítico: ≥ 532 A desenv.: 282 a 532 Bom: 32 a 282 Excelente: ≤ 32

5 FACILIDADE PARA EMPRESAS PAGAREM IMPOSTOS

6

2

3

INTERNACIONALIZAÇÃO DE ESTUDOS (LÍNGUA E VIVÊNCIA)

6 DISPONIBILIDADE DE GESTORES E ENGENHEIROS DE QUALIDADE

7 INTENSIDADE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

8

9

10 GESTÃO DE DIÁSPORA

11 P: Indicador baseado em dados projetados.

159


160

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

INFRAESTRUTURA FINANCEIRA

MOBILIDADE URBANA

INDICADOR

FONTE

Score formado por índice de trânsito (Commuter Pain Index) e disponibilidade de metrô nas principais cidades de cada país

Commuter Pain Index da IBM e fontes nacionais sobre extensão do metrô e população

RACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

Indicadores refletem as opções de mobilidade urbana nos centros econômicos de cada país

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Opinião de executivos sobre o transporte aéreo em cada país

Executive Opinion Survey Pesquisa anual com mais do Global Competitiveness de 15.000 executivos em 139 Report do World Economic países Forum

2 QUALIDADE E CUSTO DE TELECOMUNICAÇÕES

Opinião de executivos sobre a infraestrutura de telecomunicações em cada país

World Competitiveness Yearbook do IMD

3 DISPONIBILIDADE ENERGÉTICA

Opinião de executivos sobre as situações atual e futura da energia em cada país

Relatório divulgado anualmente com base em fontes de dados primárias e uma pesquisa global de opinião de executivos, com ~4.500 respostas

Executive Opinion Survey do Global Competitiveness Report do World Economic Forum

Pesquisa anual com mais de 15.000 executivos em 139 países

World Bank

Indicador mostra o atendimento de serviços básicos à população de centros urbanos

World Competitiveness Yearbook do IMD

Relatório divulgado anualmente com base em fontes de dados primários

Crítico: < 4,0 A desenv.: 4,0 a 5,0 Bom: 5,0 a 6,5 Excelente: > 6,5

Market cap das empresas listadas / PIB

World Bank Data

Dados divulgados anualmente com base em fontes de dados primários

Crítico: < 60% A desenv.: 60% - 90% Bom: 90% - 120% Excelente: > 120%

DEBÊNTURES

Estoque de títulos de dívida privada corporativa / PIB

Bank for International Settlements (BIS) e EIU

Dados divulgados anualmente com base em fontes de dados primários

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média - 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

CRÉDITO PJ

Estoque de crédito PJ / PIB

Banco centrais de cada país

Dados divulgados anualmente na maior parte dos países - dados primários

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média - 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS INTERNACIONAIS NA BOLSA

% do volume negociado nas bolsas locais de papéis de empresas com sede em outros países

Análise de dados Bloomberg

Dados primários divulgados em tempo real

Crítico: < 5% A desenv.: 5% a 10% Bom: 10% a 25% Excelente: > 25%

DISPONIBILIDADE DE SERVIÇOS FINANCEIROS

Nota 0-7 da pergunta“Availability of financial services” em survey

World Economic Forum - Global Competitiveness Report

Indicador qualitativo (survey) amplo da disponibilidade de serviços financeiros no país

Crítico: < 3,9 A desenv.: 3,9 a 4,8 Bom: 4,8 a 5,7 Excelente: 5,7 a 7,0

Volume total negociado no ano / Market cap total médio das empresas listadas durante o ano

World Bank Data Fonte primária: Standars & Poors

Indicador disponível para 119 países, desde 1990, mostrando a pujança dos mercados de ações

Crítico: < 23% A desenv.: 23% a 54% Bom: 54% a 85% Excelente: > 85%

Posição relativa em 2 dos principais rankings de IFCs

Global Financial Centers Index e The Banker International Financial Centers

Termômetros de visão externa do status do país como polo de finanças internacional divulgados consistentemente

Crítico: último quartil A desenv.: 3o quartil Bom: 2o quartil Excelente: 1o quartil

1

1 QUALIDADE DO TRANSPORTE AÉREO

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

EFETIVIDADE DA REGULAÇÃO FINANCEIRA

DISPONIBILIDADE DE RECURSOS FINANCEIROS

DIMENSÃO

RACIONAL DE ESCOLHA

DIMENSÃO

INFRAESTRUTURA FÍSICA

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

5

4

BOLSA DE VALORES

Média da % de população urbana com acesso à água e ao saneamento

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

7

FONTE

Nota 0-10 da pergunta “Finance and banking regulation is sufficiently effective” em survey

2

3

4

6 OFERTA DE SERVIÇOS BÁSICOS À POPULAÇÃO URBANA

INDICADOR

LIQUIDEZ DAS BOLSAS DE VALORES

5 PROJEÇÃO COMO IFC

8

161


162

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

IMAGEM DO PAÍS

CONECTIVIDADE DIMENSÃO

Representatividade do país no comércio internacional de bens / representatividade do país no PIB global

UNCTAD

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente

Crítico: < 0,5 A desenv.: 0,5 a 1 Bom: 1 a 1,5 Excelente: > 1,5

Participação em acordos de comércio internacional de serviços em diferentes subsetores, GATS

World Trade Indicators, World Bank

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente, calculados por fonte reconhecida

Crítico: 26,9 A desenv.: 26,9 a 35,2 Bom: 35,2 a 43,5 Excelente: > 43,5

Representatividade do país no comércio internacional de serviços / representatividade do país no PIB global

UNCTAD

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente

Crítico: < 0,5 A desenv.: 0,5 a 1 Bom: 1 a 1,5 Excelente: > 1,5

Representatividade do país no fluxo internacional de capitais / representatividade do país no PIB global

UNCTAD Stat

Número de acordos bilaterais estabelecidos pelo país

International Centre for Settlement of Investment Disputes (ICSID), World Bank

Envolve 177 países, baseada em informações oficiais passadas diretamente pelos governos nacionais

Crítico: < 0 A desenv.: 0 a 21 Bom: 21 a 48 Excelente: > 48

Indicador baseado em entrevista com especialistas, variando de 1 a 7

Global Competitiveness Report 2010-2011, World Economic Forum

Estudo publicado anualmente há mais de 30 anos e com metodologia atual desde 2005 para 125 países

Crítico: < 3,8 A desenv.: 3,8 a 4,6 Bom: 4,6 a 5,3 Excelente: > 5,3

Países presentes no ranking das 100 maiores empresas por ativos no exterior, ordenados pela soma do total de ativos no exterior destas empresas

World Investment Report, Unctad

Ranking produzido desde 1991 com cobertura global

Crítico: Não estar no ranking A desenv.: Estar no ranking, mas abaixo dos 10 primeiros Bom: Entre os 10 e 6 primeiros colocados Excelente: Entre os 5 primeiros colocados

Índice calculado com base nas exigências regulatórias

Investing Across Borders - World Bank

recepção de imigrantes

Representatividade de imigrantes sobre a população de cada país

ONU

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente

Crítico: < 1,5% A desenv.: 1,5% a 3,1% Bom: 3,1% a 9,2% Excelente: > 9,2%

MOBILIDADE DE PESSOAS

Número de destinos internacionais / semana do país

Análise de dados OAG Database

Indicador simples de nível de conectividade aérea do país

Crítico: < 10 A desenv.: 10 a 39 Bom: 40 a 69 Excelente: > 70

2 ABERTURA INTERNACIONAL PARA SERVIÇOS

comércio de serviçOs

4 FLUXO DE CAPITAIS

5 ACORDOS DE ABERTURA PARA CAPITAIS

regulação promotora de abertura a capitais

expansão de multinacionais do país

8

9

FACILIDADE DE ENTRADA DE MULTINACIONAIS ESTRANGEIRAS

10

11

Crítico: > 12,5 A desenv.: 11 a 12,5 Bom: 9,4 a 11 Excelente: < 9,4

World Trade Indicators, World Bank

comércio de bens

7

Indicadores publicados em fontes públicas anualmente, calculados por fonte reconhecida

Média entre tarifas de restrição a importações e ao acesso a outros mercados em cada país, calculadas considerando barreiras tarifárias e não tarifárias do país no mundo

1

6

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

FONTE

ABERTURA INTERNACIONAL PARA BENS

3

RACIONAL DE ESCOLHA

INDICADOR

RACIONAL DE ESCOLHA

RACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO

The Ankholt-GfK Roper Nation Brands Index

Índice é o mais reconhecido internacionalmente com relação a marcas nacionais

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

Número de buscas na internet do nome do país combinado aos termos “investment” e “business” em todos os países e em inglês

Google

Dado representa projeção do país na opinião pública e é disponível todo o tempo

Média do pool separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

% dos eventos internacionais do mundo realizados em cada país

International Congress and Convention Association

Realização de feiras reflete o interesse de negócios pelo país e é divulgada anualmente

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

2010 Environmental Performace Index

Yale Center for Environmental Law and Policy (YCELP) e Center for International Earth Science Information Network (CIESIN)

Indicador reflete a sustentabilidade ecológica de cada país de acordo com o impacto de todas as suas ações sobre o ambiente

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

QUALIDADE DE VIDA

Opinião de executivos sobre a qualidade de vida em cada país

World Competitiveness Yearbook do IMD

Relatório divulgado anualmente com base em fontes de dados primárias e uma pesquisa global de opinião de executivos, com aproximadamente 4.500 respostas

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

ABERTURA CULTURAL

Opinião de executivos sobre a abertura cultural de cada país a ideias estrangeiras

World Competitiveness Yearbook do IMD

Idem ao anterior

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

SEGURANÇA PESSOAL E PATRIMONIAL

Opinião de executivos sobre a segurança pessoal e patrimonial em cada país

World Competitiveness Yearbook do IMD

Idem ao anterior

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

IMAGEM NO ÂMBITO DE LAZER E TURISMO

Média dos scores de imagem nacional relacionados a negócios (turismo, cultura e hospitalidade)

The Ankholt-GfK Roper Nation Brands Index

Índice é o mais reconhecido internacionalmente com relação a marcas nacionais

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

% dos turistas no mundo que vão para cada país

The Economist Intelligence Unit

Dado representa o interesse de turistas por cada país e é disponível anualmente

Média global separa positivos de negativos. Crítico = média – 1 desvio padrão; Excelente = média + 1 desvio padrão

DIMENSÃO

INDICADOR

FONTE

Média dos scores de imagem nacional relacionados a negócios (produtos nacionais, ambiente macro e investimento e imigração)

INTERESSE ESTRANGEIRO EM NEGÓCIOS E INVESTIMENTOS DO PAÍS

ATRATIVIDADE PARA EVENTOS INTERNACIONAIS

IMAGEM NO ÂMBITO DOS NEGÓCIOS

1

Dados disponíveis ano a ano desde 1970 para 207 países

Fonte aberta cobrindo 87 países

Crítico: < 0,5 A desenv.: 0,5 a 1 Bom: 1 a 1,5 Excelente: > 1,5

Crítico: < 50,2 A desenv.: 50,2 a 64,5 Bom: 64,5 a 78,8 Excelente: > 78,8

2

3 SUSTENTABILIDADE

4

5

6

7

8 INTENSIDADE DE TURISMO

9

163


164

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

ATRATIVIDADE DO BRASIL COMO POLO INTERNACIONAL DE INVESTIMENTOS E NEGÓCIOS

165



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