Edição 362 do Brasil de Fato MG

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Freepick

Café mais rápido na serra ou na praia?

Pablo Bernardo

“Muvuca de Pretuntu”

Temperatura de ebulição da água varia de acordo com a pressão e a altitude

Festival de Arte Negra de BH acontece entre os dias 4 e 12 de dezembro

CIENCIAS 12

CULTURA 14

MG Minas Gerais Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro 2021 • edição 362 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita Abraão Bruck /CMBH

Saiba as consequências da privatização do metrô de BH

Governo federal aprovou, recentemente, a cisão da Superintendência de Trens Urbanos de Belo Horizonte e criou, exclusivamente, uma empresa para vender o metrô da capital. Segundo o Sindicato dos Metroviários, até hoje não houve diálogo com a categoria nem com a população sobre a privatização. Se a venda se concretizar, pode haver demissão em massa, piora do serviço e mais aumento na tarifa I CIDADES 4

Ligue 180

Destruição ou golpe

Mulheres, saibam onde procurar ajuda se vocês são vítimas de violência em Minas Gerais

“Bolsonaro não é candidato a presidente em 2022. É candidato a ditador”, afirma João Paulo Cunha

MINAS 8

OPINIÃO 6

Em defesa do parque População de municípios do entorno da Serra do Brigadeiro debate projeto alternativo à mineração MINAS 5


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

EDITORIAL

O presidente que odiava as mulheres Chegamos ao fim de novembro enfrentando os efeitos da crise econômica e sanitária, a maior inflação e desemprego dos últimos anos. E um governo incompetente, de cunho fascista, que não se preocupa em garantir políticas públicas necessárias para melhorar as condições de vida das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Dia 25 é o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, data que

ESPAÇO DOS LEITORES “Muito interessante e histórico!” Rosilene Reis comenta matéria “Em Sete Lagoas (MG), projeto ajuda mulheres negras e periféricas a ter alimentação saudável” -“Sinceramente, nem sei o que esses ‘transvestidos’ vão fazer numa conferência do clima. Eles agem dia e noite para destruir o meio ambiente” Nancy Souto Descarpontriez sobre o artigo “Romeu Zema na COP 26 e a desconexão com desafios da atualidade”, de Luiza Dulci -“Viva o MST” Sorângela Sol sobre o artigo “Reforma agrária é principal saída para a fome”, de Silvio Neto -“Não só o negro... O movimento indígena também!” Alessandra Hilda comenta postagem “Por que o movimento negro acusa Bolsonaro de genocídio?” -“A adesão é tão grande que até parece lockout mesmo!” Ronan Barbosa sobre a matéria “Greve ou Lockout? Entenda o porquê da paralisação dos motoristas de ônibus de BH”

Não estamos sós. Somos muitas nos faz pensar o quanto temos retrocedido nas políticas voltadas à vida das mulheres. Em análise da revista AzMina, foi demonstrado que entre 2019 e o primeiro semestre de 2021, o governo federal deixou de aplicar quase R$ 400 milhões no combate à violência, incentivo à autonomia e saúde feminina, num país que contabilizou 1.350 casos de feminicídio em 2020 - um a cada seis horas e meia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Presidente da República ataca as mulheres deliberadamente em seus discursos e recorre, nas mais variadas ocasiões, a artifícios de teor machista e gosto duvidoso para falar sobre qualquer assunto. Procuradores de São Paulo chegaram a entrar com processo contra a União por falas e ações “misóginas” de Bolsonaro e seus ministros contra as mulheres. Hoje, o Estado brasileiro é um Estado que odeia as mulheres, reduzindo as políticas públicas e promo-

vendo ideias de subjugação e violência. “Bolsonaro nunca mais” Mas o ódio do presidente às mulheres aparentemente é recíproco. Em 2018, às vésperas das eleições presidenciais, nós, mulheres, fomos as primeiras a ir às ruas gritar: “Ele Não” em manifestações que reuniram milhões de pessoas em todo o Brasil. Hoje, dos que defendem a saída de Bolsonaro da presidência, 57 % são mulheres. Mesmo enfrentando inúmeras violências, sendo, quase em exclusividade, responsáveis pelos serviços de cuidados, especialmente das crianças e idosos, sendo exploradas e mal pagas nos trabalhos em sua maioria precários, seguimos resistindo. Fomos nós que protagonizamos os processos de solidariedade que nos permiti-

Atos “Bolsonaro nunca mais” acontecerão dia 4 de dezembro ram um respiro de esperança em tempos tão nebulosos da nossa história. E agora, mais uma vez, estamos organizando atos em todo o Brasil com o lema “Bolsonaro nunca mais”, no dia 4 de dezembro. Nós temos o amor à vida e a capacidade de se reinventar diante das adversidades. Temos o futuro do país nas mãos e, principalmente, não estamos sós. Somos muitas. Somos a maioria. A nossa luta vai mais uma vez mudando a história. Não mexe comigo, que eu não ando só.

Escreva pra gente também: redacaomg@brasildefato.com.br ou em facebook.com/brasildefatomg O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Edição Geral: Larissa Costa (Mtb 22066/MG) Edição: Amélia Gomes, Elis Almeida, Frederico Santana, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira Redação: Amélia Gomes, Ana Carolina Vasconcelos, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboração: André Fidusi, Anna Carolina Azevedo, Débora Borba, Joana Tavares, Marcelo Gomes. Colunistas: Antônio de Paiva Moura, Beatriz Cerqueira, Bráulio Siffert, Eliara Santana, Fabrício Farias, Frei Gilvander Moreira , Iza Lourença, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, José Prata Araújo, Macaé Evaristo, Makota Celinha, Moara Saboia, Portal do Bicentenário da Independência, Renan Santos, Rogério Hilário, Rubinho Giaquinto, Sofia Barbosa, Tarifa Zero Administração e distribuição: Luiz Paulo Macedo Alves, Paulo Antônio Romano de Mello e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Revisão Luciana Santos Gonçalves Tiragem: 15 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021 Divulgação

Declaração da Semana Estou um pouco cansada de celebrar mulheres negras depois que elas morreram. Quero celebrar você, eu e tantas outras que fazem memórias vivas

GERAL

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Números da Semana 51%

das brasileiras já sofreram algum tipo de violência política, seja como como eleitoras, candidatas ou no exercício de um mandato. O dado é da pesquisa Políticas de Saia, do Instituto Justiça de Saias, divulgada na quinta (25), no dia internacional pelo fim da violência contra as mulheres.

Cadastro escolar

Gil Leonardi /Imprensa MG

Anielle Franco, irmã de Marielle, em entrevista ao Roda Viva.

As inscrições no Sistema Único de Cadastro e Encaminhamento para Matrícula (Sucem) da rede pública de ensino de Minas Gerais estão abertas até o dia 10 de dezembro. O cadastro é para novos alunos, para aqueles que desejam mudar de escola e para os que ainda não renovaram sua matrícula para 2022. É uma oportunidade também para estudantes que desejam entrar em uma das escolas que oferecem ensino médio integral e profissional. Mais informações em cadastroescolar. educacao.mg.gov.br

Salve a Mata do Planalto Reprodução

O Decreto 17.775, que garante a preservação da Mata do Planalto, localizada na região Norte de Belo Horizonte, foi publicado pela prefeitura na quarta (24). O documento declara o terreno como utilidade pública para fins de desapropriação e demarca como área de proteção ambiental, possibilitando a manutenção da flora, fauna e qualidade hídrica da região e da bacia do Rio da Velhas. Há anos, a mata é ameaçada por construtoras. Moradores e ambientalistas comemoram a decisão.


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MINAS

Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

Sem ouvir trabalhadores ou usuários, governo federal inicia a privatização do metrô de BH ALERTA Cisão da Superintendência da CBTU foi aprovada e a previsão é de demissão em massa de metroviários Cristiano Machado / Imprensa MG

Amélia Gomes O governo federal aprovou, no último dia 19, em uma assembleia de acionistas da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) – empresa pertencente à União – a cisão da Superintendência de Trens Urbanos de Belo Horizonte (STUBH). De acordo com a ata da reunião, publicada na quarta (24), a STUBH deixa de integrar a CBTU e será transformada na “Veículo de Desestatização MG Investimentos S.A. – VDMG”. A empresa, criada exclusivamente para a venda do metrô de BH, será vendida para a iniciativa privada, que terá o direito de exploração da concessão do serviço metroviário da capital por 30 anos. Os metroviários de Minas Gerais criticam a falta de participação e transparência no processo. A categoria realizou, na noite de quinta (25), uma Assembleia Extraordinária para debater qual será a atuação dos metroviários diante da situação. Atualmente, cerca de 1,6 mil trabalhadores prestam serviço para a CBTU em Belo Horizonte. O Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro) afirma que, até o momento, não houve nenhum diálogo do governo com a categoria ou com a população sobre o processo de venda da estatal e que todas as tentativas de negociação partiram do sindicato. No dia 15 de dezembro, está agendada uma audiência no Ministério Público do Trabalho para debater o tema. A previsão, segundo um trabalhador da CBTU que não pôde se identificar, é de demissão em massa e de que não haverá negociação com

os trabalhadores. Ainda de acordo com o relato, além dos trabalhadores, a própria direção da empresa está sendo excluída do processo. Procurados pelo Brasil de Fato MG, a CBTU e o Ministério da Economia não se manifestaram sobre o caso até o fechamento desta matéria. Investimento em obras pode ser manobra eleitoreira Faltando menos de um ano para as eleições presidenciais de 2022, Jair Bolsonaro anunciou, em visita a Belo Horizonte, a destinação de R$ 2,8 bilhões para a construção da linha 2 do metrô, condicionado o investimento à privatização da Superintendência da CBTU em BH e à concessão dos serviços, tanto da linha 1 quanto da futura linha 2, para a iniciativa privada. “É um dinheiro exorbitante que deveria ser entregue para a CBTU para melhorar o transporte da cidade e não para vender a empresa”, critica Daniel Glória Carva-

lho, secretário geral do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais.

De acordo com o sindicato, ainda não houve nenhum diálogo do governo com a categoria

Em setembro deste ano, uma audiência pública na Câmara Municipal de BH debateu os impactos que a privatização do metrô pode trazer para a população. À época, a vereadora Iza Lourença (PSOL), requerente da audiência, alertou que a CBTU não recebe recursos há muitos anos, o que não permitiu sua expansão. “Houve um sucateamento da empresa e agora aparece o recurso para privatizá-la. Os políticos estão alimentando a ilusão de que para expandir o metrô é necessário vendê-lo”, declarou. Além do aporte do governo federal, Romeu Zema (Novo) também anunciou que vai destinar cerca de R$ 400 milhões para as obras no metrô. O recurso será retirado da indenização paga pela Vale ao Estado, em relação ao acordo de reparação devido ao rompimento da barragem em Córrego do Feijão, em Brumadinho. A destinação desse recurso para obras de infraestrutura, descoladas do processo de reparação do crime, é criticada por atingidos, movimentos populares e deAbraão Bruck /CMBH

putados estaduais. Com Bolsonaro, tarifa aumentou mais de 136% em menos de um ano Há pouco mais de um ano, a tarifa do metrô de BH era de R$ 1,80. Entre março de 2019 e março de 2020, o bilhete foi reajustado em 136%. Após 12 anos sem alteração no valor

Atualmente, cerca de 1,6 mil trabalhadores prestam serviço para a CBTU na capital na tarifa, o governo federal impôs uma mudança na política de subsídio, o que impactou em reajustes escalonados, resultando nos atuais R$ 4,50 cobrados nos guichês do metrô. Daniel Glória alerta que, caso seja concretizada a privatização, os usuários, que já têm sofrido com a falta de investimento em infraestrutura, serão os principais prejudicados. “No Rio de Janeiro, por exemplo o metrô, que era da CBTU e foi privatizado, além do aumento da tarifa e da redução das viagens, houve também casos de estações fechadas e panes diárias. E depois que a empresa privada sucateou o serviço, ela quis devolver para o governo”, aponta. De acordo com o Sindimetro, após a política de reajuste no bilhete e a falta de integração tarifária com os ônibus, o número de usuários do metrô caiu para menos de um terço. Atualmente, aproximadamente 80 mil pessoas utili-


Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

Comunidades do entorno da Serra do Brigadeiro discutem projeto alternativo à mineração ZONA DA MATA Para organizações sociais, proposta de mineradora é incompatível com as necessidades da população Gilselene Mendes

MINAS

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Projeto na Assembleia Legislativa que facilita mineração ameaça Serra da Moeda PERIGO Monumento natural necessário para o abastecimento da Grande BH é alvo de mineradora Moisés Silva

Ana Carolina Vasconcelos “Se a mineração avança, toda a nossa região de riquezas naturais fica ameaçada”, ressalta Adriana Aparecida de Morais Ribeiro, moradora do município de Muriaé. Com o objetivo de impedir que a ameaça se torne realidade, um encontro reuniu mais de 100 representantes das comunidades do entorno na Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata de Minas Gerais, na última terça (16), e apontou a construção de um projeto alternativo ao avanço da mineração no território. Com cerca de 50 organizações representadas, aglutinadas pela Comissão Regional de Enfrentamento à Mineração, o coletivo decidiu priorizar a construção da agroecologia, o cuidado com as águas e com a biodiversidade, o turismo, a religiosidade e a cultura popular. Para os moradores, essa opção é parte fundamental do projeto de desenvolvimento do entorno da Serra que interessa à população. “Estamos falando de uma região reconhecida pela Lei

23207, de 2018, como Polo Agroecológico e de Produção Orgânica, em que predomina a agricultura familiar que abastece os municípios do entorno e que coloca alimento

Moradores decidiram priorizar a construção da agroecologia, o turismo, a religiosidade e a cultura popular nas escolas. Falamos também de uma região que é berço de água, de animais e de plantas. Não tem como a gente aceitar e cruzar os braços com o avanço da mineração”, enfatiza Adriana, que é membro do Centro de Estudo Integração Formação e Assessoria Rural da Zona da Mata e da Cooperativa dos Produtores da Agricultura Familiar Solidária Resistência A luta das comunidades contra o avanço da minera-

ção no território começou na região há cerca de uma década. Desde o ano de 2003, a mineradora Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que já realiza extração em Miraí e São Sebastião da Vargem Alegre, procura expandir seu projeto para o entorno da Serra do Brigadeiro, incluindo parte considerável da zona de amortecimento do parque. Para Jean, o projeto de mineração de bauxita apresentado pela CBA é incompatível com o modo de vida das famílias agricultoras, que vivem da agroecologia e da produção de alimentos saudáveis. Ele aponta que a população está convencida de que o empreendimento não trará avanços para a região. “A gente não é rico, mas a gente não quer se vender para um projeto incerto, temporário, altamente impactante e destrutivo”, afirma Jean. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) foi procurada pelo Brasil de Fato MG, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.

Wallace Oliveira O monumento natural da Serra da Moeda, a população do município de Moeda e até mesmo o abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) podem estar sob ameaça, com um projeto de lei (PL) que tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O PL 3300/2021, do deputado Tiago Cota (MDB), retira da área de proteção ambiental 12,81 hectares, permitindo a atuação de mineradora para extrair minério de ferro no local. Embora a proposta inclua outra área de 75 hectares, a mudança é prejudicial, segundo moradores. “A área que a mineradora quer explorar é a crista da serra, o topo. É uma área de recarga hídrica. A água absorvida por aquela região alimenta as bacias do Paraopeba e do Rio das Velhas. Isso tem uma importância grande para comu-

nidades rurais, quilombolas, para agricultura e pecuária da região”, afirma Sol Bueno, integrante do Coletivo Cauê e Instituto Aqua XXI. Além disso, as duas bacias afetadas integram o sistema que abastece a RMBH. Por outro lado, conforme explica o ambientalista Cléverson Vidigal, membro da ONG Abrace a Serra da Moeda, a área que o PL 3300 propõe acrescentar não tem as mesmas propriedades da área almejada pela empresa. Isso significa que haverá uma perda, em termos de preservação. Cléverson também relata que há um histórico de degradação de nascentes pela mineração. “Moeda é o único município no Quadrilátero Ferrífero que, por força de leis municipais, proíbe a mineração. Temos um tombamento de 2004, um decreto de 2008 que cria duas reservas biológicas na serra e ainda existe o plano diretor, que é veementemente contra a mineração”, afirma Cléverson.


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

OPINIÃO

Destruição ou golpe, o que vier primeiro

João Paulo Cunha Bolsonaro não é candidato a presidente em 2022. É candidato a ditador. Para assumir esse papel, que sempre desejou, tem dois caminhos, que ele trilha em paralelo: o golpe e a reeleição num contexto de esvaziamento da democracia. Desde que foi eleito, Jair Messias se sente acuado pelas instituições, pela independência dos poderes e pela democracia. Percebeu que não manda como deseja. E estabeleceu seu plano para o primeiro governo: acabar com as instituições, minar os poderes da República e destruir a democracia. Se essa estratégia falhar, o golpe entra em cena. Destruição, cooptação, corrupção

Essa lógica explica o governo do ex-capitão: a destruição. Será no cenário de terra arrasada que se construirá seu projeto autoritário. E entrará então em cena sua pauta prioritária, que hoje aparece de tempos em tempos, quase sempre como uma aberração, apenas para alimentar seu gado mais fiel. Para isso precisa afastar todos

os limites dados pela Constituição. Executivo

O primeiro enfrentamento se deu dentro de casa. Bol-

Já emplacou Nunes Marques, um juiz fraco que vota automaticamente com o governo sonaro precisava exterminar a funcionalidade do próprio Executivo, destroçando por dentro a máquina pública e suas corporações mais responsáveis. Para isso, se cercou de militares incompetentes e servis, simbolizados pelo general da ativa Eduardo Pazuello, que como ministro da saúde comandou o pior programa de combate à covid em todo o mundo. O serviço público foi atacado pelo vírus do autoritarismo, da perseguição política e do alinhamento ideológico. A corrupção se assenhorou de cargos estratégicos, como mostrou a CPI do Senado. Legislativo

Papel dos demais poderes era limitador para seu projeto

O papel dos demais poderes era ainda mais limitador para seu projeto. A começar pelo Legislativo. Depois de tentar cooptar as bancadas com seu cacife eleitoral e apoio popular em torno de bandeiras regressivas, caiu

na real e se submeteu ao jogo que sempre criticou. Instituiu o toma lá dá cá 2.0, rifando o comando do orçamento. Manobrou para conquistar a presidência da Câmara e do Senado, trazendo de novo o Centrão como crupiê das verbas públicas. As dezenas de pedidos de impeachment estacionaram nas gavetas, as verbas secretas cresceram exponencialmente, e, recentemente, o calote de precatórios foi autorizado e o teto furado com beneplácito dos partidos.

Calote de precatórios foi autorizado e o teto furado Judiciário

O terceiro embate foi com o Judiciário. Tosco, o dito cujo pensou no primeiro momento em fechar o Supremo com apoio de parte do Exército e de seu exército particular de idiotizados pelas redes. Retrocedeu da burrice política e se concentrou na tática de minar por dentro as instituições. Estabeleceu como meta ampliar sua capacidade de indicar magistrados. Além das vagas decorrentes das aposentadorias, aprovou o aumento de cargos na Justiça Federal e terá dezenas de novas nomeações para os tribunais federais ainda este ano. Mas o filé está no Supremo.

PGR tem sido porto seguro para os crimes pelos quais respondem os filhos do presidente Para interferir na Corte, já emplacou Nunes Marques, um juiz fraco que vota automaticamente com o governo. Espera agora a sabatina de André Mendonça, para aplacar a ira nada sagrada dos evangélicos reacionários. O ex-advogado geral da União tem histórico de perseguição de opositores, como servidores públicos e movimentos sociais. Na mão direita a Bíblia, na esquerda o chicote. Espera aprovar o fim da PEC da Bengala, retrocedendo a aposentadoria dos ministros do STF dos atuais 75 para 70 anos. Ganharia assim o poder de indicar dois novos capa-pretas ciosos do mantra “um manda outro obedece”, somando quase metade das vagas. PGR

A Procuradoria Geral da República também mereceu o mesmo empenho. A nomeação de Augusto Aras consagrou não apenas um engavetador, mas um defensor ad hoc do presidente e de sua família. De olho no

cargo que tem e no que almeja (ministro do STF), Aras não fazia parte da lista tríplice da instituição e tem demonstrado um servilismo quase imoral. O mais recente foi tirar o corpo fora em relação ao relatório da CPI da Pandemia, que envolve o presidente e outras autoridades em crimes gravíssimos. O PGR pediu prazo e depois anunciou que mandaria o pacote recebido pelos senadores para o STF, praticamente como o recebeu, sem pedir qualquer investigação ou abrir inquéritos. Lava as mãos. A Procuradoria tem sido também, junto ao STJ, um porto seguro para os crimes pelos quais respondem os filhos do presidente.

Se não der certo pelas urnas, aciona o plano B Ditadura

Bolsonaro quer ser presidente de um Estado autoritário, com o Executivo aparelhado, o Legislativo comprado e o Judiciário dominado. Sem democracia, sem competência, sem representatividade e sem Justiça. Não é preciso desenhar o nome desse monstro. Ele está levando adiante esse trabalho destrutivo desde o primeiro dia e espera usufruir de sua obra a partir de 2023. Se não der certo pelas urnas, aciona o plano B.


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OPINIÃO

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Ana Carolina Vasconcelos

Luíza Dulci

Romeu Zema na COP 26 e a desconexão com desafios da atualidade

Sentidos da luta pelo Fora Bolsonaro Mais uma vez, como temos feito desde maio deste ano, ocupamos as ruas para expressar nossa indignação e reafirmar o imperativo e a urgência de interromper o governo Bolsonaro. O último dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, mobilizou movimentos sindicais e sociais de todo o Brasil. Uma manifestação repleta de símbolos e significados da cultura negra, com participação de lideranças e artistas dos movimentos negros. As ruas sempre foram e sempre serão o lugar central da luta, combinada com o trabalho constante da batalha das ideias que faça avançar a consciência da classe trabalhadora e o compromisso com mudanças estruturais. A força da luta pelo Fora Bolsonaro está em nossa capacidade de não perder o foco nessa tarefa imperativa e imediata. São mais de 600 mil mortes por covid-19! A miséria e a fome ocupam as mesas das casas de milhões de Desafio é consbrasileiros! Nossos biomas estão sendo depredados pelo truir força social agronegócio e pela mineração! Os sistemas públicos de educação, saúde, assistência social, ciência e tecnologia para mudanças estão sendo completamente desmontados, abrindo caminho para as corporações do capital financeiro, com seu apetite insaciável, aprofundarem a apropriação do orçamento público. Temos um governo militarizado e ligado a milícias que entrega o patrimônio público ao capital estrangeiro a preços de liquidação! Como não lutar diariamente pelo Fora Bolsonaro?! Mas é também preciso reconhecer que as forças políticas que pavimentaram a chegada do capitão reformado ao Planalto continuarão ocupando os espaços políticos e institucionais para manter vivas e predominantes as condições históricas de dependência do capital externo e de exploração, de exclusão de direitos e de violência contra o povo brasileiro. O desafio é justamente manter a resistência e a força na luta pelo Fora Bolsonaro, construindo força social que seja capaz de reivindicar e sustentar o enfrentamento necessário à construção de um país soberano. Adelson Fernandes Moreira é presidente do Sindicato dos docentes do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Sindcefet-MG)

Leia os artigos completos no site brasildefatomg.com.br Estes são artigos de opinião. A visão dos autores não expressam necessariamente a linha editorial do jornal Brasil de Fato

Luiza Dulci é economista e doutora em sociologia e constrói o Movimento Bem Viver MG

ACOMPANHANDO

Adelson Fernandes

A Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Mudanças Climáticas, a COP, marcou a revisão das metas estabelecidas há cinco anos no famoso – e fracassado – Acordo de Paris. O governo de Minas Gerais esteve presente na COP 26 e tentou vender o estado como um modelo de desenvolvimento sustentável. Com isso, silenciou completamente qualquer menção aos crimes da mineração em Brumadinho e Mariana. Igualmente, se calou sobre os impactos da agropecuária baseada nas monoculturas, responsável por 72% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil (sendo 28% da pecuária bovina e 42% do uso do solo). Nesse último meio século mudou o conhecimento da ciência sobre as mudanças climáticas. Também se alterou a ocorrência dos desastres ambientais, cada vez mais frequentes. Diante disso, ficou evidente como o discurso apresen- Precisamos tado pelo governo de Minas desconcentrar Gerais na COP foi totalmente terras e regular a desconectado dos desafios da mineração atualidade. O governador Romeu Zema (Novo) apresentou ações que foram elaboradas em parceria com a Federação das Indústrias (Fiemg) e a Federação da Agricultura e Pecuária (Faemg), que reúne os produtores rurais patronais. Também por isso não surpreende a completa ausência de compromissos que apontem para uma transição ecológica em Minas Gerais. Ou seja, para a transição de um modelo essencialmente baseado no extrativismo e na monocultura (produtiva e de pensamento) e orientado para as exportações em direção a outro, que prioriza o bem viver da população mineira. Precisamos nos orientar pelo desenvolvimento do mercado interno; pela regulação da mineração; pela desconcentração das terras. Qualquer discurso sobre mudanças climáticas que não aponte transformações na agropecuária e na mineração não deve ser levado a sério.

Na edição 144... “Não nos apaguem” ... E agora Brasil tem 4 milhões de pessoas trans e não binárias Pesquisa inédita na América Latina aponta que 1,9% da população brasileira é de pessoas transgênero ou não binárias: são 4 milhões de indivíduos em uma população estimada em 2020 pelo Banco Mundial em 212,6 milhões de cidadãos. O estudo foi desenvolvido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). O termo transgênero descreve “pessoas que se identificam com um gênero incongruente ou diferente daquele que lhes foi atribuído no nascimento” e não binário diz respeito a indivíduos que sentem que sua identidade de gênero está fora das identidades masculina e feminina, ou entre elas.


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MINAS

Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

Mulher, saiba onde procurar ajuda se você é vítima de violência em Minas Gerais APOIO Por causa da pandemia, atendimentos também passaram a ser realizados pelo WhatsApp Mídia NINJA

mento de cooperação entre União, estados, Distrito Federal e municípios para consolidar informações que contribuam com as políticas públicas de combate à violência contra as mulheres. A proposta ainda deve passar pela avaliação na Câmara dos Deputados.

Amélia Gomes Nesta quinta-feira, 25 de novembro, é celebrado o dia internacional de luta pelo fim da violência contra as mulheres. A data é um marco importante para o enfrentamento a esse tipo de crime, sobretudo no Brasil, que ocupa lugar de destaque quando o assunto é feminicídio. De acordo com informações do Instituto Patrícia Galvão, o país é o quinto no ranking mundial de homicídio de mulheres. A crise social e sanitária que assola o Brasil se reflete também no aumento da violência contra as brasileiras. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no primeiro ano de pandemia, uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência. “O que acontece é a potencialização do risco à violência doméstica durante a pandemia. Aquela pessoa que já tinha hábitos agressivos, com o isolamento, há um escalonamento. Além disso, várias outras situações também contribuíram para esse aumento, como o desemprego e o acúmulo de tarefas domésticas”, explica Samantha Vilarinho Mello Alves, defensora pública e da Coordenação Estadual de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres. Durante a pandemia, o Nudem passou a fazer atendimentos pelo WhatsApp. A defensora pública relata que no começo do serviço houve uma desconfiança e um estranhamento por parte das vítimas. No entanto, hoje as solicitações aumentaram, o que representa uma maior facilidade para as vítimas em denunciar seus agressores. “Notamos que, geralmente, as mulheres preferem o contato

UNIDADES DE APOIO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA EM MG:

. Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher: (31) 3330-5752 . Delegacia Virtual da Polícia Civil de Minas Gerais: delegaciavirtual.sids.mg. gov.br

virtual, porque assim não perdem um dia de trabalho e não têm custos de deslocamento. A maioria delas já têm acesso gratuito ao WhatsApp”, avalia. REDE DE APOIO

Em Belo Horizonte e na Região Metropolitana, o Consórcio Mulheres das Gerais articula oito municípios e envolve uma rede de apoio gratuita para as vítimas de violência de gênero. A ação conta com aparelhos como a casa abrigo Benvinda, na capital mineira. Além da entidade pública, as mulheres de Belo Horizonte também podem ter acesso a serviços organizados por movimentos populares que prestam atendimento gratuito, como, a Casa Tina Martins. Fruto de uma ocupação de mulheres organizada pelo movimento Olga Benário, a instituição nasceu em 2016 e, desde então, atende vítimas de violência doméstica. Mona Albuquerque, uma das coordenadoras da insti-

TIPOS DE VIOLÊNCIA

No primeiro ano de pandemia, uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência tuição, explica que na casa as mulheres encontram serviços como orientação, atendimento jurídico e psicológico, e abrigamento provisório em situações emergenciais. “As casas e pontos de apoio às mulheres são fundamentais, porque nem sempre a vítima quer acionar a polícia de imediato. Às vezes ela precisa primeiramente se fortalecer, entender a situação em que ela está para então tomar alguma providência. E muitas vezes as mulheres precisam ser retiradas imediatamente do convívio com seus agressores por risco de morte”, pontua Samantha Mello.

Muitas pessoas ainda acreditam que apenas a agressão física é considerada violência de gênero. No entanto, há diversas formas de agressões que podem ser consideradas crimes contra as mulheres. Ameaçar e perseguir uma mulher, por exemplo, pode ser qualificado como violência psicológica. Obrigar uma mulher a ter relações sexuais sem seu consentimento, confiscar seus documentos e/ou dinheiro também são outros tipos de violência e devem ser denunciados. CADASTRO NACIONAL DE AGRESSORES

Recentemente, o Senado Federal aprovou a criação do Cadastro Nacional de Pessoas Condenadas por Crime de Feminicídio, Estupro, Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. De acordo com a proposta, a ferramenta é um instru-

. Defensoria Pública Especializada na Defesa dos Direitos das Mulheres em Situação de Violência (Nudem): WhatsApp: (31) 98475-2616 / 982398863 . Centro Especializado de Atendimento à Mulher – Benvinda: (31) 3277-4380 | (31) 98873-2036 . Casa Tina Martins: (31) 3658-9221 . Ponto de Acolhimento e Orientação à Mulher em Situação de Violência: (31) 3555-1394 . Centro Risoleta Neves de Atendimento à Mulher de Minas Gerais – Cerna: (31) 3270-3200 / 3270-3280 . Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE WWW.BRASILDEFATO.COM.BR


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BRASIL

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Lei Paulo Gustavo: a contragosto do governo, Senado aprova amparo de R$ 3,8 bi para cultura Divulgação

Cristiane Sampaio O plenário do Senado aprovou nesta quarta (24), por 68 votos a cinco, uma proposta que socorre o setor cultural diante dos estragos causados pela pandemia. Batizada de Lei Paulo Gustavo, a medida destina R$ 3,8 bilhões em recursos que serão canalizados dos cofres públicos federais para estados, municípios e o Distrito Federal. O texto ainda precisa ser avaliado e aprovado pela Câ-

mara dos Deputados para ser convertido em lei. Caso a proposta receba aval final do

Congresso, o PL prevê que R$ 2,79 bilhões serão repassados para ações no segmen-

Repressão a movimentos populares é “calcanhar de aquiles” de Mendonça em sabatina no Senado

to audiovisual, enquanto R$ 1,06 bilhão será aplicado em medidas emergenciais dirigidas ao setor cultural. Devem ser patrocinadas ações como prêmios, editais e chamadas públicos, compra de bens e serviços relacionados à área, entre outros. O PL foi apresentado pela bancada do PT em parceria com os senadores Zenaide Maia (Pros-RN) e Rose de Freitas (MDB-ES). O nome do PL homenageia o ator e humorista Paulo Gustavo, que faleceu em

maio deste ano, vítima da covid-19. A morte do artista teve grande repercussão pública e se tornou um dos símbolos do luto coletivo resultante da pandemia, estimulando também a luta da classe artística por medidas governamentais de amparo ao segmento. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do chefe do Executivo, fez oposição ao PL e disse que “a classe da cultura não está desamparada” na gestão do pai.

“Agro é fogo”: incêndios no Brasil estão ligados ao agronegócio e ao avanço da fome, diz dossiê

Anderson Riedel /Presidência da República

Paulo Motoryn A repressão a movimentos populares enquanto esteve no comando do Ministério da Justiça é um dos assuntos mais sensíveis sobre o qual o advogado-geral da União, André Mendonça, vai ter que dar explicações em sabatina no Senado que vai avaliar sua indicação ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A sessão no Legislativo foi anunciada para a semana que vem pelo presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). A entrada do tema em pauta demorou quatro meses, um recorde na história brasileira. O senador “segurou” o agendamento da sabatina em função de disputa política que trava com Bolsonaro.

Mendonça representa a indicação de um nome “terrivelmente evangélico” para a Suprema Corte, conforme prometido pelo próprio presidente da República, na vaga deixada pela aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Em novembro do ano passado, o primeiro ministro apontado por Bolsonaro tomou posse no STF, o então juiz federal Kássio Nunes Marques. Depois de sabatinado e de ter o nome votado pela CCJ, a indicação segue para o plenário da Casa, onde é submetido à aprovação dos 81 senadores em votação secreta. Para ser confirmado, nessa etapa, são necessários pelo menos 41 votos favoráveis. O Senado pode vetar a nomeação, mas o expediente é raro. Foi adotado apenas cinco vezes, todas elas em 1894, no governo de Floriano Peixoto.

Carl de Souza-AFP

Gabriela Moncau O fogo no Brasil está sendo usado como arma para o avanço da grilagem de terras e a expulsão de comunidades de seus territórios, provocando impactos ambientais, tais como seca e desmatamento. Isso mesmo durante a pandemia e com o endosso do governo Bolsonaro. Esse cenário, seus mecanismos, impactos e conflitos locais estão descritos no dossiê Agro é Fogo, lançado dia 24. A Articulação Agro é Fogo, que fez o documento composto por sete artigos e sete casos territoriais, se constituiu como reação aos incêndios florestais que assolam o país nos últimos dois anos. A rede reúne cerca de 30 movimentos, organizações e pastorais

sociais que atuam há décadas na defesa da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal. FOME E AGRONEGÓCIO: AMBOS CRESCEM JUNTOS

De acordo com o dossiê, a ampliação da fome no Brasil (que já atinge de forma aguda 19 milhões de pessoas) é proporcional ao avanço do agronegócio. A área que poderia ser destinada a plantar alimentos presentes no cotidiano da população foi reduzida na última década. Atualmente o arroz, o trigo e o feijão representam apenas 8% da produção nacional de grãos. No lugar de produzirem alimentos como esses, as terras no país estão majoritariamente destinadas à concentração de commodities de soja e milho, que representam 88% da última safra de grãos do país, quase todo ele destinado à exportação.


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MUNDO

Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

Os planos da nova coalizão Covid-19 pode matar mais 700 mil na Europa de governo da Alemanha até março Tobias Schwarz /AFP

Barbara Gindl

Os partidos Social-Democrata (SPD), Verde e Liberal Democrático (FDP) chegaram a um acordo para formar uma nova coalizão de governo na Alemanha, que vai suceder a administração da chanceler federal Angela Merkel, que deixa o poder após 16 anos. A aliança tripartite espera oficializar o social-democrata Olaf Scholz em 6 de dezembro. O SPD de Scholz foi o mais votado no pleito de setembro, mas não obteve

a maioria necessária para governar, por isso a aliança com verdes e liberais. Ideologicamente, verdes e social-democratas têm mais pontos em comum, especialmente na área social. Já os liberais alemães têm uma visão mais pró-mercado. O acordo prevê mudanças significativas na política ambiental da Alemanha e aborda problemas persistentes do país, como o envelhecimento da população alemã e a escassez de habitações.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que o ressurgimento da pandemia do coronavírus na Europa causará 700 mil mortes adicionais até março se a tendência atual se mantiver. O aumento de casos na Europa deve-se a vários fatores:

o domínio da contagiosa variante delta, a flexibilização de restrições, a queda das temperaturas e o consequente aumento das reuniões em ambientes fechados, e o grande número de pessoas ainda não vacinadas.

5 anos da morte de Fidel Castro Em 25 de novembro de 2016, o mundo se despedia de Fidel Castro. Em Cuba, uma multidão ocupou as ruas entre os 900 km que separam Havana do monólito em Santiago de Cuba, onde repousam as cinzas do “comandante”. Castro esteve à frente do governo cubano desde o triunfo da revolução de 1959, da qual foi um dos líderes, até 2008. Já doente, passou a presidência ao seu irmão Raúl que, por sua vez, a entregou em 2018 ao atual governante comunista da ilha, Miguel Díaz-Canel. ANÚNCIO


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Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

ENTREVISTA 11

Mercedes Sosa é mais relevante do que nunca, diz autora da 1ª biografia da cantora em português AMÉRICA LATINA Escritora dinamarquesa Anette Christensen mergulhou na vida e na obra de “La Negra” durante oito anos Wikimedia Commons

Mercedes Sosa é uma líder assim. Ela viveu a vida toda ajudando os outros e falando em nome dos excluídos, o que lhe deu o apelido de A Voz dos Sem Voz. Sua integridade, coragem e solidariedade fazem dela um exemplo que aponta o caminho para um mundo mais empático e solidário. Como ela disse certa vez: “É importante reagir a este mundo, fazer dele um lugar melhor para todos, e não deixar isso nas mãos dos outros ou dos políticos. As grandes mudanças devem vir de cada um de nós”.

Daniel Giovanaz Era 4 de outubro de 2009, e os jornais de todo o mundo repercutiam o falecimento da cantora argentina Mercedes Sosa, na capital Buenos Aires. Foi quando a escritora Anette Christensen, da Dinamarca, ouviu pela primeira vez a cantora. A voz dos “sem voz” Mercedes Sosa nasceu em julho de 1935 e é uma das cantoras mais conhecidas e influentes da América Latina. Filiada ao Partido Comunista nos anos 1960 e perseguida pela ditadura militar, ela foi presa e exilada no final da década seguinte. Em um contexto de censura e violência, sua música tornou-se a voz dos oprimidos e dos que resistiam ao autoritarismo no continente. A escritora Anette Christensen trabalhou durante oito anos em sua biografia, Mercedes Sosa – A Voz da Esperança. É a primeira biografia de “La Negra” com tradução para o português. Christensen concedeu entrevista ao Brasil de Fato sobre o livro. Brasil de Fato: Você escreveu o livro para quem já está familiarizado com a obra de Mercedes Sosa, ou a ideia era atingir quem ainda não conhece suas canções? Anette Christensen: Escrevi o livro principalmente para aqueles que não sabiam nada sobre Mercedes Sosa, porque quanto mais a conhecia,

Exílio forçou cantora a superar o medo de palco mais claro ficava para mim que ela era uma heroína anônima. Tive muita dificuldade em encontrar informações sobre ela em inglês, e foi por isso que encarei o desafio de escrever e publicar Mercedes Sosa – A Voz da Esperança. Mercedes Sosa merece que sua história seja conhecida por pessoas fora dos países de língua espanhola e também pelas futuras gerações. Como traço um perfil psicológico de Mercedes Sosa, os fãs irão vê-la sob novas perspectivas, seus fãs também desfrutarão da leitura. No livro, você ressalta as contribuições de Mercedes Sosa em um período dramático da história política da América Latina,

que foram as ditaduras militares. Hoje, como a mensagem de Sosa continua ecoando?

Sosa tornou-se referência de resistência para os pobres e oprimidos Mercedes Sosa é agora mais relevante do que nunca, não só na América Latina, mas no mundo todo, porque ela era capaz de respeitar e aceitar todas as pessoas. Ela não via as diferenças como uma adversidade. “Somos todos diferentes, e essa é a beleza da vida na Terra. Nossas diferentes cores, diferentes visões e diferentes sistemas políticos”, disse ela. O mundo precisa desesperadamente de líderes que possam mostrar empatia e usar seu impacto para servir às pessoas, e não aos seus próprios interesses.

A experiência do exílio modificou, de alguma forma, a maneira como Mercedes olhava para a Argentina e para a América Latina? O exílio foi determinante para a vida e a carreira de Mercedes, mas não mudou sua visão sobre o que acontecia na Argentina e no continente. O que ela fez foi usar sua nova plataforma europeia para chamar a atenção para as violações dos direitos humanos que aconteciam na América Latina. Do exílio, Sosa tornou-se uma referência de resistência para os pobres e oprimidos, e ao retornar para a Argentina, foi recebida como um ícone da democracia, especialmente pela classe trabalhadora. Cien-

Lutou pela democracia na Argentina pelo resto da vida

te da responsabilidade que tinha, ela continuou a trabalhar pela democracia na Argentina pelo resto da vida. O período no exílio também forçou a superar o medo de palco e a timidez de se apresentar em público, coisas contra as quais sempre lutou.

Caetano Veloso lançou Coração Vagabundo gravado com Mercedes Sosa há 12 anos Qual o principal legado de Mercedes Sosa na Argentina? O filho de Mercedes, Fabián, publicou o livro La Mami pouco antes de sua morte, em 2019, e a Fundação Mercedes Sosa trabalha incansavelmente para estabelecer seu legado, especialmente na música. Ainda estão sendo lançadas novas canções, fotos e discos, e muitos dos principais artistas da Argentina continuam a fazer shows em sua homenagem. No Brasil, artistas como Indiana Nomma e Tatiéli Bueno fazem tributos em sua homenagem. Alguns grandes nomes da música brasileira também tinham, e ainda têm, uma forte conexão com ela, como Caetano Veloso, que lançou em julho um novo single, Coração Vagabundo, gravado com Mercedes Sosa há 12 anos.


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VARIEDADES

Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

CIÊNCIA, COISA BOA! É MAIS RÁPIDO PREPARAR UM CAFÉ NA SERRA OU NA PRAIA?

Nossos direitos

Freepick

NEGATIVAÇÃO DO NOME POR DÍVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA

Tem quem prefira passear no alto da serra. Curtir uma cachoeira, um friozinho. Outros não trocam o feriado na praia por nada. Eu, que não tenho lado nessa questão, mas que amo um café, entrarei na brincadeira dessa grande polêmica só pelo bem da divulgação científica. As opções para o feriado são: casa na Serra da Mantiqueira, a 2 mil metros de altitude, ou em Vitória, ao nível do mar. Em qual das duas a água do café ferverá mais rápido? Você deve se lembrar da escola que a água ferve a 100°C, certo? Mas esse valor vale só para regiões ao nível do mar. Pois a temperatura de ebulição de uma substância varia com a pressão que é exercida sobre ela. Os átomos vibram constantemente. Quanto mais calor, mais rápida essa vi- Com uma bração. Se ela for grande o suficiente, os pressão menor, átomos se afastarão tanto uns dos outros que a substância assumirá o estado gaso- os átomos da so. Mas essa vibração é dificultada pela água se agitam pressão que os átomos sofrem. Quan- mais facilmente to maior a pressão, mais difícil será para eles vibrarem. Na superfície da Terra estamos sempre sujeitos à pressão da atmosfera. Temos o peso de quilômetros de ar sobre nossos corpos. Só a Troposfera, primeira camada da atmosfera terrestre (e que concentra 90% de sua massa), possui em média 12 quilômetros de espessura. Em um local a 2 mil metros de altitude há menos ar sobre sua cabeça do que ao nível do mar. Assim, a pressão atmosférica é menor quanto maior é a altitude. Com uma pressão menor, os átomos da água se agitam mais facilmente e atingem o estado gasoso mais rápido, em uma temperatura menor. Em nossa casinha na Serra da Mantiqueira, a água ferverá a aproximadamente a 93°C. Logo, meu cafezinho ficará pronto mais rápido lá do que na praia. O que pode significar uma ligeira economia de tempo e de gás. Em locais de maior altitude, esse efeito é ainda maior. Para se ter uma ideia, em La Paz, capital da Bolívia, que está a 3,6 mil metros de altitude, a água ferve a cerca de 87°C; e no topo do Monte Everest, com seus 8,8 mil metros, o mesmo ocorre a 72°C. Na panela de pressão utilizamos a estratégia contrária. Mantemos o ar preso, o que cria uma pressão interna na panela de até o dobro da pressão atmosférica ao nível do mar. Assim, o ponto de ebulição da água será maior do que 100°C. Ou seja, a água que colocamos dentro da panela se manterá líquida a temperaturas que chegam a 120°C, o que facilita o cozimento dos alimentos. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

As dívidas por pensão alimentícia podem gerar a negativação do nome do devedor, caso haja atraso no pagamento das parcelas. A previsão existe no Novo Código de Processo Civil e também por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Assim, caso haja atraso no pagamento da pensão, é necessário acionar a Justiça para que seja feita a cobrança judicial. Vale lembrar que ter o nome negativado pode prejudicar a

contratação de financiamento de imóveis, veículos, a realização de algumas compras a prazo, dentre outras consequências. A medida de prisão continua valendo para os casos em que não houver o pagamento a partir de três parcelas sem justificativa para a inadimplência. Todas essas medidas têm o objetivo de forçar o pagamento da pensão, amparando a pessoa assistida pelos alimentos.

Jonathan Hassen é advogado popular

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Corro risco de engravidar usando DIU? Naiara Guimarães, 33 anos, jornalista Existe um pequeno risco sim, Naiara. Qualquer método contraceptivo tem uma chance de falha. Existem modelos variados de DIU, os mais comuns no Brasil são o DIU de cobre (que está disponível no SUS), com 0,7% de risco de falha, e o DIU hormonal, com 0,2%. Porém, esse risco de falha é bem menor do que o apresentado pelos outros métodos. A pílula de uso diário, por exemplo, tem risco entre 6 e 9% de falhar. Você pode associar o uso do DIU com a camisinha. Com isso, além de reduzir ainda mais o risco de engravidar, você se protegerá das infecções sexualmente transmissíveis. O DIU de cobre deve ser trocado a cada dez anos e o hormonal a cada cinco anos. É importante a avaliação periódica de um profissional de saúde durante o uso.

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Se você tem alguma dúvida sobre saúde e vida saudável, manda um zap para mim! O número é (31) 9 8468.4731.


Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

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www.malvados.com.br

SOPA FRIA DE BETERRABA (BORSCHT)

Separamos aqui uma combinação infalível para você conquistar o coração da sua parceira. Trata-se da junção entre limpeza e um bom jantar. Em outras palavras, a demonstração de afeto e cuidado. Pode ter certeza que é a melhor declaração!

Freepick

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Duas As armas do à base de cidades Vale do vírus Itajaí (SC)

© Revistas COQUETEL

(?) Freud: o Pai da Psicanálise

Mal de (?), causa comum de demência na terceira idade Farra; pândega

Reles; Processo alterado ordinários com a Revolução Industrial Preocupação da (Econ.) pessoa vaidosa

Energia "analisada" por videntes

Estação (de trem), em francês

Executor da pena de morte

(?) Solo, personagem de "Star Wars" (Cin.)

Instituição cultural como o MAR ou o MAM Fraqueza de Pinóquio (Lit.)

Fluido da cebola que induz o choro

Fase do sono Detecta cardumes Novak Djokovic, tenista sérvio Órgão de respiração de peixes

Farinha de amido de milho Sufixo de "célula" Estado de impaciência

(?) Mautner, diretora de TV

Código Penal (sigla) (?) Bello, atriz Irara (Zool.)

Recurso de GPSs Doença cardíaca Sonho malogrado da Seleção em 2014

Ingredientes

A carga tributária, para as empresas

½ kg de beterraba cozida 400 ml de água gelada (pode ser a do cozimento da beterraba) 2 laranjas 100 g de iogurte natural sem açúcar Sal e salsinha a gosto

Agência que regula o valor da conta de luz

Alimento natural do boi "A (?) Catarineta", auto português

Disfarce usado por bandidos Centro estético Apelido de José Mujica

Quantia, em inglês "Eu (?)", sucesso de Legião Urbana

Expressão da criança que não quer comer

Modo de preparo

Elétronvolt (símbolo)

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Solução B A L U M M E N A G U H E G M A S P V A R

E X A S P E R O S I G M U N D

C A P I M U L A S T O O

A L O G Z A H A N E U D I R A M A I E A R A M AP S O P A R A A M E E C E L A N

V I C A S P G A E A R R E S E N O C N A I A A R O N A O U N S E A E S E L

M A P R O D U T I V O TE

S I S

BANCO

Invenção postal inglesa (1840)

3/han — rem. 4/gare — pepe. 6/amount. 7/papa-mel — sigmund. 8/varicela. 10/biológicas.

Catapora (Med.) (?) Polanski, cineasta

1. Bata as beterrabas no liquidificador junto com a água; 2. Acrescente o suco de laranja, o iogurte e bata até ficar homogêneo; 3. Tempere com sal e use a salsinha para decorar.


14 CULTURA 14

Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021 Divulgação

Cidades mineiras recebem oficinas gratuitas de audiovisual e fotografia CINEMA Programação do Cine Clube Social segue nas cidades de Cláudio e Cordisburgo

Corpos em movimento A 6ª Mostra Curta Dança acontece até o dia 29 de novembro com espetáculos e ações formativas apresentados gratuitamente no YouTube e no Instagram. Neste ano, o evento apresenta várias vertentes da dança, com coletivos, bailarinos, estudantes, professores e artistas de diferentes lugares da América Latina. Ao todo, a programação conta com 24 trabalhos, divididos em quatro categorias: livre, produção em quarentena; vídeodança e curta duração. Além disso, o evento reúne residências artísticas, oficinas de formação e bate-papos. Mais informações em @curtadancabh e no YouTube.

Redação As cidades mineiras Cláudio e Cordisburgo recebem a programação do Cine Clube Social nos dias 26 e 27 de novembro, e 2 e 3 de dezembro, respectivamente. Em Conselheiro Lafaiete, já aconteceram oficinas na última semana. A iniciativa é promovida pelo Coletivo Noite de Cinema, viabilizada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e tem o objetivo de abordar temas sociais e culturais por meio do audiovisual. O Cine Clube Social, que já é realizado há cerca de dez anos nas periferias das cidades de Minas Gerais, oferece oficinas, formações e exibição de curtas nacionais para as comunidades.

O evento é gratuito e, nesta edição, retoma suas atividades presenciais. Confira a programação: Claúdio 26/11: Oficinas de introdução à fotografia - 9h às 13h e 14h às 18h As oficinas são gratuitas e acontecem na Escola Estadual Presidente Tancredo Neves (Rua São Francisco, 301, Bairro Boa Vista). As inscrições devem ser feitas na secretaria da escola. Também haverá exibição pública de curtas nacionais nos dias 26 e 27, com sessões às 18h e 20h, na Escola Municipal Maria dos Anjos Amorim (Rua Francisco Martins de Amorim, 35, Bairro Santa Cruz).

Cordisburgo 2/12 oficinas de introdução ao audiovisual - 8h às 11h30 Oficinas de introdução à fotografia - 14h às 18h 3/12: Oficinas de introdução ao audiovisual - 8h às 11h30 Oficinas de introdução à fotografia - 14h às 18h No dia 2, as atividades acontecem na comunidade da Lagoa e, no dia 3, serão no auditório do Centro de Atendimento ao Turista - CAT (Avenida Padre João, 622). As inscrições são gratuitas e devem ser feitas nos locais. Nos dois dias, haverá exibição pública de cinema, em frente ao CAT.

Festival de Arte Negra de BH O Festival de Arte Negra de Belo Horizonte (FAN) acontece entre os dias 4 e 12 de dezembro, em diferentes espaços da capital, com atividades presenciais e virtuais. Neste ano, o evento apresenta o tema “Muvuca de Pretuntu” e apresenta, como novidade, a união de artistas, de linguagens diversas, nas “Muvucas Artísticas”, espaços de criação colaborativa e apresentação de espetáculos inéditos. Até 28 de novembro, estão abertas as inscrições para a residência artística Afro Butoh Nzila ti N’gombe, ministrada por Benjamin Abras, com participação de Cátia Costa e Mukanya. A residência é gratuita e serão selecionadas 20 pessoas. Toda a programação é gratuita. Mais informações em pbh.gov.br/fanbh.


Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

PAPO ESPORTIVO

A final mais imprevisível de todos os tempos

ESPORTE

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Em Mundial, 8 dos 23 atletas brasileiros são de Uberlândia Divulgação /Futel

Marcelo Cortes / Flamengo

Luiz Ferreira Rubro-negros e palmeirenses do céu e da terra vão estar com os nervos à flor da pele no sábado (27), com a decisão da Copa Libertadores da América. Esta, meus amigos, é a única certeza que este colunista tem sobre o confronto dos últimos dois campeões do torneio interclubes mais importante do continente. Qualquer outra coisa a ser dita sobre o último capítulo da busca pela “Glória Eterna” não passa de uma mera tentativa frustrada de se transformar no Professor Xavier por alguns minutos e “ler a mente” de Abel Ferreira e Renato Gaúcho. Simplesmente porque esta é a decisão mais imprevisível de todos os tempos. De um lado, temos um Palmeiras mais inteiro e mais organizado taticamente e que conta com quase toda a base do título de 2020, conquistado em cima do Santos. Por mais que o Verdão não venha de bons resultados no Brasileirão, a impressão que fica é a de que Abel Ferreira sempre tem uma carta na manga, um trunfo escondido naquela pranchetinha. Lembram dele pedindo calma e concentração para seus jogadores depois que o Atlético-MG abriu o placar no jogo de volta das semifinais? Pois é.

Do outro, temos um Flamengo completamente dependente do talento individual dos seus jogadores. Não que isso seja ruim, mas o grande problema está naquele momento em que Renato Gaúcho precisa fazer uma alteração mais tática, surpreendendo o adversário. E os desfalques dos últimos jogos da equipe no Brasileirão escancararam a mesmice do treinador rubro-negro na hora de mexer no time. Sem contar que a transição defensiva é um dos problemas mais graves do Flamengo comandado por Renato Gaúcho. Justo um dos pontos que podem ser explorados à exaustão pelo contra-ataque altamente organizado do Palmeiras de Abel Ferreira. O que isso quer dizer? ABSOLUTAMENTE NADA.

Pode ser que o Fla se imponha na base da qualidade individual. Pode ser que o Palmeiras domine o jogo com organização e intensidade nos contra-ataques. E pode ser que o jogo se arraste até uma decisão por pênaltis. Seja como for, é a decisão mais imprevisível de todos os tempos. Não existe possibilidade de se prever o que vai acontecer no próximo sábado (27).

A partir de sábado (27), paratletas do Clube Desportivo para Deficientes de Uberlândia (CDDU) participam do Campeonato Mundial de Para Halterofilismo 2021, em Tbilisi, na Geórgia. O torneio vai até o dia 5 de dezembro. No primeiro dia, acontecem as disputas da categoria júnior (com até 20 anos). segundo dia (28), as disputas da categoria sênior (mais de 20 anos).

A delegação brasileira enviou 23 atletas para a disputa, dos quais oito são da cidade de Uberlândia. “Estamos otimistas, pois os paratletas estão muito bem preparados e têm grandes chances de voltar ao Brasil com medalhas”, afirma Weverton Santos, treinador da equipe e profissional de educação física da Fundação Uberlandense do Turismo, Esporte e Lazer (Futel).

Atletas da UFMG brilham em Sul-Americano

Quatro atletas de ginástica aeróbica da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG, sob o comando dos treinadores Kátia Lemos e Pedro Amorim, brilharam em provas individuais do Sul-Americano de Ginástica Aeróbica. Os ginastas Leonardo Braga e Júlia Pessoa subiram ao topo do pódio nos individuais masculino, dupla e trio. Laura Silva

Fabiano Guieiro

faturou o ouro no trio e Ludmila Medeiros ficou com a prata no individual feminino juvenil. Leonardo, Júlia e Laura também ficaram em primeiro lugar no infanto juvenil. Foi a primeira competição internacional da equipe após o início da pandemia. Em dezembro, a dupla Lucas e Rebeca participa do Pan-Americano na categoria adulta. (Com informações da EEFFTO)


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Belo Horizonte, 26 de novembro a 2 de dezembro de 2021

Gol fora de casa não será critério de desempate, anuncia Conmebol O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, anunciou nesta quinta (25) que não vai mais utilizar o “gol do visitante” como critério de desempate em suas competições de clubes. Desta forma, todos os gols passam a ter o mesmo valor. A decisão vale para as copas Libertadores e Sul-Americana, a partir do ano que vem. A mesma medida já havia sido tomada no final de junho pela UEFA, entidade respon-

Até o fechamento desta edição, ainda não havia ter-

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Fifa /AFP Conmebol

minado o jogo entre Cruzei-

sável pelo futebol europeu.

ESPORTES

ro e Náutico, pela última rodada do Brasileirão série B.

“Dizer obrigado não será o suficiente. Que sorte a minha em ter jogado ao seu lado, uma pessoa extraordinária com um talento indiscutível! Foi um privilégio” Sissi (esquerda), ex-jogadora e uma das melhores meiocampistas da história do Brasil, homenageando a colega Formiga (direita), que encerra sua carreira na Seleção.

Gol contra O time feminino do Avaí Kindermann foi extinto pela família que controlava a equipe. Segundo os Kindermann, a chance de o time disputar o Brasileirão série A em 2022 é o Avaí Futebol Clube assumir toda a estrutura da equipe feminina.

O Atlético-MG é bicampeão mineiro feminino. Pela segunda vez consecutiva, a equipe alvinegra bateu o Cruzeiro na final, desta vez, por 1 a 0, com gol da venezuelana Dayana. O jogo aconteceu no Mineirão.

Aflição e penitência

Retomar o fôlego!

@ANDREFIDUSI

Gol de placa

NA TABELA FALTAM 4 JOGOS, MAS PARECE QUE ESSE CAMPEONATO É INFINITO!

Nem o arroz com feijão

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Wallace Oliveira

Após praticamente garantir a sua permanência na primeira divisão, o América deu uma pequena relaxada nas duas últimas partidas. Sem a mesma concentração, organização e segurança que vinha demonstrando nos jogos anteriores, o Coelho perdeu pontos importanDecacampeão tes na luta por uma sonhada vaga na Libertadores. Mas ainda dá tempo! Se retomar a motivação, é plenamente possível vencer três dos quatro jogos que faltam e, assim, ficar entre os oito primeiros - o que garante vaga na maior competição do continente, já que, com os brasileiros vencendo a Libertadores e a Copa do Brasil de 2021, irão surgir duas novas vagas via Brasileirão. Seria um sonho, algo para, definitivamente, mudar o Coelhão de patamar!

A aflição pela comemoração é normal. São cinco décadas de espera. Controlar a ansiedade é quase impossível. Mesmo com elenco acima da média, a euforia se mistura com a cautela. Faltam apenas duas vitórias. Certo. Ainda nãoÉaconteceram. Fluminense, no Galo doido! fim de semana. Bahia, em Salvador, dia 2. Antes, todo alvinegro vai secar o Flamengo contra o Ceará. Tudo é possível, apesar da vantagem do Galo. Acredito que o título acontecerá. Com todas as controvérsias, montamos um elenco vencedor, sob o comando de um treinador competente. Ele aprendeu a escutar e se curvar diante de opiniões divergentes. Ousado e pragmático, ao mesmo tempo. Veio para fazer história. Só não sei se vai conseguir seguir a pé até Congonhas.

O Cruzeiro encerra o ano do Centenário pior do que começou. Independentemente do resultado do jogo com o Náutico na quinta (25), o clube teve mais tempo para se planejar e montar um time melhor do que em 2020, mas fez uma campanha pior. Luxemburgo assuLa Bestia Negra miu lutando contra a possibilidade de rebaixamento e fez o que pôde para tentar o acesso ao G4, mas a falta de direção para o clube, com salários atrasados e um péssimo planejamento, impediu que os esforços se traduzissem em resultados dentro de campo. Que 2022 seja um ano melhor, que o Cruzeiro faça o arroz com feijão que se espera de um grande clube e que aproveite as oportunidades para retornar ao lugar de onde nunca deveria ter saído.

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