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CIDADES
Abastecimento de água na Grande BH: Rio das Velhas continua em estado de alerta
CBH /Rio das Velhas
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Rafaella Dotta
Há algumas semanas o abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte foi motivo de preocupação. O Rio das Velhas, principal ponto de captação de água da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), se mantém em estado de alerta.
Isso acontece quando o nível de água do rio está abaixo da média mínima dos últimos 10 anos. No caso do Rio das Velhas, a vazão mais recente mapeada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica Rio das Velhas, nesse 25 de agosto, foi de 10,3 metros cúbicos por segundo. O nível de alerta é a vazão de 10,48 metros cúbicos por segundo e o rio está abaixo disso.
Este alerta já significa o risco de falta de água para Belo Horizonte, por exemplo. É do Rio das Velhas que vem a água que abastece metade da população belo-horizontina, via Copasa.
Mesmo que de forma involuntária, alguns locais se beneficiam do acesso a água por estarem mais próximos dos pontos de captação ou em bairros mais baixos. Os morros e localidades distantes acabam sendo as primeiras a sofrer com o desabastecimento.
Empreendimentos, como condomínios e mineração, têm sido construídos em áreas de recarga de água. Uma vez destruídos, interrompe-se o ciclo do Velhas. Também o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, destruiu uma estação de captação de água da Copasa em 2019. Cerca de 30% do abastecimento da Grande BH vinha da bacia do Rio Paraopeba.
Copasa informa que não a previsão de racionamento na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Revolta da água
Moradores protestam em Ouro Preto contra privatização do saneamento ocorrida em 2019, e que agora pode resultar em aumento de 1.000% nas contas de água. Famílias que antes pagavam uma Taxa Básica Operacional (TBO) de R$ 22, agora terão que arcar com contas superiores a R$ 250, em média. Consórcio ganhador foi único concorrente e assinou contrato de 35 anos.
Em defesa dos CERSAMs
Na quarta-feira (25), usuários dos serviços de saúde mental, familiares e trabalhadores realizaram uma manifestação contra a interdição dos Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAMs) de BH pelo Conselho Regional de Medicina (CRM/ MG). Simultaneamente ao ato, ocorreu uma audiência pública na Câmara de Vereadores, porém, representantes do Conselho de Saúde, usuários e trabalhadores da saúde não foram convocados a participar.
Greve de entregadores de aplicativo de Uberlândia
Débora Borba
Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, os entregadores de aplicativo realizaram uma paralisação de cinco dias, encerrada na quarta-feira (18). Eles cobraram das operadoras melhores condições de trabalho, como o aumento da taxa de entrega paga aos entregadores e fim dos bloqueios indevidos, fato que ocorreu com um dos entregadores que estava construindo a greve. A luta dos entregadores é antiga e, desta vez, houve uma maior mobilização, com a adesão de cerca de 400 entregadores.
Ocupantes de imóvel da Localiza são remanejados
Marcelo Gomes
Na terça-feira (24/8), os ocupantes de imóvel pertencente à Localiza foram remanejados para uma pousada. Eles foram despejados do local após o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) acatar pedido da empresa para expulsá-los. Os integrantes da ocupação, chamada de Anyky Lima, protestaram no centro da capital contra decisão do TJMG. Todos os ocupantes foram parar no local porque perderam renda durante a pandemia. “Eu perdi meu emprego e aí não teve como nós pagarmos o aluguel”, afirma Yula de Azevedo, de 43 anos.
Alimentos vão chegar mais caros à mesa com a privatização da Ceasa
ALERTA Movimento denuncia riscos para a população após a venda da empresa. Valor representa 10% do seu valor real
Reprodução CeasaMinas
A CeasaMinas abastece 12,7 milhões de pessoas em 870 cidades
Debora Junqueira
Antes de chegar à mesa, os alimentos passam por uma longa cadeia produtiva. Do produtor rural ao varejo, mecanismos de mercado e políticas públicas determinam a qualidade, o preço e a capacidade de abastecimento dos produtos. Quando tudo está bem, não se costuma pensar nisso, mas se o preço aumenta ou o produto falta, todo mundo quer saber o que houve.
A crise econômica que se arrasta no país, agravada pela pandemia, acende um sinal de alerta para o risco de insegurança alimentar. Nesse caso, a expectativa é a de que a mão do Estado entre em ação para evitar o aumento da miséria.
No entanto, o que se vê na atual política do governo Bolsonaro é o oposto. A sanha pela privatização, mesmo de empresas lucrativas e estratégicas, é meta da política econômica a qualquer custo. Na maior parte, em benefício da iniciativa privada e de compromissos políticos.
É dentro desse contexto, que a sociedade pode assistir à desestatização da CeasaMinas, uma das maiores centrais de abastecimento de alimentos do país. O leilão de privatização dessa empresa pública e lucrativa está previsto para novembro, com um preço mínimo anunciado de R$ 253,2 milhões. No entanto, o valor estimado da empresa é superior a R$ 2 bilhões, conforme levantamento do Sindicato dos Trabalhadores Ativos Aposentados e Pensionistas do Serviço Público Federal do Estado de Minas Gerais (Sindsep-MG).
Para chegar a esse valor, foram estimados os preços dos pontos comerciais, formados pelas 760 empresas instaladas em seis entrepostos, acrescidos dos valores dos terrenos e instalações físicas. Ao todo, as unidades são responsáveis por abastecer 12,7 milhões de pessoas em 870 cidades, com a oferta anual de 2,4 milhões de toneladas de hortigran-
jeiros, cereais e produtos industrializados (alimentícios e não alimentícios).
Em 2020, a receita operacional bruta foi de R$ 55,758 bilhões com lucro líquido de R$ 5,405 milhões. Uma queda de 12,27% frente a 2019, o que dá indícios do sucateamento que costuma anteceder os programas de privatização.
Objetivo da empresa é administrar o abastecimento alimentar Se for privatizada, lucro passa a ser o objetivo e consumidor perde
A quem interessa vender uma empresa lucrativa a preço de banana?
O deputado federal Patrus Ananias (ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula) entregou ofício ao procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União contra a privatização da CeasaMinas, questionando também os valores irrisórios para venda da empresa. Trabalhadores, produtores e diversos parlamentares já se manifestaram contra a venda e criaram um movimento para impedir a privatização. Não há dúvida de que privatizar a CeasaMinas vai enfraquecer a política de segurança alimentar em Minas Gerais e deixar o abastecimento à mercê da iniciativa privada. Para a diretora do Sindsep-MG, Sânia Barcelos Reis, a privatização vai impedir que o alimento chegue a um preço justo à mesa do consumidor. “O objetivo da empresa é administrar o abastecimento alimentar. A partir do momento que for privatizada e o lucro passar a ser o objetivo maior, o consumidor final sentirá o aumento do preço dos alimentos”, ressalta. “A Ceasa é nossa! Não é do setor privado”, afirma Cida Carvalho, presidenta da Associação Recreativa e Beneficente dos Empregados da CeasaMinas (Arbece). A CeasaMinas possui cerca de 230 empregados. Para acompanhar as ações contra a privatização da CeasaMinas, o movimento criou o perfil nas redes sociais A Ceasa é de Minas (@aceasaedeminas). CeasaMinas em números!
- Abastece 12,7 milhões de pessoas em 870 cidades - Movimenta 2,4 milhões de toneladas de alimentos - São mais de 90 mil pessoas por dia em seus seis entrepostos. - O entreposto de Contagem possui 44 pavilhões e um Mercado Livre do Produtor (que pertence ao governo de Minas). - 4 mil produtores no Mercado Livre do Produtor (MPL), sendo 50% da agricultura familiar.
Como funciona a CeasaMinas
A CeasaMinas é uma empresa que realiza a concessão de áreas públicas para a iniciativa privada por meio de contratos de concessão de uso. A comercialização é realizada por produtores rurais e por empresas privadas que pagam, mensalmente, tarifas de uso.
Seu papel é de fiscalização e controle sobre o que é comercializado, mantendo, inclusive, os custos de operação baixos para que os alimentos não sofram elevações abusivas na comercialização no atacado. Estudos feitos pelo corpo técnico contribuem para as políticas de abastecimento e sociais.