Edição 342 do Brasil de Fato MG

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OPINIÃO

Belo Horizonte, 9 a 15 de julho de 2021

OPINIÃO

Deus e o diabo no STF João Paulo Cunha

ESPAÇO DOS LEITORES “Essa culpa eu não carrego, graças a Deus” Miriam Maria comenta postagem com depoimentos de eleitores que se arrependeram de ter votado em Jair Bolsonaro nas últimas eleições -“Foi lindo demais! Eu estava lá” Mirtes Emilia sobre a cobertura da manifestação Fora Bolsonaro e por “vacina no braço, comida no prato”, em BH, no dia 3 de julho -“Ninguém aguenta mais esse genocida” Sonia Ribeiro comenta a matéria “MG: Protestos pelo Fora Bolsonaro em 3 de julho foram maiores que anteriores” -“Excelente a matéria sobre os Correios. Estamos vendo nosso país ser despedaçado... que raiva e que tristeza! Mas vamos continuar lutando!” Susan Marly sobre a entrevista “A empresa privada que comprar os Correios vai ter domínio sobre o território nacional” -“Vocês como categoria puderam mostrar ao povo brasileiro a importância do trabalho incansável para salvar vidas nesta pandemia! Muito orgulho da ética, da doação de um sorriso, mesmo nos momentos mais difíceis! Parabéns” June Costa, sobre a cobertura do ato das trabalhadoras da enfermagem, na quarta (30), em Belo Horizonte

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A indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal, para a vaga de Marco Aurélio Mello, que se aposenta, conclui um dos processos mais vergonhosos da história política brasileira recente. E olha que não é por falta de episódios constrangedores. A cadeira na Suprema Corte tem sido exibida como um troféu para o mais submisso, ambicioso e inescrupuloso candidato. E não faltam nomes para exibir esse currículo nefasto, de Sergio Moro a André Mendonça, passando por Augusto Aras

Vale tudo para ostentar a toga nos ombros e outros menos cotados. Vale tudo para ostentar a toga nos ombros. Mas há um efeito paradoxal em ministros que assumem um lugar no STF: com o tempo, se voltam contra quem os indicou. O peso da toga suprema na vida do juiz é tão grande que ele parece tentado a mostrar sua independência para justificar-se a si e ao meio jurídico. Em primeiro lugar, porque quase sempre vão além do governo de plantão. Em seguida, por ser cargo vitalício, o que dá outro horizonte temporal à função. O presidente Bolsonaro, que entende bem da natureza humana dos sem caráter, usa o STF como uma cenoura à frente do burro. Conhecedor de seus crimes, o genocida tenta preparar seus julgadores. Até chegar à gincana da disputa da indicação para substituir os mi-

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nistros que se aposentam, Bolsonaro passou por fases. A primeira inclinação foi açular as bases, gado, soldados e cabos, para fechar o tribunal. Em seguida, aventou a possibilidade de criação de novas vagas, de modo a indicar ministros suficientes para formar maioria. Na verdade, em sua limitada compreensão dos poderes da República, o presidente é incapaz de aceitar o papel de contrapeso das instituições e o equilíbrio de poderes autônomos. O que lhe desagrada não é a atual composição do STF, mas o fato de existir uma instância legítima de contenção de seus desvarios autoritários. Sem perder o estilo destrutivo em relação ao Judiciário, Bolsonaro entendeu que jogar pelas regras, quando não há outra saída, pode garantir algumas casas à frente no tabuleiro. Sua primeira indicação, a de Kássio Marques, já votou 20 vezes de acor-

Conhecedor de seus crimes, o genocida tenta preparar seus julgadores do com a vontade do chefe. Está lá para isso. O reverendo André Mendonça já demonstrou que não está preparado para o cargo: não julga pela lei, mas pela fé; não segue o direito, mas as conveniências; não exibe independência, mas submissão; não respeita a democracia, antes se alimenta de regras de exceção do período da ditadura militar. E, o mais grave, é terrivelmente bolsonarista.

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