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Belo Horizonte, 18 a 24 de junho de 2021
ENTREVISTA 11
“Variantes surgem porque o vírus e a doença estão descontrolados” SAÚDE Médico do SUS BH comenta sobre reinfecção, novas variantes e vacinas Laura Sabino Consequência do descaso do governo, nos próximos dias, o Brasil atingirá a cifra trágica de meio milhão de mortes. Para tratar do atual momento da pandemia e sobre como chegamos a essa situação, conversamos com o médico de família e comunidade, Bruno Pedralva, que atua na linha de frente contra a covid-19 na capital mineira. Chegamos a 500 mil mortos por covid. Qual deveria ter sido a postura do presidente para evitar essa tragédia? O presidente errou, desde o início, no enfrentamento à pandemia. Menosprezou o vírus e negligenciou medidas de prevenção recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como distanciamento social, uso de máscaras, álcool em gel (70%) e o fechamento das cidades. Errou ainda ao indicar remédios que não possuem eficácia contra a covid-19 e difundir mentiras sobre a China. O presidente optou por não se envolver nos esforços mundiais para produção de vacina. Os países que primeiro receberam e que estão vacinando uma quantidade
O presidente errou desde o início no enfrentamento da pandemia
Rerpodução
maior de sua população são os que auxiliaram nas pesquisas e no desenvolvimento de vacinas. Ser vacinado impede que as pessoas sejam transmissoras do vírus? Ser vacinado não impede a pessoa de ser infectada com o vírus da covid. O principal benefício da vacina é evitar que a infecção evolua, evitar os casos graves com internações e intubações. Pessoas vacinadas não podem abandonar as medidas de prevenção. As vacinas que já existem protegem das variantes do novo coronavírus? As variantes surgem porque o vírus e a doença estão descontrolados. Neste momento, muitos vírus estão se replicando no organismo das pessoas e nesse processo de replicação, podem ocorrer mutações. Por seleção natural, as mutações mais “vantajosas”, ou seja, as que permitem ao vírus se transmitir com mais facilidade tendem a se tornar preponderantes. Na prática, isso aumenta as chances de infecção. Até o momento, as vacinas têm sido eficazes contra as variantes. Mas é importante vacinar toda a população para que não surjam mais variantes, pois, pode surgir uma que escape do poder de imunização das vacinas. Quais ações poderiam diminuir o número de casos e mortes por covid-19 neste momento? Sem dúvida, a principal medida para diminuir o número de casos e mortes por covid é vacinação em massa. E incentivar e impor as medidas de prevenção como o
distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel. Em muitas cidades os hospitais voltaram a entrar em colapso. Isso pode acontecer em outras cidades? No Brasil, muitos lugares têm vivenciado uma terceira onda da pandemia. Isso é preocupante porque uma
terceira onda impacta hospitais, as UPAs e em especial os postos de saúde. Estamos no meio do maior colapso sanitário e hospitalar da história do país, em todos os estados tivemos filas, milhares de pessoas aguardando leito de Centro de Terapia Intensiva (CTI) e muita gente morreu nas UPAs,
Bolsonaro optou por não se envolver nos esforços para produção da vacina em especial em hospitais de pequeno porte, sem o atendimento necessário.
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