Brasil de Fato PR - Edição 113

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Cidades | p. 6

Entrevista | p. 5

Prisão de Lula é questão de direitos humanos

Executados nas ruas

Atriz Cristina Pereira vem a Curitiba prestar solidariedade

Três pessoas em situação de rua são assassinadas na Grande Curitiba

Rovena Rosa | Agência Brasil

Pedro Carrano

PARANÁ

Ano 4

Edição 113

28 de fevereiro a 6 de março de 2019

Aposentadoria: mulheres e professores perdem mais

distribuição gratuita

www.brasildefato.com.br/parana

JUSTIÇA SUSPENDE AUMENTO DE ÔNIBUS Aumento dado por Rafael Greca torna passagem de Curitiba a maior entre as capitais Geral | p. 3

USP Imagens

Giorgia Prates

Proposta de Bolsonaro aumenta tempo de contribuição e corta benefícios Brasil | pág. 4 Cultura | p. 7

Carnaval é também político Blocos levam para as ruas temas controversos e pouco discutidos


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Paraná, 28 de fevereiro a 6 de março de 2019

Quem ganha com a reforma da previdência?

EDITORIAL

Brasil de Fato PR SEMANA

N

o discurso, Bolsonaro afirma que a recontribuir. O emprego estável é uma realiforma acaba com os privilégios e reedade distante para os brasileiros. Como esquilibra as contas do governo. Mas na práperar a contribuição regular ao INSS sem o tica não é assim. O relatório final da CPI da aquecimento econômico e a geração de emPrevidência mostra que empregos formais? presas privadas devem cerca Além disso, a reforma de R$ 450 bilhões à previ- Como esperar previdenciária não considência; dentre elas a JBS, o a contribuição dera os empregos mais desBradesco, Lojas Americanas regular ao INSS gastantes, que agora têm a e a Vale. idade de aposentadoria e o sem o aquecimento Estima-se que somente tempo de contribuição auR$ 175 bilhões são recupe- econômico e mentados. Porém, com a ráveis. Isto é, as empresas a geração de incapacidade do governo devem, dão calote e são os federal de articulação no trabalhadores que pagam a empregos formais? Congresso, abre-se a chance conta. Neste mês o desemde barrar o projeto. Em 2017 prego aumentou para 12% e uma grande greve geral enjá atinge 12,7 milhões de pessoas. A reforma gavetou a proposta de reforma. Com uma da previdência também não veio sozinha. grande mobilização, em 2019, é possível Com a reforma trabalhista, ficou mais difícil derrotá-la novamente.

A importância da universidade pública OPINIÃO

Lino Trevisan ,

professor de Sociologia na UTFPR. Mestre em Tecnologia (PPGTE/UTFPR) e Doutor em Sociologia (Unicamp)

T

ome-se como exemplo a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, UTFPR. Possui campi em 13 cidades, sendo 7 deles com menos de 15 anos: Dois Vizinhos (2003), Apucarana, Londrina, Toledo (2007), Francisco Beltrão (2008), Guarapuava (2011) e Santa Helena (2º sem. 2014). Portanto, vários campi e diversos cursos são recentes. A UTFPR atende a mais de 35.000 alunos em cursos técnicos, de graduação e pós-graduação. Além das aulas, os servidores fazem pesquisa, produzem conhecimento e desenvolvem tecnologia, beneficiando a sociedade. Em 2017 (relatório de gestão), os

2.829 docentes e 1.156 técnico-administrativos tiveram produção acadêmica significativa: 939 monografias de especialização, 587 dissertações de mestrado e 58 teses de doutorado; publicaram 399 livros e capítulos de livros, 3.150 artigos em anais de eventos científicos e 1.742 artigos em periódicos. Foram responsáveis ainda por pedidos de registros de 37 patentes, 40 de software e 10 de marcas; realizaram mais de

As universidades públicas dão extraordinária contribuição ao desenvolvimento socioeconômico do país

1500 ações de extensão, beneficiando mais de 520 mil pessoas. Na avaliação pelos estudantes, os professores obtiveram índice de aprovação de 84,79%. A UTFPR tem nota 4 no Índice Geral de Cursos (IGC). Em 2017, 12 cursos passaram por reconhecimento ou renovação do reconhecimento e tiveram conceitos 4 e 5. No Exame Nacional de Cursos (ENADE) de 2018, 39 cursos tiveram nota 4 e outros 11 nota 5, representando um crescimento em relação aos números anteriores e superando a média nacional. Em todos estes indicadores, a nota máxima é 5. Some-se isso à contribuição do conjunto das universidades públicas e temos um extraordinário apoio para o desenvolvimento socioeconômico do país. Defender a universidade pública é defender o futuro do Brasil.

EXPEDIENTE Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016 O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 113 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Franciele Petry Schramm e Laís Melo COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Gabriel Carriconde e Lino Trevisan ARTICULISTAS Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Gibran Mendes e Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS www.facebook. com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com IMPRESSÃO Grafinorte | Nei 41 99926-1113


Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de fevereiro a 6 de março de 2019

QUE DIREITO

FRASE DA SEMANA

É ESSE?

“Os grandes favorecidos são os bancos”

Pesquisa indica como desgastar os Bolsonaros A pesquisa CNT/MDA apontou os rumos para Bolsonaro manter sua popularidade, assim como os pontos-chaves para que a oposição consiga desgastá-lo. Segurança, previdência e filhos do presidente estão no centro do debate. A popularidade dele depende exclusivamente de seus eleitores. Desses, 57,6% acreditam que ele vai melhorar o país. Mas o prazo de validade para que isso ocorra é de apenas um ano para 30,3%. Essa imagem positiva passa por dois grandes temas: a Reforma da Previdência e a Segurança Pública. A aposentadoria é o principal campo em disputa com 43,4% favoráveis e 45,6% contrários. Essa percentagem ajuda a oposição a desgastar Bolsonaro. A segurança é outro ponto com que a oposição pode desgastar o presidente. 52,6% dos brasileiros desaprovaram decreto de posse de arma. Agora, uma das principais estratégias da oposição deve ser manter os filhos de Bolsonaro no debate público. 56,8% dos entrevistados acreditam que os filhos do presidente estão interferindo nas decisões do pai.

Divulgação Divulgação Divulgação

Diz a coordenadora de pesquisas do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Patrícia Pelatieri, sobre a proposta de capitalização para as novas aposentadorias. “(os bancos) vão colocar a mão por décadas nesse fundo bilionário”, complementa. Divulgação

Aumento que beneficia donos de empresas de ônibus é adiado Ana Carolina Caldas O aumento das passagens de ônibus, que entraria em vigor nesta quinta, dia 28, foi adiado pela justiça. O juiz Thiago Flôres Carvalho concedeu liminar em ação movida pela vereadora professora Josete (PT) e pelo deputado estadual Goura (PDT), suspendendo o reajuste até 25 de março. Na decisão o juiz considerou pequeno o prazo entre o anúncio da decisão pela prefeitura e sua implementação: “só divulgação de novo valor, todavia, desacompanhada de prazo razoável para que o consumidor possa planejar suas finanças, não atende a essas diretrizes”, escreveu. A mais cara do Brasil O aumento nas passagens dado pelo prefeito Rafael Greca aos donos das empresas de ônibus torna a passagem em Curitiba a mais cara entre as capitais brasileiras. Superando cidades como São Paulo, que têm sistemas

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integrados ao metrô e ônibus que percorrem distâncias muito maiores. Além do preço recorde, prefeitura e estado ainda repassarão R$ 200 milhões como subsídio pela “tarifa técnica”. O deputado estadual Goura (PDT) lembra que a licitação que beneficiou as empresas vem sendo questionada. “Pelo Tribunal de Contas em 2010, pela CPI do Transporte na Câmara Municipal de Curitiba, em

2013, e pelo Ministério Público (MP-PR) no ano passado, que pediu que o contrato fosse anulado e feito um novo processo licitatório em Curitiba”. A vereadora Professora Josete (PT) pretende também pedir explicações do secretário de Finanças de Curitiba sobre esses milhões. “Vou pedir que mostrem da onde sairá esse valor, já que não estava no orçamento”, disse.

PROTESTO Contra o aumento da tarifa e o repasse milionário aos empresários, movimentos sociais, estudantes e apoiadores realizaram na terça, dia 26, manifestação na Praça Rui Barbosa, centro da cidade. Entre as várias reivindicações feitas, o movimento pede o congelamento da tarifa e o cancelamento do atual contrato com as companhias.

Giorgia Prates

Rubens Bordinhão

Saiba o que muda com a reforma da Previdência A proposta de emenda à Constituição apresentada na quarta-feira passada (20) prevê aumento no tempo de contribuição mínima para a aposentadoria, que passa de 15 para 20 anos. Além disso, para receber 100% do benefício, o cidadão deve trabalhar por mais 20 anos, até completar 40 anos de contribuição. A reforma também traz alterações para quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BCP-LOAS), que é pago aos idosos e deficientes que comprovam baixa renda. O beneficiário idoso que hoje recebe um salário mínimo passa a receber apenas R$ 400,00 até completar 70 anos. Tem mudanças também no PIS/PASEP. Só passa a ter direito ao saque do abono salarial o trabalhador que comprovar remuneração de apenas um salário mínimo. Pelas regras atuais, tem direito o cidadão que percebe até dois salários. Essas são apenas algumas das propostas, mas logo se vê que a reforma da Previdência vai atingir justamente os que mais precisam dela. A PEC proposta por Bolsonaro segue a orientação do seu governo de prejudicar a população trabalhadora. Rubens Bordinhão de Camargo Neto, mestre em Direito pela UFPR e militante da Consulta Popular


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Brasil de Fato PR

Mulheres e professores O 8 de março terá estão entre os que mais manifestações no perdem com mudança Paraná na aposentadoria Franciele Petry Schramm

Proposta de Bolsonaro faz mulheres trabalharem mais e receberem menos e acaba, na prática, com aposentadoria especial de professores Frédi Vasconcelos

C

om a proposta de reforma da Previdência, enviada ao Congresso pelo governo Bolsonaro, todos os trabalhadores perdem. Mas mulheres e professores estão entre as principais vítimas. No caso das mulheres, hoje podem se aposentar com 30 anos de contribuição. Por exemplo, tendo

começado a trabalhar aos 20 anos e contribuído por 30, poderiam se aposentar aos 50. Se a proposta de Bolsonaro passar, terão de trabalhar até os 62 anos, com, no mínimo, 20 de contribuição. E recebendo apenas 60% de sua média no período que contribuiu. Para chegar a 100%, teria de contribuir por 40 anos. “Essa proposta de reforma da Previdência é uma Frédi Vasconcelos

Para Ludimar Rafanhim, é mentiroso o discurso de que o país quebra se a reforma da previdência não passar. Ele explica que essa tese já foi desmontada por economistas de diversos lugares, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e auditores fiscais da previdência, entre outros. O “truque” é considerar apenas as contribuições de patrões e empregados à Previdência, “esquecendo” que há diversas outras arrecadações de impostos e taxas que têm a finalidade de pagar essa conta.

Professores e professoras Para o consultor, caso a reforma passe no Congresso como está, outra consequência será acabar, na prática, com a aposentadoria especial dos professores. Nas regras atuais, uma professora com 25 anos de contribuição e 50 de idade poderia se aposentar. Se mudar, terá de trabalhar até os 60 anos e contribuir por 40 para receber 100% de sua média salarial.

Plenária contra a reforma Representantes de movimentos sociais, sindicatos, centrais sindicais e partidos políticos participaram de plenária, no sábado (23/2), para articular Frédi Vasconcelos

DISCURSO MENTIROSO

verdadeira demolição do sistema previdenciário brasileiro. Na prática, o atual sistema é extinto. Todos são prejudicados, mas principalmente mulheres, trabalhadores rurais e professores”, afirma o especialista em Previdência Ludimar Rafanhim, em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato Paraná.

uma frente para combater a reforma da previdência. “Vamos fazer um comitê amplo contra a reforma da previdência. E a partir dessas plenárias, articular mobilizações na proteção de nossos direitos”, diz Roberto Baggio, da coordenação do Movimento do Trabalhadores Rurais sem terra, MST.

No 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, estão previstas manifestações em ao menos oito cidades do Paraná. Em Curitiba, atividades com o mote são organizadas pela Frente Feminista, uma articulação composta por mais de 15 entidades e movimentos sociais. Na capital, as mobilizações começam na Praça Santos Andrade, a partir das 12h, com atividades

culturais como o Slam das Minas, uma batalha de poesias feita exclusivamente por mulheres. A partir das 16h, as manifestantes se concentram na mesma praça para que uma marcha saia às 18h. O ato deve ir até as 20h, na Boca Maldita. O ato também irá relembrar um ano da morte de Marielle Franco, vereadora carioca brutalmente assassinada no dia 14 de março de 2018, ao lado do motorista Anderson Gomes. Até agora, nenhuma pessoa foi punida pelo crime.

Para ficar por dentro Curitiba Dia 8 de março, a partir das 12h Concentração Praça Santos Andrade – Centro Cascavel Dia 8 de março, às 11h Igreja Matriz – Av. Brasil Ponta Grossa Dia 8 de março, às 13h30 Parque Ambiental Av. Vicente Machado PUBLICIDADE

Francisco Beltrão Dia 8 de março, às 9h Praça central de Francisco Beltrão Guarapuava Dia 8 de março, às 9h Praça 9 de dezembro – Alto da XV Londrina Dia 8 de março, às 18h Concha Acústica - Centro Atos também serão realizados em Toledo, Apucarana e Foz do Iguaçu


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Crise na Venezuela é diferente do que estão contando Representantes de 85 países estão em Caracas e contam sobre o que viram nas ruas Leonardo Fernandes,

Caracas, Venezuela

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esde domingo (24), 400 representantes de 85 países se encontram na capital venezuelana, Caracas, onde é realizada a Assembleia Internacional dos Povos. Para muitos dos que chegaram à Venezuela em meio a um bombardeio midiático negativo sobre o país, a realidade encontrada gerou surpresa. É o que conta a brasileira Jessy Dayane, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE). “No Brasil, minha família já me dizia: cuidado, se prepare. Ou seja, toda uma tensão antes da vinda porque as notícias mostravam que o país estava em plena guerra civil com bombas e tiros o tempo inteiro. E quando a gente

José Eduardo Bernardes

chegou aqui, encontramos um cenário de paz. As pessoas estão indo trabalhar normalmente, as crianças estão estudando”. Na terça-feira (26), os participantes da AIP percorreram diversas regiões de Caracas, para verificar in loco a real situação do país. “Eu vi muita alegria, tranquilidade nas pessoas, muitas expressões de agradecimento pela nossa visita. Eu sempre pensei que toda essa deformação da realidade da Venezuela é construída para justificar uma invasão de qualquer natureza pelos Estados Unidos. A invasão militar é o máximo que podem fazer, disso eu tenho certeza”, disse a salvadorenha Blanca Flor Bonilla, da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional. *Com colaboração do coletivo de comunicação da AIP

Delegados da Assembleia Internacional dos Povos subiram os morros de Caracas para verificar a situação do povo venezuelano

“A prisão do Lula é uma questão de direitos humanos das mais graves”, afirma atriz ENTREVISTA

Para Cristina Pereira, atual governo está se destruindo pelo desentendimento interno Pedro Carrano

Pedro Carrano

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ristina Pereira, conhecida atriz de cinema e televisão, que já estrelou novelas como “Vamp” e “Haja Coração”, esteve em Curitiba para manifestar-se contrária à prisão do ex-presidente Lula. Brasil de Fato | O que a motivou a vir à Vigília Lula Livre? Cristina Pereira | Há muito tempo, desde que o Lula foi injustamente preso, eu tinha vontade de vir. De fazer porque é necessário. Vim com um grupo de direitos humanos chamado MHuD – Movimento dos Humanos Direitos, do Rio de Janeiro.

E como a prisão do Lula é uma questão de direitos humanos das mais graves, a gente achou que o movimento deveria estar presente nesta hora. E não é apenas a prisão injusta de uma

pessoa, mas um grande líder e o melhor presidente que o Brasil já teve. O Humanos Direitos é um movimento de artistas buscando engajamento

político? Sim. Foi fundado em 2003 pelo padre Ricardo Resende e pelo ator Marcos Winter, e hoje em dia tem cerca de 50 pessoas, são atores, jornalistas, religiosos, professores, militantes de movimentos sociais. O foco é participar onde existe um problema social, por exemplo, trabalho escravo. Algumas pessoas vão nesse local, onde pessoas são ameaçadas de morte, e esses atores levam um pouco da sua visibilidade para a questão social. O governo Bolsonaro sinaliza ataques contra a liberdade de expressão. Há um vínculo entre essa luta e a liberdade de Lula? Talvez

uma fagulha de esperança é que esse próprio governo está se destruindo por si só nesse desentendimento interno, porque é formado por pessoas que têm essa ideologia do ódio, da arma, do desrespeito pelos direitos, preconceito etc. E a prisão do Lula se deve a esse projeto do golpe desde 2013, quando eles viram que o PT se consolidou como projeto de país vitorioso, em todos os sentidos, então eles não se conformaram com isso e resolveram voltar ao poder, para isso planejaram o golpe. E o auge desse golpe é a prisão de Lula. Se o Lula não estivesse preso, hoje estaria na presidência da República.


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Três pessoas em situação de rua são assassinadas na grande Curitiba Crimes aconteceram na Região Metropolitana da capital neste início de ano Ana Carolina Caldas

Ana Carolina Caldas

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m janeiro deste ano, três pessoas em situação de rua foram assassinadas na Região Metropolitana de Curitiba. Na capital, um foi morto a tiros, no dia 18, no Boqueirão. Outro foi carbonizado próximo ao Terminal da Vila Hauer, em 21 de janeiro. E, no dia 25, em Colombo,

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na Região Metropolitana, outra vítima foi carbonizada. Segundo Tomás Melo, do Instituto Nacional de Direitos Humanos da População em situação de rua (INRua), atualmente, e cada vez mais, as pessoas estão fazendo justiça com as próprias mãos. “Essa violência que vem da sociedade tem a ver com este mo-

mento em que as pessoas vêm se sentindo legitimas e autorizadas a cometer atos violentos contra pessoas em situação de rua”. E complementa: “o morador é um corpo fácil, exposto no espaço público, sujeito a diferentes violações”. Leonildo esteve nessa situação por cinco anos e sabe as dificuldades de acolhimento da cidade. Procurada pela reportagem do Brasil de Fato, a Policia Civil do Paraná informou que dois suspeitos pela morte do morador no bairro Vila Hauer foram presos. Em nota, a Fundação de Assistência Social (FAS), da Prefeitura de Curitiba, disse que “todo apoio para as investigações está sendo prestado e o atendimento preventivo à violência é feito diariamente nos centros de referência da cidade de Curitiba”. Manifestação Entidades, movimentos sociais, parlamentares e moradores de rua se reuniram no sábado, 23, na Vila Hauer (foto), local de um dos assassinatos, para distribuir panfletos e sensibilizar a

população para que compreendam a situação de vulnerabilidade das pessoas em situação de rua. O protesto também teve o objetivo de reivindicar do Poder Público, com urgência, a formulação de uma política voltada para a população em situação de rua.

ZONA DE RISCO

“O que mais quero é sair da rua”, diz João Marcelo Presente no protesto na Vila Hauer, João Marcelo de Carvalho, de 39 anos, diz que o que mais deseja é sair da rua, onde está há seis anos, “O que me falta é oportunidade. Não temos acesso ao que mais precisamos, que é casa e emprego. Eu desejaria ter, para eu poder levantar minha cabeça, ter meu dinheiro, chegar ao mercado, pagar minha comida. Eu não quero morrer com essa vida.”

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Poder público sem proposta Criticado sobre políticas para as pessoas em situação de rua e a violência que têm sofrido por movimentos sociais, a prefeitura de Curitiba e o governo do estado não dão respostas nem fazem propostas. “Desde que a nova gestão da Prefeitura de Curitiba assumiu, nós tentamos diálogo e até apontamos alguns caminhos contra essa violência. Mas essa gestão que está aí não quer conversa, só quer ouvir os lados dos comerciantes e lojistas”,

informa Leonildo, do MNPR. Além da inexistência de uma política, há ainda precariedade e falta de preparo técnico. Para Eliane Silvério Betiato, do Conselho Regional de Serviço Social, “a violência é velada em espaços institucionais em que essas pessoas deveriam ser acolhidas. No dia a dia existem dificuldades para acessar serviços, precariedades nos espaços de acolhimento. Muitas vezes temos preconceitos e falta de preparo técnico.”


Brasil de Fato PR

Paraná, 28 de fevereiro a 6 de março de 2019

Blocos curitibanos mostram que carnaval também é político Organização de grupos e letras trazem visibilidade para pautas ainda pouco discutidas na sociedade Franciely Petry Schramm uem acha que o carnaval é um momento de “esquecer os problemas do país” está muito enganado. Cada vez mais, os blocos de pré-carnaval de Curitiba têm mostrado que é possível aliar diversão com engajamento político. Este ano, por exemplo, a denúncia da proposta de reforma da previdência será levada às ruas da capital paranaense pelo bloco ‘Balança Povo, que o de Cima Cai’. Na marchinha, versos como “dançou nossa previdência, até os 90 vou ter que trabalhar, para com decência poder me aposentar”. O bloco sairá da Praça Santos Andrade na quinta, 28 de fevereiro, às 17h30, pelo CarnaCUT. Protestos contra o governo de Jair Bolsonaro tam-

DICAS MASTIGADAS

Tabule refrescante Giorgia Prates

Dentro do carnaval Bloca Ela Pode Ela Vai faz enfrentamento à violência de gênero e reafirma que as mulheres podem estar onde querem

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bém são trazidos pela Bloca Ela Pode, Ela Vai. O grupo, criado em 2018 e formado apenas por mulheres, já participou de diversos protestos na cidade, como no ato #EleNão, durante as eleições presidenciais. Mesmo com a vitória do candidato do PSL, as mulheres passam seu recado por meio da batucada, com a letra: “Sai facista, engole

“Estar na rua é um ato político” Blocos como o Pretinho-sidade e a Bloca Saí do Armário e Me Dei Bem também são conhecidos pelo engajamento político. Composto apenas por lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e pessoas intersex, o Saí do Armário e Me Dei Bem foi criado em 2017, e desde então tem levado a discussão LGBT pro carnaval da cidade. “Nós sofremos muita opressão por sermos quem somos, então sair pra rua para fazer festa é, por si só, um ato político”, ressalta Danielle Duarte. Além disso, o grupo leva pra folia a campanha “Não é não”, para debater questões como assédio, racismo, machismo e homofobia.

BrasilCultura de Fato| PR 7

as mina que votaram no Ele Não. Se prepara, as batuqueiras vão fazer revolução. Somos muitas: branca, preta, macumbeira e sapatão”. As integrantes do grupo contam que a Bloca canta e toca o que elas pensam. “Somos mulheres e por meio do pré-carnaval a gente também faz enfrentamento a esse contexto de violência, de repressão e opressão”.

Ingredientes 500g de triguilho (farinha para quibe). 4 tomates médios sem sementes e picados. 1 xícara (chá) de salsinha picada. 6 Folhas picadas de ½ maço pequeno de hortelã 3 pepinos japoneses médios descascados e sem sementes. 2 cebolas médias descascadas e picadas. 4 folhas de acelga cortada em fatias finas 1 xícara cheia de azeite de oliva 200g de azeitonas picadas 2 colheres (chá) de sal. 4 dentes de alho picadinhos

Divulgação

Modo de Preparo Hidrate o triguilho por duas horas em água, os grãos devem ficar moles, mas não encharcados. Junte a farinha e os ingredientes em uma vasilha grande. Por último regue com o azeite e misture até que toda a mistura esteja bem azeitada. Essa porção serve 10 a 15 pessoas numa refeição.

LUZES DA CIDADE Pedro Carrano

A figueira e o muro A figueira crescia gigantesca ao lado da casa, no terreno do “velho”, era como a gente chamava, separada de nós por um muro, com arames farpados. Ao longe, nalgumas noites, um sábado por mês, a figueira ficava iluminada pelo fogo ao pé dela e escutávamos alguns cânticos que nunca na vida tínhamos escutado – nem na televisão, nem em casa, muito menos na escola. Aquilo era desconhecido para nós e alguns adultos ainda decretaram: “É macumba!”. Nossa reação era imediata. Então, pedras, paus e xingamentos eram comuns por parte da piazada. Até que um dia, quando vimos uma movimentação perto da figueira, subimos no muro na parte da tarde. Certamente, seria mais uma noite para hostilizar a cerimônia que acontecia do lado das nossas

Gibran Mendes

casas. Foi quando o tal “velho”, dono do terreno, nos cumprimentou, sorriu e perguntou se a gente não queria acompanhar aquele momento. Alguns de nós aceitaram o desafio e pularam o muro. E o restante, ao menos, deixou de atacar aquilo que não conhecia e temia.


Brasil de Fato PR 8 Esportes

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Derrota para Toledo afunda Coritiba e escancara crise no Alto da Glória Perda de receitas de TV e fraco desempenho em campo afundam clube em crise sem fim Divulgação | Coritiba

Gabriel Carriconde

E

ra para ser uma tarde de respiro para o Coritiba e também de celebração com a marca histórica do goleiro Wilson, com 200 jogos com a camisa alviverde. Porém, o que era para ser festa com o título do primeiro turno do Campeonato Paranaense virou um verdadeiro ‘’inferno verde’’. Com quatro pênaltis desperdiçados, os mais de oito mil coxas-brancas viram o Toledo Esporte Clube erguer o troféu em pleno Couto Pereira e a crise que assola o Alto da Glória se aprofundar.

Samir na mira? Após a derrota, o mandatário alviverde viu a turbulência em torno do seu cargo aumen-

Wilson não teve como comemorar após o jogo 200 com a camisa do Coxa

tar. Os ânimos chegaram a se acalmar entre os conselheiros após reunião na ultima terça-feira, quando o mandatário e o diretor de futebol Rodrigo Pastana

esclareceram dúvidas em relação a atrasos no pagamento de funcionários, já debitados, e o planejamento para o futebol com a contratação do novo comandante,

Umberto Louzer. Apesar dos ânimos acalmados e da promessa de contratação de mais quatro reforços, o cenário admitido pela própria diretoria é de preocupação

em relação ao fluxo de caixa dos próximos meses. Olho nos prejuízos Em matéria assinada pelo ex-funcionário do clube Bruno Kafka, o portal Coxanautas, tradicional entre torcedores, expôs que as perdas de receita no Coritiba podem chegar a 500 milhões reais até o final de 2020, quando se encerra a gestão de Samir Namur. O impacto na queda da arrecadação com as transmissões de TV devem chegar à casa dos 130 milhões de reais. ‘’Só com os contratos de transmissão do Campeonato Brasileiro, o Coritiba deixará de arrecadar R$ 86,6 milhões, valor que pode ser ainda maior, com possibilidade de chegar a R$ 123 milhões.”

Vencer a crise

Fala presidente!

Não vai ter UFC

Por Cesar Caldas

Por Marcio Mittelbach

Por Roger Pereira

Segundo concepção da medicina, crise é o momento a partir do qual se defi ne o caminho para a cura ou para a morte, podendo iniciar no sétimo, 14º, 21º ou 28º dia da evolução de uma doença. Transpondo a origem semântica da palavra para o grave momento pelo qual passa o Coritiba – seja na defi nição de um time apto para voltar à Primeira Divisão, seja nos aspectos fi nanceiro e de política interna – o jogo fora de casa contra a equipe do Cianorte, dia 10/3, será visto como esse turn-over. O ponto de virada está nas mãos do recém chegado treinador Umberto Louzer. Ele terá exatas duas semanas para observar tecnicamente os jogadores e ensaiar uma postura tática diferente, que dê esperanças ao desaparecido torcedor coxa-branca. Há 14 meses, o que se vê em campo é um alviverde meramente reativo, incapaz de propor e assumir as rédeas ofensivas diante dos adversários.

Era início de 2015. A Caixa Econômica havia cancelado o patrocínio devido a débitos do Paraná Clube com a União. O então gerente de futebol disse que o Paraná poderia acabar naquele ano. Foi nesse contexto que surgiram os paranistas do bem. Um grupo que ofereceu R$ 4 milhões em investimentos no clube desde que trocasse o presidente. Saiu Rubens Bohlen e entrou Luiz Carlos Casagrande, o Casinha. Mais tarde vieram as eleições e a vitória de Leonardo Oliveira, candidato do grupo. De lá para cá, o Paraná deu salto de qualidade, colocou a dívida em ordem, organizou as categorias de base e voltou à série A depois de dez anos. Com um legado desse, é inacreditável que o atual presidente queira botar tudo a perder. Tudo por conta de uma rixa com a imprensa? Fala presidente! Transparência nunca é demais. Ter um presidente orgulhoso não é uma boa para um clube que tanto precisa da união de sua torcida!

A nova Arena da Baixada foi construída com a ideia de se tornar uma arena multiuso. A grama sintética foi instalada justamente para que o gramado não fosse danificado por shows ou outros eventos. Mas a postura da direção do Athletico tem tirado da Baixada, e, até, de Curitiba, grandes eventos que poderiam torná-la rentável e os menos de 40 jogos de futebol não têm sido suficientes para “fechar a conta”. A última perda foi a do UFC. O maior evento de artes marciais do mundo estava programado para voltar à Baixada neste ano. Mas as exigências atleticanas, de ficar com metade do faturamento total da organização, fez com que o evento fosse transferido para o Rio de Janeiro. Em março, o defasado Couto Pereira receberá o show de Paul McCartney e a moderna Arena Multiuso do Athletico seguirá ociosa.


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