Brasil de Fato PR - Edição 304

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Negócios em família

Sindicato denuncia que prefeito de Araucária “gastou” R$ 9 mi com nomeações de parentes Denúncia | p. 5

Esportes | p. 8

Suburbana vem aí

Times de Curitiba disputam um dos melhores torneios amadores do Brasil

Opinião | p. 2

Entenda o domínio do dólar

Com moeda, governo dos EUA tornou-se potência

Editorial | p. 2

Desenvolvimento com a Copel

É preciso fortalecer a luta em defesa da empresa pública

Cultura | p. 7

Uma atriz “sobrevivente”

Nena Inoue volta aos palcos curitibanos em temporada gratuita

DESCONTO NOS CARROS: UM PRIMEIRO

PASSO

Empresários comemoram medida que barateia veículos.

Trabalhadores exigem outras medidas para a indústria

Brasil | p. 4

Ano 7 Edição 304 8 a 14 de junho de 2023 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br PARANÁ
José Fernando Ogura | AEN Reprodução Reprodução

Como o dólar se tornou a moeda hegemônica no sistema internacional?

Rondó da Liberdade, Centro de estudos e canal de difusão da teoria marxista-leninista sobre a revolução brasileira e formação social e econômica brasileira

Um dos mecanismos econômicos fundamentais para a dominação exercida pelos países imperialistas é o controle sobre as moedas internacionais, em especial daquela que assume a posição hegemônica de “moeda-chave”.

Copel: energia para o desenvolvimento!

Não é possível pensarmos o desenvolvimento do Paraná e da Região Sul sem levarmos em conta duas grandes empresas públicas que alavancaram a industrialização e universalização do serviço de eletricidade.

A Copel, criada em 1954, assumiu a execução do Plano de Eletrificação do Paraná.

Em 1971 é inaugurada a UHE Capivari-Cachoeira, maior usina do Sul do Brasil até então e um marco na história da engenharia brasileira.

Já a Eletrosul, empresa subsidiária do sistema Eletrobrás, foi criada em 1968, e criou duas grandes usinas hidrelétricas no rio Iguaçu, a UHE Salto Osório e a UHE Salto Santiago, em 1980.

Além disso, a Eletrosul foi fundamental para a interligação da região

sul, com linhas de transmissão e substações, além de atuação em termelétricas e hoje na geração eólica e solar. Em 1997, a Eletrosul teve o parque gerador privatizado pelo governo neoliberal de FHC. Especialistas consideram um crime de lesa-pátria e que levou o Brasil ao apagão de 2001.

As privatizações do setor elétrico levaram o Brasil a ter uma das tarifas de eletricidade mais caras do mundo, mesmo com uma matriz de produção de custos muito baixos.

Cabe destacar, então, o extraordinário esforço da sociedade paranaense na construção de um setor elétrico como acelerador do desenvolvimento econômico. Mas o governo Ratinho quer vender a Copel. É preciso fortalecer a luta em defesa da Copel pública, a serviço dos paranaenses!

Após a Primeira Guerra Mundial, o abundante capital estadunidense fluiu para diversas regiões do mundo. O dólar passou a competir com a libra pela posição de moeda hegemônica. A essa altura, a economia americana já superava a inglesa na produção e na exportação, mas a posição de potência imperial da Inglaterra a mantinha em vantagem. A Segunda Guerra Mundial encerrou essa disputa. O dólar se tornou não só a principal moeda internacional, como praticamente a única.

Até a Primeira Guerra Mundial, adotava-se o padrão ouro, uma vez que, como apontou Marx, no mercado mundial “sempre é exigida a mercadoria monetária efetiva, o ouro e a prata em pessoa”. Assim as diversas moedas nacionais, inclusive a libra (“moeda-chave” da época) se referenciavam na quantidade de ouro, o que permitia a “conversibilidade” das moedas em ouro.

Em 1944, foi assinado o Acordo de Bretton Woods, no qual se estabeleceu um novo sistema monetário internacional. As moedas passariam a se vincular ao dólar americano que, por sua vez, seria conversível em ouro a uma taxa fixa. Soma-se isso ao fato de que o capital estadunidense financiava a reconstrução dos países europeus e o desenvolvimento de países emergentes. Assim, o dólar se afirmou como a moeda internacional por excelência. O dólar reinou absoluto por 30 anos, até que os EUA passaram a ter sua hegemonia comercial e produtiva ameaçadas por outras nações imperialistas e pelo desenvolvimento periférico. Além disso, países que se ressentiam da posição privilegiada que os EUA obtinham com o controle da moeda internacional começaram a questionar a capacidade do país de honrar o compromisso da “conversibilidade”.

Diante desse quadro, os EUA dobraram a aposta. O presidente Richard Nixon anunciou unilateralmente, em 1971, que os EUA suspenderiam a conversibilidade do dólar em ouro, decretando o fim do regime de Bretton Woods. E com o choque de juros em 1979, os EUA aplicariam a “diplomacia do dólar forte”, reafirmando sua hegemonia financeira nos marcos da “inconversibilidade”.

EXPEDIENTE

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 304 do Brasil de Fato Paraná , que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORAM NESTA EDIÇÃO Vinicius Konchinski e Rondó da Liberdade ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Juliana Santos DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com

REDES SOCIAIS /bdfpr @brasildefatopr

Paraná, 8 a 14 de junho de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
2 Opinião SEMANA
editorial opinião
Aroeira
As privatizações do setor elétrico levaram o Brasil a ter uma das tarifas de eletricidade mais caras do mundo
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FRASE DA SEMANA

“Era uma câmara de tortura”

Indígenas de cinco comunidades de Curitiba e RM participaram de ato contra o Marco Temporal, que está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desde o início da semana, comunidades, famílias e lideranças indígenas se agrupam em acampamento na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico. Na capital paranaense são organizados pela Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul).

Aprovado na Câmara

Em 24 de maio, a partir de articulação da bancada ruralista com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL), foi aprovada a urgência da votação do PL 490, que legaliza o Marco Temporal e estabelece outros retrocessos na área ambiental e indígena. Na semana passada, o PL foi aprovado no plenário da Câmara.

Sociedade civil

Lideranças do movimento, após realizar marcha no centro de Curitiba, apontaram que seguem contando com o apoio da sociedade civil. A diretora do sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), Edicleia Farias, aponta que é preciso preservar as conquistas dos povos originários e avanços do início do governo, como a manutenção do Ministério dos Povos Indígenas. “Há uma grande carência de políticas públicas. Convocamos os outros movimentos para essa participação”, diz.

Reprodução

JOGO DO PODER

Marco temporal espera

Paralisada há meses, na quarta (7) houve a retomada da votação no Supremo Tribunal Federal (STF) do Marco Temporal, o que pode praticamente acabar com a demarcação de terras Indígenas no Brasil. O ministro Alexandre de Moraes votou contra a tese. Na sequência, a discussão foi novamente suspensa após pedido de vistas do ministro André Mendonça. Ele tem até 90 dias para liberar nova votação.

O que está em jogo

Com a demora no STF, há a possibilidade de o Congresso mudar a regra antes que seja concluído o julgamento. O Marco Temporal foi aprovado na Câmara dos Deputados numa união de deputados ruralistas e de direita e extrema-direita, que querem limitar os direitos dos povos originários. Há agora uma verdadeira corrida entre o julgamento no STF e o prazo de tramitação do projeto no Senado.

Cassação muda cenário

Visto como a galinha dos ovos de ouro pelo lavajatismo em Curitiba, Deltan Dallagnol impulsionado pela expressiva votação para deputado federal, sonhava em ser o candidato da extrema-direita à Prefeitura da capital, em 2024. Em um cenário embolado no campo conservador até então, com a concorrência de nomes como Paulo Martins (PL) e de Eduardo Pimental (PSD). A cassação do ex-procurador jogou água no chope de quem apostava em seu nome, e até, em uma possível candidatura de Sérgio Moro ao governo do Paraná em 2026.

Quem ganha

Com a saída de Deltan do tabuleiro, já que ficará inelegível por oito anos, o espaço à direita se abre para o deputado federal Paulo Martins (PL), com possível apoio do governador Ratinho Jr. e do prefeito Rafael Greca, ambos do PSD. Basta saber o que será de Eduardo Pimentel, atual vice-prefeito de Greca, e pré-candidato “oficial” para sucessão do alcaide em fim de mandato.

COLUNA

Nos últimos meses, os estudantes da Universidade Estadual do Paraná têm se uni cado e fortalecido frente ao que já se mostra um processo de destruição da universidade pública por parte do governador Ratinho Júnior.

Com o total de sete campi espalhados pelo estado e nenhum com restaurante universitário (RU) ativo, estudantes têm-se organizado independentemente entre seus DCEs, CAs e grupos estudantis para garantir o mínimo para a sua sobrevivência na universidade.

A falta de RUs e cantinas a preços acessíveis parece ser uma das causas da evasão da universidade, além de falta de acesso a transporte público e de políticas de permanência e inclusão. Tudo isso sendo parte de um projeto nefasto de desmonte das universidades públicas.

Com greve estudantil de agrada em quatro dos sete campi, nós, estudantes da Unespar, não temos escolha senão lutar pelo mínimo. Somos estudantes da classe trabalhadora que vivem uma jornada tripla e, às vezes, quádrupla de trabalho e estudo. A falta de acesso a comida, água e teto na universidade torna esse caminho, já exaustivo, quase impossível de trilhar. Temos direito a corpos nutridos e saudáveis.

DA JUVENTUDE Assine o

Paraná, 8 a 14 de junho de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
Leticia Minto Faria, Professora, militante do Levante Popular da Juventude e estudante da Unespar
Diz o ex-deputado estadual paranaense e empresário Tony Garcia sobre a operação Lava Jato. Em entrevista à revista Fórum, ele a rmou: “Eles (os responsáveis pela Lava Jato) não queriam só a delação. Eles mostravam como queria que você falasse. O Odebrecht, o Leo Pinheiro, todos eram instados a trazer o nome do Lula. E quem não trouxesse não era aceita a delação e eles ameaçavam mandar para o presídio.” Geral 3
nosso Manifesto!
Estudantes na luta por comida, água e teto
Contra o marco temporal
Nelson Jr. | SCO | STF

Para metalúrgicos e empresários, facilitar a compra de veículos é ponto de partida para aquecer setor

Sindicalistas aprovam MP do governo, mas apontam que é preciso investimento na indústria como um todo

Com o anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao lado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, no dia 5, de Medida Provisória (MP) do governo que oferece subsídios para facilitar a compra de carros, caminhões, ônibus e vans, sindicalistas do ramo metalúrgico avaliaram a medida como positiva.

O programa ao todo envolve crédito tributário de R$ 1,5 bilhão. Desse total, R$ 700 milhões em créditos tributários para a venda de caminhões, R$ 500 milhões para carros e R$ 300 milhões para vans e ônibus. Nesse contexto, montadoras do país aumentaram a produção de veículos em 27% de abril para maio deste ano esperando a oficialização do programa federal de estímulo à compra de automóveis. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, apontou que três montadores suspenderam lay-offs (paralisações) para aumentar a produção por conta do programa.

Impactos no Paraná No final de maio, durante discussões sobre o estímulo à indústria automotiva, representantes do Sindicato dos Metalúr-

gicos do ABC já haviam pedido mais medidas para o setor, em reunião com o presidente Lula. A concessão de subsídio para compra de ônibus e caminhões, por exemplo, foi solicitada em reunião com o governo.

No caso de Curitiba, onde fica um dos principais polos automotivos do país (veja box), a ampliação do programa de carros de passeio para ônibus e caminhões pode ter impacto sobre a produção da planta da Volvo. Porém, sindicalistas avaliam que o passo é inicial. Uma série de demandas, que envolvem garantia de emprego e incentivo à indústria, devem ser cumpridas.

“A medida está repercutindo bem entre os metalúrgicos. Estamos propondo a reindustrialização há

tempos, programas bem objetivos. Esse anúncio destrava um pouco as vendas e pode gerar um efeito em cadeia”, analisa Paulo Cayres, o Paulão, secretário nacional sindical do PT e ex-presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM).

Já Nelsão da Força, metalúrgico da Volvo, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (Simec) e da Força Sindical nacional, também apoia a medida. No entanto, ressalta que é preciso incentivo ao ramo metalúrgico, acompanhado de garantia de empregos, um dos itens na pauta da categoria. “É um pedido nosso para o governo. Tem que dar as garantias de emprego”, aponta.

Indústria como um todo

Nelsão aponta que, com incentivos para a produção de carros populares e caminhões, pode haver impacto no polo automotivo de Curitiba, que envolve plantas como a Volvo e Volkswagen-Audi. “A primeira medida do governo era só para carro popular e carro de passeio. Agora já também direciona para a Volvo, caminhão e ônibus, Scania e Mercedes em São Paulo. Hoje quem gera emprego é o setor como um todo”, adverte.

Cayres referiu-se ao programa “Indústria 10+”, ela-

HISTÓRICO NO PARANÁ

A instalação das montadoras Renault, Chrysler e Vokswagen/Audi na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) fez do Paraná o estado que mais recebeu montadoras nos anos 1990. A instalação das metalúrgicas teve dois momentos no Paraná. Mas cada um desses períodos foi diferente. O primeiro momento acontece na década de 1970, na instalação da Volvo. E o segundo já nos anos 1990, quando o governador Jaime Lerner (1995-1999 e 19992003) atraiu as demais montadoras transnacionais para o Paraná no contexto da guerra scal entre estados.

No final da década de 1990, o país assistiu a uma acirrada disputa entre os governos estaduais, apelidada de guerra fiscal, que resultou na instalação de plantas automotivas em estados como Goiás, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia – principalmente no ramo de automóveis leves. O Paraná se tornaria o segundo pólo automotivo do país. A Volvo, por sua vez, representa o segmento específico de caminhões, e reestruturou-se em fins dos anos 1990.

borado pelo Macrossetor da Indústria da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que envolveu os ramos metalúrgico, químico, vestuário, alimentação e construção civil. “Há muito espaço para, por exemplo, investimento na indústria da saúde, que mostrou carência gigantesca na área da pandemia, afinal tivemos que importar máscara. Então, essa medida inicial do governo abre a fronteira para abraçar um plano, um plano de Estado, não de governo”, afirmou.

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Vinicius Konchinski e Pedro Carrano
4 Brasil
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Uma série de demandas, que envolvem garantia de emprego e incentivo à indústria, devem ser cumpridas
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Sindicato denuncia que prefeito de Araucária gastou R$ 9 milhões em contratação de parentes

Ministério Público do Paraná é acionado para investigar possíveis prejuízos à cidade

AGrande Família de Araucária. É assim que o sindicato dos servidores municipais, Sifar, chama a mais nova denúncia contra o prefeito da cidade, Hissam Hussein, por nepotismo. O município, que fica na Região Metropolitana de Curitiba, famoso por ter refinarias da Petrobras, ganhou as manchetes do Brasil e do mundo por conta de denúncias envolvendo o chefe do executivo municipal, como ter casado com uma jovem de 15 anos de idade e nomeado sua irmã para a Secretaria de Cultura.

O Brasil de Fato teve acesso à denúncia apresentada pelo Sifar ao Ministério Público, MP, em que aponta que 12 parentes do prefeito Hissam foram nomeados na Prefeitura, entre secretarias e outros cargos comissionados, com salários de R$ 20 mil. Ao todo, o município teria gastado cerca de R$ 9 milhões com parentes do prefeito. “Inicialmente, é preciso dizer que além das nomeações individuais de parentes do prefeito, chama

a atenção o conjunto delas, o movimento de sucessivas nomeações e exonerações seguidas de novas nomeações para o mesmo cargo, bem como também de exonerações definitivas quando a relação de parentesco também se desfaz”, diz um trecho da notícia de fato apresentada ao MP, que possui cerca de 32 páginas.

Ex-esposa Entre os parentes citados pela denúncia estão a ex-esposa do prefeito, que teria ficado por quatro anos à frente da Secretaria de Assistência Social, além de sua filha, que é secretária de Administração, e uma outra filha, que atualmente trabalha na Secretaria de Gestão de Pessoas.

Para Bernardo Paim, diretor do Sifar, a prática de nepotismo na Prefeitura se soma à prática de exonerações de acordo com rompimentos pessoais com o prefeito, que acabaria onerando os cofres públicos. “No caso dessa denúncia de nepotismo há alguns casos, mas não todos, estamos preparando novo documento demonstrando que quase todos os secretários tiveram a mesma prática de exonerar e ser contratado, o que fere vários princípios da administração pública. Cada exoneração dessa custa quase R$ 80 mil”, diz.

Um dos casos citados pelo Sifar é na Secretaria Municipal de Administração, chefiada pela filha do

prefeito. De acordo com a denúncia, Yasmin Hissam Dehaini teria sido nomeada para o cargo logo após ter se separado de seu ex-marido, Eduardo Rodrigues Melo, que ocupou o posto num período anterior à nomeação de Yasmin. O Sifar afirma que imediatamente após a separação e exoneração do ex-secretário, Yasmin foi para a pasta. “O que demonstra que o intuito da nomeação de Eduardo seria favorecer a filha do prefeito, e não a boa administração da coisa pública. Com a separação, o prefeito a nomeou sua filha para o cargo de secretária de Administração, onde permanece até o momento”, diz a denúncia.

Outra situação exposta é a nomeação de José Roberto Martins como secretário de Trabalho e Emprego, em 2017. Durante o período que foi secretário, o prefeito era casado com Cristiane Inez

OUTRO LADO

Martins, também secretária. Quando o relacionamento dos dois terminou, a denúncia cita que José Roberto teria sido exonerado. “Nomeações e exonerações supramencionadas demonstram que os cargos políticos de secretários municipais foram preenchidos a fim de beneficiar parentes, e não em prol da finalidade pública. O favorecimento fica evidente quando são exonerados exatamente no momento em que as relações conjugais ou de parentesco se extinguem”, cita o documento do sindicato.

O MP vem investigando a gestão de Hissam, sendo que no último dia 1º promoveu uma operação na casa do político para apurar crimes contra a administração pública. De acordo com o MP, a investigação ocorre em segredo de justiça em “razão da natureza dos delitos investigados”.

A reportagem do Brasil de Fato Paraná entrou em contato com a Prefeitura de Araucária para ter posicionamento sobre as denúncias apresentadas pelo Sifar. Até o fechamento desta edição não houve respostas.

Audiência em Curitiba reúne servidores que reivindicam reajuste salarial

pedido do Fórum das Entidades Sindicais (FES).

AAssembleia Legislativa do Paraná (Alep) promoveu na terça (6), audiência pública para discutir a data-base e a política salarial dos servidores do Executivo. O evento é resultado de um

Desde 2016, o governo do Estado não repõe a inflação nos salários dos servidores públicos e, com isso, a defasagem salarial acumulada em 2023 deve chegar a 42,27%. As categorias reivin-

dicam reajuste que leve em consideração o percentual concedido aos trabalhadores do Judiciário, de 12,13%.

Participação Fizeram parte da mesa os deputados proponentes da audiência pública, Professor Lemos,

Arilson Chiorato, Luciana Rafagnin, Dr. Antenor, Ana

Júlia e Requião Filho. Também participou o deputado da base do governo Evandro Araújo, além dos deputados federais Tadeu Veneri e Carol Dartora.

Os parlamentares se co-

locaram à disposição dos servidores para pressionar o governo para que se abra uma mesa de negociação, bem como para fazer a defesa do pagamento equiparado ao percentual concedido aos trabalhadores do Judiciário.

Paraná, 8 a 14 de junho de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR
Ana Carolina Caldas
Brasil 5
Reprodução | Redes Sociais

Curitiba entrega gestão com modelo de saúde assistencialista e quem paga a conta é a população

SISMUC

Atualmente, a saúde pública de Curitiba sofre com falta de profissionais — sejam enfermeiros, técnicos, médicos generalistas e especialistas; a falta de clínicas para tratamentos de média e alta complexidade ou a falta de verba para a saúde. Mas há também uma característica que resume a atual gestão municipal de Curitiba: o assistencialismo no lugar da assistência. Ou seja, a gestão de saúde em Curitiba confronta os princípios e o modelo assistencial do SUS.

Qual a diferença entre assistencialismo e assistência? As diferenças se dão na forma e no impacto que cada um terá na vida da população. A as-

A necessidade de uma educação em saúde para a população

“As pessoas esquecem da importância de prevenir doenças, ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas regularmente. As pessoas querem a consulta com o médico e o posto de saúde fornecendo o medicamento. Chega um paciente com diabete querendo que a gente aumente a dose de insulina para que ele possa comer mais doce, sendo que deveria ser o contrário.” Luiz afirma que a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba incentiva essa prática. “Quando o enfermeiro não aumenta a dose do remédio, a Prefeitura esti-

mula que o usuário ligue para o 156. Aí sou chamado pela minha chefia que diz que devo aumentar a insulina”.

Com esse modelo, a gestão municipal acaba colocando o usuário contra o servidor, afinal, é a enfermagem que está na linha de frente do atendimento, será o rosto desses trabalhadores a ser visto e lembrado pelo paciente. Não adianta fazer concurso público falando da importância da Lei 8142/90, que diz da responsabilidade do usuário no gerenciamento do SUS, se a Prefeitura não educa a população sobre o funcionamento do

sistência possui natureza preventiva e protetiva, o assistencialismo é imediatista. Ou seja, enquanto a gestão da saúde pública que segue um modelo de assistência busca acompanhar a vida do paciente para garantir dignidade e qualidade de vida, a que segue um modelo assistencialista visa prover uma necessidade momentânea, sem criar um vínculo com o paciente.

“Assistência é compreender, fomentar, articular, se colocar no lugar do outro e conseguir prestar um serviço de alta qualidade, com os recursos que você tem. Essa é a proposta do SUS. Porém, nos últimos 10 anos, vemos um modelo de assistencialismo, que é fazer de qualquer jeito, apenas para gerar números, para parecer que tudo está

dando certo. As filas ainda são gigantes, principalmente das consultas especializadas.” explica Luiz (nome fictício), enfermeiro e servidor público sindicalizado ao Sismuc.

Para Luiz, deixou-se de seguir a premissa do SUS de prevenção de doenças a partir de um olhar de como a sociedade moderna se organiza. O tratamento e a prevenção das doenças deixaram de ter relação com a redução da pobreza, por exemplo, e passaram a demandar outros mecanismos, agora entupindo os pacientes de remédios alopáticos, funcionando apenas quando os sintomas já atingiram o paciente. Quando, na verdade, a gestão deveria criar ações que possibilitem a redução de risco e vulnerabilidade da população.

Sistema Único de Saúde.

“A educação em saúde é algo que a SMS falha. As pessoas não sabem quando procurar uma Unidade Básica. Há 20 anos, o governo federal havia delineado muito bem o que era um atendimento de urgência e emergência, o que é a Atenção Primária à Saúde, o que é uma UBS. Antigamente, você não podia ir em uma US para atendimento de emergência. Hoje, a SMS orienta que a população procure a US para qualquer atendimento.” Para Luiz, o que falta em Curitiba é informação e formação de qualidade para os usuários.

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6 Informe Institucional

Oficina de Música

A 40ª Oficina de Música de Curitiba foi ampliada e ocorre também na estação mais fria do ano, além da já consagrada edição de verão, em janeiro. De 25 de junho a 9 de julho, a 40ª Oficina de Música – Inverno – ocupará

diversos espaços culturais da cidade, oferecendo uma programação diversificada com apresentações de vários gêneros musicais e cursos destinados a diferentes práticas do conhecimento musical.

Programação diversificada

Com mais de 100 apresentações para o público, a edição especial de inverno da O cina chega com programação diversi cada, que abrange desde a música erudita até os ritmos populares. Há destaques como Carlinhos Brown, Lenine, Cristian Budu, Paula Lima, Diane White-Clayton entre outros nomes da cena erudita e popular. Em breve será divulgada a programação completa no Guia Curitiba.

Onde será

A O cina terá atividades nos principais espaços culturais da cidade, como Teatro Guaíra, Guairinha, Teatro Positivo, Teatro do Paiol, Capela Santa Maria, Memorial de Curitiba, Memorial Paranista, Auditório Mário Schoemberger e Oratório de Bach, Capela da Glória, Conservatório de MPB, Escola de Patrimônio, Auditório Regina Casilo, Casa Ho mann e Teatro da Vila.

DICAS MASTIGADAS Sopa de abóbora

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Ingredientes

1 kg de abóbora orgânica

já descascada

1 ½ cebola orgânica branca

½ maço de salsinha

2 galhos de erva cidreira/capim santo

1 colher (sopa) sumo de gengibre

Sal a gosto

Modo de preparo

Coloque todos os ingredientes em uma panela, acrescente água suficiente para cobrir toda

Nena Inoue volta aos palcos curitibanos com temporada gratuita de SOBREVIVENTE

Espetáculo da premiada atriz será no Teatro José Maria Santos, de 8 a 25 de junho

Redação

Após estrear com teatro cheio e ingressos esgotados no Festival de Curitiba deste ano, seguida de temporada no Sesc Pinheiros, em São Paulo, a atriz Nena Inoue retorna aos palcos curitibanos com “SOBREVIVENTE”, seu mais recente trabalho, no Teatro José Maria Santos, entre os dias 8 e 25 de junho, com apresentações de quinta a domingo, com sessões extras aos finais de semana. A entrada é gratuita e os ingressos são distribuídos com uma hora de antecedência, no local.

Neste trabalho que fala de ancestralidades, Nena Inoue divide o palco com seu filho, o ator Pedro Inoue, sob direção do amazonense Henrique Fontes, que também assina a dramaturgia. Por meio do teatro documental, a premiada atriz reconstrói o caminho de sua historiografia e investiga uma possível ascendência indígena.

operador de vídeo e áudio deste trabalho e, através dos recursos digitais, ele constrói em cena a dramaturgia audiovisual deste espetáculo documental, revelando as histórias que quero e preciso trazer à tona”, completa.

O diretor e dramaturgo Henrique Fontes conta sobre a trajetória da peça. “Quando iniciamos o processo criativo, “SOBREVIVENTE” era uma pesquisa sobre a realidade das mulheres indígenas, todo o processo de violência e apagamento das histórias delas, e foi criada uma fábula, que seria narrada em primeira pessoa. No meio disso, sentimos a vontade e a necessidade de trazer a própria história da Nena, que também vivenciou o apagamento de uma mulher, sua avó materna, ao que tudo indica, indígena”, afirma Fontes, que é vencedor do Prêmio Shell de Melhor Dramaturgia com o texto “A Invenção do Nordeste”.

a abóbora e leve ao fogo, com a panela tampada. Quando estiver bem cozida, com a abóbora bem macia e a cebola transparente, tire o galho da erva cidreira/ capim santo, descarte, e bata todo o conteúdo no liquidificador até ficar um creme homogêneo.

Coloque de volta na panela e deixe apurar um pouco, depois é só servir com um fio de azeite de oliva ou azeite de licuri.

Isso porque, em meados de 2022, a atriz descobriu indícios de uma possível origem indígena além da já conhecida ascendência japonesa. Não à toa, seu filho, Pedro Inoue, também em cena, contribui para que o processo de investigação sobre as origens de Nena e os apagamentos que marcaram a vida dela e das mulheres da família sejam revelados, revisitados e ressignificados.

A atriz comenta sobre a experiência de atuar com o filho e a repercussão positiva do que ela chama de experiência compartilhada. “A presença do Pedro não é só como ator, ele também é diretor-assistente e ator,

A obra é a segunda da “Trilogia para adiar o fim”, idealizada por Nena Inoue com enfoque nas histórias verídicas de mulheres, iniciada em 2018 com o espetáculo “Para Não Morrer”, que lhe rendeu o Prêmio Shell de Melhor Atriz 2019, no Rio de Janeiro, e que já foi assistida por mais de 40 mil pessoas.

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Humberto Araujo

Vem aí a Suburbana 2023. Saiba como será o mais importante campeonato de bairro de Curitiba

Federação Paranaense de Futebol publica tabela e regulamento do Campeonato Amador

Considerado um dos melhores torneios amadores do Brasil, a charmosa Suburbana de Curitiba já tem data para começar. A Federação Paranaense de Futebol, FPF, organizadora do torneio, publicou em seu site na terça-feira, 6, a tabela e o regulamento da série A deste ano. A Suburbana reunirá 12 equipes disputando a primeira divisão, e dezenove, a segunda. A série B terá sua primeira rodada marcada para o próximo dia 17, enquanto a série A, começará em 15 de julho.

Sistema de disputa Na série A, a primeira fase terá turno único, com as equipes se enfrentando em onze rodadas, as oito melhores passam para a fase de quartas de final, e as duas piores na classificação do primeiro turno são rebaixadas para a série B. Na divisão de acesso, as dezenove equipes serão divididas em

dois grupos, tendo o grupo A nove equipes, e o grupo B, dez.

As equipes se enfrentam em turno único, contra outros times de seus respectivos grupos. Classificam-se para a próxima fase seis

Onde torcer?

Confira no site brasildefatopr.com.br especial para você ficar por dentro da Suburbana e saber qual é o time da série A que representa o seu bairro ou região em Curitiba.

equipes, que serão divididas novamente em seis, em dois novos grupos. As duas melhores campanhas de cada grupo passam para a semifinal. A data das finais ainda não foi homologada.

Divulgação

DESTAQUES

Como em anos anteriores, a Suburbana terá um desfile de atletas que já tiveram passagens em grandes equipes do futebol brasileiro. Na série A, o Capão Raso anunciou o ex-atacante do Operário, Schumacher, que defenderá as cores do Esquadrão de Aço. Já o Iguaçu, conhecido como Galo da Colônia Famosa, fechou com dois ex-atletas do Athletico Paranaense. O volante Deivid, ídolo no Furacão, e o atacante Ricardinho, que também acumula passagens pela Ponte Preta, América Mineiro e FC Dallas (EUA). Ambos serão destaques da equipe de Santa Felicidade, que tenta o seu 11º título. Já o atual campeão, o Novo Mundo, apostou suas fichas no zagueiro ex-Palmeiras e Coritiba, Maurício Ramos. De acordo com o técnico alvirrubro, Ivo Petry, o atleta vem reforçar o clube dentro e fora de campo. “A ideia da parceria com Novo Mundo, além de colaborar com sua experiência de atleta exemplar, com carreira vitoriosa, e com eventuais destaques, especialmente na categoria de base, é que possa ajudar a encaminhar para clubes profissionais. Certamente ajudará no grupo vitorioso de atletas do Novo Mundo”, disse ao portal Suburbana na Tela.

Ou pesca agora, ou...

Sem ganhar de ninguém há 15 jogos e sem vitória no Couto Pereira há quatro meses, o Coxa ocupa a lanterna do Brasileirão, no qual acumula as vergonhas de defesa mais vazada e pior saldo de gols. A oportunidade de iniciar uma recuperação (agora com Alef Manga em campo) não poderia ter adversário mais adequado do que o Santos, na tarde do próximo sábado (10/6). O Peixe vem do abalo da virtual eliminação da Copa Sul-Americana, ao sofrer sua terceira derrota consecutiva na competição; está sem vencer no Brasileiro também por três partidas seguidas – o triunfo mais recente foi diante do combalido vice-lanterna Vasco há quase um mês; e não ganhou nenhum dos dois duelos contra o Bahia, o que acarretou seu precoce adeus da Copa do Brasil. A hora da pesca é esta. Se o alviverde não sgar nem um alquebrado rival cativo em aquário, a degola será virtualmente inevitável.

Vigília tricolor

Por Marcio

O Paraná joga a vida no próximo domingo (11) na Cidade de União da Vitória contra o Iguaçu. Três pontos atrás do quarto colocado, restando apenas três rodadas para o nal da primeira fase, o Paraná pode até dar adeus às chances de classicação caso não conquiste a vitória. Se a fase não é boa esportivamente, o momento administrativo do Clube é ainda pior. Está marcada para a próxima segunda-feira (12) uma assembleia com os mais de 400 credores do Clube. Estará em jogo a chamada “Recuperação Judicial”. O aceite dos donos das dívidas é o único caminho para que o Clube não tenha sua falência decretada diante de uma dívida que chega perto dos R$ 150 milhões. Seja com relação ao campo ou fora dele, as rezas e o envio de energias positivas da torcida nos próximos dias será fundamental para manter o nosso gigante vivo. Caso contrário, o jeito será criar outro CNPJ e recomeçar do zero.

Classificados na base da cornetagem

Por Douglas Gasparin Arruda

Escrever sobre o Athletico neste momento é con ituoso para o torcedor. Não há como negar: estamos no nosso melhor 1° semestre da história. Somos os campões invictos do Paranaense, estamos classi cados com uma rodada de antecedência no grupo da morte da Libertadores, com chances altas de passar em primeiro e em boa situação no Brasileirão, com 2 pontos para o G4. Não fosse o bastante, chegamos também nas quartas da Copa do Brasil, onde vamos novamente enfrentar o Flamengo, em uma disputa que já virou uma das grandes rivalidades do futebol brasileiro. Mas, por outro lado, também é inegável que o rendimento do time preocupa. O futebol apresentado não agrada, e parte da torcida já vem reclamando. Entre corneteiros e esperançosos, co do lado destes, com Turra até o m!

Paraná, 8 a 14 de junho de 2023 Brasil de Fato PR Brasil de Fato PR 8 Esportes

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