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Protestos contra Bolsonaro
Protestos contra Bolsonaro viralizam nas redes e “panelaços” se espalham pelo país
Depois de uma série de ações irresponsáveis, presidente foi alvo de ações em diversas cidades
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Nara Lacerda
Omovimento que começou nesta terça-feira (17) em algumas cidades brasileiras, tomou corpo novamente nesta quarta (18) e diversas regiões registraram panelaços contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido). No Twitter a expressão “Fora Bolsonaro” ficou em primeiro lugar entre os assuntos mais comentados mundialmente. Na lista dos dez temas mais mencionados na rede social no Brasil estava também a expressão “Panelaço Contra Bolsonaro”. As reações da população são uma resposta à postura
Nádia Nicolau / Mídia NINJA
do capitão reformado diante da crise do coronavírus. Enquanto a área de saúde do governo divulga ações e alertas diários sobre a propagação da doença no país, o presidente vinha minimizando o tema. Desde a semana passada, Bolsonaro tem afirmado em diversas declarações que a reação ao vírus tem caráter histérico.
Ele condena também as recomendações para que a população evite aglomerações. No domingo (15) foi a um protesto contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal sem máscara, cumprimentou manifestantes com apertos de mão e tirou fotos.
Comitiva de Bolsonaro
aos EUA tem 17 infectados
Reprodução / TV Brasil / GOV
Crise pode eliminar 25 milhões de empregos, diz OIT Luiz Tato / AFP
O mais novo caso confirmado de coronavírus no Brasil é o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O anúncio foi feito na tarde desta quarta- -feira (18) pelo presidente Jair Bolsonaro, durante uma entrevista coletiva.
Na manhã de quarta, o general da reserva Augusto Heleno, ministro do Gabinete da Seguran
ça Institucional (GSI) da Presidência da República, apresentou resultado positivo para o novo coronavírus, em teste realizado no Hospital das Forças Armadas.
O secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, foi o primeiro caso positivo confirmado logo após o retorno da viagem. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) avaliou que a crise provocada pela pandemia de coronavírus poderá aumentar o desemprego mundial em aproximadamente 25 milhões de pessoas. Com uma resposta política coordenada internacionalmente, como ocorreu na crise financeira de 2008-2009, diz a OIT, o impacto poderá ser “significativamente menor”. Naquele período, o desemprego atingiu 22 milhões.
A organização pede adoção de medidas urgentes, com base em três eixos: proteção aos empregados nos locais de trabalho, estímulo à economia e ao emprego e manutenção dos postos de trabalho e dos investimentos. “Essas medidas incluem a ampliação da proteção social, apoio para manter emprego e concessão de auxílios financeiros e reduções fiscais, em particular para micro, pequenas e médias empresas.”
Bolsonaro é alvo de pedido de impeachment
O pedido apresentado pelo deputado Leandro Grass (Rede-DF) foi protocolado na terça (17). O documento lista situações em que o presidente teria cometido crime de responsabilidade no exercício do cargo, sendo a última delas o incentivo e a presença em ato de apoiadores no domingo (15), ignorando recomendações do Ministério da Saúde do seu próprio governo e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Constam também como causa do pedido a afirmação feita pelo presidente de que as eleições gerais de 2018, na qual teve vitória, teriam sido fraudadas; declarações contra a jornalista Patrícia Campos Mello, com insinuações de caráter sexual; comemoração do golpe de 1984 e vídeo compartilhado por Bolsonaro no carnaval 2019, em que uma pessoa aparece urinando na cabeça da outra em via pública.
Mais Médicos: governo vai chamar cubanos para combate ao coronavírus
O Ministério da Saúde anunciou que irá criar mais de 5 mil vagas para médicos atuarem no SUS a fim de conter o avanço do coronavírus no Brasil. Para ocupar os postos, serão convocados médicos cubanos que trabalhavam no programa inicial e estudantes de medicina do sexto ano. O órgão afirmou, ainda, que esses profissionais ficarão focados na atenção primária à saúde no país, que receberá pacientes para serem testados para covid-19. A expectativa é que os médicos comecem a atuar no início de abril.
Wikimedia Commons Candidato do MAS na Bolívia pede que governo solicite apoio de Cuba
Decreto abre caminho para governo italiano reestatizar maior companhia aérea do país
O governo da Itália publicou na quarta-feira (18/3) um decreto que abre caminho para a reestatização da Alitalia, maior companhia aérea do país e que está sob intervenção pública desde maio de 2017.
Proposto pelo primeiro- -ministro Giuseppe Conte, o texto recebeu o apelido de “Cura Itália” e prevê medidas de 25 bilhões de euros, pouco mais de 1% do PIB nacional, para socorrer a economia dos efeitos provocados pela pandemia do novo coronavírus. O decreto destina até 500 milhões de euros apenas em 2020 para ajudar o setor aéreo.
O candidato à Presidência da Bolívia pelo MAS (Movimento ao Socialismo), Luis Arce, pediu na terça-feira (17) que a presidente interina do país, Jeanine Áñez, solicite apoio de Cuba para o envio de médicos e de medicamentos para ajudar nas medidas para prevenir e tratar os casos de coronavírus (covid-19) que afetam o país.
Até o dia 18 de março, oficialmente, foram registrados 12 casos de coronavírus no país.
Reprodução Argentina congela preços e fecha fronteiras
Portugal decidiu na quarta-feira (18) declarar um estado de emergência nacional de 15 dias para combater a propagação do novo coronavírus. A medida foi aprovada pelo Parlamento. O decreto não significa, ao menos por enquanto, toque de recolher obrigatório, mas o go
verno passa a estar autorizado a impetrar tal medida.
Esta é a primeira vez que um estado de emergência será declarado no país de cerca de 10 milhões de pessoas desde que voltou à democracia nos anos 1970, após anos de ditadura de extrema-direita.
Delegação de médicos cubanos na Venezuela
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, fechou no dia (15) as fronteiras com Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile e todas as escolas do país até o dia 31 deste mês como forma de conter a disseminação do novo coronavírus.
“O coronavírus está começando a afetar os países de fronteira, não apenas os europeus, pelas fronteiras terrestres, chegam turistas que estão vindo de áreas de riscos”, destacou.
Até quinta-feira (19) eram 79 casos confirmados e duas mortes por covid-19 na Argentina, sendo que 70% deles foram registrados na capital Buenos Aires.
O governo da Argentina já havia decidido na quinta-feira (12) congelar o preço do álcool em gel por 90 dias. Uma delegação de médicos de Cuba chegou à Venezuela no domingo (15) a pedido do governo venezuelano para auxiliar no combate à pandemia do coronavírus. A equipe é formada por especialistas em epidemiologia, virologia, terapia intensiva, clínica médica e membros do contingente interna
cional de médicos especializados em situações de desastre e epidemias graves. Até a quinta-feira (19/3), a Venezuela tinha 36 casos confirmados de infecção pelo coronavírus. O governo de Maduro decretou quarentena em sete estados e suspendeu atividades escolares em todo o país.
Nossos direitos
Muitos estabelecimentos podem sofrer com os impactos negativos pela pandemia da covid-19. Para lidar com os efeitos negativos na economia, as férias coletivas podem ser uma alternativa para o empregador, se a produção/comercialização estiver prejudicada. Então, mesmo que o período a ser concedido em férias não seja o preferido pelos trabalhadores, o empregador pode concedê-las. Essas férias, de acordo com a CLT, podem ser gozadas em até dois períodos anuais, mas nunca em período inferior a dez dias. A comunicação com os empregados deve ser feita em até 15 dias do início das férias. A mesma comunicação deve ser realizada ao sindicato da categoria e à Secretaria do Trabalho (antigo Ministério do Trabalho). É possível que uma parte das férias seja coletiva e outra individual. Entretanto, deve haver negociação com o empregador. O EMPREGADOR PODE CONCEDER FÉRIAS COLETIVAS EM FUNÇÃO DO CORONA-VÍRUS SEM ME CONSULTAR?
SUS: elemento central para enfrentar a pandemia de coronavírus
Não creio que haverá colapso no SUS Covid-19 não é um episódio inesperado É preciso aporte suplementar urgente de recursos para o SUS Países com sistemas universais públicos de saúde se sairão melhor Fiocruz João Vitor Santos, do Instituto Humanitas Unisinos O médico Reinaldo Felippe Nery Guimarães afirma que o Brasil se beneficia em estar sendo atingido pela covid-19 após as experiências da China, Itália, Estados Unidos, etc. O que faz os brasileiros aproveitarem as lições já aprendidas nesses países. Porém, a desvantagem central, segundo o sanitarista, é a política de arrocho financeiro-orçamentário instituída pelo governo Temer e continuada por Bolsonaro, que implementou a Emenda Constitucional 95. O setor perdeu cerca de R$ 20 bilhões desde que a emenda começou a valer.
Apesar disso, Reinaldo reafirma que “o SUS é o elemento central no enfrentamento da pandemia”. Qual a centralidade do SUS para conter o avanço do coronavírus?
Reinaldo Guimarães – O SUS é central. O fato de os primeiros casos terem sido diagnosticados em hospitais privados decorre de os primeiros pacientes terem sido pessoas de posses que são clientes desses hospitais e que vieram de países europeus. Conforme a onda epidêmica vai se tornando comunitária, com a circulação do vírus de pessoa a pessoa dentro do país, o papel do SUS vai se tornando evidente. Esse episódio pode servir para evidenciar a importância do SUS e a emergência de investimentos em saúde pública?
Se não houver um aporte suplementar urgente de recursos financeiros para o SUS nos estados e municípios, pode ser reforçada a falsa visão de que o SUS é ineficiente. Caso haja uma correta irrigação de recursos e as equipes técnicas continuem a dar as cartas, a imagem do SUS pode sair fortalecida desse episódio. Quais os maiores riscos caso a doença se alastre por todo o Brasil?
As duas dimensões de curto prazo são, em primeiro lugar, o sofrimento e as mortes de pessoas. Em segundo, o resultado da pressão que o SUS e a saúde suplementar sofrerão com o crescimento do número de Autoridades sanitárias têm dito que o maior risco é o colapso no sistema de saúde. O senhor concorda?
Não sei se o maior, mas é um risco importante. Não creio que haverá colapso, haja vista que o SUS tem se mostrado muito resiliente em todos esses anos de privações financeiras e de frustrações orçamentárias. A intensidade do risco variará com o nível de organização dos sistemas estaduais nessa partida da epiro), a coisa funcionará melhor. Onde a rede básica estiver desorganizada e o público mal orientado, poderá haver um aporte de pessoas indo para as emergências hospitalares e aí as coisas irão mal.
Há muita ênfase quanto à oferta de leitos de UTI e de equipamentos de alta tecnologia. São importantes, mas uma boa rede básica funcionando poderá racionar a utilização dessas ferramentas mais complexas. O que todo esse episódio da covid-19 revela sobre os sistemas nacional e global de saúde?
A covid-19 não deve ser considerada um episódio inesperado. Afinal, com um espaço de alguns anos entre um e outro episódio, temos tido epidemias virais com acometimento respiratório há várias décadas. Principalmente produzidas por variedades de vírus Influenza (gripe), mas também de outros tipos como ANÁLISE Para especialista, um sistema de saúde único e universal pode fazer a diferença. Maioria dos países da Europa não contam com um sistema nesse molde
QUEM É
Reinaldo Felippe Nery Guimarães é médico sanitarista graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, mestre em Saúde Coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ e doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Foi diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde e vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Fundação Osvaldo Cruz - Fiocruz. os Corona.
Temos tido, principalmente no Hemisfério Sul, surtos importantes de doenças causadas por vírus, como dengue, zika e chicungunha. Outra lição é que está claro que países que possuem sistemas universais públicos de saúde têm melhores condições de enfrentá-los do que aqueles que não têm. Neste episódio da covid-19, vamos observar o que ocorrerá nos EUA, que não possuem um sistema de saúde desse tipo, muito embora seja um país muito rico e poderoso. pessoas que a eles acorrerão. A terceira dimensão diz respeito aos efeitos de médio e longo prazo que incidirão sobre a economia das famílias, das empresas e do país, com a diminuição das atividades econômicas que ocorrerão por um prazo que não sabemos ainda qual será. demia.
Nos locais onde houver uma rede básica organizada, que funciona e onde as autoridades de saúde orientarem as pessoas com sintomas a procurarem os postos de saúde (e não os hospitais de pronto-socor-