Edição 343 do Brasil de Fato MG

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Reprodução

Rodoanel

Reprodução / Telesus

Apesar de impopular, recurso para mega obra viária é mantido em projeto aprovado por deputados

Cuba Para especialistas, bloqueio econômico liderado por EUA está por trás das manifestações na ilha

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MUNDO 10

MG Minas Gerais Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021 • edição 343 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita

CORONÉIS NO ESCÂNDALO DA VACINA A cada depoimento na CPI da covid, no Senado, nomes das Forças Armadas são ligados a esquemas, reuniões, conversas e acusações de pedido de propina nas transações com laboratórios de vacinas. Em depoimento, na quinta (15), o representante de vendas da empresa Davati Medical Supply no Brasil, o empresário Cristiano Carvalho, citou a participação do tenente-coronel Marcelo Blanco, dos coronéis Gláucio Octaviano Guerra, Odilon, Helcio Bruno de Almeida, Cleverson Boechat Tinoco Ponciano, Marcelo Bento Pires e Élcio Franco. Nesta edição, saiba quem são esses militares à frente do Ministério da Saúde I BRASIL 8

A arte é nossa cura

Eles estão descontrolados

Não vai ter torcida

Novo CD de Marisa Monte mostra "portas de luz a serem abertas", escreve o colunista João Paulo Cunha

Segundo pesquisador, grupos de extrema Olimpíadas de Tóquio começam semana direita no WhatsApp ficaram mais que vem, sem a presença do público, em virulentos e fantasiosos razão da pandemia

OPINIÃO 6

ENTREVISTA 11

ESPORTE 15


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

OPINIÃO

Sobrevivemos (até aqui) a um genocídio: e agora? Frederico Santana Rick Fui vacinado. Muitos não sobreviveram para receberem a vacina: amigos, pessoas queridas, conhecidos, gente distante, mas que admiro muito; mais de 537 mil brasileiros cuja morte me indigna. Sobrevivi até aqui porque tive as condições de trabalhar em casa, seguir as recomendações da ciência, acesso à educação formal que me blindou de disparates verbais e mortais do presidente e seus seguidores.

ESPAÇO DOS LEITORES “Realmente tem alguns animais que são anjos na terra” Vania Santos comenta a crônica “Yasmim”, de Rubinho Giaquinto. -“Certinhos! O governador que vá dar aulas presenciais se quiser” Miller Igino, sobre a matéria “Professores da rede estadual anunciam ‘greve sanitária’ em Minas Gerais” -“Claro que não têm. Querem é lucrar com o crime” Luciano Mendes comenta a matéria “Projetos do governo Zema e da Vale não tem compromisso com reparação do crime” -“Absurda é a postura dessa empresa. Não VALE nada!” Janise Bruno Dias, sobre a matéria “Vale classifica como ‘absurda’ indenização que equivale a lucro que obtém em 255 segundos” -“É revoltante a situação que vivemos! E o líder da Câmara Federal omisso!” Hamilton de Paula comenta o artigo “Sobrevivemos (até aqui) a um genocídio: e agora?”, de Frederico Santana Rick

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg

Quem sobreviveu até aqui precisa ser testemunha e agente de justiça e reparação O Brasil vive um genocídio, um extermínio deliberado de parte da sua população. É uma terrível experiência saber que morrem diariamente cerca de 2 mil pessoas, por ação e omissão do presidente da República, que segue impune e não assume seu crime. Quem sobreviveu até aqui precisa ser testemunha e agente de justiça e reparação. Não só o presidente precisa ser responsabilizado, mas o Estado e demais poderes, governadores e prefeitos cúmplices, que seguem permitindo a política de morte. Quantas mortes poderiam ter sido evitadas? Apenas no primeiro ano da pandemia (março de 2020 a março de 2021), o Brasil teve 305 mil mortes a mais que o esperado, segundo pesquisa da Anistia Internacional Brasil. Só as medidas de proteção aceitas em todo o mundo – distanciamento e iso-

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

lamento social, uso de máscara, testagem, uso de álcool em gel – se tivessem sido adotadas, a transmissão do vírus se reduziria em pelo menos 40%, ou seja, 120 mil vidas teriam sido poupadas. O atraso na compra das vacinas Pfizer e CoronaVac, que graças a CPI da Covid sabemos que foi com o objetivo de privilegiar imunizantes sem representantes no Brasil, para assim garantir propinas a integrantes do Ministério da Saúde, causou 95 mil mortes desnecessárias. Se considerarmos os demais imunizantes e o ritmo lento da vacinação, esse número é de 145 mil mortes que poderiam ter sido evitadas. Vale lembrar que em agosto de 2020 a Pfizer ofereceu 70 milhões de doses e o Instituto Butantã 60 milhões. Bolsonaro recusou. Pela vacina no braço (que demorou muito a chegar no meu) e a comida no prato, só tenho a agradecer. Para que outros possam ter vacina no

Apenas no primeiro ano da pandemia, o Brasil teve 305 mil mortes a mais que o esperado braço e comida no prato, só posso lutar pelo fora Bolsonaro, impeachment já. Pela memória dos que se foram nosso compromisso precisa ser ainda maior: por um projeto popular para o Brasil que enterre de vez o bolsonarismo e a classe dominante que o colocou lá. Frederico Santana Rick é integrante das pastorais sociais, da Frente Brasil Popular e da Consulta Popular

PÁGINA: www.brasildefatomg.com.br CORREIO: redacaomg@brasildefato.com.br PARA ANUNCIAR: publicidademg@brasildefato.com.br TELEFONES: 31 9 8468-4731 e 31 9 8888-1817

conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Edição: Amélia Gomes, Elis Almeida, Frederico Santana, Larissa Costa, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira Redação: Amélia Gomes, Bruna Bentes , Larissa Costa, Rafaella Dotta, e Wallace Oliveira. Colaboração: André Fidusi, Anna Carolina Azevedo, Débora Borba, Joana Tavares , Marcelo Gomes. Colunistas: Antônio de Paiva Moura, Beatriz Cerqueira, Bráulio Siffert, Macaé Evaristo, Eliara Santana, Fabrício Farias, Iza Lourença, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, José Prata Araújo, Makota Celinha, Moara Saboia, Portal do Bicentenário da Independência, Renan Santos, Rogério Hilário, Rubinho Giaquinto, Sofia Barbosa, Tarifa Zero Administração e distribuição: Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Tiragem: 10 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021 Divulgação

Declaração da Semana

Camilla de Lucas, sobre o vídeo em que DJ Ivis agride violentamente sua esposa, em frente ao filho de dois anos. Depois do episódio, o agressor ganhou milhares de seguidores nas redes sociais.

Fiquei extremamente indignada com as agressões e a omissão de quem estava no ambiente vendo a mulher apanhando. Cenas como essas infelizmente são comuns. Não existe justificativa!

GERAL

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Números da Semana 25

No Brasil, mulheres são ofendidas, agredidas física e/ou sexualmente ou ameaçadas a cada minuto. O dado é do levantamento Um Vírus e Duas Guerras, feito por parceria entre sete veículos de jornalismo independente.

Formação pra jovens negros de BH

Mayara Laila

Até o dia 21 de julho, jovens negros e periféricos de Belo Horizonte, de 16 a 29 anos, podem se inscrever para o Projeto Jovem Líder Futuro. A iniciativa, que é da Movimentação Juventude Negra Política, será totalmente online, com atividades de formação em temas ligados à comunicação, política, liderança e autoconhecimento. As inscrições são gratuitas e o formulário está disponível no site juventudenegrapolitica.org, no qual também tem mais informações sobre o projeto. A primeira atividade começa no dia 11 de agosto.

Apoie a comunicação e a resistência popular

Carolina Coelho

Após mais de 5 anos de atuação, o Jornal A Sirene lançou, nesta semana, uma campanha de financiamento coletivo para sua manutenção. O jornal é um veículo de comunicação popular dos atingidos pela barragem de Fundão, em Mariana. É também um espaço para preservar a memória de pessoas e de lugares que passaram por severas transformações desde novembro de 2015. Para conhecer mais o projeto e fazer doações, acesse evoe.cc/jornalasirene.


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CIDADES

Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

Prefeitura de BH anuncia criação de auxílio financeiro para população de baixa renda COMBATE À FOME Cerca de 300 mil famílias podem ser beneficiadas por projeto, que será encaminhado para a Câmara na próxima semana Tomaz Silva / Agência Brasil

Larissa Costa O prefeito Alexandre Kalil (PSD) apresentou, na quinta (15), a criação do Auxílio Belo Horizonte, programa de apoio financeiro à população de baixa renda da capital mineira. Segundo informações da prefeitura, o projeto de lei será apresentado à Câmara Municipal na próxima semana. “É uma conquista do povo organizado e também da mobilização das parlamentares de esquerda. A luta pelo auxílio emergencial é uma das principais bandeiras da esquerda na Câmara Municipal, desde a legislatura passada”, afirma a vereadora do PSOL Bella Gonçalves.

A vereadora defende ainda que o benefício deve ser transformado em uma política de renda permanente do município. Motivações Entre as preocupações que justificam o benefício está o empobrecimento da população. Segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), 68 mil famílias estão em situação de

pobreza extrema em Belo Horizonte e 16 mil vivem em situação de pobreza. O auxílio municipal, conforme declarado pela Prefeitura de Belo Horizonte, pode beneficiar quase 300 mil famílias da cidade. Quem terá direito O benefício terá duas modalidades, sendo que uma delas é o pagamento de R$ 600 em seis parcelas mensais a famílias em situação de pobre-

za residentes em BH e inscritas no CadÚnico, com renda per capita familiar de até meio salário mínimo. A renda familiar per capita é calculada dividindo-se o total da renda familiar pelo número de moradores da residência. Esse valor deve atingir, no máximo, R$ 550 por pessoa.

Proposta prevê pagamento de R$ 600, em seis parcelas, e de R$ 100 para alimentação de famílias de estudantes da rede municipal

Também serão beneficiadas famílias que, independentemente Cadastro Único, tenham um dos integrantes atendido por outras políticas públicas municipais, como é o caso de catadores de materiais recicláveis, ambulantes, povos e comunidades tradicionais e mulheres com medidas protetivas aplicadas pela Justiça. A segunda modalidade será o subsídio para alimentação de R$ 100 mensais para famílias com estudantes matriculados na rede pública municipal de educação. Essa modalidade contempla também famílias com crianças matriculadas em creches parceiras e em escolas filantrópicas com cadastro no Fundo Nacional da Educação (FNDE).

Movimento comemora decisão da prefeitura de preservar Mata do Planalto VITÓRIA Com 20 nascentes e uma enorme riqueza de fauna e flora, área verde sofreu ameaça nos últimos 12 anos de construtora Margareth Ferraz

Larissa Costa

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pós 12 anos de luta e resistência da comunidade, a Mata do Planalto, na Região Norte de Belo Horizonte, será totalmente preservada. O comunicado feito pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), no início deste mês, é que o município “está finalizando os procedimentos para promover a permuta de imóveis que garantirá a preservação da Mata do Planalto como área pública”. “Agora, a satisfação é geral. Mas a gente ainda está com cautela, porque ainda tem os trâmites. Vamos permanecer com o projeto de lei

são de Meio Ambiente e Política Urbana. No local, a população sonha com a construção de um parque ecológico para que toda a cidade possa desfrutá-lo. Riqueza natural Com cerca de 200 mil metros quadrados, a Mata

na Câmara, para reconhecer o valor ecológico e paisagístico da área. Não podemos parar. Vamos ter tranquilidade só quando tivermos o resultado oficial”, comemora Magali Ferraz Trindade, que é presidenta da Associação Comunitária do Planalto e Adjacências e integrante do Movimento Salve a Mata do Planalto.

Ela se refere ao Projeto de Lei (PL) 1050/20, apresentado pelas vereadoras do PSOL Bella Gonçalves e Cida Falabella, que foi aprovado em junho no primeiro turno da Casa. A proposta, que reconhece o valor ecológico, paisagístico, cultural e comunitário da área verde, está em análise na Comis-

Não podemos parar. Vamos ter tranquilidade só quando tivermos o resultado oficial, diz moradora”

do Planalto é um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica em BH. A área abriga mais de 20 nascentes, que formam o Córrego Bacuraus, a Bacia do Onça e deságua no Rio das Velhas e no Rio São Francisco. Na época das chuvas, há, inclusive, a formação de pequenas cachoeiras. Além disso, abriga 68 espécies de pássaros e 98 espécies de árvores. A área estava ameaçada pelo projeto da Construtora Direcional, que previa a construção de 760 apartamentos, 16 prédios de 16 andares cada e mais de 3500 vagas de garagem.


Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

“Rodoanel vai contribuir para o racionamento de água em pouco tempo”, afirma ativista ambiental MINERAÇÃO Deputados aprovam R$ 3,5 bilhões, tirados da reparação do crime em Brumadinho, para grande obra viária

MINAS

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Nossos direitos

Reprodução

Amélia Gomes, Wallace Oliveira e Larissa Costa

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Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, na quarta (14), o Projeto de Lei (PL) 2.508/21, do governador Romeu Zema (partido Novo). O PL autoriza o uso de R$ 11 bilhões do acordo judicial firmado entre o Poder Executivo e as instituições de Justiça com a Vale, sem a participação dos atingidos pelo rompimento da barragem da mineradora, em 2019. O PL agora segue para sanção do governador. O valor do acordo é de R $37 bilhões. O texto permite a abertura de crédito suplementar de R$ 11 bilhões ao orçamento estadual de 2021. O restante do recurso, R$ 26 bilhões, não passa por análise da ALMG. O PL 2.508 foi aprovado com rejeição de 241 das 244 emendas apresentadas pelos deputados. Duas foram retiradas pelos autores e uma, da deputada Beatriz Cerqueira (PT), foi aprovada, estabelecendo que sejam feitas menções, nas obras realizadas com os recursos, à memória das vítimas do rompimento da barragem. Valor para o rodoanel Da quantia que vai para o Estado, R$ 3,5 bilhões financiarão uma obra de infraestrutura viária na Grande BH, que o governo chamou de rodoanel, mas os movimentos têm chamado de rodominério, por beneficiar as mineradoras. Para acompanhar a votação, or-

ganizações populares acamparam na entrada da ALMG, em protesto. “O dinheiro será entregue a uma parceria público-privada, que ainda vai captar recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para construir o rodoanel e ter a concessão de exploração, com pedágio cobrado por quilômetro. BH vai ter o pedágio mais caro do Brasil!”, critica José Geraldo Martins, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O projeto prevê uma rodovia de 100 km, com quatro faixas e pedágios que cobrariam R$ 0,35 por quilômetro. O Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem (DER) de Minas Gerais diz que a obra proporcionaria uma re-

Inaceitável usar dinheiro de um crime para cometer outro”, afirma parlamentar

Rodoanel prevê rodovia de 100 km, com quatro faixas e pedágios de R$ 0,35 por quilômetro dução de 1 mil acidentes por ano. O tempo de viagem, segundo o DER, seria reduzido entre 30 e 50 minutos para veículos de carga e também na mobilidade urbana. No entanto, segundo Beatriz Cerqueira, a obra beneficiará o mesmo setor responsável pelo crime, ou seja, as mineradoras. “Inaceitável usar dinheiro de um crime para cometer outro”, comentou em suas redes sociais. A parlamentar lembra que 3,5 mil famílias serão desapropriadas. Abastecimento de água De acordo com Cristina Oliveira, do movimento SOS Vargem das Flores, o projeto exige licenciamento ambiental após a licitação. “Pelos estudos que já foram apresen-

tados por engenheiros e urbanistas, essa obra não é viável do ponto de vista ambiental e social, pois compromete mananciais e vai contribuir para o racionamento de água em pouco tempo”, critica, acrescentando que os estudos de impacto ambiental deveriam preceder o processo de escolha da PPP. “Fica parecendo que o governo já conta que o projeto será aprovado”. Em Contagem, o projeto da Alça Oeste do traçado do rodoanel passa em Vargem das Flores, onde fica uma área de proteção ambiental (APA) e um dos três grandes reservatórios que abastecem a Região Metropolitana, atendendo a 10% dos municípios e quase 500 mil pessoas. O receio, segundo Cristina, é de que, além do desmatamento, o rodoanel atraia empresas para as margens da represa e induza a instalação de novos bairros. Um estudo encomendado pela Copasa à Fundação Coppetec apontou que, seguindo a tendência atual de ocupação da Bacia Hidrográfica de Vargem das Flores, o reservatório pode perder seu espelho d’água em 33 anos ou mesmo ficar assoreado em 23 anos. Em nota no mês de março, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade disse que o traçado não passa sobre a região de Vargem das Flores. “A proposta visou minimizar a quantidade de interferências ambientais, priorizando áreas com baixa densidade populacional”.

QUAL A SITUAÇÃO DO AUXÍLIO EMERGENCIAL DE MINAS GERAIS? Muitas pessoas estão com dúvidas sobre quando e como será pago o auxílio emergencial anunciado pelo governo do Estado. O que se sabe até o momento é que serão beneficiados chefes de família inscritos no CadÚnico até o dia 21 de maio de 2021, que tenham renda de até R$ 89,00 por pessoa da família. Caso aceito, o inscrito receberá uma parcela no valor de R$ 600. O Decreto 48.204, que regulamenta o auxílio, diz que a Subsecretaria de Assistência Social do Estado irá operacionalizar o pagamento, decidindo todas as questões práticas como qual instituição financeira (banco) será utilizada para pagar, como se dará o atendimento às famílias beneficiadas, o calendário de pagamento, dentre outras questões. Porém, a subsecretaria ainda não divulgou essas informações. A previsão era que o início dos pagamentos ocorresse a partir de 01/08/21, mas é necessário aguardar que a confirmação seja divulgada. Jonathan Hassen é advogado popular. Jonathan Hassen é advogado popular


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OPINIÃO

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OPINIÃO

A arte é nossa cura João Paulo Cunha Não falemos da morte, que ensombrece nossos dias, mas não nos esqueçamos dela. É tempo de cantar na língua dos animais. Ou, então, acreditar que a vida vai melhorar. Ou ainda, que existem portas de luz a serem abertas. Quem oferece esse repertório de possibilidades humanas é Marisa Monte, em seu novo disco, “Portas”. Depois de dez anos sem lançar um álbum de canções inéditas, a cantora reúne sua turma, convida novos parceiros e oferece uma dádiva otimista. Não é pouco.

O disco tem 16 canções, em parcerias com Arnaldo Antunes, Marcelo Camelo, Chico Brown, Seu Jorge, Flor, Silva, Nando Reis, Pedro Baby, Pretinho da Serrinha e Dadi. Uma reunião que evoca dos Novos Baianos ao samba portelense, do rock ao pop. A cantora convoca novos e antigos tribalistas. Fé na taba. Os arranjos são esmerados, com cordas, metais, sopros e percussão na medida. Tudo para fazer brilhar as canções, alinhavadas pela voz de Marisa Monte. Há um perfume de continuidade – a marca MM – que não é, no entanto, repetição, mas confirmação de um projeto que

Marisa Monte entrega aos brasileiros um disco bonito e consciente habita a memória afetiva de quem se habitou a ouvir música popular brasileira nas últimas três décadas. Marisa Monte entrega aos brasileiros um disco bonito e consciente. Tem momentos de romantismo, de amor à natureza e de pura poesia. No lirismo das canções, há lugar para apostas, consagração das possibilidades de superação

dos nossos dilemas, e até de certo sonho libertário, que nos olha lá da frente. O depois não é promessa vazia ou alienação que paralisa, mas compromisso. Precisamos nos mexer para merecer que amanhã seja, de fato, outro dia. Mas carecemos também da promessa da beleza, que nos lembre onde queremos chegar. Quem não gostaria, em tempos de conflagração e isolamento, de “sair para passear ao sol, pisar no capim”, como propõe “A língua dos animais”? Quem não sonha com o que há por trás das muitas portas que se revezam frente ao pessimismo, como na

canção que dá nome ao disco? Ou, ainda, que olhe para o horizonte em busca do sol que “vem derreter as nuvens negras”, como na mais cantante e descompromissada faixa, “Pra melhorar”, que fecha o álbum. Há muitas formas de mostrar coragem e desafiar as trevas. O novo disco de Marisa Monte mostra um tempo que não é o de agora, mas que habita suas evidências e justifica toda a luta que tem impulsionado as pessoas a sobreviver com dignidade. Desde que não deixem de lutar. Uma das formas inventadas pelos homens para cumprir esse destino é a arte. Que instiga, consola e encanta. E cura. ANÚNCIO


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Jonathan Sales/ Mídia NINJA

Wagner Ferreira

Uma invasão de “indicados políticos” no serviço público

Tarifa zero em muitos lugares! Este começo de mês trouxe duas boas notícias sobre transporte coletivo: no dia 1º de julho foi implementada a tarifa zero em Caeté (MG), e no dia 1º de agosto os ônibus do município de Itapeva, em São Paulo, também serão gratuitos. Caeté e Itapeva tinham tarifa, respectivamente, de R$ 4 e R$ 4,50. Essa é uma realidade que se repete em outras cidades do interior: tarifas muito elevadas, completamente descoladas das realidades econômicas locais. A pandemia acelerou a situação de crise em que o transporte coletivo já se encontrava antes, com redução de viagens, de veículos, de linhas e de qualidade, saída de passageiros do sistema, somando-se à pressão para aumento tarifário e, consequentemente, menos passageiros do sistema. Esse é o círculo vicioso A escolha de implementar da tarifa. Quem pode, opta por carro ou moto. As pessoas desem- tarifa zero, pregadas ou autônomas, porém, não conseguem mais pa- antes de tudo, gar pelo transporte. Basta ver o que aconteceu com o me- é política trô. O aumento vertiginoso da tarifa se traduziu em queda abrupta do número de passageiros. As empresas de ônibus pressionam as prefeituras por algum tipo de auxílio. Dizem estar no prejuízo, mas jamais saberemos, pois não há nenhum tipo de transparência no setor ou informações sobre seus lucros e gastos. A implementação da tarifa zero procura lidar com esses problemas. Para poder financiá-la, essas cidades movimentaram partes de seu orçamento. Isso mostra que a escolha de implementar tarifa zero, antes de tudo, é política. É urgente que paremos de tratar o governo como uma empresa que precisa economizar, enxugar, privatizar. Os governos são feitos para o povo e usam recursos do povo. O transporte gratuito pode nos conectar de verdade, modificar nossa relação com o espaço público e ampliar nossas possibilidades de estar, não só de ir e vir. Annie Oviedo é passageira de ônibus e integrante do Tarifa Zero BH

Leia os artigos completos no site brasildefatomg.com.br Estes são artigos de opinião. A visão dos autores não expressam necessariamente a linha editorial do jornal Brasil de Fato

Wagner Ferreira é diretor de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais.

ACOMPANHANDO

Annie Oviedo

Infelizmente, são muitas as histórias parecidas: um amigo ou familiar de político é nomeado em cargo público comissionado, mas exerce suas funções de forma descompromissada e, não raras vezes, sequer aparece para trabalhar. Essa situação é possível porque a legislação atual permite a nomeação em cargos de liderança e assessoramento de um percentual de pessoas sem vínculo com a Reforma admiadministração pública. O dispositivo, que deve- nistrativa vai ria ser usado para trazer liberar a conmais dinâmica ao serviço tratação pelo público, desde o início foi famoso “QI”: cooptado e tem sido usado Quem Indica por muitos políticos para aumentar os seus poderes. Um exemplo é a chamada “rachadinha”. Ao invés de combater essa prática danosa, e até mesmo criminosa, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, a chamada reforma administrativa, pretende ampliá-la. Um levantamento do Senado Federal mostra que a reforma administrativa pode aumentar para mais de um milhão o número de indicados políticos no país. A aprovação por concurso público é um meio de se garantir a impessoalidade e que os candidatos com mais conhecimento sejam selecionados. Já pelo sistema de livre nomeação, o que vale para ser nomeado é o famoso “Quem Indica”. Não se engane, a PEC 32 vai provocar uma invasão de apadrinhados políticos no serviço público, a expansão do jogo de interesses e o aumento da corrupção.

Na edição 338... Indenização por trabalhador morto: Justiça cobra da Vale o lucro de 4 minutos E agora... Vale classifica como “absurda” valor da indenização por trabalhador morto A mineradora apresentou recurso na Justiça para recorrer da decisão que a condenou a pagar R$ 1 milhão de indenização por cada trabalhador morto no rompimento da barragem em Brumadinho. No documento, os advogados da Vale classificaram o valor como um “absurdo”. A mineradora levaria 255 segundos para lucrar esse valor. A Ação Civil Coletiva, proposta pelo Metabase Brumadinho, representa os 131 trabalhadores diretos e pede indenização referente ao dano moral causado pelo sofrimento.


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BRASIL

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“Associação de coronéis” é destaque em denúncias de propina na compra de vacinas ESCÂNDALO Diversos militares foram citados em depoimento Leopoldo SIlva / Agência Senado

son Boechat Tinoco Ponciano é coordenador-geral de Planejamento do Ministério da Saúde. Ele teria alertado Cristiano sobre as investigações em curso, pelas forças policiais canadenses, contra a Davati.

Tiago Pereira, da Rede Brasil Atual

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empresário e representante de vendas da empresa Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, relatou à CPI da Covid, na quinta (15), a participação de uma série de militares das Forças Armadas em negociações suspeitas, na compra de vacinas contra a Covid-19. O primeiro citado foi Gláucio Octaviano Guerra, coronel reformado da Aeronáutica, que atua na embaixada brasileira em Washington. Segundo Cristiano, Guerra o apresentou a Herman Cardenas, CEO da Davati nos Estados Unidos. A empresa ofereceu ao governo milhões de doses da AstraZeneca. No entanto, a própria AstraZeneca negou qualquer relação com a Davati. Nas negociações, também foram oferecidas vacinas da Jansen. O governo canadense investiga a Davati por oferta fraudulenta desses imunizantes. Na CPI, Cristiano relatou que, no dia 12 de março, participou de reunião que contou com a presença dos militares citados. “Me levaram ao Ministério da Saúde o Reverendo Amilton, o Dominguetti, o Coronel Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil. Nas dependências do Ministério, estavam o coronel Boechat, coronel Pires e o secretário Élcio Franco”. Comissionamento O policial militar Luiz Paulo Dominguetti disse ter recebido pedido de propina de U$$ 1 por vacina, em negociação por 400 milhões de doses da AstraZeneca. O pe-

Cristiano Carvalho na CPI da covid

Depoimento na CPI revelou militares das Forças Armadas em negociações suspeitas na compra de vacinas dido teria sido feito pelo ex-diretor do departamento de logística do Ministério Roberto Ferreira Dias. Ele nega as acusações. Em depoimento à CPI, Cristiano disse que não tomou conhecimento desse pedido de propina, mas contou que Dominguetti mencionara um pedido de “comissionamento”. “Ele se referiu a esse comissionamento sendo do grupo do Tenente-Coronel Blanco e da pessoa que o tinha apresentado ao Blanco, que é de nome Odilon”.

Blanco e Odilon O tenente-coronel Marcelo Blanco era assessor de Roberto Dias no departamento de Logística. Ambos foram exonerados no mês passado, quando surgiram as denúncias. Blanco teria participado do jantar em Brasília no qual Dias teria feito o pedido de propina a Dominguetti. Já o coronel Odilon foi citado por Dominguetti como a pessoa que apresentou Blanco a ele. Cristiano disse não conhecer Odilon pessoalmente, mas foi contatado pelo militar. Helcio Bruno O coronel da reserva do Exército Helcio Bruno de Almeida é presidente do Instituto Força Brasil, uma ONG que apoia as principais bandeiras do governo Bolsonaro e já foi alvo da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga esquemas criminosos de mensagens falsas.

O site do instituto foi retirado do ar na quarta (14), mas, nas redes, sociais há postagens defendendo liberação de armas e uso de medicamentos do chamado “tratamento precoce”, sem eficácia comprovada contra a Covid-19.

O policial Luiz Paulo Dominguetti denunciou pedido de propina de U$$ 1 por dose da AstraZeneca Helcio Bruno e o reverendo Amilton Gomes de Paula teriam sido os responsáveis por intermediar a reunião dos representantes da Davati – Dominguetti e Cristiano – no Ministério da Saúde. Boechat e Pires Também coronel da reserva do Exército, Clever-

Cristiano Carvalho: “Me levaram ao Ministério da Saúde o Reverendo Amilton, o Dominguetti, o Coronel Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil” Marcelo Bento Pires também é coronel do Exército. Ele passou para a reserva em novembro de 2020. Em janeiro deste ano, foi nomeado para a coordenação do Plano Nacional de Operacionalização das Vacinas contra a Covid-19 do ministério. Ele foi acusado pelo servidor Luis Ricardo Miranda de fazer pressão pela liberação da vacina indiana Covaxin, outro caso de corrupção que está sendo investigado. Élcio Franco O coronel da reserva Élcio Franco foi secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão do general Eduardo Pazuello. Em janeiro, ele ordenou que fossem concentradas nele todas as tratativas para negociações das vacinas. Franco foi demitido dias após a saída de Pazuello. Desde abril, ele é assessor especial da Casa Civil, sob comando do general Luiz Eduardo Ramos.


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Muito além de cartas: entenda a importância dos Correios no interior do Brasil DIREITO Empresa pública entrega livros e garante auxílio emergencial em comunidades sem acesso à internet Valter Campanato / Agência Brasil

Mariana Castro, de Imperatriz (MA)

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em sinal de celular, sem asfalto e sem pressa, a comunidade do povoado Ludovico, com cerca de 120 famílias no interior do Maranhão, escolhe um dos municípios mais próximos para resolver pendências, receber correspondências e até os livros escolares. A professora Áurea Alves ministra as disciplinas de Filosofia e Língua Portuguesa na escola da comunidade, que atende cerca de 300 pessoas. É dos Correios que chegam os materiais didáticos e as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de Ludovico. Uma das cidades mais próximas com agência dos Correios é Lago do Junco, município com pouco mais de 10 mil habitantes, a 28 km do povoado. Os Correios também resolvem problemas relacio-

Única estatal federal presente em todos os municípios, a ECT oferece mais de 100 produtos e serviços

nados aos programas sociais. “A nossa comunidade é isolada, fica na zona rural, mas a gente tem, pelo menos, um mínimo de acesso. Em solicitações de prova de vida de aposentados, por exemplo, essas cartas chegam ao Correio, que identifica todas as comunidades. Às vezes, uma pessoa daqui vai lá e pega o de todos da comunidade. Eu já fiz muito isso”, conta Áurea. Com renda baseada no extrativismo do coco babaçu e

Em 2020, os Correios registraram lucro de R$ 1,53 bilhão na agricultura familiar, a região tem movimentos, associações e cooperativas que utilizam os serviços da empresa pública para receber materiais de estudo, enviar seus produtos e garantir o

desenvolvimento de projetos com financiamento nacional e internacional. Áurea explica que é pelos Correios que são enviados os documentos das associações, inclusive para quem financia os projetos, no estado de Minas Gerais e na Alemanha.

tatal, qualquer pessoa sem acesso à internet ou aplicativo da Caixa tem o serviço efetuado gratuitamente pelos funcionários dos Correios, que também oferecem os serviços bancários de saque e transferências, nas regiões que não têm agência bancária.

Presente em todo o país Única estatal federal presente em todos os municípios brasileiros, os Correios teve origem em 1663. Além da distribuição de correspondências, oferece mais de 100 produtos e serviços de apoio ao Estado brasileiro, como a inscrição e regularização de CPF, fundamental em municípios da Amazônia e da região Nordeste. Na pandemia, o acesso ao auxílio emergencial só tem sido possível graças ao papel desempenhado pelos Correios. Em 2020, graças a uma parceria com a empresa es-

Empresa lucrativa Em 2020, os Correios registraram lucro de R$ 1,53 bilhão, segundo balanço divulgado no Diário Oficial da União. “O governo retira recursos dos Correios para desenvolver as suas atividades. Mesmo assim, o que tem acontecido são ataques do governo, que, com suas políticas voltadas para a questão empresarial, tem gradativamente destruído os Correios, até levar à privatização”, diz Antônio Ivanildo Pereira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Maranhão (Sintect-MA).

Bolsonaro muda regras de privatização da Eletrobras, tornando-as ainda piores E m 31 de maio deste ano, o governo federal propagandeou a aprovação do Conselho de Administração dos Correios às Demonstrações Contábeis de 2020 da estatal. O relatório aponta que a empresa apresentou lucro líquido de R$ 1,53 bilhão – maior resultado nos últimos dez anos. Em nota, o Executivo destacou ainda “outros indicadores financeiros importantes”, como o crescimento de 84% em relação ao ano de 2019 no patrimônio líquido dos Correios,

Fábio Rodrigues Pozzebom

totalizando, aproximadamente, R$ 950 milhões. Entre os destaques feitos pela gestão Bolsonaro, foi

ressaltado o recorde histórico de 2,2 milhões de encomendas postadas em um único dia, alcançado em 30

de novembro, e as receitas internacionais – obtidas por meio de serviços prestados a Correios de outros países –, que ultrapassaram o marco de R$ 1,2 bilhão, outro recorde para a empresa. Em maio, a Câmara dos Deputados aprovou, sob intensos protestos, a tramitação de urgência do PL 591/2021, que abre caminho para a privatização dos Correios. De autoria do governo Bolsonaro, o pedido foi avaliado pelos parlamentares e recebeu 280 vo-

tos favoráveis e 165 contrários à medida. Com a decisão, a proposta pode ser votada diretamente no plenário, sem necessidade de apreciação pelas comissões legislativas. Do ponto de vista do conteúdo, o PL liberava o Poder Executivo para converter a estatal, que hoje está 100% nas mãos do poder público, em uma sociedade de economia mista. A nova estratégia, contudo, prevê a venda integral dos Correios.


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MUNDO

Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

Protestos em Cuba podem ter sido estimulados por redes sociais e seus algoritmos GUERRA HÍBRIDA Além da pandemia, ilha passa por dificuldades na economia e na saúde, principalmente por bloqueio econômico comandado pelos EUA Reproducao Telesur

têm coragem de abrir o bloqueio? Um governo estrangeiro pode aplicar essa política a um país pequeno e em meio a situações tão adversas?”, questionou.

Da Redação

O

s protestos em Cuba estão gerando vasta audiência nos meios de comunicação brasileiros. Mídias que sempre foram contrárias à Cuba não escondem a satisfação em publicar matérias e vídeos sobre uma possível “primavera cubana”. Na análise do professor e jornalista franco-espanhol Ignacio Ramonet, em entrevista à Prensa Latina, Cuba está enfrentando uma agenda de desestabilização previamente desenhada, que tem relação com estímulos por meio das redes sociais. Esse processo, segundo Ramonet, tem semelhanças do que ocorreu na “Primavera Árabe”.

Como estão os países árabes? Em 2010, iniciou-se uma série de protestos em dez países do Oriente Médio e norte da África, onda que ficou conhecida como a “Primavera Árabe”. As populações se manifestaram contra as difíceis condições de vida e contra seus governos. Frente aos protestos, diversos presidentes renunciaram. Hoje, a repressão e as más condições de vida continuam e até se tornaram piores que antes da “primavera”. A Líbia, a Síria e o Iêmen sofrem com enormes crises humanitárias, com milhares de mortes e de refugiados.

A onda de manifestações árabes também teve grande presença de jovens, como em Cuba. Mais uma semelhança é o método: foram protestos organizados e estimulados através das redes sociais, principalmente Facebook e Twitter. As redes sociais, que com seus algoritmos interferem em quais conteúdos irão ser mais mostrados aos usuários, são apontadas como parte de um método de revolta estimulada de fora dos próprios países, mas com a aparência de que foram os cidadãos que a geraram. A isso tem se dado o nome de “Guerra Híbrida”. Uma forma de um país causar instabilidade em outro, e até derrubar seu governo, sem a necessidade de usar forças militares. De insatisfações, nasce um cenário de apocalipse O jornalista Ramonet relembra que Cuba passa por dificuldades na economia e no setor da saúde. Em particular por conta das 240 me-

Há 60 anos, inúmeros países e empresas são proibidas de vender ou comprar produtos de Cuba, por ordem dos Estados Unidos didas aplicadas pelo governo de Donald Trump (20172021), ex-presidente dos Estados Unidos, que intensificou o bloqueio econômico ao país. Há 60 anos, inúmeros países e empresas são proibidas de vender ou comprar produtos de Cuba, por ordem dos EUA. Soma-se a esse cenário os problemas causados pela pandemia do coronavírus. “Quando as pessoas estão em condições severas, acontecem eventos como os que vivemos”, declarou o presidente cubano Miguel Díaz-Canel, eleito em 2019. “Por que [os EUA] não

O que diz o cônsul-geral de Cuba Em entrevista ao portal Viomundo, o diplomata Pedro Monzón admite insatisfação popular em Cuba, especialmente frente aos apagões causados pela falta de óleo diesel nas usinas termelétricas. No entanto, para ele, os recentes protestos estão longe de representar uma ameaça ao regime, a não ser nas redes sociais e na mídia corporativa internacional. “O povo está insatisfeito, apesar de ser majoritariamente revolucionário, mas é um terreno fértil para provocar conflitos”, reconhece. Segundo ele, os EUA gastam milhões de dólares anualmente para fazer propaganda contra Cuba. A origem da recente campanha #SOSCuba, segundo ele, seriam os laboratórios cibernéticos dos EUA, com sistemas de robôs para multiplicar mensagens. “Se os Estados Unidos aplicassem o mesmo bloqueio à Itália e à França por 60 anos, seriam feitos em pedaços. Criaria um caos político e social. Por que Cuba resiste? Porque o grosso do povo cubano apoia o regime e quer sua independência”, afirma. (Com informações do Opera Mundi)

Bolívia denuncia que ex-presidente da Argentina, Macri, participou de golpe em 2019 Por Michele de Mello De Caracas (Venezuela) A Bolívia denunciou que o ex-presidente argentino Maurício Macri (2015-2019) enviou armamento para favorecer o golpe de Estado de outubro de 2019. Segundo a ministra de governo, María Nela Prada, o material bélico teria chego a La Paz em 12 de novembro de 2019, mesmo dia em que Jeanine Áñez se autoproclamou presidenta. “O mundo está condenando esta reedição do Plano Condor, como foi no período das ditaduras militares, quando houve colaboração entre as forças contrárias à vontade popular para reprimir e conseguir através das balas o que não conseguiram nas urnas”, declarou Prada. Foram enviados à Bolívia, pelo ex-presidente argentino, 40 mil cartuchos AT 12/70 e bombas de gás lacrimogênio. O governo boliviano denuncia que essa munição foi usada nos massacres de Sacaba e Senkata, nos dias 11 e 15 de novembro de 2019, que terminaram com 22 mortos. O atual presidente argentino, Alberto Fernández, pediu desculpas ao povo boliviano através de uma carta e expressou sua “dor e vergonha” frente à denúncia de La Paz.


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Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

ENTREVISTA 11

Redes governistas estão mais extremistas”, diz pesquisador que está em 73 grupos de Whatsapp BOLSONARISMO Segundo o estudioso, grupos propagam teorias cada vez mais fantasiosas e odiosas; narrativas para 2022 estão prontas Willian Dias

Edison Veiga, da DW Brasil

N

a rotina do pesquisador brasileiro David Nemer está ler, todos os dias, a atividade de dezenas de comunidades bolsonaristas. Em 2017, quando começou esse trabalho, eram apenas quatro grupos, todos de Whatsapp. Com o passar do tempo, ele acabou se inscrevendo também no Telegram. Para o pesquisador, o cenário vai além da desinformação, “que sempre existiu na política”. Naquilo que ele vem chamando de um comportamento de “milícias digitais”, há o uso indiscriminado de plataformas sociais, baseadas em algoritmos, para induzir escolhas e reduzir debates e liberdade de pensamento — um modus operandi financiado por grupos de empresários e verbas que seriam de gabinetes parlamentares, conforme ele aponta, em entrevista à DW Brasil. Graduado em ciências da computação e administração, Nemer é professor no departamento de Estudos de Mídia da Universi-

A central da desinformação, o gabinete do ódio, parece desarticulada ou perderam financiamento

O ataque novo é ao processo eleitoral, ao TSE e às urnas eletrônicas

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) é apontado como um dos coordenadores do gabinete do ódio, de proliferação de conteúdo pelas redes sociais

dade da Virgínia, nos Estados Unidos. Como você faz para monitorar esses grupos bolsonaristas? David Nemer: Tenho um celular específico para isso. Desde o fim de 2017, estou em grupos que são políticos, bolsonaristas. Principalmente Whatsapp; mas, devido a um movimento recente, também Telegram. Muita gente fala que sou infiltrado, mas não, eu recebi esses convites para ingressar, o link para fazer parte dos grupos. Comecei em quatro, hoje estou em 73, já que de um acaba saindo outro. Eles se implodem [com o passar do tempo] e colocam convites de grupos nos próprios grupos. Uma bola de neve. Passo de 1h a 2h por dia lendo os comentários desses grupos, vou tentando identificar temas e tento entender um pouco a cultura da desinformação, das milícias digitais, como eles se organizam e como funciona a difusão

Desde 2018, as milícias digitais têm a esquerda como um alvo: o Lula, o PT, o comunismo da desinformação. É minha abordagem teórica. Considerando o cenário atual, de CPI e baixa popularidade do governo Bolsonaro, como você tem avaliado o comportamento dessas redes? As redes bolsonaristas estão acuadas e na defensiva. Isso não quer dizer que não estão atacando, [mas sim que, por conta do cenário] elas ficam mais extremistas, com teorias mais fantasiosas, mais odiosas e com narrativas que não fazem muito sentido. Também há a questão da central da desinformação, o chamado gabine-

te do ódio, que parece não estar enviando mais ordens para as redes ou para os grupos de Whatsapp. Isso faz com que os grupos fiquem desalinhados, cada um falando uma coisa. Até meados de 2020, eles ficavam alinhados, hoje não mais. Orquestrações tenho visto em poucas oportunidades desde o fim de 2020, o que mostra que esses gabinetes centrais ou estão perdidos ou perderam o financiamento. Você já percebe discursos preparados para as eleições do ano que vem? Desde 2018, as redes bolsonaristas, as milícias digi-

Bolsonaro ganhou todas as vezes que concorreu pelas urnas eletrônicas

tais, têm a esquerda como um alvo — o Lula, o PT, o comunismo. Não é de surpreender que, hoje, com o Lula liderando as pesquisas de intenção de voto, eles dobrem a aposta nesses alvos. Esse discurso já estava pronto, é um ataque que nunca saiu das redes. O ataque novo que a gente vê recentemente é o ataque ao processo eleitoral e às urnas eletrônicas. Bolsonaro já fala insistentemente que não vai aceitar as eleições se não tiver voto impresso, embora já esteja mais que explicado que o voto é auditável, é seguro, que as eleições são seguras. É irônico falar isso, já que Bolsonaro, todas as vezes que concorreu pelas urnas eletrônicas, ele ganhou. Não teve uma eleição em que perdeu. As narrativas para 2022 já estão preparadas: dobrar a aposta no ataque ao Lula e ao PT e continuar ainda mais essa guerra contra o sistema eleitoral, o Tribunal Superior Eeleitoral (TSE) e as urnas eletrônicas.

Leia entrevista completa no site brasildefatomg.com.br


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VARIEDADES

Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

DE OLHO NA MÍDIA

CUBA NÃO ESTÁ SOZINHA Nesta altura do campeonato, todo mundo já sabe que houve protestos em mais de 20 cidades cubanas. Críticas aos apagões e também descontentamento com o enfrentamento à pandemia foram algumas das bandeiras. Mas o que nos motiva a voltar ao assunto aqui é a obsessão mundial com a ilha, e como a cobertura midiática tenta construir um discurso e visão sobre o país sempre tão apaixonado e enviesado. Tudo bem, motivo não falta pra ser obcecado com Cuba: desde 1961 o país tem um regime socialista (e fez uma revolução em 1959), enfrenta o inimigo mais poderoso do mundo a poucos quilômetros e, apesar de um bloqueio econômico, exibe índices invejáveis de saúde, educação e segurança (e outros, mas convenhamos que com esses três já se chega a outro patamar). Mas não costumam ser essas as razões da paixão da mídia tradicional, mas as críticas ao regime. Chega a ser engraçado – não fosse historicamente assim a cobertura – um título como este abaixo, publicado pela BBC dia 14 de julho deste ano de 2021: “Protestos em Cuba: por que parte dos cubanos continua a apoiar governo”. Uma rápida pesquisa na internet já resolveria essa pergunta que, convenhamos, é tão cheia de preconceitos que custo a crer que vem de um dos veículos mais respeitados do mundo. A torcida da mídia pelo fracasso de Cuba é antiga e meio na cara demais. Fica como um aperitivo, pra quem quiser ler mais sobre o assunto, um trecho de artigo de Júlia Fialho e João Feres Junior, publicado no Manchetômetro: “A política cubana sob o olhar da imprensa brasileira”: o meio infantiliza o povo cubano ao omitir sua participação ativa em variados processos eleitorais em diversas instâncias, caracterizando-o como passivo espectador à espera de um dissidente salvador”. Mesmo que na cobertura dos protestos já tenha aparecido alguma crítica ao bloqueio econômico, vamos combinar que não custava muito ter um pouco mais de pesquisa e informação sobre o país, né?

FICA A DICA - LEIA DA FONTE Se você quiser se informar sobre Cuba, e também sobre outros países da América Latina, sem o crivo editorial da mídia hegemônica, seguem algumas dicas: resumenlatinoamericano.org pt.granma.cu telesurtv.net operamundi.uol.com.br cubadebate.cu E, claro, brasildefato.com.br Tem outras sugestões? Manda pra gente! Um abraço! Joana Tavares é diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

FIQUE

BEM JÁ PEDALOU NA CIDADE?

Muita gente tem medo de andar de bicicleta, principalmente na cidade. E isso tem razão, já que vivemos em uma sociedade que ainda valoriza muito mais os carros do que os ciclistas. Em Belo Horizonte, por exemplo, há poucas ciclovias e pedalar em horários de pico pode ser angustiante, além de perigoso. Mesmo assim, pedalar continua sendo uma opção incrível! É qualidade de vida! Se você mora em uma distância razoável do trabalho, por que não? Se é impossível usar a bici como meio de transporte, experimente nos dias de folga, como lazer.

SÓ COISAS BOAS

Além do bem-estar, pedalar ajuda na resistência física e muscular, libera endorfinas e serotoninas, substâncias que causam a sensação de prazer. Aumenta o fôlego, ajuda na manutenção do peso, elimina as toxinas do corpo, melhora a circulação sanguínea e por aí vai.

COMECE AOS POUCOS

Priorize as ciclovias e opte pelos momentos em que a cidade está com menos circulação de carros. Use equipamentos de segurança, principalmente capacete. Vá adquirindo confiança e aumentando os trajetos aos poucos. E sempre com muita atenção!

CONHEÇA OUTROS CICLISTAS

Uma dica é buscar outras pessoas interessadas em pedalar junto. Existem coletivos que unem ciclistas para diversos trajetos. O Terça das Manas, por exemplo, junta diversas mulheres para pedalar pela cidade de BH. Vale a pena conhecer. Tem mais informações no Instagram delas. E se você conhece outros coletivos, envia pra gente no redacaomg@brasildefato.com.br. Um beijo da Jana! Janaína Cristina escreve dicas de bem-estar e autocuidado

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Estou amamentando e tomei a vacina contra covid da Janssen. Meu bebê corre risco? Isis Maria, 21 anos, repositora A vacina da Janssen foi aprovada para uso em gestantes e mulheres que amamentam. Nas fases de testes e nos estudos com a população já vacinada não foi detectado nenhum risco para o bebê. O que os estudos mostram até o momento é que a mulher que foi vacinada contra a covid-19 transfere anticorpos ao bebê através do leite materno. Embora ainda não tenhamos estudos suficientes para saber qual o tamanho dessa proteção e por quanto tempo ela dura, não há dúvidas de que o leite materno, por suas qualidades naturais, seja um aliado nesse momento de pandemia e atue reforçando o sistema de defesa dos bebês que o recebem. Continue amamentando seu filho normalmente, esse é um gesto de cuidado e proteção. Caso você ou seu bebê apresentem alguma reação, procure o serviço de saúde para avaliação e orientação.

Um abraço e até a próxima. Se você tem alguma dúvida sobre saúde e vida saudável, manda um zap para mim! O número é (31) 9 8468.4731.


Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

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www.malvados.com.br Separamos aqui uma combinação infalível para você conquistar o coração da sua parceira. Trata-se da junção entre limpeza e um bom jantar. Em outras palavras, a demonstração de

TORTILLA DE BANANA COM SALSA LATINA

afeto e cuidado. Pode ter certeza que é a melhor declaração!

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Procure e marque, no diagrama de letras, as palavras em destaque no texto.

Quindim

Para a tortilla:

O quindim é um doce TRADICIONAL da COZINHA brasileira, sobretudo da CULINÁRIA baiana. A RECEITA original, que levava AMÊNDOAS em seu preparo, chegou ao país junto com a corte portuguesa. Aqui, esse INGREDIENTE era impossível de ser encontrado e, nas mãos das ESCRAVAS que trabalhavam na cozinha da casa­grande, foi substituído pelo coco, sendo batizado com a palavra africa­ na cujo significado é dengo, ENCANTO. Veja como preparar um QUINDIM: Ingredientes: 12 GEMAS, 450 g de AÇÚCAR, 1 colher de sopa de MANTEIGA, 1 coco ralado, gotas de LIMÃO para a calda. Preparo: Rale o coco e não retire o leite. Coloque o açúcar em uma PANELA, com um pouco de água e algumas GOTAS de limão, leve ao fogo e mexa até obter uma calda grossa. Deixe esfriar e junte as gemas passadas por uma PENEIRA. Adicione o coco e a manteiga e misture. Despeje em uma forma gran­ de ou em FORMINHAS untadas com manteiga e leve ao forno em banho­ma­ ria. Depois de frio, desenforme­o.

H C A I R A N I L U C C C M P

D R G D L G F N L R N G C M E

L F A Ç U C G C R L T H I E T N A M T T N R G B A T I E C E F L S N N F N S A V A R L F B T G R S D T I C I T A G N T F T L T B N R N S E O C C C N N D G R D F S F C F N E I R A G

A L F N R T C D S T R A H Y N

R R Y R D L S M D N T L Y C Y

B L G N A G E M A S R H H S Y

D T N T L G F R R B D F E M T

C C M I D N I U Q M Y D D N S

O F T L L A N O I C I D A R T

Z L N D R R G D Y L N R D G F

Ingredientes

I F D F G F C S A O D N E M A

N R C O Ã M I L T H G Y T F N

H D G E E L N T A L E N A P A

A T E N C A N T O D C C F F G

G T I N G R E D I E N T E M D

R N M F O R M I N H A S E R M 15

Solução

• 3 bananas da terra verdes ou de vez ou 6 bananas verdes (qualquer variedade) • Sal a gosto

Para a salsa latina tostada ou vinagrete tostado: • 1 pimentão • 2 tomates ou um punhado de tomatinhos (podem ser maduros ou verdes, ou dos dois, fica bom das duas maneiras) • 6 pimentas de cheiro • 1 pimenta ardida • 3 a 5 dentes de alho com casca • 1 cebola roxa em cubinhos • 1 limão (raspas e gotas do suco) • 1 punhado de coentro (talos laminados e folhas separadas) • Sal e azeite a gosto • Abacates em lâminas para acompanhar.

Modo de preparo

A Ç U C A R

A G I E T N A M I R A T I E C E R A G N S A V A R C S E I M L S A U A S C T

O G

P E N E I R A

Preparo da tortilla: • Cozinhe as bananas com casca na panela de pressão por 10 minutos. Escorra, descasque e amasse a polpa com o garfo. Junte sal e sove a massinha até ficar unida e maleável; • Faça seis bolas de massa. Sobre uma tábua abra um saquinho plástico, coloque a bola de massa no meio, dobre o saquinho plástico sobre ela e amasse com outra tabua até formar uma tortilla bem fininha. Faça o mesmo com todas as bolas de massa. O saco plástico vai garantir que as bolinhas não grudem; • Aqueça uma frigideira antiaderente, solte a tortilla do saquinho e disponha na frigideira deixando dourar de um lado e depois de outro. Passe as tortillas para um pano para manter o calor e elasticidade.

O Ã M I S L A O D N E M A E N C A N T A O L E N A P

C O Z I N H A

M I D N I U Q L A N O I C I D A R T I N G R E D I E N T E F O R M I N H A S

Preparo da salsa latina: • Aqueça uma frigideira mais grossa, coloque os tomates, o pimentão, os dentes de alho e as pimentas sobre ela, e vai virando à medida que sapecam, deixando queimar os ladinhos para pegar gosto.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021 Flavia Bernardo / ALMG

Ocupações urbanas em Belo Horizonte recebem o projeto “Cordel Móvel” GIRO CULTURAL Grupo Parangolé realiza apresentações com música, animação e instruções de convívio na pandemia Divulgaçnao / Parangolé

Movimentando a política: é criada a Frente Parlamentar e Popular do Artesanato Mineiro Da Redação

Da Redação

O

sábado (17) será de animação e arte nas ocupações urbanas de Belo Horizonte e da Região Metropolitana. A iniciativa é do Grupo Parangolé, em articulação com o Movimento de Luta nos Bairros (MLB) e a Ocupação Izidora, e busca por meio do cordel e da arte desenvolver consciência crítica e emancipação nas periferias. O “Cordel Móvel” vai acontecer com um veículo multimídia, onde o mestre de cerimônia Cascão e o músico Thiago Gazzinelli encenarão, respeitando as medidas de distanciamento e os cuidados sanitários. O cortejo acontece pela manhã nas ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão, na Ocupação Izidora, e pela tarde nas ocupações Horta, Camilo Torres, Irmã Dorothy, Eliana Silva, Nelson

Mandela, Paulo Freire, Horta 2 e Manoel Aleixo, no Barreiro. “A essência do artista de rua é juntar gente numa praça e lá fazer nossa arte. Com o Cordel Móvel, vamos levar um pouco das nossas músicas, bordões, especialmente, em cordel, a questão da segurança sanitária neste momento de pandemia”, afirma Cascão. “A expec-

Atividade busca, por meio do cordel e da arte, desenvolver consciência crítica e emancipação nas periferias

tativa é tentar aproximar a arte das pessoas nessa impossibilidade que a pandemia nos trouxe”, completa. Mais informações no Instagram do @parangole_ arte_mob .

O que é cordel? De forte influência nordestina, cordel é um tipo de literatura feita geralmente em folhetos, com poemas populares, que são pendurados em cordas ou cordéis expostos para venda. São escritos geralmente em forma de rima e ilustrados. Em Belo Horizonte é possível encontrar locais de venda de cordel em bancas de revista, no Mercado Central e na Rodoviária.

Com a previsão de lançar, até o final do ano, o Plano Mineiro do Artesanato, foi criada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) a Frente Parlamentar e Popular do Artesanato Mineiro. A frente será composta por deputados federais, estaduais, vereadores, além de entidades representativas do artesanato e artesãos, ONGs, empresas públicas, lojistas, organizadores de eventos e grupos de apoio. O objetivo é articular os Poderes Legislativo e Executivo e a sociedade civil, a fim de fomentar a criação de políticas públicas para o desenvolvimento do artesanato em Minas. O autor da iniciativa, deputado Jean Freire (PT), afir-

mou que o setor movimentou, em 2019, cerca de R$ 2,2 bilhões, gerando renda para aproximadamente 300 mil famílias. “Esse setor carece de uma política pública estruturante que consolide o artesão como profissional, que crie condições adequadas para comercialização de seus produtos, que valorize seus mestres e ofícios e forme novos artesãos”, pontuou. Para saber mais A frente criou um site, em que divulgam o manifesto e cartilha, assim como um formulário para interessados. Saiba mais na matéria no nosso site: www.brasildefatomg.com.br . *Com ALMG.

informações

da

ANÚNCIO


Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

Imagem da semana FIVB

Em pódio no último torneio de vôlei de praia antes das Olimpíadas, quase só deu Brasil. A etapa de Gstaad (Suíça) do Circuito Mundial 2021 teve como finalistas as duplas Ágatha e Duda (Paraná e Sergipe) contra Ana Patricia e Rebecca (Minas e Ceará). A dupla Ághata e Duda venceu a decisão por 2 a 0, parciais de 23/21 e 21/18, ficando com o ouro.

Mineira de Espinosa, no Norte de Minas, a gigante Ana Patrícia, de 1,94m, acumula, além da prata conquistada em Gstaad, dois ouros no Campeonato Mundial Sub-21 (2016 e 2017), o ouro por equipe nos Jogos Olímpicos da Juventude, na China (2014), e o ouro nos Jogos Sul-Americanos de Praia, em Rosário (2019), entre outros títulos.

A Câmara dos Deputados aprovou, por 432 votos a 17, o Projeto de Lei (PL) 2336/2021, conhecido como PL da Lei do Mandante. O texto determina que o time mandante negocie isoladamente a transmissão da partida. Na legislação atual, o direito de arena é divido entre o mandante e visitante da partida e ambos devem entrar em acordo para a definição da transmissão. O texto original, proposto pelo governo federal, não dava ga-

15 15

Montagem/ Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados

rantias à Globo, que tem contratos até 2024 com parte dos clubes para transmissão da Série A na TV aberta e pay-per-view. Durante a tramitação na Câmara, o governo Bolsonaro e a Globo entraram em um acordo e foi inserida uma emenda no texto, afirmando que contratos vigentes deverão ser respeitados. O Projeto da Lei do Mandante agora segue para o Senado e, se for aprovado, vai para sanção ou veto presidencial.

PRIVATIZAÇÃO

DEPUTADOS APROVAM CLUBE-EMPRESA

JOGOS DE TÓQUIO

OLIMPÍADAS NÃO TERÃO PRESENÇA DE PÚBLICO

LEI DO MANDANTE PASSA NA CÂMARA

ESPORTE

Pablo Valadares/ Câmara dos Deputados

Tokyo Good

Reprodução

A uma semana do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a capital japonesa entrou na quarta fase de emergência, com o objetivo de conter novos surtos de Covid-19 relacionados à variante delta do vírus. A estimativa é que essa cepa seja entre 30 e 60% mais transmissível, se comparada a outras. O governo japonês decidiu que os jogos vão ocorrer sem público, algo inédito na história das Olimpíadas. “O nosso objetivo é garantir a segurança, mesmo que tenhamos que realizar jogos sem espectadores”, afirmou Yoshihi-

de Suga, primeiro-ministro do Japão. Vale lembrar que o evento, que deveria ocorrer originalmente em 2020, foi adiado em um ano por conta da pandemia. A nova fase de emergência vai até 22 de agosto (a Olimpíada termina no dia 8). Embora os surtos de Covid-19 no Japão não tenham alcançado a mesma magnitude que em outros lugares do mundo, nos últimos dias, os números dispararam, com aumento de cerca de 13 mil contágios em uma semana.

A Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira (14), o Projeto de Lei 5516/19, do Senado Federal, que permite transformar clubes de futebol em empresas sociedade anônima. Atualmente, os clubes de futebol são definidos como associações civis sem fins lucrativos. Com o clube-empresa, o projeto prevê o parcelando de dívidas, a transferência de bens e direitos a uma Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e que os investidores que se apoderarem do clube emitam títulos da dívida, com prazo mínimo

de dois anos de vencimento e garantias de remuneção. Se o comprador for pessoa física residente no Brasil, não precisará pagar imposto de renda sobre os rendimentos da SAF. Se for pessoal jurídica, pagará alíquota de 15% A versão aprovada, com parecer do deputado Fred Costa (Patriota-MG), também permite aos clubes separarem as dívidas civis e trabalhistas e não repassá-las à nova empresa, que administrará a atividade de futebol. O texto agora segue para sanção ou veto presidencial.


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Belo Horizonte, 16 a 22 de julho de 2021

Brasil atropela Emirados Árabes, em último jogo antes das Olimpíadas Lucas Figueiredo

Nesta quinta-feira (15), na Sérvia, a Seleção Brasileira olímpica masculina venceu os Emirados Árabes por 5 a 2, com gols de Diego Car-

los, Reinier, Gabriel Martinelli e Matheus Cunha (duas vezes). Foi o último jogo do Brasil antes da estreia nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que

acontecerá na próxima quinta (22), contra a Alemanha, às 8h30 (horário de Brasília). O escrequete canarinho jogou com a seguinte escalação: Santos; Daniel Alves, Nino (Bruno Fuchs), Diego Carlos (Ricardo Graça) e Arana (Abner Vinícius); Bruno Guimarães (Matheus Henrique), Gabriel Menino e Claudinho (Gabriel Martinelli); Paulinho (Renier), Antony e Matheus Cunha.

Gol contra Marcus Rashford, Jadon Sancho e Bukayo Saka foram alvos do racismo de torcedores ingleses, após decisão da Eurocopa, no domingo (11), contra a Itália. Nas redes sociais dos atletas, além de emojis de macacos, foram publicadas frases como “volte para a África” e “saia do meu país”.

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Кирилл Венедиктов

Eu sou Marcus Rashford, 23 anos, homem preto de Withington e Wythenshawe, sul de Manchester. Posso receber críticas do meu desempenho o dia todo, minha penalidade não foi boa o suficiente, deveria ter entrado, mas nunca vou me desculpar por ser quem eu sou e de onde vim” Rashford, atacante da Seleção Inglesa, respondendo a ataques racistas que sofreu após perder pênalti contra a Itália, domingo (11), na final da Eurocopa.

Gol de placa Argentina e Itália se sagraram campeãs continentais no último fim de semana. Enquanto os Hermanos venceram a Seleção Brasileira no Maracanã por 1 a 0, dando o primeiro título a Messi pela Argentina, a Itália derrotou a Inglaterra nos pênaltis em Londres e levantou sua segunda taça europeia.

Perder de cabeça erguida

Uma semana promissora

Uma vitória para tranquilizar

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

No futebol, há derrotas e derrotas. Na goleada que sofreu diante do Fortaleza, o América foi presa fácil: desorganizado, inofensivo, inseguro e com muitos erros individuais. Já no clássico contra o Atlético, no sábado (10), a derrota pelo placar mínimo foi diferente. O AméDecacampeão rica teve padrão e organização, não deixou o Galo jogar, foi melhor quase o jogo todo e teve várias chances de marcar. Porém, em um lance isolado, acabou prevalecendo a superioridade técnica dos jogadores atleticanos. Assim, mesmo perdendo, foi um alento ao torcedor: de que o time é capaz de superar péssimas atuações logo no jogo seguinte e de que, se tiver muita concentração e dedicação, consegue fazer frente a todos os times da Série A.

A semana do Atlético foi bem-sucedida. Consolidou-se no G4 do Brasileiro e trouxe um empate de Buenos Aires, pela Libertadores. Tem pela frente o Corinthians, em São Paulo. E seca os concorrentes ao título. Na próxima terça (20),Évolta a enfrentar o Boca Juniors, Galo doido! agora em BH. Em sete dias, pode estar em situação favorável nas duas competições. É melhor preparar o coração. Embora alguns atleticanos não aguentem mais este anátema, ele sempre acompanha o time. Assim como as contestações ao trabalho do técnico Cuca e de alguns jogadores. Os alvinegros, como todo o mineiro de boa cepa, confiam desconfiando. Comemoram cada triunfo, mas só extravasam pra valer nas conquistas. É viver um dia de cada vez, sempre.

Salve, nação! Nosso cenário político ferve com o pedido de impeachment do presidente Sérgio Rodrigues. As cisões internas seguem existindo. É impossível buscar uma saída que venha de dentro. Na aparência, a luz viria sempreLa de fora: a criação do clube-emBestia Negra presa, um mecenas ou um reforço em campo. Parecem haver interesses que se colocam para além do clube. Sábado (17), confronto com o Avaí. Para vencer, o Cruzeiro precisa ter equilíbrio emocional e dentro de campo. O jogo contra o Botafogo ilustra bem a dificuldade da equipe de manter a constância. Ainda assim, os jogadores têm demonstrado luta e disposição. Que venha a vitória para dar tranquilidade. O que nos resta é viver um dia após o outro. Saudações celestes!

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