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CIDADES
Professores denunciam contaminação de covid-19 em escolas de Uberlândia
PANDEMIA Mais de um mês do retorno às aulas presenciais, 17 casos de covid-19 foram notificados nas escolas
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SERRA DO CURRAL Para ambientalista, solução é tombamento estadual, mas governo de Minas está na contramão da proteção ambiental
Débora Borba
Após mais de um mês do retorno às aulas presenciais em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, professores da rede municipal denunciam condições do ensino que colocam em risco a saúde dos trabalhadores em meio à pandemia de covid-19.
Desde o dia 14 de junho, os alunos podem optar pelo modelo de ensino híbrido, cuja presença é facultativa. Para os professores o retorno foi considerado obrigatório. O sistema híbrido prevê que as turmas sejam divididas em dois grupos de revezamento. Enquanto, em uma semana, metade dos estudantes vão para o ensino presencial, a outra metade segue o conteúdo à distância. Ao todo, são cerca de 70
Divulgação / Semed Samonte
mil alunos matriculados nas escolas.
“O problema é que [o ensino híbrido] não está funcionando e a pandemia continua avançando. Temos 96% dos leitos ocupados. E é impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo, se o professor está na escola, em sala de aula, como ele vai atender aos alunos que estão em casa? E nas nossas escolas, sobretudo nas rurais, não há sequer internet”, critica o professor Ronaldo Ferreira.
Proteção
Os profissionais da educação receberam poucas máscaras, de péssima qualidade, segundo uma profissional que preferiu não se identificar. Segundo ela, nas escolas muitas salas de aulas são pequenas, sem ventilação, janelas altas, que às vezes estão emperradas, além do tamanho das salas, que não permite espaço suficiente para o distanciamento social. É comum, ainda, as escolas possuírem um único banheiro para todos os alunos.
Segundo professora, além de receberam poucas máscaras, salas são pequenas e mal ventiladas
“Nas creches, na educação infantil e nas séries iniciais é impossível os profissionais da educação manterem o distanciamento necessário, já que é preciso trocar fraldas, dar banho, trocar roupas, amarrar um cadarço, dar colo para as crianças”, aponta a professora.
Contaminação
Ronaldo Ferreira, que leciona em duas escolas rurais em Uberlândia, relata que 17 profissionais testaram positivo para covid-19. Ele mesmo foi contaminado pelo e trabalhou uma semana inteira, sem saber que estava infectado. Ele descobriu após fazer um teste por conta própria.
A prefeitura foi procurada para comentar sobre o processo de afastamento dos profissionais e dos alunos, e para atualizar dados referentes a novas infecções. No entanto, não houve resposta até o fechamento desta matéria.
Projeto minerário, a 7 quilômetros do Centro de BH, ameaça Região Metropolitana
Larissa Costa
A Serra do Curral, símbolo de Belo Horizonte, é visada há pelo menos 60 anos por empreendimentos imobiliários e por mineradoras, como mais recentemente o megaprojeto da Taquaril Mineração S.A (Tamisa).
A última notícia desse conflito ambiental envolve o dossiê produzido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), documento que pede o tombamento estadual da Serra do Curral. Leônidas Oliveira, secre-
Bernardo Dias /CMBH
tário de Cultura e Turismo do governo de Romeu Zema (Novo), fez o pedido para que esse dossiê seja revisado.
O secretário alegou “irregularidades no contrato” do dossiê. Esse estudo feito pelo Iepha foi encomendado pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG).
Histórico
A Serra do Curral foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na década de 1960 e, em 1991, foi tombada também pelo município de BH. No entanto, para o MPMG, esses tombamentos não são suficientes.
O tombamento deve ser votado no Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep), mas, com o pedido de revisão do dossiê feito pelo governo estadual, não há data prevista para discussão da pauta.
Manifestação popular
A Tamisa pretende instalar o Complexo Minerário Serra do Taquaril a cerca de 500 metros de casas do bairro Taquaril, na Região Leste de BH, e a 7 quilômetros do centro da capital mineira.
Dois abaixo-assinados, um em defesa da Serra do Curral e outro pelo tombamento estadual, estão abertos. Juntos, já contam com quase 100 mil assinaturas. Acesse o link em nosso site: www.brasildefatomg.com.br .
Região mais rica de Minas, zona metropolitana de BH abriga grande bolsão de pobreza
DESIGUALDADE Enquanto Rubens Menin entra para a lista dos bilionários do país, milhões de Alexsandra’s moram à beira da estrada
Marcelo Gomes
Apesar de ter o maior Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais, a Região Metropolitana de Belo Horizonte possui um enorme bolsão de pobreza e é palco de grandes discrepâncias econômicas.
Nossa reportagem analisou os mais recentes dados do Ministério da Cidadania sobre pobreza em 46 municípios da RMBH. Ao todo, 50 cidades compõem a região. O estudo mostrou que, em 2020, existiam nela 283 mil famílias pobres e ou extremamente pobres.
Para o Ministério, pessoas com renda menor que R$ 178 por mês são consideradas pobres. E quem vive com menos de R$ 89 mensalmente é considerado extremamente pobre ou mise-
Marcelo Gomes
rável. Estão nessas condições 21% da população dos municípios analisados.
Muito ricos e muito pobres, lado a lado
Os dados colhidos chamam atenção por mostrarem a enorme desigualdade econômica da zona metropolitana. A mesma região que abriga uma enormidade de pobres e miseráveis, possui o metro quadrado mais caros do país.
No bairro Belvedere, por exemplo no extremo sul da capital mineira, vivem pessoas milionárias e até bilionárias. É o caso, por exemplo, de Rubens Menin, dono da construtora MRV e de outros negócios. Em abril de 2021, ele entrou na lista das pessoas mais ricas do Brasil, com patrimônio de aproximadamente R$ 11 bilhões, segundo a Revista Forbes.
Enquanto Rubens entrava na lista dos mais ricos, Alexsandra Braga dos Santos conseguiu aos 44 anos seu primeiro patrimônio: a própria casa. Negra, moradora da cidade de Moeda, na RMBH, ela residia há sete meses debaixo de uma lona na beira da estrada. Com ela, vivem seu filho mais novo, Júnior, de 17 anos, três netos e o esposo, Ricardo Pacheco, de 37. Sem estudos, ela trabalhou a vida toda no setor informal e sempre morou de aluguel.
Com a pandemia, Alexsandra e seu atual esposo perderam a renda. Assim, tornou-se impossível arcar com o aluguel. “Nessa época, eu comprava cesta básica fiado para tentar pagar o aluguel. Mas não adiantava”, conta. Ela e sua família foram despejados. Sem ter para onde ir, não houve outra solução senão a beira da estrada.
“Eu consegui comprar umas lonas. Montei uma casinha e vivi lá. Eu disse: ‘meu Deus, sempre passei por muita dificuldade, mas morar debaixo de lona na beira da estrada e com minha família... Nunca pensei que fosse passar por isso. De noite, eu tinha medo de botarem fogo ou alguém na estrada fazer algum mal comigo e com os meninos”, relembra.
Hoje, Alexsandra está sendo auxiliada pelo grupo Um Gesto de Amor, que está se articulando para construir uma casa. A habitação não está finalizada, mas falta pouco.
Causas para a desigualdade entre cidades da RMBH
Sandra Coutinho
A cidade de Moeda, onde vive Alexsandra, é a quinta entre as 46 analisadas onde há mais pobres e miseráveis. Lá, 44% dos cerca de 5 mil moradores estão nessa situação.
Funilândia é o município da RMBH onde existem mais pobres e ou extremamente pobres, que são 61,5% dos habitantes da cidade. Em segundo lugar está Inhaúma, com 57,8%; em terceiro e quarto, respectivamente, está Bonfim (51,3%) e Taquaraçu de Minas (48%).
Os municípios com as maiores taxas de pobreza são os menores em termos populacionais – eles têm menos de 10 mil habitantes. E são ainda os que apresentam pouca diversificação na matriz econômica. A reportagem averiguou o perfil econômico dos municípios citados acima no banco de dados da Fundação João Pinheiro (FJP).
Nessas cidades, cerca de 80% das riquezas produzidas originam-se do setor público e de serviços, predominando-se aqueles com baixo valor agregado, como açougues, lanchonetes e padarias. De modo geral, ambos os segmentos não requerem mão de obra qualificada. Em razão disso, a renda da população tende a ser menor.
Com a baixa diversificação da economia, a administração pública tem escassas fontes de arrecadação. Assim, as cidades não conseguem investir em si mesmas para, por exemplo, expandir a educação e promover outros segmentos econômicos.
Pode ocasionar a pouca diversificação econômica das cidades mencionadas e de outras da RMBH a concentração da indústria e serviços qualificados em Belo Horizonte, sobretudo, e em Betim e Contagem.
“O problema maior da Região Metropolitana de Belo Horizonte é a concentração das atividades econômicas”, observa Roberto Monte-Mór, professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em economia regional e urbana.
“Hoje em dia, já existem iniciativas para desconcentrar, como a desconcentração do sistema universitário. Por exemplo, há PUC em Contagem, existe Institutos Federais de Educação (IFEs) implementados em cidades no entorno de BH. E há ainda relativa descentralização bancária”, analisa.
O Plano Metropolitano da RMBH, documento que dá as diretrizes de como deve se organizar a região, prevê a regulação do uso do espaço urbano para fomentar essa desconcentração. Ou seja, a intenção é ordenar da melhor maneira possível as funções territoriais que cada pedaço da região metropolitana deve ter.
Bolsonaro não é um palhaço, é um monstro
OPINIÃO
João Paulo Cunha
Nada pior que a naturalização do mal. De repente, o que parecia inaceitável se torna habitual. Há várias circunstâncias que contribuem para essa pacificação da revolta: a repetição, o inusitado da persistência do mal e a análise viciada da realidade. É o que explica que, hoje, se acredite que a covid-19 está relativamente controlada, diferentemente do que ocorria há um ano. Acompanham-se as curvas de morte em decréscimo sem olhar o que elas ainda sinalizam de ameaça real e imediata.
Com Bolsonaro a coisa segue mais ou menos o mesmo roteiro. Suas declarações se tornam, a cada dia, mais criminosas e, no entanto, parece haver certa complacência com a estupidez. O Centrão está dando as cartas, a corrupção marca presença em várias áreas e inclusive as duas coisas juntas.
Em tal situação, parece mais fácil considerar o ex-capitão como uma figura polêmica, patética, limitada e incompetente, como cravaram pesquisas recentes.
É preciso mudar a forma de reagir a Bolsonaro. Não basta explicitar seus limi-
É preciso mudar a forma de reagir a Bolsonaro
tes e mesmo escarnecer de seus defeitos, ancorado em enquetes e opiniões de colunistas liberais e jornalistas da chamada imprensa profissional. Essa não deixa de ser uma continuidade da estratégia de normalização. Há um clima de “agora vai”, que apenas apazigua e amortece ações mais concretas.
A polarização entre economia e vida, que por algum tempo concentrou a análise do governo em relação ao controle da pandemia, se espalhou para outros setores da saúde pública. Isso parece ser um método: anunciar o pior, esperar a repercussão e consolidar o equívoco técnico ou desvio político como atribuição do governo.
Recentemente, Jair Messias vetou projeto que obrigava planos de saúde a cobrir despesas com medicamentos orais para tratamento do câncer. Em sua justificativa do veto, alegou que a obrigatoriedade da cobertura seria prejudicial às empresas. Uma ação desumana, inepta e destrutiva.
O grande risco não está em ser governado por um palhaço, o que é vergonhoso para todos, mas perceber que temos um monstro na presidência. Não basta desconstruir Bolsonaro, como têm feito os neocorajosos da imprensa burguesa, fazendo a cama para a emergência ainda incerta da terceira via conciliatória. Para cada uma dessas figuras execráveis se exige uma ação política exemplar. Ao palhaço, o ridículo. No caso do monstro, há que se ir além. É preciso destruí-lo.
Prefeitura de BH rechaça fechamento de Centros de Referência em Saúde Mental
CONTRADIÇÃO Denúncia feita pelo CRM não é compatível com a atual política de atenção à saúde mental
Rafaella Dotta
Uma nota pública do Conselho Regional de Medicina (CRM) de Minas Gerais causou revolta na última semana. Divulgada no dia 24 de julho, o CRM informava que iria realizar uma “interdição ética” das atividades médicas em 16 Centros de Referência em Saúde Mental (Cersams) de Belo Horizonte.
Os motivos alegados são a ausência de um diretor técnico médico, número insuficiente de profissionais e plantão noturno sem a presença de médico psiquiatra.
Divulgação /Levante
de comoção nas mais diversas entidades de saúde de Belo Horizonte. Uma nota conjunta de quatro coletivos médicos ressaltou que conselhos não podem realizar esse tipo de fechamento. Essa função compete à Vigilância Sanitária, nos termos da Lei 9.782.
Segundo nota do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos Municipais de BH (Sindibel), os avanços obtidos pela Luta Antimanicomial são uma conquista democrática e “fizeram de BH uma referência de cuidado em liberdade para todo o Brasil”.
Cersams continuam abertos
A Prefeitura de Belo Horizonte respondeu, à reportagem, que os Cersams continuarão funcionando normalmente. “O município não reconhece nenhuma das irregularidades apontadas”, informou.
Ressaltou ainda que, de acordo com diretrizes do Ministério da Saúde, o financiamento de leitos psi-
quiátricos está sendo revertido para custeio de equipamentos ambulatoriais, com uma proposta terapêutica integral e humanizada.
Palavra de usuária
“A primeira coisa que é importante dizer é que tem sim médicos no quadro profissional dos Cersams”, conta Laura Fusaro Camey, vice-presidenta da Associação dos Usuários de Serviço de Saúde Mental de MG. Na opinião de Laura, a denúncia do CRM tem como pano de fundo a posição da entidade contra o tratamento antimanicomial.
Diferente do Hospital Galba Veloso, os Cersams fazem parte de uma rede de tratamento à saúde mental em liberdade.
Matheus Gringo de Assunção Alta na inflação dos alimentos
Segundo a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o índice de preços dos alimentos cresceu cerca de 40% em maio, comparado ao mesmo período de 2020, sendo o maior crescimento desde outubro de 2010.
Os maiores aumentos se concentram nos cereais, com uma elevação de 35,7% em relação ao ano anterior.
A forma como os capitalistas, em especial por meio dos processos de financeirização, estruturam os mercados das commodities agrícolas, leva necessariamente à perda da capacidade de formação dos preços internos dos alimentos. Nesta perspectiva, os preços serão formados pela dinâmica do mercado internacional e não por problemas ou vantagens do Brasil, por exemplo.
É preciso repensar o modelo de produção de alimentos. Para isso, são necessárias políticas públicas que avancem no fortalecimento da agricultura familiar, para que os preços domésticos sejam determinados por variáveis internas.
Para rompermos com a lógica da valorização financeira e especulativa sobre os alimentos, é essencial a realização de uma ampla reforma agrária, que seja popular, agroecológica e revolucione a forma de produzir alimentos no Brasil, rompendo com a lógica dos alimentos como commodities.
No ano de 2020 tivemos a prova de que as supersafras e recordes nas exportações do agronegócio não se convertem em solução diante da fome e das desigualdades sociais.
Ao contrário, segundo a Rede Penssam, o Brasil tem atualmente 19,1 milhões de pessoas passando fome e 106,8 milhões vivendo em insegurança alimentar. Que o direito à alimentação esteja acima dos interesses do mercado e que nenhum alimento seja tido como mercadoria.
Os preços deveriam ser formados por variáveis internas” (não internacionais)
Matheus Gringo de Assunção é pesquisador do Observatório da Questão Agrária do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social.
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Rodrigo Marcelino As pegadas deixadas por Vito Giannotti na construção do jornal Brasil de Fato
Falar do nosso querido Vito Giannotti (1943 - 2015), passados seis anos de sua partida, segue sendo difícil. Acho que ainda demoraremos alguns anos para alcançar uma melhor dimensão da importância de Vito para a organização, para a formação e, principalmente, para a disputa ideológica da classe trabalhadora.
Poderia resgatar a trajetória dele em sua terra natal, a Itália, a vinda para o Brasil e a vida operária. Entretanto, vou me ater à última grande paixão da vida do Vitão: o jornal Brasil de Fato.
Das editorias, às retrancas, da diagramação às reuniões de pauta, a mão de Vito estava presente em tudo o que o Brasil de Fato foi e é.
Mas era na distribuição do jornal que aquele velhinho se transformava em um garoto. Vito levantava cedo e partia para distribuir jornal, com a intensidade e o ânimo de um adolescente que saía de casa para encontrar um grande amor.
No último fim de semana, encontrei com um amigo que disse algo que não parou de ecoar em minha cabeça:
“Quando olho no espelho, vejo a imagem de vários de meus companheiros que lutaram contra a ditadura. Ao olhar para eles eu sei que tenho que prosseguir, por mais difícil que seja”.
A existência do Brasil de Fato é obra de muitas mãos. Muitas delas seguem conosco, vivas e atuantes. Outras nos foram levadas para sempre.
Sigamos as pegadas de Vito Giannotti. Temos o dever de seguir adiante, por ele e com ele, porque o caminho Vito já abriu, a direção ele já apontou.
Rodrigo Marcelino é coordenador político do Brasil de Fato no Rio de Janeiro.
ACOMPANHANDO
Na edição 342... Professores da rede estadual anunciam greve sanitária em Minas Gerais
E agora...
Categoria realiza greve por tempo indeterminado a partir do dia 2 de agosto
Na quarta (28), o Sind-UTE/MG deliberou pela realização de greve sanitária por tempo indeterminado a partir da segunda (2). A ação acontece nas regiões onde houver a convocação presencial. O ensino remoto continuará a ser prestado aos estudantes. “A vacinação no estado não garantiu a imunização completa e os estudantes sequer têm um cronograma de vacinação. Essa greve se faz necessária para defender a vida”, afirma Denise Romano.
CPI da covid de volta: Flávio Bolsonaro ocupa vaga aberta por Ciro Nogueira e Randolfe pede sigilos da Precisa
CORRUPÇÃO Agenda da próxima semana conta com oitivas do “reverendo” Amilton Gomes de Paula e de Francisco Maximiano, da Precisa
Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual
A partir da semana que vem, a “tropa de choque” bolsonarista na Comissão Parlamentar de Inquérito da covid-19 vai contar com o reforço do senador Flávio Bolsonaro (Patriota), filho do presidente da República.
A vaga do senador Ciro Nogueira (PP), que era titular da comissão e agora é ministro da Casa Civil, será ocupada pelo até então suplente Luis Carlos Heinze (PP), conhecido por sua defesa fanática do tratamento precoce e da cloroquina. Com isso, o filho “zero 1” do presidente da República entra no lugar de Heinze na suplência.
Flávio terá a companhia dos bolsonaristas titulares Marcos Rogério (DEM), Eduardo Girão (Podemos), Jorginho Mello (PL), além dos suplentes Fernando Bezerra Coelho (MDB) e Marcos do Val (Podemos).
Agressivo e provocativo, Flávio Bolsonaro, por diversas vezes, retirou a máscara do rosto, sob a justificativa de que não conseguia ler direito com o acessório.
No depoimento da diretora da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, em que esteve presente durante toda a sessão, Flávio manteve a máscara corretamente e foi alvo de ironia de Alessandro Vieira (Cidadania). “Quero lhe parabenizar pela possibilidade da leitura, hoje, usando a máscara”, disse Vieira.
Na ocasião, o senador Humberto Costa (PT) afirmou que Emanuela foi à comissão para “apresentar a versão do governo sobre o processo” de negociações da vacina indiana.
Depoimentos significativos
Na primeira fase de funcionamento do colegiado, antes do recesso, Flávio Bolsonaro participou em momentos em que os depoimentos podiam causar estragos ao governo.
Em algumas oitivas, sua presença também foi interpretada como forma de pressionar ou intimidar depoentes politicamente mais fracos, ou para defender aliados incondicionais que seriam acuados pela oposição.
Flávio acompanhou depoimentos de Eduardo Pazuello, do ex-governador do Rio Wilson Witzel, ex-aliado de Jair Bolsonaro cujo depoimento preocupava muito o presidente. Também apareceu nas vezes do deputado Luis Miranda (DEM) e seu irmão, o servidor Luís Ricardo Miranda, e do suposto representante da Davati Luiz Dominguetti.
Flávio Bolsonaro também esteve presente nas oitivas do diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Dias - que teve prisão determinada pelo presidente da comissão, Omar Azis (PSD) - e no depoimento do consultor de Willian Santana, que confirmou irregularidades nas negociações da Covaxin.
No depoimento de Fabio Wajngarten, Flávio Bolsonaro tumultuou a sessão. Irritado com o que classificou como “mentiras recorrentes” do ex-assessor de Comunicação da Presidência da República, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) pediu a prisão do depoente. O senador Flávio saiu em defesa do aliado, chamou Renan de “vagabundo”, provocando longo bate boca.
Na trilha
O senador Randolfe Rodrigues (Rede), vice-presidente da CPI da covid, informou em suas redes sociais ter solicitado à comissão a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telemático e telefônico do que chama de “complexo empresarial” de Francisco Maximiano, sócio administrador da Precisa Medicamentos.
“É fundamental para as investigações da CPI o acesso às transações fiscais em favor de Maximiano”, escreveu o parlamentar no Twitter. Os alvos são a 6M Participações e BSF-Bolsa e Futuro.
No retorno das sessões, a CPI programou para a terça (3) a oitiva do “reverendo” Amilton Gomes de Paula, apontado por supostos representantes da Davati Medical Supply como um “intermediador” de compra de vacinas pelo governo federal.
Na quarta (4), a CPI prevê a presença de Francisco Maximiano, da Precisa, empresa que negociava a vacina indiana Covaxin e integrantes do Planalto. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a autorização para importação e distribuição do imunizante. Na sexta-feira (23), a empresa indiana encerrou o contrato com a Precisa.
Marcos Oliveira / Agênncia Senado
Presença de Flávio Bolsonaro em oitivas foi interpretada como forma de pressionar ou intimidar depoentes Para Randolfe Rodrigues, a quebra dos sigilos da Precisa Medicamentos é fundamental para as investigações da CPI
Nossos direitos
EVENTOS OU VIAGENS CANCELADOS PELA PANDEMIA PODEM SER REMARCADOS ATÉ 2022
Foi sancionada a Lei 14.186/2021, que estende até o dia 31/12/2022 o prazo para reagendamento de atividades culturais e de turismo. Pela nova lei, ingressos de eventos, pacotes de viagem, entre outros, que foram adquiridos em 2020 e 2021 e foram cancelados em função da pandemia, podem ser remarcados até 31 de dezembro de 2022, sem a cobrança de tarifa adicional.
O prazo para que o reagendamento aconteça deve ser de até 120 dias após a comunicação do adiamento, ou 30 dias anteriores à realização do evento.
A nova lei desobriga a necessidade do reembolso imediato de valores que já foram pagos, como forma de auxiliar na sobrevivência de artistas e prestadores de serviço de setores como a cultura e turismo, bastante afetados pela pandemia. Mas também visa a garantir o direito dos consumidores.
Caso não ocorra a remarcação do evento ou serviço, os valores devem ser devolvidos.