Edição 372 do Brasil de Fato MG

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Luciana Castro

Dia de luta das mulheres terá protestos Brasil passa por desemprego e alta nos preços de quase todas os produtos básicos e quem sofre mais são elas. 8 de março terá atos de rua contra os governos federal e estadual EDIÇÃO ESPECIAL

MG Minas Gerais Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022 • edição 372 • brasildefatomg.com.br • distribuição gratuita Daniel Leal / AFP

O que está em jogo no conflito entre Rússia e OTAN na Ucrânia

A Rússia denuncia que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e os Estados Unidos romperam o acordo de não incorporar novos países em regiões de fronteira com o país. A Rússia pede garantias de que a Ucrânia não entrará para a Otan, o que levaria ao posicionamento de armas dos EUA perto de suas fronteiras. Os EUA e seus aliados anunciaram sanções. Especialistas acreditam que retaliações serão pouco eficazes. Entenda as consequências para o mundo e o Brasil I MUNDO 2, 6 E 11

Brasileirão feminino vai começar

CBF divulga jogos da primeira fase. Atlético estreia contra Palmeiras, Cruzeiro pega o Grêmio ESPORTES 16

Servidores da segurança protestam contra Zema

Governador não consegue acordo com trabalhadores e novo ato acontece na sexta (25) MINAS 5

Quatro mitos sobre vacinação infantil Metade das crianças mineiras, entre 5 e 11, anos se imunizaram contra a covid -19 CIDADES 4


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OPINIÃO

Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

EDITORIAL

Contra a política da guerra, um projeto coletivo

ESPAÇO DOS LEITORES “Um governo que não tem compromisso com a questão ambiental e muito menos com a população atingida pelo desastre da Vale” Celso Rodrigues sobre o artigo “Rodoanel na RMBH (MG): megaprojeto devasta lado oeste da Serra do Rola Moça”, de Alenice Baeta -“Nesta pandemia, a Rede Minas prestou um serviço essencial com as aulas pela TV” Claudio Marques França comenta a matéria “Sem avanço nas negociações, trabalhadores da Rede Minas decidem manter greve” -“Parabenizo a todos, adoro este jornal” Rozana Nunes Martins comenta a divulgação do curso online “Jornalismo em 2022”, oferecido pelo Brasil de Fato MG -“Vergonha. Zema nunca foi político, mas já chegou no cargo com postura e prática corruptiva, imagina se fosse político há mais tempo? Minas nem existiria mais! Rosilene Reis sobre a capa da edição 371 do Brasil de Fato MG, cuja manchete é “CPI: Partido Novo, de Zema, fez uso político da Cemig” -“Essas mineradoras estão nos matando” Aline Rafaella Lobão comenta a matéria “Santa Bárbara (MG): rio pode estar sendo contaminado por metais pesados da mineradora Anglogold”

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O mundo parece que vai de mal a pior. Sem contar a pandemia, que já causou a morte de quase 6 milhões de pessoas, temos a notícia recente sobre a ação do exército russo na Ucrânia em resposta à expansão militar dos Estados Unidos, por meio da OTAN, na região. Há entre o povo brasileiro uma sensação de impotência e de falta de esperança. Esse sentimento é um pouco inevitável, visto o crescimento generalizado do pensamento fascista, aliado a disputas econômicas incessantes, ao avanço sobre os territórios e à violência sobre as populações. Este momento histórico, que exacerba o autoritarismo e a violência, também indica uma tarefa que parece primordial: é preciso transformar radicalmente a política.

A política de que precisamos ainda precisa ser gestada Historicamente, homens brancos do centro do capitalismo mundial, Europa e Estados Unidos, principalmente, têm conduzido guerras e invasões. Seria curioso, se não fosse absurdo. Aliás, a guerra parece ser uma linguagem masculina, considerando, obviamente, uma noção de “masculino” construída a partir de valores de uma sociedade patriarcal, racista e capitalista. A política de que precisamos, portanto, tanto no Brasil quanto em todo o mundo, ainda precisa ser gestada.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Paraná e em Pernambuco. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

Nas lutas coletivas, saibamos reconstruir Quando olhamos para trás, sabemos que muitas organizações, movimentos populares, partidos políticos, se empenham para reconstruir a nossa política. Devemos aprender com isso. Mas ainda tem algo que precisa vir a ser. Um novo projeto de Brasil E é justamente pensando nisso que não podemos nos render ao cansaço. Quanto mais cansados, mais vulneráveis, mais submissos, mais explorados. O caminho é árduo e cheio de vai e volta, mas, nunca, ninguém disse que é fácil se rebelar. Pelo contrário, a insubordinação é dolorosa, mas ganha encanto e fica mais simples no coletivo. É o olhar no olho, é estar perto, errando e acertando, chorando e rindo, cuidando e sendo cuidada, que faz da luta cotidiana um alívio no coração. Talvez para vencer a política da guerra, seja necessário um pouco de amor mesmo. Para reconstruí-la, talvez sejam necessárias novas perspectivas das coisas do mundo, novas noções sobre o tempo, o sujeito, as lutas e as resistências. Um novo projeto de Brasil, que seja popular, feminista e antirracista não será possível com essa política que tem na guerra, na violência e na ausência de democracia, pilares fundamentais. As janelas da história se abrem, saibamos fazer as perguntas corretas. Nas lutas coletivas, saibamos reconstruir.

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conselho editorial minas gerais: Aruanã Leonne, Beatriz Cerqueira, Bernadete Esperança, Bruno Abreu Gomes, Ênio Bohnenberger, Felipe Pinheiro, Frederico Santana Rick, Helberth Ávila de Souza, Jairo Nogueira Filho, Jefferson Leandro, Joana Tavares, João Paulo Cunha, Joceli Andrioli, Jô Moraes, José Guilherme Castro, José Luiz Quadros, Juarez Guimarães, Laísa Campos, Marcelo Almeida, Makota Celinha, Maria Júlia Gomes de Andrade, Milton Bicalho, Neila Batista, Nilmário Miranda, Padre Henrique Moura, Padre João, Pereira da Viola, Renan Santos, Robson Sávio, Rogério Correia, Samuel da Silva, Talles Lopes, Titane, Valquíria Assis, Wagner Xavier. Edição Geral: Larissa Costa (Mtb 22066/MG) Subedição: Amélia Gomes, Elis Almeida, Frederico Santana, Rafaella Dotta e Wallace Oliveira Redação: Amélia Gomes, Ana Carolina Vasconcelos, Maria Paula Araújo , Rafaella Dotta e Wallace Oliveira. Colaboração: André Fidusi, Anna Carolina Azevedo, Débora Borba, Joana Tavares, Marcelo Gomes. Colunistas: Antônio de Paiva Moura, Beatriz Cerqueira, Bráulio Siffert, Eliara Santana, Fabrício Farias, Frei Gilvander Moreira, Iza Lourença, João Paulo Cunha, Jonathan Hassen, José Prata Araújo, Luiza Dulci , Macaé Evaristo, Makota Celinha, Moara Saboia, Portal do Bicentenário da Independência, Renan Santos, Rogério Hilário, Rubinho Giaquinto, Sofia Barbosa, Tarifa Zero Administração e distribuição: Luiz Paulo Macedo Alves e Vinícius Moreno Nolasco. Diagramação: Tiago de Macedo Rodrigues. Revisão Luciana Santos Gonçalves Tiragem: 15 mil exemplares. Razão social: Associação Henfil Educação e Comunicação


Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022 Guilherme Gandofi

Declaração da Semana Sabe aquela máxima de que a revolução será feminista ou não será? Pois bem, o ‘Fora Bolsonaro’ ou será feminista ou não será! E vamos juntas colocar todas as nossas forças no 8M

GERAL

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Números da Semana

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mulheres são vítimas de feminicídio por dia no Brasil, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Se é violência contra a mulher, a gente mete a colher Pollyana Bitencourt _ Agencia Minas

Rosa Amorim, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e diretora de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), pelo Twitter.

O aplicativo MG Mulher é uma plataforma que orienta e informa mulheres que sofrem violência doméstica. A iniciativa oferta uma lista dos locais de funcionamento de serviços voltados à proteção e orientação das mulheres em Minas Gerais e disponibiliza conteúdos textuais, áudio e vídeo sobre o assunto. Ainda, permite criar uma rede de contatos para que a vítima possa, com apenas um clique, acionar, via SMS, as pessoas cadastradas quando vivenciar qualquer situação de risco ou perigo. O aplicativo está disponível para download gratuito na AppStore e no GooglePlay.

Não se cale, denuncie!

Divulgacao /PBH

Em Belo Horizonte, as denúncias podem ser feitas presencialmente a qualquer hora do dia, no Centro de Apoio às Vítimas de Violência Intrafamiliar de Belo Horizonte (Caviv), na Rua Espírito Santo, 505, no Centro, ou pelo telefone (31) 3277-9761. A Central de Atendimento à Mulher, no número 180, também recebe denúncias 24 horas por dia. Nas demais cidades mineiras, é possível procurar ajuda em qualquer delegacia da Polícia Civil. Também é possível pedir socorro à Polícia Militar, pelo 190.


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CIDADES

Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

Quatro mitos sobre a vacinação infantil contra a covid-19

Mito 3: a vacina causa mais efeitos colaterais

DOSE DE ESPERANÇA Para especialista, reações como a miocardite, propagadas em fake news, são mais frequentes na covid-19 do que na vacina Marcos Pastich /PCR

Ana Carolina Vasconcelos “Eu senti um pouco de medo da agulha. Mas eu tomei mesmo assim porque eu acho que a vacina é importante para nos proteger de uma doença perigosa, que às vezes até mata pessoas”. Esse é o relato de Helena Amaral Macedo, de 7 anos. A menina tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19 no dia 21 de janeiro. Já Antonio Buono Ribeiro, também de 7 anos, ao ser questionado pelo Brasil de Fato MG se a vacina é importante, respondeu de forma enfática: “muito, porque você fica mais imunizado e você pode ter contato com outras pessoas, se elas também estiverem com a vacina”. Dois anos mais novo, Hugo Zampier Montemor conta que se assustou um pouco com a picadinha, mas que valeu a pena. “Eu chorei um pouco, mas está tudo bem”, disse o menino em tom de felicidade. Mesmo com a pouca idade, Helena, Antonio e Hugo já compreenderam a importância de se imunizarem contra a covid-19. Porém, muitas crianças entre 5 e 11 anos ainda não se vacinaram. Segundo informa-

“Acho que a vacina é importante para nos proteger de uma doença perigosa”, diz criança

MITO1: criança não pega covid-19

Desde o início da pandemia, cerca de 1.500 crianças brasileiras morreram devido à covid-19 ções do governo estadual, metade do público infantil já recebeu a primeira dose da vacina em Minas Gerais. Isso significa que cerca de 900 mil crianças com idade entre 5 e 11 anos já foram às unidades de saúde em busca de proteção. No entanto, o número ainda é considerado baixo, já que, em todo o estado, aproximadamente 1,8 milhão de meninos e meninas dessa faixa etária estão aptos a receberem a vacina. Desconfiança e medos de efeitos colaterais são alguns dos fatores que têm dificultado o avanço da vacinação das crianças. Para especialistas, esses fatores, na verdade, são mitos que fazem parte de uma intensa campanha de desinformação.

Desde o início da pandemia, cerca de 1.500 crianças brasileiras, de 0 a 11 anos, morreram devido à covid-19, segundo informação da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19. O Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, no final de janeiro, atingiu a ocupação de 100% de seus leitos, devido ao alto número de crianças que apresentaram sintomas de síndromes respiratórias. Para o endocrinologista pediátrico Cristiano Túlio Maciel, a vacinação reduziria a chance de complicações em caso de contaminação pelo vírus. “Grande parte dessas crianças que foram a óbito e mais de 5 mil que ficaram com sequelas, principalmente cardíacas, respiratórias e neurológicas, são casos que poderiam ter sido evitados”, declara.

Mito 2: a vacina não é segura Devido à rapidez com que foi desenvolvida, muitas pessoas acreditam que a vacina ainda é experimental, mesmo tendo sido aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para a aprovação, a Anvisa considerou estudos realizados por especialistas de todo o mundo que comprovaram a segurança, a capacidade de imunização e a eficácia da vacina para crianças de 5 a 11 anos de idade. Órgãos de controle europeus, estadunidense e australianos também comprovaram a segurança e eficácia da vacina. Para Cristiano, a rapidez com que foi desenvolvida se deu por causa dos esforços da ciência e do aumento de financiamento. “Foi uma vacina desenvolvida com agilidade sim. Mas não foi a toque de caixa, pulando etapas de segurança. Foram feitos todos os testes e pesquisas”, afirmou.

Um relatório, divulgado em 31 de dezembro de 2021 pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, demonstrou que, em uma amostra de 8,7 milhões de doses aplicadas em crianças da faixa etária, foram notificados 4.249 casos adversos. Os dados demonstram que, do total de crianças vacinadas, apenas 0,049% apresentaram reações fora do comum. Normalmente, as crianças vacinadas sentem dor no braço ou cansaço. Cristiano ressalta que vacinas e medicamentos, de modo geral, podem apresentar efeitos colaterais. Mas que, em sua maioria, são efeitos leves, como dor de cabeça ou febre baixa. “A taxa de complicações nas vacinas contra a covid-19 são as mesmas ou até mais baixas do que de outras vacinas”, relata.

Mito 4: crianças morrem após tomarem a vacina Outra informação que vem circulando, principalmente na internet, é a de que crianças têm vindo a óbito após serem vacinadas contra a covid-19. Porém, no dia 16 de fevereiro, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, afirmou à Agência Senado que não existe comprovação de nenhuma morte de criança, em decorrência da vacinação contra a covid-19. “Não tem nenhum óbito registrado em nenhum lugar do mundo na faixa etária. E os eventos adversos, que têm sido pontuados por divulgadores de fake news, como a miocardite, são muito mais frequentes na covid -19 que no uso de vacinas”, informou.


Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

Segurança rejeita proposta de Zema e convoca novo ato para sexta (25) GREVE Servidores cobram recomposição salarial e derrubada do projeto de adesão ao Regime de recuperação Fiscal Guilherme Bergamini / ALMG

Wallace Oliveira “É um absurdo essa proposta de reajuste de 10%. Já temos uma perda inflacionária desde 2015. Em 2019, fizemos um acordo com o governador, prevendo uma parcela de 13% e outras duas de 12%. Ele não cumpriu as duas últimas, tentamos negociar e ele não conversou com a gente até hoje. E o valor é bem menos que a metade da recomposição. Isso caiu como uma bomba para a categoria”, afirma o investigador Wemerson Oliveira, assessor do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindipol). O Sindipol e as demais entidades que estão à frente da greve na segurança pública não concordaram com a proposta feita pelo governador Romeu Zema (Novo) na tarde desta quinta (24), de uma revisão salarial de 10% para os servidores, com vigência a partir de maio. De acordo com o governador, a proposta seria encaminhada à Assembleia Legislativa com pedido de urgência. Para a manhã desta sexta-feira (25), os sindicatos convocaram um novo ato, marcado para a Cidade Administrativa. Na segunda (21), policiais civis e militares, agentes penitenciários e profissionais da área administrativa já haviam saído às ruas, em manifestação que deflagrou a greve, somando

cerca de 30 mil pessoas, segundo os organizadores. Regime de Recuperação Fiscal: troca desvantajosa Ao fim da manifestação da segunda-feira, representantes das categorias entregaram ao presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV), um manifesto contra a adesão de Minas ao Regime de Recuperação Fiscal, prevista no Projeto de lei (PL) 1202/2019, do poder Executivo. Caso esse projeto seja aprovado, o es-

Valor proposto por Zema é menos da metade do reivindicado

tado ficará sob controle de um conselho supervisor da União e reajustes serão proibidos por nove anos. Em outubro de 2021, Zema encaminhou à Assembleia um pedido de urgência para a tramitação do PL 1202, o que impede que outras matérias, como a recomposição salarial dos servidores, sejam votadas no plenário. Ao anunciar a revisão de 10% para o funcionalismo, o governador prometeu que retiraria o pedido de urgência do RRF, mas, até a noite da quinta-feira, isso ainda não havia ocorrido. No início da semana, Zema prometeu o reajuste de 10%, sob a condição de que o Regime de Recuperação Fiscal seja aprovado. Para os servidores da segurança, essa troca não é vantajosa. “A proposta dele não

vai recompor todas as perdas desde 2015, só o índice inflacionário de 2021, de 10%. Mas, mesmo que houvesse a recomposição, com o Regime, nós perderíamos tudo isso nos próximos nove anos”, argumenta Wemerson Oliveira.

Categoria tem perda com inflação desde 2015

Outro lado A reportagem tentou contato com a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) e a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Minas Gerais, mas, até o fechamento da edição, não obteve resposta.

MINAS

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Governo encaminha à Assembleia proposta de revisão salarial O governo de Minas encaminhou à Assembleia Legislativa, na quinta (24), uma proposta de revisão salarial dos servidores do estado em 10,06%, isto é, o equivalente à inflação oficial de 2021, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O valor não é um reajuste, já que ele não aumenta o poder de compra dos salários, apenas repõe as perdas do último ano. Para a professora Denise Romano, coordenadora do Sindicato Únicos dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), o foco da categoria, que é a maior do estado, ainda é a luta pelo pagamento do piso salarial nacional da educação, fixado em R$ 3.845,63. Há quase cinco anos, trabalhadores da rede estadual de ensino recebem, como vencimento básico, apenas R$ 1.982,50. “Nossa categoria está mobilizada e vai paralisar no dia 8 de março, numa assembleia em Belo Horizonte, com indicativo de greve. Somente em 2022, o reajuste do piso foi de 33%. Temos uma lei federal que garante o piso, e uma lei estadual que regulamenta”, afirma Denise.


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MINAS

Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

Petróleo dispara e Petrobras já fala em aumentar combustíveis e lucro de acionista CUSTO DE VIDA Preço do barril passou de 100 dólares e deve influenciar custo do transporte no Brasil

Filipe Araujo /AFP

Vinicius Konchinski O início de uma operação militar russa na Ucrânia na madrugada de quinta-feira (24) fez com que o preço do petróleo no mercado internacional disparasse. O barril do óleo tipo Brent passou a valer mais de 100 dólares pela primeira vez em sete anos e chegou a alcançar a casa dos 105 dólares. O aumento do petróleo influencia diretamente o custo dos combustíveis. Só durante 2021, o preço do petróleo subiu 38% – de 44 para 60,90 dólares. Nesse mesmo período, o preço médio da gasolina subiu 46% nos postos, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Essa alta do petróleo, porém, ajudou a Petrobras a registrar o maior lucro de sua história em 2021. Foram R$ 106,6 bilhões em lucro líquido, alta de 1.400% em relação a 2020. O ganho foi tanto que a estatal resolveu aumentar em R$ 37,3 bilhões o valor da participação nos lucros para acionistas, totalizando R$ 101,4 bilhões. De acordo com a própria Petrobras, mais de 44% dos acionistas da empresa não são brasileiros. Os investidores brasileiros detêm cerca de 19% do capital da empresa. O governo controla outros 37% das ações. Porque os preços não param de subir? João Antônio de Moraes, ex-coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), explica que a alta no preço dos combustíveis

Lucro da empresa aumentou 1.400% às custas da população acompanha a valorização do dólar e a evolução das cotações internacionais do petróleo. “A partir de 2016, passou a se ter a prática do chamado PPI, o Preço por Paridade de Importação, e os preços não levaram mais em consideração os custos, mas o preço no mercado Internacional, apesar de serem produzidos aqui. Quer dizer, passou a ser um preço irreal. Isso levou a um aumento brutal, porque passou a ficar condicionado tanto ao preço internacional quanto ao custo do barril de petróleo cru e ao dólar. Bolsonaro passou a priorizar a distribuição de dividendos para os acionistas privados da Petrobras, isto é, ele adotou uma política para aumentar artificialmente os lucros da Petrobras às custas do sacrifício do consumidor brasilei-

ro e, com isso, facilitar o repasse aos acionistas privados e às empresas estrangeiras que atuam no Brasil”, afirma Moraes.

Moraes questiona viagem de Carlos Bolsonaro O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou no dia 23 que o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifeste sobre a investigação da viagem do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), à Rússia, na comitiva presidencial, na semana passada. Aras tem até cinco dias para se manifestar sobre o caso. A suspeita é que Carlos tenha ido à Rússia para obter informações sobre o aplicativo de mensagens Telegram, utilizado largamente pela família Bolsonaro e na difusão de notícias falsas.

PGR X Moro A Procuradoria-Geral da República irá buscar indícios de crimes supostamente cometidos pelo pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos) nas delações premiadas feitas nos últimos anos pelo Ministério Público Federal (MPF). A decisão pelo pente-fino foi tomada depois que o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), encaminhou o pedido de bloqueio de bens de Moro ANÚNCIO


especial

MG março de 2022

Mulheres contra o machismo, o racismo e a fome

A Polícia Legislativa do Congresso Nacional reprimiu com spray de pimenta, nesta quarta-feira (16), um ato pacífico puxado por cinco manifestantes contrários ao Projeto de Lei 6299/2002. Conhecido como “PL do Veneno”, o texto prevê regras que faciLeia os artigos completos no site brasildefatomg.com.br litam autorização para uso de no Brasil. No Dia Internacional de Luta das Mulheres, celebrado em 8 de março, atos acontecem em várias cidades deagrotóxicos Minas Gerais. Os manifestantes assinaram um termo de comproCom o tema “Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais”, ações denunciam a política de morte do governo federal, missoapara os fatostrabalhadoras ao Poder Judiciário e, colocada em prática por Zema no estado. Confira nossas reportagens especiais sobre vidaresponder das mulheres Estes são artigos de opinião. A visão dos autores não expressa em seguida, foram liberados. Foto: Nívia Magno / Mídia NINJA necessariamente a linha editorial do jornal Brasil de Fato


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ESPECIAL

Belo Horizonte, março de 2022

A crise econômica e social pesa mais no bolso das mulheres? DESIGUALDADE Economista afirma que a alta no preço do gás, energia e alimentos impacta mais as brasileiras, sobretudo as negras Tânia Rêgo /Agência Brasil

Amélia Gomes Quando o assunto é economia no Brasil, é assustador como o custo de vida subiu. As tarifas de água, gás e energia aumentaram drasticamente. Sem contar o preço dos alimentos, batendo recordes. O único índice em baixa é o aumento do salário mínimo que, em 2022, foi de 10,2%. Para especialistas do setor, diante da situação do país, esse reajuste é insignificante. “Tá tudo muito caro, cada dia que a gente vai no supermercado é uma surpresa, sacolão outra surpresa, carne nem se fala”, se espanta Luciene Aparecida Rodrigues, trabalhadora informal. Não é para menos, em Belo Horizonte, de acordo com o Mercado Mineiro, os consumidores podem ter que desembolsar até R$9,90 para comprar 1 quilo de tomate e R$19,90 para comprar 1 quilo de jiló. Como trabalha fazendo bolo por encomenda, Luciene compra, em média, dois

Mulheres negras chegam a receber 47% da remuneração paga para um homem branco botijões de gás por mês. E esse foi um dos grandes vilões do orçamento doméstico, com um reajuste anual de 36,99%. Mas o gás não está sozinho, a energia aumentou 21,1%, o transporte 21,03% e a gasolina quase dobrou de preço e aumentou 47,49%. Elas são maioria no mercado informal “Eu não tinha ocupação nenhuma, porque eu era faxineira e como fechou tudo, perdi minha renda. Então, comecei a fazer máscaras. E agora eu faço isso, vendo cosméticos, conserto roupas e faço bolo por encomenda”, conta Luciene. Acompanhando as taxas de reajustes nos preços dos itens básicos de sobrevivên-

cia, o índice de desemprego no país também está nas alturas, atingindo 11,1%. E, para piorar, as mulheres são a maioria entre os brasileiros desempregados ou em empregos informais, precarizados ou sem proteção social. “Além disso, os rendimentos das mulheres são em torno de 75% daquilo que ganha um homem não negro. Já as mulheres negras, chegam a receber 47% da remuneração paga para um homem branco”, explica a economista Isabela Mendes. Isabela ressalta que a instabilidade econômica somada à ausência de políticas sociais, também coloca as mulheres em vulnerabilidade social, com maior chance de vivenciar situações de violência do-

“Não está sendo nada fácil sobreviver nesta pandemia”, diz moradora da periferia de BH

méstica. “A implementação do Bolsa Família, por exemplo, que tinha como prioridade a titularidade das mulheres, teve um grande impacto no número de divórcios no Brasil e, consequentemente, no índice de violência doméstica”, diz. “Ao contrário do Bolsa Família, o Auxílio Brasil não é permanente, acaba em dezembro de 2022 e depois o cenário é de completa instabilidade”, lamenta a especialista. Sem apoio do governo “O auxílio do governo não está sendo suficiente para suprir as necessidades. Tudo aumentou muito. Não está sendo nada fácil sobreviver nesta pandemia. Estou passando por dificuldades para manter nossos filhos”, relata Taciane Cristina. Ela, que é mãe de cinco filhas, critica a falta de apoio do governo para população mais pobre do país. Moradora da Pedreira Prado Lopes, um dos maio-

res aglomerados de Belo Horizonte, cotidianamente presencia o sofrimento que as mulheres da periferia têm enfrentado. “Que as próximas pessoas eleitas cumpram as promessas e de fato olhem para o povo”, anseia a dona de casa. Infelizmente, segundo Isabela Mendes, no curto prazo, as perspectivas não são animadoras. “2022 deve seguir neste mesmo cenário, porque o conjunto de fatores que nos trouxe até aqui se mantém. Reflexo de um governo que abandonou completamente o compromisso com a vida dos brasileiros, sobretudo das mulheres”, aponta. Para a economista, a receita para reverter o atual cenário das brasileiras “obrigatoriamente” tem que ter como ingredientes políticas de geração de empregos de qualidade, soluções coletivas para os cuidados, como o aumento no número de creches, hospitais e escolas, políticas de assistência social e de combate à violência.


Belo Horizonte, março de 2022

ESPECIAL

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Violência, pobreza e invisibilidade são marcas da política de Zema para as mulheres PREOCUPANTE Lideranças afirmam que o descaso do governador não ficou apenas no discurso, mas reverberou em ações práticas Alba Martinez Ana Carolina Vasconcelos “Isso [opressão contra a mulher] que a gente poderia chamar meio que instinto natural do ser humano”. “Para a mulher que separa, fica sendo uma obsessão da vida dela destruir o ex-cônjuge”. Essas frases foram ditas publicamente pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em 2020 e 2021, respectivamente. Passados quase quatro anos de gestão, o balanço é preocupante. Às vésperas do Dia Internacional das Mulheres, lideranças afirmam que o descaso de Zema com a pauta não ficou apenas no discurso, mas reverberou em ações práticas. Para a deputada estadual e presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Ana Paula Siqueira (Rede), uma das medidas do governo que impactam negativamente a vida das mulheres foi a aprovação da reforma da Previdência estadual. “São as mulheres as mais afetadas pelo retrocesso que é a Reforma da Previdência, por exemplo, o aumento do tempo de serviço”, afirma a deputada. Sancionada por Zema em setembro de 2020, a Lei Complementar (LC) 156 estabeleceu novas regras para a Previdência estadual, que inclui também o aumento da idade para aposentadoria. Ainda segundo Ana Paula, o Conselho Estadual da Mulher de Minas Gerais (CEM), cujo objetivo é fomentar políticas públicas a favor das mulheres, ficou paralisado nos últimos anos. “É um grave problema porque o conselho

“As famílias que mais empobreceram em Minas Gerais são chefiadas por mulheres”

Para deputada, a reforma da Previdência estadual impacta negativamente a vida das mulheres é o espaço de fiscalização das políticas públicas e do direcionamento do recurso para essas políticas”, argumenta a deputada. Pobreza Um estudo realizado pelo Observatório das Desigualdades da Fundação João Pinheiro demonstrou que o aumento da pobreza marcou os últimos anos. Em nota técnica, o Observatório divulgou que, em Minas Gerais, a renda domiciliar per capita em 2019 era de R$ 1.330, caindo para

R$1.289 em novembro de 2020. O estudo demonstrou ainda que é sobre as mulheres negras a maior incidência da pobreza. Para a vereadora de Contagem Moara Sabóia (PT), enfrentar esse cenário exige um olhar amplo sobre a política. “Política para as mulheres, não é política para um setor da sociedade. É política para a maioria. As famílias que mais empobreceram em Minas Gerais são chefiadas por mulheres. A maioria, negra”, explica.

“Mulheres podem fazer outras coisas que não seja estar no lugar do cuidado”, diz vereadora

A vereadora acredita que o aumento da pobreza na vida das mulheres tem relação com a política geral aplicada pelo governo estadual no que diz respeito à geração de emprego, saúde e educação. “Você pode chegar em cada uma das cidades afetadas pela política de Zema com a mineração, por exemplo, e você verá que quem está se responsabilizando pela reconstrução da cidade são as mulheres”, completa. Mulheres na política Em muitos casos, são os espaços institucionais que definem as políticas que irão impactar positiva ou negativamente a vida das mulheres. Em toda a história da ALMG, apenas 30 mulheres foram eleitas para o cargo. Após as eleições de 2018, das 77 cadeiras disponíveis na Casa legislativa, apenas

10 foram ocupadas por mulheres. Ana Paula acredita que para mudar esse cenário é preciso incentivo. “Criamos também, recentemente, a bancada feminina que é um instrumento legislativo para dar mais voz às mulheres e, consequentemente, ajudar a gente a interferir mais nos processos políticos, com um olhar para as nossas mulheres”, explica. Sobre a pouca representação das mulheres em espaços de poder, Moara acredita que, além de não promover iniciativas para mudar essa situação, a postura do governador reforça a desigualdade de gênero na política. Ela cita o dia 8 de março de 2021, quando o governo de Minas, em parceria com a Embaixada Americana, lançou o programa TransformAction, iniciativa de capacitação profissional para mulheres. Dentre os cursos disponibilizados, estavam assistência administrativa, culinária, maquiagem e cabelereira. “Novamente, o governo deu o recado de qual é o lugar das mulheres para ele. Tem problema com os cursos? Não. Mas as mulheres podem ter outras profissões. As mulheres podem fazer outras coisas que não seja estar no lugar do cuidado”, argumenta a vereadora.


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ESPECIAL

Belo Horizonte, março de 2022

Em Minas Gerais, 8 de março será marcado por protestos de rua e ações simbólicas FEMINISMO Dia Internacional de Luta das Mulheres reivindica melhores condições de vida. Em BH, ato será na Praça da Liberdade Mídia NINJA Cobertura Mulheres Contra Bolsonaro

Rafaella Dotta As mulheres de Minas Gerais pretendem ocupar as ruas no dia 8 de março, data que marca o Dia Internacional de Luta das Mulheres. Tendo realizado ações simbólicas nos últimos anos, devido à pandemia de covid-19, neste ano, a Frente Brasil Popular Minas Gerais convoca um protesto de rua na capital mineira, na Praça da Liberdade, às 16:30. “Neste ano, nosso ato vai ser nas ruas, com muitas mulheres. Nos últimos meses, já vivenciamos atos de rua, não só em Belo Horizonte como no Brasil todo”, explica Bruna Camilo, uma das organizadoras da manifestação. O motivo para organizar um ato de rua é também, segundo Bruna, a piora da conjuntura geral pela qual o país passa. “As mulheres estão morrendo pela violência de gênero, por conta da fome, do racismo, da LGBTfobia”, lamenta. As organizadoras da manifestação avaliam que essa piora está ligada ao governo federal, de Jair Bolsonaro (sem partido), e ao governo mineiro, administrado por Romeu Zema (Novo). Assim, as principais bandeiras são a denúncia de ambos os governantes, sob o lema “Bolsonaro Nunca Mais”. Atos também acontecem em cidades do interior de Minas. A divulgação está disponível no Instagram @frentebrasilpopularmg.

Depoimentos São as mulheres que protagonizaram as campanhas de solidariedade que acontecem no país desde o início da pandemia e que se apoiaram na campanha #EmCasaSimCaladasNunca. Kívia Costa, 24 anos, estudante de geografia

Cultura presente O 8 de março deste ano, em Belo Horizonte, terá a participação de grupos culturais da cidade, que já vinham integrando manifestações feministas de forma bem forte desde 2018. Em 2019, por exemplo, mais de 30 blocos de carnaval construíram e compareceram ao 8 de março. Para o ato deste ano, já estão confirmadas a dupla Dois Lados, o grupo de samba Batuque Beauvoir, a carnavalesca Carol Nogueira (bloco Abalô-caxi) e as cantoras Amorina, Izza Gabi Salomão (bloco Pisa na Fulô) e Amanda Coimbra (bloco Lavô tá Novo). “O ato será um cortejo de alegria e luta, com muita música, batucada, anunciando que seguimos vivas e firmes”, antecipa Lara Sousa, integrante do grupo de ciclistas Terça das Manas, do bloco Truck do Desejo e aliada da Caminhada das Lésbicas e Bissexuais de BH. “O 8 de março mobiliza mulheres de variadas categorias sociais, culturais e econômicas, porque entendemos que nossos direitos

e conquistas sempre são constantemente ameaçados”, completa Lara. “Em defesa das nossas vidas” A Articulação Nacional de Mulheres Bolsonaro Nunca Mais lançou um manifesto no início de fevereiro concordando com essa avaliação. Diante do atual cenário, a carta conclama que não só mulheres, mas todos os que se preocupam com essa situação atuem para denunciar o governo federal e a figura de Jair Bolsonaro. “Somos milhões e de todos os cantos deste país! Nós nunca saímos das ruas contra Bolsonaro e nelas continuaremos em defesa das nossas vidas”, anuncia. A carta é assinada por mais de 40 movimentos e associações.

EXPEDIENTE O Brasil de Fato circula semanalmente com edições regionais, em sete estados. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e em nosso estado. Tiragem: 20 mil exemplares. www.brasildefatomg.com.br / (31) 9 8468-4731

Iremos às ruas contra a fome e contra o governo Zema, que foi conivente com a política de morte de Bolsonaro, que agride as trabalhadoras cotidianamente. Bernardete Esperança, 44, enfermeira e coordenadora da Marcha Nacional das Mulheres É a hora das mulheres irem às ruas em defesa da vida do povo brasileiro, precisamos lutar pelas vacinas, pelo auxílio às famílias. Chega de fome no nosso país. Nathália Ramos, 33 anos, enfermeira A luta feminista me deu gás para conseguir lutar por tudo que eu sonhei. O feminismo para mim é estender as mãos para aquelas que me cercam. Solange Mara, 53, professora.


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Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

Entenda o que está em jogo na ação militar da Rússia na Ucrânia GEOPOLÍTICA Conflito bélico no leste europeu envolve temas como o desenho da segurança na Europa, separatismo e energia

MUNDO

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Biden anuncia sanções conjuntas com “metade da economia global” contra Rússia Wikipedia Commons

Anatolii Stepanov / AFP

Caroline Oliveira, Michele de Mello, Serguei Monin e Thales Schmidt A Rússia alega que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e os Estados Unidos, romperam um trato firmado após a Guerra Fria de não se expandir para além de seus limites quando da queda do Muro de Berlim, em 1989. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, pede garantias de que a Ucrânia não en-

trará para a Otan, de que armas não serão posicionadas perto das fronteiras de seu país. Repúblicas de Donetsk e Lugansk Outro elemento central para o conflito é o status das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, reconhecidas como independentes pela Rússia três dias antes da operação militar. Ao anunciar a “operação mili-

tar” contra a Ucrânia, Putin disse que a Ucrânia comete um “genocídio” contra os russos do local. A movimentação separatista nas duas regiões começou após o golpe de Estado de 2014 na Ucrânia, quando estas regiões se proclamaram independentes do governo de Kiev (capital da Ucrânia) e adotaram uma Constituição própria. No mesmo ano, a Rússia anexou a Crimeia, até então parte do território ucraniano.

“A Rússia pode aguentar tranquilamente as sanções”, afirma professor da UFABC Para o professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC Paulista, Giorgio Romano Schutte, “as sanções econômicas não são nenhum impedimento” para a Rússia continuar com a ofensiva no território ucraniano. “Não há impedimento de sanções econômicas. Não há impedimento militar. Putin está com a faca e o queijo na mão”. A Rússia “pode aguentar tranquilamente as sanções. O país tem recursos econômicos, indústria bélica e energética. Esses recursos de poder colocam limites para até onde vão as sanções econômicas. Primeiro, a Rússia tem o fundo soberano e as reser-

Daniel Leal / AFP

vas internacionais, é credor, consegue aguentar por um bom tempo. Segundo, tem um déficit econômico interno mínimo. Terceiro, o

comércio com a China aumentou muito. As exportações da indústria petrolífera vão pra China, se a Europa não quiser mais”, explica.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, será um “pária” na arena internacional e sofrerá com sanções conjuntas de “metade da economia global”, afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no dia 24. A Casa Branca afirma que essas medidas terão um impacto de “longo prazo” na economia russa. “Por nossas ações e de nossos aliados, estimamos que vamos cortar mais que metade das importações de alta tecnologia da Rússia. Vamos desferir um golpe em sua capacidade de continuar a modernizar seus militares”, disse Biden. A articulação que os EUA se referem diz respeito aos paí-

ses-membros da União Europeia, Reino Unido, Nova Zelândia e Japão. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johson, prometeu um “pacote maciço de sanções econômicas projetadas a tempo de travar a economia russa”. Gasoduto interrompido Rússia e Alemanha construíram um gasoduto de cerca de R$ 54 bilhões, ligando o oeste da Rússia, passando pelo Mar Báltico, até o nordeste da Alemanha, mas teve sua certificação suspensa por Berlim após a Rússia reconhecer os separatistas ucranianos. Rússia é o principal fornecedor de gás para a Europa.

De acordo com cientista político, operação será encerrada com objetivos de Putin alcançados O cientista político Alexander Konkov, da Universidade Estatal de Moscou Lomonosov, disse que a operação iniciada na quinta (24) “será encerrada após atingir as metas. Há todas as razões para acreditar que isso acontecerá em breve. O objetivo de Putin foi declarado: desmilitarização e desnazificação da Ucrânia”. Ou seja, o presidente russo teria lançado mão de seu exército para eliminar ameaças militares e defender civis na região de Donbass. O

próprio exército russo informou que já destruiu 74 bases militares em território ucraniano. Já o número de mortos ainda é desconhecido, mas a BBC reportava no início da tarde que cerca de 10 civis e 40 militares ucranianos haviam sido mortos. De acordo com o cientista político, o que estaria em jogo é a defesa de interesses nacionais russos ignorados nas conversas com EUA e OTAN, além da defesa da população russa das repúblicas de Donbass.


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VARIEDADES

Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

CIÊNCIA, COISA BOA! A LEGALIZAÇÃO AUMENTA OU DIMINUI OS CASOS DE ABORTO?

Raul Arboleda / AFP

Nesta semana a prática do aborto foi legalizada na Colômbia. Assim, o país se tornou, junto com Argentina, Cuba, Guiana, México e Uruguai, o sexto país latino-americano a garantir o direito às mulheres. Desde o século 20, com a luta do movimento feminista, diversos países alteraram suas leis para garantir a legalização do aborto. Hoje, são 69 os que preveem a interrupção da gravidez por vontade da mulher. Há variação entre eles em relação ao tempo da gestação em que o procedimento pode ocorrer. A grande maioria desses países se encontram na América do Norte e na Europa. Ou seja, são nações ricas, de economia central. Enquanto isso, na periferia, nos países pobres da América Latina e África, muitas mulheres ainda morrem e sofrem ao se exporem a abortos clandestinos. Na grande maioria, mulheres negras e pobres. Qual é o impacto das políticas de legalização no número de abortos realizados? E como essas mesmas políticas interferem na saúde das mulheres? Diversos estudos científicos buscam responder a essas questões. De modo geral, o que se percebe nes- Morte de mulhesas pesquisas é que, em um primeiro mo- res decorrente mento, nos anos seguintes à legalização, o de aborto pratinúmero de abortos tende a aumentar. Até camente é elimique se estabilizam e depois passam a dinada com a legaminuir. A legalização do aborto geralmente vem lização acompanhada de outras políticas públicas que garantem educação sexual, acesso a métodos contraceptivos e apoio psicossocial às mulheres. Ou seja, é difícil analisar isoladamente o peso de cada iniciativa no comportamento da população. Segundo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2016, a lei não é determinante nesse debate. “Não existe diferença significativa de taxas de aborto entre países onde o aborto é legal e onde ele é limitado”, afirma a entidade. Fatores econômicos e sociais possuem um peso muito maior sobre esses dados. Paralelamente, os casos de morte de mulheres e problemas de saúde decorrentes de abortamentos caem vertiginosamente com a legalização. A garantia de aborto legal praticamente elimina esse problema de saúde pública. Isso porque a interrupção da gravidez é um procedimento simples e seguro, se feito com orientação médica. Assim, o que a análise científica dos dados tem demonstrado é que a legalização pouco interfere nas taxas de aborto, uma vez que as mesmas são determinadas por outros fatores. Porém, elas possuem um peso positivo grande sobre a saúde e a sobrevivência das mulheres. Isso deveria servir de incentivo para que mais países seguissem o exemplo de nossa vizinha Colômbia. Um abraço e até a próxima! Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

Nossos direitos SE LIGUE NA NOVA MODALIDADE DE GOLPE PELA INTERNET Recentemente, me pediram ajuda para resolver a seguinte situação: uma mulher estava em contato com um homem de outro país, que havia demonstrado interesse nela. Ele fez contato pelo Facebook e então mantiveram conversas por vários meses. Depois de muito tempo, o homem prometeu a ela alguns presentes. Ele pediu seu endereço e, em seguida, enviou fotografias do que seria o presente. No dia seguinte, a mulher recebeu uma mensagem com um recibo (que supostamente seria da alfândega) solicitando que ela pagasse

uma quantia alta referente a impostos para conseguir ter acesso ao presente. Na verdade, a situação se tratava de um golpe. Nesse caso, é preciso analisar todos os fatos cuidadosamente, principalmente quando houver dinheiro envolvido. Normalmente, as encomendas recebidas do exterior são processadas pelos Correios, há código de rastreamento para consulta e é necessário seguir o trâmite dos Correios para o recebimento. Tratando-se de tentativa de golpe, o correto é denunciar o caso para a polícia para que seja feita uma investigação.

Jonathan Hassen é advogado popular

AMIGA DA SAÚDE Sofia Barbosa é enfermeira do Sistema Unico de Saúde I Coren MG 159621

Quem pode tomar a quarta dose da vacina de covid? Isabela Sampaio, 26 anos, musicista

Atualmente, o segundo reforço (ou a quarta dose) da vacina contra covid-19 está sendo oferecido para a população com grande comprometimento do sistema de defesa do corpo. Estão incluídas nesse grupo as pessoas acima de 12 anos que têm doenças que deprimem o sistema imunológico, como as imunodeficiências primárias graves (defeitos genéticos do sistema imunológico que predispõem a uma maior chance de desenvolver infecções recorrentes), HIV/Aids e insuficiência renal com necessidade de hemodiálise. Além disso, também estão incluídas as pessoas que estejam em uso de medicamentos que provocam imunossupressão importante, como é o caso do tratamento para lúpus, artrite reumatoide, doença de Crohn, anemia hemolítica, espondiloartrites, artrite psoriática, esclerodermia, síndrome de Sjögren, miopatias inflamatórias e vasculites, além da quimioterapia para câncer e do tratamento pós-transplante de órgãos ou células tronco. Em todos os casos é necessário apresentar algum relatório médico, que comprove a condição, que tenha sido emitido em até um ano antes da data da vacinação. :: CONHEÇA O CANAL DA AMIGA DA SAÚDE NO SPOTIFY! ::

Se você tem alguma dúvida sobre saúde e vida saudável, manda um zap para mim! O número é (31) 9 8468.4731.


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www.malvados.com.br Separamos aqui uma combinação infalível para você conquistar o coração da sua parceira. Trata-se da junção entre limpeza e um bom jantar. Em outras palavras, a demonstração de

DADINHO DE TAPIOCA

afeto e cuidado. Pode ter certeza que é a melhor declaração!

Talita Referino

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

www.coquetel.com.br Fontes de proteína animal criadas em quintais Guardaroupa

O ambiente do capiau Político ateniense

Série brasileira do Warner Channel Neônio (símbolo) Estado indiano em que se fala o português A arte traficada pelo simoníaco

Trabalho manual Antigo (abrev.)

Digno de perdão Partido Trabalhista Brasileiro (sigla) Logradouro como a paulistana Augusta O tipo mais barato de leite

Pintor impressionista francês BANCO

© Revistas COQUETEL

(?) de Renda (?) O turno de trabalho convencional argan, capita, cosmético item de O remédio genérico, capilar censos para o de marca

Área Utilizado após reci- nobre de clagem cidades litorâneas

Órgão amazônico de pesquisa Lavra

O instruendo, na linguagem militar Oswaldo Aranha, diplomata brasileiro Vitantonio Liuzzi, piloto da Fórmula E

Mar que banha a Grécia e a Turquia

Membro do elenco de um filme

(?) Thorpe, ex-nadador australiano "Olho" do cego Navio de cabotagem Prescrição nutricional ao obeso

"(?) passant": de passagem (fr.) Gênero poético de Píndaro (Ant.)

Ingredientes: • 1 litro de leite • 500 gramas de queijo ralado grosso • 500 gramas de farinha de tapioca granulada • Sal a gosto • Pimenta do reino a gosto

Modo de preparo

Vilão de "O Senhor dos Anéis" (Lit.)

2/en. 3/goa. 5/lavor — monet — sacra. 6/sauron. 9/mal me quer. 10/alcibíades.

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Solução

1. Ferva o leite em uma panela média com uma pitada de sal e pimenta do reino. Em um recipiente, misture a tapioca e o queijo, depois acrescente o leite fervido à mistura; 2. Mexa tudo até que fique uma massa homogênea, depois, despeje tudo em uma assadeira forrada com plástico ou papel filme. Leve a assadeira para a geladeira por cerca de 3 horas para a massa ficar bem firme; 3. Em seguida, corte em quadradinhos e leve ao forno a 180°, por cerca de 40 minutos ou até dourar. Você também pode fritar os quadradinhos; 4. Os dadinhos combinam muito com molhos agridoces, você pode servir junto.

F R M A N G O S V E P O R C M O S

O U L M E O A L A C N I T B I U A D N E S

D P E I R E Q U E R U R A I N P A V O R O R A V A L E G E I A N T A T I E T A T O D A U R O

E N A L U N O O R L A


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Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

Núcleo Piratininga de Comunicação disponibiliza acervo online com filmes de lutas populares AUDIOVISUAL São 236 filmes produzidos por movimentos sindicais e populares de todo o Brasil Reprodução

Redação O Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), com sede no Rio de Janeiro, disponibilizou na internet parte do seu acervo de produções audiovisuais que retratam lutas históricas no Brasil. São 236 filmes produzidos por movimentos sindicais e populares divididos por eixos temáticos que falam sobre questões agrárias, étnicas, do mundo do trabalho, de gênero e das favelas. O projeto digital conta com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo e está disponível gratuitamen-

Filme "Acorda, Raimundo acorda" é um dos vídeos da lista

te em nucleopiratininga.org.br/ ou no canal do NPC no Youtube.

No acervo físico, o NPC possui cerca de 500 filmes que vêm sendo acumula-

dos desde 2006 por Claudia Santiago e Vito Giannotti por meio das formações ministradas a sindicatos ou movimentos sociais pelo país. Leon Diniz, responsável por organizar o acervo digital, se surpreendeu com a diversidade das produções e ressalta que o projeto tem o objetivo de preservar a memória de luta da esquerda. Além da sinopse, cada título também inclui uma sugestão de uso pedagógico. “Por exemplo, um filme produzido pelo Movimento Sem Terra pode ser utilizado em aulas de Geogra-

fia, História e Biologia”, comenta. O NPC é constituído por um grupo de comunicadores, jornalistas, professores universitários, artistas gráficos, ilustradores e fotógrafos que trabalham com o objetivo de melhorar a comunicação, tanto de movimentos comunitários ou populares, quanto de sindicatos e outros coletivos. As atividades do núcleo iniciaram há 29 anos, e o acúmulo delas resultou na sua formalização jurídica em 1997, tornando-se uma organização civil sem fins lucrativos, de atuação nacional. ANÚNCIO

www.sindutemg.org.br

@sindutemg

@sindutemg

@SindUTEMG1


ESPORTES

Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

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Imagem da semana Pedro Souza /Atlético

Na 12ª penalidade do Flamengo, a 24ª da decisão da Supercopa do Brasil, cobrada pelo ponta Vitinho, o goleiro Everson se esticou todo para interromper o curso da bola e garantir o título inédito do Galo na competição. Final: Atlético 8 x 7. Antes, ele já havia defendido as cobranças de Willian Arão e Matheuzinho. “Quando você acaba errando uma cobrança, você pode ficar marcado. No momento em que errei, eu procurei ficar calmo e concentrado para me livrar dessa lembrança, como possível batedor que errou o pênalti e acabou perdendo o título. É muito difícil manter esse nível de concentração depois de um erro”, disse o goleiro, referindo-se à tensão que precisou controlar, após um pênalti que ele isolou.

Atletas da UFMG conquistam Grand Slam de Taekwondo

Paralimpíadas de Inverno: Brasil envia seis atletas a Pequim

DIVULGACAO CBTKD(

Marcio Rodrigues /CPB

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na geral

Atletas do Centro de Treinamento Esportivo da UFMG conquistaram, no último domingo (20), as primeiras posições durante o Grand Slam de Taekwondo 2022, realizado no Ceará. Juliano Lima foi campeão da categoria adulto, até 58 kg. No juvenil, Bruno Gomes venceu a categoria até

51 kg e João Emanuel Braz Avelar, a categoria até 63 kg. O bom desempenho rendeu a Juliano, Bruno e João Emanuel vaga no Campeonato Mundial. Além dos três, outros 13 atletas titulares e 16 reservas também garantiram vaga na competição, que acontece em agosto, na Bulgária.

na geral

Os Jogos Paralímpicos de Inverno Pequim 2022 começam no dia 4 de março e vão até o dia 13. Em sua terceira participação na história, o Brasil será representado por seis paratletas. São eles: Aline Rocha, Cristian Ribera, Guilherme Rocha, Robelson Lula e Wesley dos Santos, no esqui cross-country, e André Barbieri, no snowboard.

“Estou muito feliz com a oportunidade de representar mais uma vez o meu país nos Jogos Paralímpicos de Inverno. Será a minha segunda participação no evento e eu conto com a torcida de todos”, afirma a paranaense Aline Rocha, medalha de bronze na Copa do Mundo de Planica, na Eslovênia, em fevereiro de 2021. (Com informações do CPB)


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Belo Horizonte, 25 de fevereiro a 10 de março de 2022

Brasileirão feminino: Atlético-MG estreia contra Palmeiras, Cruzeiro pega Grêmio

ESPORTES

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DECLARAÇÃO DA SEMANA Lorie Shaull

Lucas Figueiredo /CBF

Nesta quinta-feira (24), a CBF divulgou a tabela das oito primeiras rodadas do Brasileirão Feminino de futebol. A primeira fase do campeonato começa no dia 4 de março e vai até o dia 7 de agosto, com o confronto entre o Palmeiras, o vice-campeão de 2021, e o Atlético-MG, finalista da Série A-2, no Allianz Parque. O Cruzeiro estreia no dia 6, contra o Grêmio, no SESC Alterosas, na região de Ven-

da Nova, em BH. A decisão do campeonato está prevista para ocorrer nos dias 19 e 25 de setembro. Os jogos

vão ser transmitidos pela SporTV. O Corinthians é o atual campeão da competição.

Gol de placa As seleções brasileiras masculina e feminina de goalball venceram o Campeonato das Américas! Os homens massacraram os Estados Unidos por 12 a 2, as mulheres golearam por 5 a 0 as canadenses. O torneio foi disputado no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.

A justiça vai acontecer e a próxima geração não vai passar pelo que passamos” Megan Rapinoe, atacante da Seleção dos EUA, comemorando a conquista de um pagamento retroativo de US$ 24 milhões e a promessa de salários iguais entre homens e mulheres, fruto da pressão organizada das jogadoras.

américa 0 x 1 guarani-par COMECEI MEIO PRESO NESSA LIBERTADORES

O Vasco da Gama virou SAF (Sociedade Anônima do Futebol). A transformação dos clubes brasileiros mais importantes em empresas não vai afastar de vez as torcidas, mas a relação entre torcedor e time vai mudar. É simples: se uma empresa tem dono, ele faz com ela o que quer...

Mais um título. E mais do mesmo

Ansiedade da estreia

@ANDREFIDUSI

Gol contra

Boa estreia nacional

Bráulio Siffert

Rogério Hilário

Fabrício Farias

No primeiro jogo de sua história em uma Copa Libertadores, o América foi superior o jogo inteiro contra o Guaraní do Paraguai. Foram 30 finalizações contra 5 do adversário e 70% de posse de bola. Mas a ansiedade da estreia, somadaDecacampeão à falta de eficiência e qualidade do ataque, não converteu a superioridade em gols. O castigo veio no finalzinho, com um gol despretensioso dos paraguaios. Nas arquibancadas, a torcida, também eufórica com o momento histórico, reconheceu a entrega do time, apoiando e aplaudindo o jogo todo. Agora, é ir com coragem e confiança para trazer do Paraguai a importantíssima classificação para a próxima fase. Até lá, é preciso treinar finalização incansavelmente para aproveitar as oportunidades.

Escrever coluna após a conquista de mais um título seria fácil, se a conquista fosse relevante, do ponto de vista, digamos, técnico. Em campo, mesmo na contestada Arena Pantanal, as equipes se equivaleram e resgataram o futebol que muitos de atleticanos É nós Galo doido!enaltecemos. A busca constante pela vitória, o menosprezo pelo anti-jogo, a determinação e o talento. Há muito não via algo desse nível nas competições nacionais. Valeram a superação e competência do goleiro Éverson, que está longe de ser uma unanimidade. Deixemos o Olimpo e voltemos às obrigações terrenas. Sábado (26) tem o confronto com o Pouso Alegre. Chance de liderar de novo o Mineiro. Mais do mesmo, mas não há alternativa. Aguardemos o clássico na próxima semana.

Salve, nação! A goleada sobre o Sergipe certamente aponta para um norte nesta temporada, permitindo vislumbrar uma espinha dorsal da equipe, a partir de Brock na zaga e João Paulo e Giovani no meio. O melhor da apresentação talvez seja de cabeça” que PezzolaLaa “dor Bestia Negra no terá no ataque. Vítor Roque e Thiago entraram com tudo e construíram a goleada, mostrando que temos não apenas peças de reposição, mas também alternativas para a formação da linha de frente. Ao final do jogo, as câmeras focaram um papo entre Edu e Thiago, em que o goleador aparentemente dava alguns toques no jovem atacante. Há um claro sentimento de grupo sendo formado e tudo isso pode trazer bons resultados. Nada mal para uma estreia nacional. Saudações celestes!

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/brasildefatomg


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