Reprodução
Cultura | p. 7
Festival internacional de corais
Esportes | p. 8
A grana que move o futebol
Mostra terá grupos nacionais e atrações de Portugal, Uruguai, Argentina e Estados Unidos
Time de Paquetá (foto) disputa título de maior faturamento do Brasil
Getty Images
PARANÁ
Ano 3
Edição 101
1 A 7 de novembro de 2018
O que esperar do Brasil com Bolsonaro
distribuição gratuita
www.brasildefato.com.br/parana
VAI TER RESISTÊNCIA
Mídia Ninja
Brasil | p. 5
GOVERNO Sem base no Congresso, terá de negociar com políticos ou seguir caminho autoritário ECONOMIA Venda de patrimônio público pode atingir Petrobras e bancos IMPRENSA Afirmou que vai usar verbas publicitárias contra veículos de comunicação
DEMOCRACIA | p. 4 Instituições têm que funcionar e defender a Constituição para evitar desmonte do Estado Social
MOVIMENTOS | p. 4 Tânia Rêgo | Agência Brasil
Movimentos sociais, mulheres, negros, índígenas e LGBTs se organizam
2 | Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 1 a 7 de novembro de 2018
A palavra é resistência EDITORIAL
A
vitória de Jair Bolsonaro (PSL), no segundo turno das eleições presidenciais, com 55,13% dos votos contra 44,87% de Fernando Haddad (PT) abre um período de incertezas na História brasileira. Nos primeiros discursos, o nome eleito não parece disposto a dialogar e compreender que o país está dividido e que cerca de 47 milhões de pessoas votaram em Haddad, não aceitando um projeto baseado no ódio e na economia voltada para o arrocho. O governo promete uma economia pouco preocupada com o investimento e com os mais pobres, com venda de estatais im-
portantes e dos barris da chamada “cessão onerosa” do pré-sal. A indicação de fusão do Ministério da Agricultura e do Meio Ambiente é um erro, reúne dois assuntos diferentes, para submeter tudo ao agronegócio exportador. Com sabedoria, cabe à sociedade civil rearticular-se, fortalecer os laços com os trabalhadores, que começaram a ser refeitos com o mutirão de trabalhos nas periferias durante o segundo turno das eleições. É hora de reafirmar os direitos democráticos, constitucionais, o direito de reivindicação dos movimentos populares e formar uma grande rede de todos e todas que se colocam contra o autoritarismo.
SEMANA
Bannon e Bolsonaro: a democracia hackeada OPINIÃO
ca, descreveu a empresa como “o arsenal de armas de Bannon para travar uma guerra cultural na Amécientistas políticos rica usando estratégias militares”. Wylie delatou o escândalo de uso ilegal de dados e manipulação s análises sobre o comportaeleitoral que levou ao fechamento mento do eleitor brasileiro da CA. Ao jornal El País, ele afirma no domingo (28) seguem diferenque Bannon manipulou os reputes caminhos. São muitas as expliblicanos para saírem do tradiciocações sobre como Jair Bolsonanal “não gosto dos impostos” para ro (PSL) foi escolhido presidente o debate mais radido Brasil, mas cercal como “Obama tamente o nome do vai roubar minhas estadunidense SteDiscurso de armas através de um ve Bannon deve esexército secreto”. tar nas análises. Em ódio, teorias da Discurso de ódio, 2016, Bannon teve conspiração e teorias da conspipapel fundamenração e “fake news” tal na eleição que le- “fake news” formam a base da vou Donald Trump formam a base da tática de Bannon e à presidência dos tática de Bannon também de BolsoEUA. Antes da came também de naro. Não por acaso, panha de Trump, Bannon aconselhou Bannon dirigiu o site Bolsonaro a campanha de BolBreitbart News que, sonaro. nas palavras da reA parceria foi sevista Time, continha lada em um encontro (em agos“material racista, sexista, xenofóbito) entre o estadunidense e Educo e antissemita na veia da direita ardo Bolsonaro. Quando revelado alternativa”. o grande esquema de disparos em Ao lado do bilionário Robert massa de “fake news” contra FerMercer, Bannon co-fundou a Camnando Haddad (PT) nas eleições, bridge Analytica (CA), uma emjá era tarde demais. A democracia presa privada que combinou a mibrasileira já havia sido hackeada neração e análise de dados com por Bolsonaro e Bannon, este últicomunicação estratégica em eleimo sim o verdadeiro vencedor das ções. Christopher Wylie, um dos eleições. “cérebros” da Cambridge AnalytiGuilherme Daldin e Fernando Marcelino,
A
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 99 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm, Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Fernando Marcelino, Guilherme Daldin e Paula Zarth Padilha NESTA EDIÇÃO ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lia R. Bianchini, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113
Brasil de Fato PR
Detidos em ato contra Bolsonaro seguem presos
Paraná, 1 a 7 de novembro de 2018
FRASE DA SEMANA
“Não existe derrota definitiva... A vida é uma luta permanente com avanços e retrocessos” disse o ex-presidente
do Uruguai Pepe Mujica ao comentar os resultados da eleição no Brasil.
Juca Guimarães Quatro adolescentes presos após ação da Polícia Militar (PM) no centro de São Paulo, em ato pacífico contra Jair Bolsonaro (PSL) na terça-feira (30), continuam detidos na Fundação Casa. Ao todo, foram cinco detenções – um adulto foi solto na quarta (31). Os adolescentes são acusados de dano qualificado, incêndio e de desacato “por pedirem o fim da Polícia Militar”, segundo a observadora jurídica e advogada dos detidos Maira Pinheiro, que acompanhou a manifestação. O ato reuniu milhares de jovens na Avenida Paulista. No momento de liberar a pista para circulação de carros ao final do protesto, de acordo com a advogada, houve confusão com um pequeno grupo. Após isso, as forças de segurança teriam usado violência desmedida para reprimir e prender manifestantes. A repressão se espalhou por diversas regiões do centro. Um vídeo, que circulou nas redes sociais ainda na madrugada de terça-feira, mostra a polícia atirando bombas na escadaria do viaduto 9 de Julho, enquanto as pessoas tentavam se esconder em pânico. “Os cinco meninos não estavam envolvidos nos atos de depredação. Eles estavam correndo das bombas e foram apreendidos em três circunstâncias diferentes. Um deles sequer estava no ato, ele estava na [Praça] Roosevelt com uma amiga”, diz a advogada.
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Famílias da Ocupação Dona Cida mobilizadas contra despejo Paula Zarth Padilha As vielas são de barro, com caminhos fragmentados ladeira acima, ruazinha abaixo, mas já se percebe a presença do estado na forma de postes de energia com iluminação pública para além da estrada principal que leva às quatro ocupações consolidadas no bairro Cidade Industrial, em Curitiba. As famílias chegaram por lá em 2012, formando a Nova Primavera, com as demais, Tiradentes e 29 de Março constituídas em 2015. A últi-
ma ocupação foi formada em 2016, a Dona Cida, que reúne 400 famílias e está em risco de desalojamento após decisão judicial de reintegração de posse publicada em meados de outubro. “Minha vida melhorou 90% aqui na ocupação, ainda que as principais dificuldades sejam (o acesso) a água e luz”, conta Neia, mãe de três crianças pequenas, moradora da Dona Cida. Ela estava ao lado da mãe, que trabalha na separação de materiais reciclados, e da filha menor, que ainda não conseTerra Sem Males
guiu vaga em creche. “Quando eu pagava aluguel era muito difícil”. Ela explica qual será o destino dessas 400 famílias se houver o despejo determinado pela justiça: “Se houver desocupação, a maioria das pessoas não tem para onde ir. A maioria das pessoas vai pra casa de parentes, porque não tem como emprestar esse dinheiro ou alugar uma casa”. A decisão judicial foi determinada em um processo de reintegração que estava parado desde 2016 e que teve como justificativa de retomada reiteradas negativas da Prefeitura, que se manifestou em não ter interesse na desapropriação da área após a posse de Rafael Greca. O Instituto Democracia Popular (IDP) e a Defensoria Pública do Paraná estão atuando no processo com recursos judiciais e articulação junto ao Ministério Público para que seja dada uma solução que não seja a expulsão de 400 famílias sem terem para onde ir.
3 | Geral
“A gente tem que ter orgulho de quem a gente é”, diz idosa vítima de racismo Vanda Moraes “A gente tem que ter orgulho de quem a gente é. Orgulho da cor da gente. Assumir seu cabelo. Nós somos diferentes, mas temos que aprender a conviver com a diferença”. Este é o recado de Maria de Lourdes Correia de Mello, vítima de racismo enquanto usava o transporte coletivo de Curitiba. Ela conta que pegou o ônibus Boqueirão/Afonso Pena, na quarta-feira, 24. Uma passageira, com cerca de 35 anos, mas que estava no assento preferencial, ficou incomodada por estar ao lado de uma mulher negra. “Ela pôs a mão no rosto como se eu estivesse fedendo. ‘Não encosta em mim. Sai pra lá. Tenho nojo de negros e de velhos’. É um absurdo, né? Não dá mais para aguentar”, disse. Maria não se calou. Ligou para a Guarda Municipal que interceptou o ônibus e prendeu a agressora em flagrante por injúria racial. “Se posicionar e denunciar não é só pra mim, é importante para toda a população negra. Ela atingiu a raça toda e a maior parte da população do Brasil é negra”, defendeu. A união, segundo ela, é a arma contra o racismo. “Sempre teve isso, não é de agora. Tá na hora de a gente se unir e ir contra essas coisas. A escravidão acabou faz tempo. Porque eu sou negra não posso entrar no ônibus, não posso trabalhar, não tenho direito de ir e vir?” Maria tem 70 anos, é aposentada, mas continua trabalhando. No dia em que sofreu o ataque racista, estava a caminho de uma entrega de salgados que ela mesma faz e vende para complementar a renda.
4 | Brasil
Brasil de Fato PR
Paraná, 1 a 7 de novembro de 2018
Como defender nossos direitos
Democracia dependerá do funcionamento das instituições
Militantes dizem como se contrapor ao discurso de ódio e às práticas que podem vir do próximo governo contra movimentos sociais
pós uma eleição marcada pelo discurso do ódio e em que muitos direitos conquistados nos últimos anos estão sob ataque, o Brasil de Fato Paraná ouviu militantes políticos de diversas áreas para falar sobre resistência no próximo período com pessoas que no seu dia a dia estão envolvidas com pautas importantes.
RESISTIR PARA NÃO REGREDIR Com o novo governo haverá mais enfrentamento e confronto por conta das manifestações que o presidente eleito fez sobre questões referentes a machismo, racismo, entre outras. Vamos resistir para que não regridamos. Nossa preparação é para resistência para que a gente consiga manter o que conquistamos, como as cotas nas universidades públicas e programas como Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família. Que tiraram gente da miséria, principalmente na população negra.
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A
Juliana Mittelbach Mulher, negra, militante da Marcha Mundial das Mulheres e da Rede Mulheres Negras Paraná
ACOLHIMENTO A VÍTIMAS
VOLTAR PARA A BASE
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Nós trabalhamos há bastante tempo reivindicando e formulando políticas públicas e participamos da construção do pouco dos avanços e direitos garantidos para a população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex. Nosso processo de resistência, de lutas e formação política continua. Vamos intensificar, porém, o acolhimento que já fazíamos a pessoas vítimas de violência em razão da sua orientação sexual. E debater nossa atuação em redes com um sistema aperfeiçoado de segurança para nossa população LGBTI. Marcio Marins Homossexual e voluntário na Associação Paranaense da Parada da Diversidade e Dom da Terra Afro LGBTI
A advogada Eneida Desire Salgado, em entrevista ao Brasil de Fato Paraná, fala sobre democracia e participação política. Ela é professora do Departamento de Direito Público na Universidade Federal do Paraná e uma das coordenadoras do grupo de pesquisa e formação Política Por De Mulheres.
Pela Frente Mobiliza, nós atuamos com questões que são sensíveis à cidade e aos cidadãos, especialmente na habitação de interesse social e regularização fundiária. Temos discutido que será importante nesse próximo governo fazer um trabalho de base grande com a população que está em áreas, por exemplo, que necessitam de regularização. Muitas pessoas que não têm conhecimento sobre seus direitos. É urgente voltar a estar com elas pessoalmente e tentar ajudar na estruturação da consciência de direitos.
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Ana Carolina Caldas
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Ana Carolina Caldas
Lorreine Vaccari Arquiteta urbanista e integrante da Frente Mobiliza Curitiba
Brasil de Fato | Como você analisa a perspectiva para a democracia em nosso país? Eneida | A garantia da democracia e do estado democrático de direito, após as eleições de 2018, vão depender muito do funcionamento constitucionalmente determinado das instituições. Ou seja, os órgãos de controle e o Poder Judiciário na proteção da Constituição, para evitar que sejam feitos ataques por meio de atos e reformas e o desmonte do Estado Social. E a participação política das mulheres nesta conjuntuPUBLICIDADE
ra? Infelizmente, o discurso do candidato eleito sobre as mulheres não faz com que tenhamos muita esperança quanto à participação política das mulheres no Poder Executivo. Já no Poder Legislativo, no entanto, pelo menos numericamente houve aumento. Mulheres acabaram sendo eleitas para mais cargos no legislativo na maioria dos estados e também em âmbito nacional. No Paraná, foi maior no tocante às deputadas federais, embora tenha sido sensivelmente menor para deputadas estaduais.
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Paraná, 1 a 7 de novembro de 2018
O que esperar do próximo governo
IMPRENSA
Ataque à imprensa e controle de verbas
Jair Bolsonaro e seu anunciado ministro da economia, Paulo Guedes, já mostram o que pretendem fazer a partir de janeiro Divulgação
Redação
A
o ganhar a eleição para presidente, Jair Bolsonaro trouxe grande grau de incerteza em diversas áreas por sempre ter sido um político de pouco destaque no Congresso Nacional, aparecendo apenas em pautas contra direitos humanos. Para entender o que pode representar seu governo, foram pesquisados declarações e programa de governo em áreas essenciais como política, economia e liberdade de comunicação para traçar um possível cenário do que vem por aí nos próximos anos. Uma incógnita na política O que ficou claro na atuação política de Jair Bolsonaro até hoje é que tem pouco jogo de cintura e elegeu uma pequena bancada no Congresso Nacional. Seu partido, o PSL, conquistou 10,1% das cadeiras da Câmara dos Deputados
e 4,9% no Senado. Com esse quadro, o professor do Departamento de Ciência Política da USP, Rogério Bastos Arantes, em artigo para o site Jota, diz que seu governo terá três caminhos. O primeiro é ir contra o discurso de campanha e aderir ao presidencialismo de coalizão, fazendo o que tem sido prática nos últimos 30 anos, negociando cargos e outras vantagens sobretudo com o “centrão”, que de-
tém 50,9% dos deputados e 60,5% dos senadores. Outra alternativa é fazer o que chama de autoritarismo legal ou legalidade autoritária, modo de atuação parecido com a ditadura de 1964. Governando pela força, mas sempre buscando algum grau de legitimação processual com juristas e o Congresso. A terceira via seria o que chama de “um governo errante, porém mobilizador, estimulador da
5 | Brasil
violência na sociedade e beligerante internacionalmente. E, provavelmente, curto”. Nesse cenário, Bolsonaro poderia evoluir “para o uso de mecanismos de participação direta, como plebiscitos e referendos, imaginando que dispõe de maioria social para apoiar suas medidas. A pregação de ódio e a identificação de um inimigo interno a ser combatido seguiriam como estratégias dominantes.”
A relação conturbada de Bolsonaro com a imprensa ficou clara na sua carreira política e também na campanha eleitoral, por não aceitar matérias críticas como a da Folha de S.Paulo que mostrava que empresários estavam disparando mensagens clandestinas em massa de WhattsApp, configurando caixa 2. Mesmo depois de eleito, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, Bolsonaro voltou a criticar o jornal. “Não quero que [a Folha] acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal. Por si só esse jornal se acabou”, afirmou. Para Júlio Cesar Carignano, diretor executivo do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, há grande preocupação com a forma de Bolsonaro encarar sua relação com a imprensa. “Logo na primeira entrevista diz que usará verbas públicas como instrumento de barganha e pressão a veículos de comunicação”, critica.
Economia neoliberal e entrega do patrimônio público As medidas declaradas até agora pelo provável futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, vão na direção de substituição de impostos, diminuição dos gastos públicos, reforma da Previdência Social, privatização de estatais e abertura econômica. Uma das medidas já anunciadas é que pretende vender estatais para diminuir a dívida pública e o pagamento de juros. A questão é o que se esconde por trás desse discurso. Para reduzir uma dívida bruta na casa dos 5 trilhões de reais, a
venda de pequenas estatais não sedas sinalizadas é a venda de áreas ria significativa. Somente gigande petróleo concedidas à Petrobras, tes como Petrobras, chamadas de “cessão Banco do Brasil ou onerosa”. São 5 biCaixa Econômica Fe- As privatizações lhões de barris conderal fariam diferen- normalmente cedidos para capitaliça, mas retirariam entregam zar a estatal. O futuro capacidade do Esgoverno espera artado brasileiro. Sem patrimônio público recadar perto de 100 contar que as privati- a preço de banana bilhões de reais com zações normalmente essa venda. Mas, nos entregam patrimôvalores atuais do barnio público a preço de banana. ril de petróleo, eles valeriam mais de 400 bilhões de dólares. Na última Para ter ideia, uma das medi-
vez que juntaram o Ministério do Planejamento e da Fazenda foi no governo Collor, em que a inflação seria derrubada como um golpe de judô. Como medidas simplistas não funcionam, a inflação voltou e Collor durou pouco. Não à toa, o ex-ministro da Previdência Ricardo Berzoini declarou que é um “erro brutal juntar Fazenda e Planejamento. O último que fez isso foi Collor. As declarações de Paulo Guedes, não sei por que, me fazem lembrar da Zélia Cardoso de Melo”, diz.
6 | Brasil
Paraná, 1 a 7 de novembro de 2018
Diferentes etnias ocupam Secretaria Especial de Saúde Indígena em Curitiba Pedro Carrano
Laís Melo e Pedro Carrano O Movimento Indígena do Paraná ocupa desde segunda-feira, 29, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), em Curitiba, contra a redução de estrutura e da frota de veículos para o traslado nos casos de atendimento à saúde indígena. De acordo com o movimento, a Sesai não renovou o contrato para concessão de carros e motoristas que ficam à disposição para urgênPUBLICIDADE
cias e emergências nas aldeias e também levam pacientes indigenas para o hospital, para realização de consultas e hemodiálises. O movimento exige segurança, licitação e garantias nos próximos contratos. “O objetivo dessa reivindicação que a gente está fazendo se iniciou por conta de uma renovação de um contrato especificamente de logística, que são os veículos e motoristas. Foi encaminhado, é feito um projeto dessa forma. Foi para Brasília e retornou com a PUBLICIDADE
orientação de uma readequação que na verdade era uma redução para a frota de carros”, afirma o dirigente guarani Marciano Rodrigues, para quem os serviços em saúde indígena necessitam de ampliação devido à demanda. O distrito sanitário de saúde ocupado abrange os estados de Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Cerca de 100 manifestantes estão no local, oriundos de diferentes etnias: guaranis, xetás, caingangue, entre outros grupos. No caso do Paraná, estavam representadas as regiões norte, oeste, sudoeste e o litoral. A preocupação é que haja negociação por parte da secretaria nesse período de dois meses, uma vez que a futura presidência da república já sinaliza desrespeito à pauta indígena. “Aguardamos resposta de Brasília, onde estamos com uma comissão de 25 pessoas. Enquanto isso, permaneceremos aqui”, resume Marciano.
Nilmar Lage
Lentidão e injustiça nos 3 anos do crime de Mariana Rafaella Dotta Três anos depois da tragédia de Mariana, os atingidos pela barragem têm uma triste tarefa: fazer o balanço de tudo o que aconteceu depois do rompimento da barragem de Fundão, de propriedade da Samarco/Vale/BHP Billiton. E a palavra que mais aparece é “frustração”. Depois das mortes e das perdas em 2015, a vida de milhares de pessoas mudou para pior e as mineradoras pouco fizeram para consertá-las. As comunidades de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, em Minas Gerais, foram as que tiveram mais número de casas atingidas ou destruídas pela lama. O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) calcula que 300 casas precisarão ser reconstruídas, mas apenas uma foi efetivada até o momento, no distrito de Ponte do Gama, zona rural de Mariana. As casas de Bento Rodrigues – o povoado que foi totalmente destruído - foram prometidas para março de 2018, mas o prazo foi prorrogado para junho de 2019. O desleixo com a saúde Já em Barra Longa, a incerteza deu lugar aos sintomas. O Instituto Saúde e Sustentabilidade, em parceria com o Greenpeace, entrevistou 507 pessoas e 37% delas relataram que sua saúde piorou depois do desastre. Dor de cabeça, tosse e dor nas pernas são os mais recorrentes e 83% afirmam ter adquirido problemas emocionais ou comportamentais. Dentre as crianças, as doenças respiratórias foram 60% das reclamações. A filha de Simone Aparecida, de 4 anos, apresenta dificuldades para respirar, manchas vermelhas e queda de cabelo. “Tem três anos que eu estou denunciando esses problemas de saúde”, lamenta. Uma receita médica aconselha que a família deixe a cidade, para que a criança não fique próxima da lama, porém, a Fundação Renova não fornece nova moradia nem o benefício do cartão mensal pois não considera que a criança seja atingida.
Brasil de Fato PR
Paraná, 1 a 7 de novembro de 2018
Curitiba recebe festival internacional de corais Mostra terá grupos nacionais e atrações de Portugal, Uruguai, Argentina e Estados Unidos Redação Começa, nesta semana, a quinta edição do Festival Internacional de Corais de Curitiba, o Cantoritiba. De 1º a 4 de novembro, cerca de 60 grupos de canto coral brasileiros e in-
ternacionais, vindos do Uruguai, Argentina, Portugal e Estados Unidos, vão se apresentar em mostras competitivas e não competitivas. Na comissão avaliadora, um dos nomes de maior destaque é o maestro estadunidense Keith McCutchen,
que é pianista e compositor com reconhecimento mundial. Os ingressos para o Festival estão disponíveis pelo Disk Ingressos, a partir de R$15. As apresentações nos palcos abertos que acontecem pela cidade são gratuitas.
Para ficar por dentro Quinta, 1/11 12h | Palco Aberto Regional Matriz (Pça. Rui Barbosa, 101, Centro) 20h | Abertura Oficial Pequeno Auditório Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido) Sexta-feira, 2/11 10h | Palco Aberto Oratório de Bach (R. Schubert, 175, Vista Alegre) 10h | Palco Aberto Praça Interna Hostel Roma (R. Barão do Rio Branco, 805, Centro) 16h | Mostra Não Competitiva Erudita/Sacra Pequeno Auditório Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido) 20h | Mostra Competitiva Erudita/Sacra Pequeno Auditório Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido) Sábado, 3/11 10h | Palco Aberto Ruínas São Francisco (Praça João Cândido, São Francisco)
10h | Palco Aberto Oratório de Bach (R. Schubert, 175, Vista Alegre) 14h | Mostra Não Competitiva Popular Pequeno Auditório Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido) 16h30 | Mostra Não Competitiva Popular Pequeno Auditório Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 , Campo Comprido) 20h | Mostra Competitiva Popular Pequeno Auditório Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido)
117 | Cultura
AGENDA CULTURAL Divulgação
Mostra de filmes japoneses
O quê: A Cinemateca de Curitiba recebe mais uma edição da Mostra de Filmes Japoneses. Composta de seis filmes, traz títulos contemporâneos, todos produzidos entre 2012 e 2016. Os filmes destaques da programação são: Asahi de Vancouver, formados por atores renomados, A Tale of Samurai Cooking, que aborda a culinária japonesa – tombada como patrimônio imaterial da humanidade e Thermae Romae, todos filmes vencedores de diversos prêmios internacionais Quando: 31 de outubro a 3 de novembro Onde: Cinemateca de Curitiba – R. Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 Quanto: Gratuito Veja programação completa no site da Fundação Cultural de Curitiba
DICAS MASTIGADAS
Arroz de brócolis com alho Ingredientes 500 g de arroz cozido em alho 2 maços de brócolis fresco 100 g de alho 3 colheres (sopa) de azeite 20 g de bicarbonato de sódio 3 litros de água sal a gosto
Modo de Preparo O primeiro passo é limpar e higienizar bem os brócolis. Na sequência, descasque os talos e remova a pela com ajuda de uma faca. Coloque o brócolis para cozinhar em uma panela com água, sal e bicarbonato de sódio até que os talos fiquem bem macios. Assim que eles estiverem macios, escorra a água e reserve o brócolis. Refogue um pouco do alho com o arroz cru em uma panela por alguns segundos. Em seguida, encha a panela com água e deixe cozinhar até secar. Quando estiver pronto, reserve. Aqueça uma panela com o azeite e coloque o restante do alho para dourar. Quando ele estiver levemente dourado, acrescente o brócolis e refogue por alguns minutos até dourar. Adicione o arroz já cozido e misture bem até que ele fique bem verdinho
Domingo, 04/11 10h | Palco Aberto Memorial de Curitiba (R. Dr. Claudino dos Santos, 79, São Francisco, Largo da Ordem) 10h | Palco Aberto Mercado Municipal (Av. Sete de Setembro, 1865, Centro) 19h | Noite de Premiação Grande Auditório Teatro Positivo (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido) Divulgação
8 | Esportes
Paraná, 1 a 7 de novembro de 2018
Palmeiras e Flamengo disputam Brasileirão e campeonato dos milhões
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Frédi Vasconcelos Palmeiras e Flamengo, atuais líderes do campeonato Brasileiro, disputam este ano também a taça de clube que mais arrecada no país. Segundo levantamento feito pela ESPN Brasil, até agosto o alviverde paulista arrecadou R$ 496,8 milhões, com superávit de R$ 44,6 milhões. Já o Flamengo, até setembro, tinha receita acumulada de R$ 414,1 milhões e superávit de R$ 22,6 milhões. Na comparação, os paulistas, com um mês a menos, tiveram receita R$ 82,7 milhões maior, além de quase o dobro de superávit. Mas até o final do ano o Flamengo terá um reforço considerável nessa disputa. A venda de Lucas Paquetá para o Milan da Itália, que vai render 35 milhões de euros (R$122,28 milhões na cotação média atual). Com a negociação, o Flamengo terá uma das maiores receitas de sua história, acima dos R$ 600 milhões. O Palmeiras trabalha com uma receita próxima dos
Maior escândalo de abuso sexual segue sem solução Foram feitas denúncias de abuso infantil contra antigo técnico da ginástica
Palmeiras e Flamengo disputam título de quem tem maior faturamento no Brasil
Monyse Ravenna
R$ 500 milhões em 2018. Diferença para os outros times Essas arrecadações recordes podem fazer com que Palmeiras e Flamengo, que já têm os melhores e maiores elencos do futebol brasileiro, aumentem ainda mais a diferença para os outros times. O Corinthians, por exemplo, deve fechar o ano com faturamento perto dos R$ 500 milhões, mas até agosto registrava déficit de R$ 21,1 milhões. Sem contar a dívida bilio-
nária que tem de pagar por seu estádio. A diferença de arrecadação também é enorme na comparação com os times do Paraná. A reportagem não conseguiu números atualizados de 2018, mas em 2017, o Atlético-PR obteve R$ 161,3 milhões de reais, menos da metade dos maiores times do país. O Coritiba recebeu R$ 119,1 milhões e, o Paraná Clube, R$ 22,8 milhões, menos do que Flamengo ou Palmeira faturam em um mês.
O maior escândalo de abuso sexual do esporte brasileiro, envolvendo cerca de 14 denúncias de abuso infantil contra Fernando Carvalho Lopes, técnico da Confederação Brasileira de Ginástica desde 2016, continua sem solução. Há seis meses o caso se tornou público, mas a investigação já dura dois anos e meio. Os casos estão sendo acompanhados na delegacia de defesa da mulher de São Bernardo do Campo, que, durante a investigação, mudou de delegada três vezes.
A criança e o gatilho
Joguem com brio!
Nada é de graça
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Roger Pereira
Um minuto antes das 22 horas do último sábado (27/10), o ex-Pink Floyd Roger Waters exibiu em telão a mensagem “Essa é nossa última chance de resistir ao fascismo antes de domingo. Ele não!”. Estava na metrópole brasileira em que “ele sim”, obteria o maior percentual (76%) de votos, confirmando a fama de maior reduto conservador do país. Até pelo ingresso caro, os reaças estavam em proporção ainda mais extensa, mas tiveram que “engolir” mais: o protesto apenas nascia. Em uma das músicas, “Picture That”, há dois versos que deixarão o solo sagrado do Estádio do Coritiba como a gênese da resistência que se inicia: “Picture a leader with no fucking brains” (imagine um líder sem a porra de um cérebro) e “Picture your kid with his hand on the trigger” (imagine seu filhinho com a mão no gatilho). Todos viram isso na campanha. Só 45% o enxergaram.
De acordo com o dicionário, brio significa “sentimento de honra, dignidade, valor, amor-próprio”. É tudo aquilo que a torcida paranista não tem visto nos jogadores desde a última vitória, conquistada há mais de três meses. De lá para cá são dezessete partidas sem vitória. Com exceção de três empates em casa, contra São Paulo, Chapecoense e Vasco, o que temos visto em campo são jogadores desligados, sem criatividade, incapazes de levar perigo à meta adversária. Por mais que a gente saiba que o tricolor já caiu, ainda falta uma derrota para o time estar matematicamente na Série B. O mínimo que esse elenco pode fazer é evitar que a queda ocorra nesse final de semana na Vila Capanema. No próximo domingo, dia 3, às 17h, o Paraná Clube enfrenta o vice-lanterna, Vitória da Bahia. Nesse caso não exigimos só brio. Exigimos também os três pontos!
E Mário Celso Petraglia submeteu o Atlético a um dos papéis mais ridículos da história do futebol brasileiro. Não bastasse a camiseta política com a qual o time entrou em campo na véspera do primeiro turno das eleições, no sábado anterior ao segundo turno o time jogou com uma camiseta amarela (a mesma que havia sido vetada pelo time por ser muito feia) contra o Botafogo. Além disso, o estádio atleticano foi iluminado com as cores de uma das campanhas e uma mensagem “pelo bem do Brasil” foi publicada nas redes sociais do clube. Como nada que Petraglia faz é de graça, tão logo Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República, ele foi procurado para integrar a nova equipe de governo, no Ministério do Esporte ou em um cargo técnico que lhe dê poder para confrontar a CBF. Mais uma vez, o Atlético Paranaense foi usado para interesse pessoal de quem se acha dono do clube.