Brasil de Fato Paraná - Edição 49

Page 1

Edgar Gonçalves Teluski

Cultura I p. 10

Cidades I p. 5

Biblioteca Popular

Mais um caso de racismo

Na área da ocupação Tiradentes, biblioteca ajuda na integração e estudo em família

Advogado denuncia ação truculenta em abordagem da polícia militar

Divulgação Ass. Toledana de Ginástica Rítmica

Ano 02 | Edição 49

Arquivo Pessoal

PARANÁ

03 a 09 de agosto de 2017

distribuição gratuita

TRIBUNAL POPULAR DA LAVA JATO JULGA SE OPERAÇÃO COMETEU ABUSOS No dia 11 de agosto, em Curitiba, tribunal simbólico questiona excessos de procuradores da Lava Jato e deve apontar formas de combate à corrupção. Ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão e mais 10 juristas renomados confirmam presença Lava Jato | p . 6 e 7

Cidades | p. 4

Brasil | p. 9

Gustavo Bezerra

Taxa de lixo

Deputados do Paraná com Temer

Projeto do pacotaço de Greca desvincula taxa do lixo do IPTU. Se aprovado, famílias que tinham isenção do imposto passam a ser oneradas

Maioria dos deputados do Paraná ajuda Temer a se livrar de denúncia por corrupção. Oposição denuncia “compra de votos” e negociatas de Temer em troca de apoio

Valdecir Galor | SMCS

Geral | p. 3

Terras da União Decisão da Justiça Federal declara nulos títulos de área da Araupel ocupadas por famílias sem-terra

Wellington Lenon


2 | Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

Paulo Pinto | Fotos Públicas

Reforma Trabalhista aprovada. O que os trabalhadores devem fazer? A

reforma trabalhista (Lei nº 13.467/2017) foi aprovada em julho e sancionada pelo presidente golpista Michel Temer. Ela será aplicada em menos de quatro meses, no dia 13 de novembro. Entre as medidas mais duras para os trabalhadores, está a chance de negociar, de forma coletiva ou individual, em patamares abaixo do que garante a lei. Foi também criada uma série de problemas para que trabalhadores não consigam reparação na Justiça do Trabalho caso seus direitos sejam violados. Pisos salariais rompidos e jornadas de trabalho fracionadas também serão comuns. Na história das leis brasileiras, a Consolidação das

Leis Trabalhistas (CLT) já passou por dois momentos de retirada de direitos: um com o golpe militar de 1964 e outro nos anos 1990. A atual reforma é o terceiro e mais grave momento de enfraquecimento da proteção legal aos trabalhadores. É preciso revogar esta Reforma. No dia 1º de agosto, terça-feira, foi apresentado um projeto de lei no Senado com este objetivo. Mas sem pressão popular não conseguiremos reverter este quadro desastroso. Assim mesmo, é preciso organizar no dia a dia os colegas nos locais de trabalho, fortalecer a participação nos sindicatos e dizer não aos abusos dos empresários. Na crise, eles buscam reduzir salários e retirar direitos. Marco Godinho

Trabalhadores precisam se organizar nos locais de trabalho, conhecer e manter seus direitos

EXPEDIENTE

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Ceará e Paraná. Esta é a edição nº 49 do Brasil de Fato PR, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Ednubia Ghisi e Pedro Carrano REPORTAGEM Daniel Giovanaz, Franciele Petry Schramm e Carolina Goetten COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Luís Felipe Aires Magalhães ARTICULISTAS Roger Pereira, Marcio Mittelbach, Cesar Caldas REVISÃO Maurini Souza FOTOGRAFIA Wellington Lenon e Leandro Taques ADMINISTRAÇÃO Clara Lume DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Gustavo Erwin Kuss, Daniel Mittelbach, Luiz Fernando Rodrigues, Fernando Marcelino, Naiara Bittencourt e Robson Sebastian TIRAGEM SEMANAL 20 mil exemplares REDES SOCIAIS facebook.com/bdfpr ANUNCIE administracaopr@brasildefato.com.br

93% DOS BRASILEIROS QUEREM TEMER INVESTIGADO

DE ACORDO COM NOVA RODADA DA PESQUISA CUT/VOX POPULI, DIVULGADA NESTA QUARTAFEIRA (2)

OPINIÃO

Como a reforma trabalhista afeta o trabalhador imigrante Luís Felipe Aires Magalhães, doutor em Demografia e pesquisador do Observatório das Migrações em São Paulo

A

reforma trabalhista, sancionada em 13 de julho por Michel Temer, alterou mais de 100 pontos da CLT e se coloca como uma declaração de guerra da classe patronal contra a classe trabalhadora brasileira. E esta classe inclui os imigrantes, submetidos a uma situação ainda maior de vulnerabilidade. Cinco mudanças incidem diretamente sobre eles. A primeira é a terceirização de atividades-fim, que ampliará o que já ocorre com bolivianos no setor de costura em São Paulo: a contratação como PJ e a inexistência de vínculo trabalhista. A segunda é a prevalência do negociado sobre o legislado. Se não há qualquer equidade na negociação entre o patrão e o empregado brasileiro, a situação é pior no caso do imigrante, muitas recrutado sob extrema vulnerabilidade, sem o domínio do idioma e impedido de se sindicalizar. A redução do tempo de descanso é outro fator de risco, já que eles poderão ser submetidos, agora impunemente, a jornadas mensais de mais de 220 horas e a diárias superiores a 12 horas. Se o trabalhador reclamar e for demitido, a multa paga

pelo patrão será menor do que a prevista pela CLT. Em um país estruturalmente racista como o Brasil, o assédio moral é uma realidade enfrentada por muitos imigrantes. Sob a nova legislação, a indenização será proporcional à remuneração da vítima – o que pode ser inferior ao salário mínimo. Por fim, a formalização do trabalho intermitente legaliza o que há de mais arcaico e comum no trabalho imigrante: a contratação por demanda, que não dá garantia de salário e leva à apropriação do tempo do trabalhador pela empresa.

A construção de um modelo justo exige a unidade entre brasileiros e imigrantes Contra essa situação, a classe trabalhadora deve se reorganizar, incorporando o histórico de lutas trazidas pelos imigrantes. Se o capitalismo transforma o diverso em adversário, a construção de um modelo de desenvolvimento socialmente justo exige a unidade entre brasileiros e imigrantes.


Brasil de Fato PR

Arquivo Pessoal

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

FRASE DA SEMANA Divulgação

“Sou uma sobrevivente pela educação”, Reencontro Os adolescentes Klaas Prins e Geerte Valtk se conheceram na Holanda, em um barracão que abrigava refugiados da 2ª Guerra Mundial. Logo o conflito forçou a separação dos dois. Depois de 72 anos, os dois se reencontram com a ajuda de um programa de TV holandês. Klaas vive em Carambeí, no interior do Paraná, e Geert em Puttersshoek, na Holanda. Agora os dois planejam um novo namoro.

Jornal GGN

Ilegalidade da área é denunciada há mais de 20 anos pelo MST

Reprodução

A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) interrompeu, na tarde desta terça-feira (1), o julgamento do Habeas Corpus solicitado pela defesa de Rafael Braga. Movimentos sociais denunciam a situação de Rafael como um caso de racismo institucional. Ele foi preso no período dos protestos de 2013 por portar uma garrafa de Pinho Sol e, em 2016, foi preso por sob acusação de tráfico de drogas no Rio. A defesa aponta que o material foi plantado por policiais.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) declarou, nesta terça-feira (1), que os títulos de propriedade da Fazenda Rio das Cobras, da madereira Araupel, são nulos. A decisão foi tomada por quatro votos a um, em Porto Alegre, e responde a uma demanda histórica dos movimentos sociais na região Centro Sul do Paraná. A determinação é resultado de uma ação judicial movida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 2014. Há dez anos, o Instituto contestava a validade dos títulos do imóvel localizado entre os municípios de Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu. A decisão do TRF-4 confirmou a sentença de primeira instância, de 2015, quando os títulos foram declarados nulos pela juíza de 1ª Vara Federal de Cascavel. Com o resultado, a União deve retomar a posse da terra.

Justiça seletiva

Greve dos médicos

Justiça Federal declara nulos títulos de imóvel da Araupel Reforma agrária A ilegalidade da área é denunciada há mais de 20 anos pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que ocupa cerca de 10 mil hectares da fazenda. Desde 2015, quase 1.500 famílias estão organizadas no acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu, e reivindicam o uso daquele terreno para a reforma agrária. Para o coordenador estadual do MST, Diego Moreira, a decisão do TRF-4 é uma importante vitória, ainda que a Araupel possa recorrer da decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo ele, mesmo que os recursos judi-

R A DA R DA LUTA Pedro Carrano

Disse a professora Diva Guimarães, em discurso emocionante durante a 15ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). “Um negro pra estudar e pobre passa por muitas humilhações”, completa. O vídeo com a íntegra da fala tem mais de 11 milhões de visualizações. A professora, natural de Cornélio Procópio, mora em Curitiba.

Franciele Petry Schram Curitiba (PR)

3 | Geral

ciais não tenham se esgotado, o resultado em segunda instância reforça que as terras pertencem à União. “O que o movimento reivindica agora é que o Incra e o Governo Federal assegurem o assentamento das famílias, antes mesmo que o processo judicial tenha fim”, aponta. O impasse sobre a posse da terra está relacionado a vários crimes cometidos nos últimos anos na região. Desde a ocupação das terras pelo MST, quatro trabalhadores sem terra foram assassinados – dois deles em um massacre promovido pela Polícia Militar em 2016 – e outras nove pessoas foram presas. José Cícero da Silva | Agência Pública

Como forma de denunciar ilegalidade da área, cerca de 1.500 famílias sem terra ocuparam o imóvel

Os médicos de Curitiba entraram em greve no dia 27 de julho, com a exigência de melhores salários. A categoria assumiu que a paralisação não impactaria os casos urgentes nas Unidades de Saúde. Os profissionais são contratados pela Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes), com um vínculo semelhante à terceirização.

Setor de autopeças prejudicado De acordo com o site Agência Sindical, a queda nas vendas do setor de autopeças atingiu US$ 2,65 bilhões no acumulado de janeiro a junho no Brasil.

APP-Sindicato define greve O dia 30 de agosto, data considerada de “luto e luta” pelos professores estaduais, será novamente de greve. A paralisação foi definida em assembleia estadual, no dia 29 de junho.

Programa de Emergência O Plano Popular de Emergência da Frente Brasil Popular será lançado no dia 5 de agosto, em Londrina, e no dia 15 na UFPR, em Curitiba. O documento apresenta uma alternativa à crise econômica brasileira. Os lançamentos terão a presença do ex-ministro das relações exteriores, Celso Amorim.


4 | Cidades

Brasil de Fato PR

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

Greca quer ampliar cobrança da taxa de lixo para 400 mil residências Valdecir Galor | SMCS

Perfil

Bruno Martins batalha pela vida, mas também por direitos

Soldador da multinacional Metalsa descobriu uma doença cardíaca grave em 2014 e foi demitido em 2017 Sindimovec

Regis Luís Cardoso Campo Largo (PR)

B Carolina Goetten Curitiba (PR) Uma alteração na cobrança da taxa de lixo pode levar uma nova despesa a mais de 400 mil residências. A proposta da prefeitura de Curitiba faz parte do “pacotaço” de ajuste fiscal de Rafael Greca (PMN). O projeto desvincula do IPTU a arrecadação de impostos pela geração de lixo. Na prática, a medida obrigará o pagamento da taxa de lixo para imóveis que têm isenção do IPTU. Caso aprovada, a mudança trará um custo extra no valor aproximado de R$ 270 anuais a famílias que, até então, eram isentas ou pagavam um valor reduzido. Em Curitiba, o abono é concedido em casos específicos, que representam cerca de 11,5% dentre todos os imóveis da cidade – inclusive a proprietários de casas no valor de até R$ 140 mil e com no máximo 70 m² de área construída. Também têm direito à isenção os beneficiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida por meio da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), desde que a renda familiar

não ultrapasse R$ 1,6 mil e o imóvel seja de padrão simples, com valor venal inferior a R$ 35 mil. De acordo com a prefeitura, a isenção do IPTU beneficia mais de cem mil imóveis, e cerca de 440 mil têm direito a pagar valores reduzidos. Caso aprovado, o projeto estima arrecadar cerca de R$ 84 milhões a mais todos os anos para os cofres públicos. “Não há relação direta entre direito à isenção de imposto e taxa de lixo. Famílias com abono do IPTU continuam gerando resíduos”, justificou a prefeitura, por meio da assessoria de imprensa. Entenda o pacotaço A alteração integra o “Plano de Recuperação de Curitiba”, projeto de Greca que, entre os servidores municipais, recebeu outro nome: é o “pacote da maldade”. Até o momento, cinco projetos foram aprovados e dois foram retirados do pacote. Em junho, sob bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, balas de borracha e violência contra a população, Greca aprovou à força quatro das 12 medidas, que afetam diretamente os servidores públicos municipais.

runo Martins é um cidadão comum, 37 anos, casado e pai de dois filhos. Em fevereiro de 2013, começou a trabalhar na montadora mexicana Metalsa, em Campo largo, no ofício de soldador. Com salário que não chegava aos dois mil reais, seria um dos 120 empregados da multinacional. Foi demitido sem justa causa no mesmo mês, só que em 2017. Imagine você, depois de passar por duas cirurgias no coração, caminhar pra lá e pra cá com um catatau de exames embaixo do braço, ter laudos médicos comprovando o quadro grave de saúde, e ser demitido do trabalho. Foi o que aconteceu com Bruno. Desde pequeno Bruno teve asma, depois veio o sopro; tudo em consequência de uma má formação no coração. Aos 19 anos ele descobriu ser hipertenso. A situação se tornou pior quando, em março de 2014, num dia normal de trabalho na empresa Metalsa, Bru-

no se sentiu mal e foi parar no hospital. Saiu de lá com o diagnóstico de uma doença cardíaca grave, com risco de morte. Depois desse dia, as coisas mudaram dentro da Metalsa. O soldador chegava a medir até quatro vezes a pressão na própria empresa. Numa das medições, a pressão estava em 24 por 3. O fato é que a doença de Bruno o incapacitou de prosseguir com suas atividades. Em abril de 2014, conseguiu o auxílio-doença. Mas no dia 12 de janeiro de 2017 o INSS negou a renovação do O Sindicato não deixa benefício. Foi então que o trao trabalhador se sentir balhador, com apoio sozinho, todos devem do Sindicato dos Traprocurá-lo. Infelizmente balhadores nas Empresas Montadoras as leis para os de Veículos, Chassis trabalhadores quase e Motores (Sindimovec), entrou com ação não são divulgadas na 8ª Vara Federal de

Curitiba e conseguiu restabelecer seus direitos. O problema é que ao retornar a Metalsa, no dia 13 de janeiro de 2017, Bruno foi demitido de imediato, mesmo estando inapto para realizar suas atividades – de acordo com o laudo do médico particular e da médica da empresa. Ele estava com seu contrato de trabalho suspenso, o que caracteriza demissão ilegal e abusiva do trabalhador. Mas Bruno Martins venceu a queda de braço com a Metalsa e teve seu benefício do INSS restabelecido. Se nos últimos anos Bruno Martins passou por “poucas e boas”, o maior desafio será daqui pra frente: “Não tenho experiência em outras coisas, sempre trabalhei com montagem e agora não posso mais fazer isso”. Ele aguarda a carteira do plano de saúde para continuar os tratamentos.


Brasil de Fato PR

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

5 | Cidades

Advogado negro é preso após filmar abordagem policial em Curitiba Vídeos e contradições nos registros policiais apontam perseguição por parte dos agentes Vídeo Facebook

Franciele Petry Schramm Curitiba (PR)

O

advogado curitibano Renato Almeida Freitas Júnior acusa policiais militares de terem cometido racismo ao ter sido abordado e preso na tarde do último domingo (30), no Bairro Alto da Glória, em Curitiba. Após ter sido revistado e xingado pelos policiais, o advogado filma uma conversa com os agentes. No vídeo – transmitido ao vivo pelo Facebook – o rapaz questiona porque os policiais o chamaram e a seu amigo David Eutachio de “lixo” e falaram que gostariam de vê-lo “embaixo da terra”. Os policiais tentaram excluir o material de celular, e prenderam Renato sob a alegação de desacato. Nas redes sociais, o jovem denunciou as agressões e a seletividade da abordagem policial. O caso ocorreu perto das 16h30, na região próxima ao estádio Couto Pereira, no momento em que o Coriti-

Renato Almeida Freitas Júnior e David Eutachio fizeram vídeo no Facebook para denunciar racismo

ba enfrentava o Atlético Mineiro. Freitas conta que voltava de uma conversa com um cliente, vestido com roupas para ir a um churrasco em seguida, e que não portava sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), quando foi abordado. Os policiais não acreditaram que o rapaz – que é também mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná – fosse um

advogado. Uma jovem que passava no local viu o momento em que os policiais tentavam tirar o celular do rapaz e começou a filmar a ação. Em seguida, reconheceu Freitas. “[Os policiais] Estavam sendo bem violentos”, conta. No vídeo, é possível ver o momento em que o policial percebe a presença da mulher e justifica “Acabaram de roubar um ce-

lular, esses ‘jaguaras’”. No Termo Circunstanciado - registro da ocorrência -, no entanto, a polícia alega que a abordagem foi realizada após a denúncia de roubos de carros na região. Renato se revolta com as contradições do caso. “O grande problema é que a versão deles [dos policiais] não precisa se sustentar”. O rapaz foi encaminhado para a Delegacia Móvel de Atendimento ao Futebol e Eventos (Demafe), e foi liberado após assinar um termo onde se compromete a participar de uma audiência no dia 25 de agosto. “Ninguém quis saber nossa versão. É uma amostra do que acontece na quebrada”, avalia. Racismo institucional Essa não foi a primeira vez que o advogado foi abordado por policiais. Em agosto 2016, durante o período eleitoral onde Renato Freitas concorria ao cargo de vereador de Curitiba, o jovem foi preso enquanto ouvia rap no centro da cidade. Agentes da

Guarda Municipal o detiveram sob a alegação de desacato. Na época, Freitas apontou que foi preso após ter pedido para acompanhar uma vistoria no interior no seu carro, e denunciou agressões e xingamentos por parte dos agentes. No Paraná, uma pesquisa realizada pelo Ministério Público no primeiro semestre de 2016 também chama a atenção: quase metade das pessoas mortas pela polícia são negras, apesar da população negra ser apenas 28% dos habitantes do estado.

Segundo dados do Ministério Público de 2016, quase metade das pessoas mortas pela polícia são negras

Unidade de saúde do Santa Cândida é concluída com quatro anos de atraso Pedro Carrano

Redação | Curitiba (PR) Após quatro anos de atraso e obras paradas por dois anos, a construção da Unidade de Saúde Jardim Aliança foi concluída nesta semana. A unidade está localizada no bairro Santa Cândida, Norte de Curitiba, e custou R$ 2 milhões. A entrega estava prevista para setembro de 2013, mas foi prejudicada por uma diver-

gência entre a prefeitura de Gustavo Fruet e o governo estadual, de Beto Richa. O governador se negava a liberar a sua parte nos recursos até que a obra atingisse 90% de conclusão. Enquanto a US não é inaugurada, a população do Jardim Aliança precisa se deslocar para conseguir atendimento de saúde. Agora, o Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) pressio-

na pela garantia das condições de trabalho na US e pela aquisição dos equipamentos necessários. “O básico, que é a construção do local, finalmente foi feito. Mas agora temos que pensar sobre como será a condição de trabalho e de pessoal na US. Não adianta ‘remendar’ com servidores de outro local”, apontou a coordenadora do Sismuc, Soraya Cristina, em notícia divulgada pelo sindicato.


6 | Lava Jato

Brasil de Fato PR

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

7 | Lava Jato

A LAVA JATO NO BANCO DOS RÉUS: Tribunal Popular vai julgar abusos cometidos durante a operação Evento tem valor simbólico e pretende questionar ações do Poder Judiciário, da mídia comercial, do Ministério Público e da força-tarefa da Lava Jato Daniel Giovanaz Curitiba (PR)

E

m reportagem publicada pelo Brasil de Fato Paraná em junho de 2017, pesquisadores especializados em ética jornalística criticaram a cobertura da Lava Jato feita pela mídia comercial no Brasil. Segundo eles, as empresas de comunicação “compraram” a ideia da operação, há três anos, porque ela ia ao encontro de seus interesses políticos e econômicos. Desde então, não houve espaço para crítica aos abusos cometidos pela força-tarefa e pelo Poder Judiciário: apenas elogios e superficialidade na análise dos métodos. Preocupados com esse cenário de desinformação sobre a Lava Jato, o Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (Caad) e a Frente Brasil de Juristas pela Democracia decidiram organizar um encontro para debater e criticar, de maneira criteriosa e sistematizada, os métodos da operação. O evento “Tribunal Popular: Julgamento da Lava

Jato”, agendado para o dia 11 de agosto, em Curitiba, vai reunir juristas de vários estados brasileiros para um julgamento simbólico das ações do Poder Judiciário, da força-tarefa, da mídia comercial e do Ministério Público. Nesse tribunal simulado, o jurista responsável pela acusação será Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça com 30 anos de experiência no Ministério Público Federal (MPF). “Não é que vai ter quatro réus no banco, mas a denúncia do Eugênio Aragão vai abordar essas quatro fases”, explica a advogada Tânia Mandarino, uma das responsáveis pela organização do evento. Além de Aragão, o tribunal será composto por 11 jurados com voto qualificado, e outros oito jurados populares, que serão sorteados no dia do even-

mentativa que pretende adotar: “Nós podemos fazer esse combate com os excessos, com a prisão preventiva como regra, com a espetacularizaTodos nós queremos ção do direito penal, com o o combate à afastamento das garantias e corrupção. Como direitos individuais. Talvez os fazer esse combate é resultados sejam até mais rápidos, mas eu quero fazer esse que é a diferença mesmo combate com respeiAntônio Carlos de to às garantias individuais, às garantias constitucionais. Almeida Castro Essa será a minha linha mestra. O segredo é como eu vou fazer isso, e como eu vou pedir isso como advogado de defesa. Isso, só no tribunal”. to. Marcelo Tadeu Lemos juiz de Beatriz Vargas Ramos, da Direito de Alagoas, vai presidir o julgamento, e o criminalista An- Universidade de Brasília (UnB), tônio Carlos de Almeida Castro, que irá participar do júri qualificonhecido como “Kakay”, fará a cado, reforça a necessidade de se defesa da operação. “O Eugênio criar espaços de crítica à operaAragão vai entregar a denúncia ção como forma de contraponto com antecedência, para que o à cobertura da mídia comercial. Kakay prepare a sua defesa, e os “Essa aura de heroísmo e mo11 jurados com voto qualificado, ralismo que envolve a Lava Jato que são técnicos, possam prepa- passa a ideia de que no processo penal “vale-tudo” e que as rerar seu voto”, completa Tânia. gras de garantia e os direitos do Jurados O júri qualificado do acusado apenas “atrapalham” Tribunal Popular da Lava Jato a justiça. Mas o excesso puniterá dez juristas, a maior parte tivo só vale para o outro, nundeles especializados em direito ca para nós mesmos”, alerta. “O penal e constitucional. Nomes juiz existe para conter e controcomo Marcello Lavenère, José lar o poder punitivo. Sem conCarlos Portella Júnior, Michel- trole do poder punitivo, não há le Cabrera e Vera Karam Chueiri Estado de Direito”. Questionada sobre a isenção confirmaram presença. O único jurado com voto qualificado que do Tribunal Popular, Beatriz renão tem formação em Direito é o conhece que a iniciativa pode jornalista Fernando Morais, que ser associada, no senso comum, fará um parecer específico sobre a um ou outro partido político – a atuação da mídia na cobertura o que não tira a credibilidade da proposta. Afinal, não se trata de da Lava Jato. “Todos nós queremos o com- uma preocupação partidária ou bate à corrupção. Como fazer ideológica, mas de um comproesse combate é que vai fazer a misso assumido por todos os judiferença”, analisa o criminalista ristas, de defender os princípios Antônio Carlos de Almeida Cas- da Constituição Federal. “Ser fitro, que assumirá o papel de ad- liado a partido político ainda vogado de defesa da operação não é crime e nem proibido a juno dia 11. Kakay mantém o sus- ristas. O que um jurista não pode, pense em relação à linha argu-

Caio Loureiro | Divulgação TJAL

Juiz Marcelo Tadeu Lemos será o juiz-presidente no tribunal simulado

em hipótese alguma e em respeito ao juramento que prestou, é deixar de analisar a condução da Lava Jato sob a ótica dos direitos e garantias fundamentais”. Abusos Entre as irregularidades da operação Lava Jato, apontadas por juristas convidados para o Tribunal Popular, estão: o uso indiscriminado de delações premiadas, as prisões preventivas sem prazo e sem acusações formalizadas, a divulgação ilegal de gravações não-autoriza-

das, a apreensão de documentos e computadores sem a devida justificativa, e o uso frequente de conduções coercitivas sem uma intimação prévia recusada. O ex-ministro Eugênio Aragão, no papel de acusador, também chama a atenção para a necessidade de se avaliar a destruição da indústria nacional e o desemprego alavancado pela operação. “Vai ser um momento muito importante de avaliação desse processo, que tanto problema trouxe para a nossa

vida política, para a nossa economia”. Represália A Corregedoria Geral de Justiça do Estado de Alagoas abriu no dia 31 de julho uma sindicância para apurar a presença do juiz Marcelo Tadeu Lemos no evento. A publicação em Diário Oficial menciona que a participação no Tribunal Popular da Lava Jato “pode configurar, em tese, infração ao dever do magistrado de contribuir para uma fundada confiança dos ci-

dadãos na judicatura e ao dever de dignificar a função, (...) bem como pode caracterizar a prática de conduta vedada ao magistrado consistente em manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento”. Marcelo Tadeu Lemos afirma que houve uma interpretação equivocada dos acontecimentos. “Atividade política, a gente pode fazer. Atividade partidária, não. Se não, os juízes que saíram de verde e amarelo, em apoio à Lava Jato e contra o PT, também não poderiam estar nas ruas”, compara. “No caso da Lava Jato, não se trata de uma questão partidária. É uma questão jurídico-política, que atinge todos os brasileiros. Afinal, a operação entra na nossa casa há três anos, sem pedir licença, e sem nenhum tipo de crítica. Não podemos aceitar a ditadura do Judiciário”, finaliza. A represália sofrida por Marcelo Tadeu Lemos é apenas um exemplo das várias pressões que a organização do evento tem sofrido nos últimos dias. Ataques, ofensas e ameaças em redes sociais sintetizam a visão unilateral que permeia as coberturas jornalísticas sobre a operação. Defensor do movimento “EsWilcker Morais

AULAS PÚBLICAS Essa não é a primeira vez que juristas se reúnem em Curitiba para debater a Lava Jato. No dia 2 maio, o auditório do Sindicato dos Jornalistas (Sindijor) ficou lotado para uma aula pública. Uma semana depois, o debate aconteceu na Praça Tiradentes, também na região central. O primeiro debate sobre a operação na periferia da cidade aconteceu em 13 de junho, no loteamento Moradias 23 de Agosto. cola Sem Partido” e conhecido por censurar manifestações contra o golpe em 2016, o procurador Ailton Benedito, do MPF de Goiânia, chegou a afirmar em entrevista que a organização do Tribunal Popular da Lava Jato configura um crime. Ao simular um tribunal, a proposta é justamente combater a intolerância política, apresentando visões divergentes sobre o caso e qualificando a crítica aos métodos. “A gente quer dar uma boa defesa para a operação, por isso escolhemos um dos melhores criminalistas do Brasil para assumir essa função”, ressalta Tânia Mandarino, em referência a Kakay.

Inscrições O Tribunal Popular da Lava Jato começa às 13 horas e será aberto ao público. O local será divulgado na semana do evento, por questões de segurança. Vagas limitadas. Inscrições abertas pelo link http://bit.ly/2uDrmTc.


8

| Brasil

Brasil de 8 Fato PR

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

Após processos, políticos repassam propriedade de rádios para familiares Decisões judiciais se dividem em relação ao tema. MPF aponta “burla à lei” Lula Marques | AGPT

José Eduardo Bernardes São Paulo (SP)

Redação | São Paulo

A

pós ações judiciais do Ministério Público Federal (MPF) em parceria com o Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), deputados federais e senadores sócios ou proprietários de canais de TV e estações de rádio passaram a transferir suas cotas empresariais a familiares e aliados políticos. Os processos se iniciaram em 2015, embasados na Constituição Federal, que veda a concessão pública de canais a autoridades eleitas. Mais de 40 políticos foram alvo das ações. Após a manobra, a Justiça tem se dividido sobre o resultado dos procedimentos instaurados pelo MPF, que afirma que o mecanismo utilizado por deputados e senadores “burla à lei”. Os acusados defendem que ao abrirem mão da propriedade formal, as ações perdem seu ob-

Reajuste de 16% a procuradores da República ultrapassa teto constitucional

jeto, já que estariam se adequando à legislação. O senador Jader Barbalho (PMDB-PA), por exemplo, passou sua cota na Rádio Clube do Pará a sua filha Giovana Barbalho. Em junho deste ano, um juiz federal de primeira instância suspendeu as transmissões, argumentando que a mudança no quadro de sócios inclui “outros membros da família” do político. Em Minas Gerais, por outro lado, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região entendeu que a transferência das ações, ocorri-

da em 2016, na rádio Arco Íris de Aécio Neves para sua irmã, Andréa Neves, eliminou a irregularidade. O MPF recorreu da decisão. “Já era esperado que isso pudesse acontecer. Não era certeza, mas era provável. No nosso entendimento, isso representa uma burla ao que determina a lei. Nós defendemos que nesses casos as concessões sejam cassadas”, diz Pedro Antônio de Oliveira Machado, procurador da República que participou da formulação das ações civis públicas.

Em um contexto de cortes em gastos estatais, o Conselho Superior do Ministério Público Federal, instância máxima de deliberação do órgão, aprovou reajuste salarial de 16,75% para os membros da carreira. A proposta orçamentária elaborada pela instituição deve ainda ser aprovada pelo Congresso Nacional. Caso isso ocorra, os vencimentos de procuradores da República irão ultrapassar o teto constitucional para o funcionalismo público. Atualmente, o salário médio de um procurador da República é de R$ 28.947,55. Caso o aumento de 16,7% seja aprovado, chegaria a R$ 33.781,79. A cifra é maior que os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), teto para o funcionalismo público estabelecido na Constituição. Se o salário dos integrantes do STF não sofrer alterações, o aumento para o MPF deverá ser considerado inconstitucional. O reajuste não constava na proposta orçamentária originalmente desenhada por Rodrigo Janot,

atual procurador-geral da República. A medida foi incluída após sugestão de subprocuradores-gerais e com o aval de Raquel Dodge, sucessora de Janot no cargo. O reajuste, aprova-

Brasil gasta o equivalente a 0,32% do PIB para manter o MP, enquanto a Espanha, por exemplo, gasta 0,02%

do por unanimidade dos conselheiros, custará R$ 116 milhões em 2018. Para caber na verba prevista para o MPF no próximo ano, serão necessários cortes em outras áreas da instituição. O subprocurador-geral Carlos Frederico chegou a propor que nenhum corte em verbas de manutenção de unidades do órgão fosse autorizado para que a realocação ocorresse, mas Dodge se opôs. A posição do Conselho é de que não haverá limites por área para que os cortes aconteçam.


Brasil de Fato PR 9

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

Deputados barram denúncia contra Temer

9 | Brasil

PLACAR NO PARANÁ A maioria dos deputados federais do Paraná votou contra a abertura de denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). Foram 16 votos contrários, 11 favoráveis e 3 ausentes. Confira como cada deputado votou:

A FAVOR DA DENÚNCIA

CONTRA A DENÚNCIA

Decisão ocorre após liberação de R$ 4 bilhões em emendas Redação | Curitiba e São Paulo (SP)

E

m sessão tumultuada na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (2), os parlamentares decidiram, por volta das 20h40, rejeitar a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB), acusado de corrupção passiva. O plenário analisou o relatório da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que indicava o arquivamento da denúncia contra Temer. Por 263 votos contrários ao seguimento da denúncia e 227 favoráveis, presidente não será investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Outros 19 deputados estiveram ausentes na votação, o que, na prática, somou a favor de Temer. A sessão foi marcada por empurra-empurra, dis-

Maioria dos deputados do Paraná fica ao lado de Temer cussões e acusações proferidas por deputados da oposição, de que houve compra de votos por parte do governo para que parlamentares se alinhassem à base governista. Manobras Nesta quarta, Temer exonerou dez ministros para que retornassem à Câmara. Na sessão, eles votaram pelo arquivamento da denúncia de corrupção passiva. Entre o início de junho e o final de julho, foram liberados mais de R$ 4,2 bilhões para os deputados. Para se ter uma ideia, no período de janeiro até

maio, antes de o caso da JBS vir à tona atingindo o chefe do Executivo, o governo havia liberado um montante de R$ 102,5 milhões. Os números partem de um levantamento feito pela Organização Não Governamental (ONG) Contas Abertas. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) usou a tribuna para criticar a fala de deputados da oposição que fizeram firme defesa de Temer. “Isso demonstra a desqualificação total do Parlamento”, disse. Ele lembrou que 85% da população brasileira quer a saída de Temer da Presidência da República. “Como o Congresso Nacional faz ouvidos moucos e finge que não ouve a sociedade?”, questionou. O que acontece agora? Com a rejeição à denúncia na Câmara dos Deputados, o processo penal contra Temer ficará paralisado até que o presidente golpista deixe o governo. No entanto, o Procurador GeGustavo Bezerra

Aliel Machado (REDE) Assis do Couto (PDT) Christiane de Souza Yared (PR) Delegado Francischini (SD) Diego Garcia (PHS) Enio Verri (PT) Leandre (PV) Leopoldo Meyer (PSB) Rubens Bueno (PPS) Sandro Alex (PSD) Zeca Dirceu (PT) AUSENTES Luciano Ducci (PSB) Osmar Serraglio (PMDB) Reinhold Stephanes (PSD)

Alex Canziani (PTB) Alfredo Kaefer (PSL) Dilceu Sperafico (PP) Edmar Arruda (PSD) Evandro Roman (PSD) Giacobo (PR) Hermes Parcianello (PMDB) João Arruda (PMDB) Luiz Carlos Hauly (PSDB) Luiz Nishimori (PR) Nelson Meurer (PP) Nelson Padovani (PSDB) Osmar Bertoldi (DEM) Sergio Souza (PMDB) Takayama (PSC) Toninho Wandscheer (PROS)

comum. ral da República, Rodrigo JaA denúncia é resultado de not, deverá apresentar ouum acordo de colaboração tras duas denúncias contra o premiada firmado por direpeemedebista. tores da JBS com o MinistéAs novas denúncias terio Público Federal. riam que percorrer o mesJoesley Batista gravou um mo caminho da primeira, diálogo com o presidente no ou seja, ser analisada pela qual relatou vários crimes: Comissão de Constituição e compra do silêncio do exJustiça (CCJ) e depois voltadeputado ferá ao plenário deral Eduardo da Câmara. Cunha (PMDB Temer foi -RJ), pagamendenunciato de propina do no dia 26 a membros do de junho, pelo Isso Ministério Púprocuradordemonstra a blico e do Judigeral da República, Rodridesqualificação ciário, tentativa de influenciar go Janot, pelo total do o Governo por crime corrupParlamento meio de repreção passiva. O peemedebisIvan Valente sentantes da gestão federal. ta é o primeiApesar da graro presidente vidade das debrasileiro com clarações do empresário, Temandato em exercício a ser mer não reagiu. denunciado por um crime


| Cultura

10 9

Brasil de Fato PR

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

Biblioteca popular abre “mundos novos” para crianças e jovens da CIC Prateleiras da biblioteca Carolina Maria de Jesus abertas para as 1.200 famílias da ocupação Tiradentes Vanda Moraes

Carolina Goetten Curitiba (PR)

U

ma biblioteca construída em meio aos caminhos da Ocupação Tiradentes, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), leva literatura e conhecimento às 1.200 famílias que vivem no território – principalmente jovens e crianças. Com mais de dois mil títulos disponíveis para empréstimo e consulta local, a biblioteca Carolina Maria de Jesus também conta com um espaço externo para atividades de leitura, reforço escolar, contação de histórias e programações culturais, como o cineclube da ocupação. A biblioteca surgiu a partir da necessidade de garantir às famílias locais o direito à cultura e à educação, erguida no improviso, como as demais habitações do território – que aos poucos ganham corpo, tijolos e cimento.

Moradores e militantes se revezam na função de abrir o estabelecimento e executar os serviços necessários ao empréstimo e ao catálogo dos livros disponíveis. “Eu

Voltar a ler abriu muitos mundos novos para mim,

Edgar Gonçalves Teluski

mesmo não era muito de leitura e retomei esse hábito depois que assumi essa tarefa. Voltar a ler abriu muitos mundos novos para mim”, conta o estudante e um dos bibliotecários que participam do rodízio no atendimento, Edgar Gonçalves Teluski, de 16 anos, do movimento Levante Popular da Juventude. Uma das frequentadoras assíduas da biblioteca Maria Carolina de Jesus é Estephany dos Santos, de nove anos. Segundo a mãe, Priscila dos Santos, a pequena vai bem na escola e inclusive in-

centivou seus pais a retomarem os estudos. “Eu e meu marido estamos em um curso supletivo para concluir o Ensino Médio”, diz. Na sextafeira à noite e no sábado, Estephany já chega em casa perguntando se os pais têm lição de casa a fazer. “Sentamos no sofá e estudamos todos juntos”, relata Priscila dos Santos. A garota gosta tanto de emprestar livros na Maria Carolina de Jesus que mal chega em casa e corre para a biblioteca escolher um novo título. “Moramos bem aqui ao lado. Se ela vê que a janela está aberta, a Estephany vira o risco e corre para lá”.

O nome da biblioteca homenageia uma escritora negra, brasileira, que escreveu versos e romances na pobreza da sua juventude. Reformas na estrutura Para aprimorar o trabalho desenvolvido na biblioteca, uma campanha de financiamento coletivo foi lançada pela plataforma Kickante. A expectativa é arrecadar recursos no valor aproximado de R$ 3 mil para empreender uma reforma no local e fortalecer a rede de energia elétrica, fundamental ao uso do computador que facilita o catálogo e controle dos livros.

Para ficar por dentro Para participar, acesse facebook.com/ levantepopularPR ou abra o código ao lado

ESPECIAL | Receitas da Agroecologia

FAROFA CRUA Ingredientes ½ Kg de farinha de mandioca 2 cenouras médias 1 abobrinha verde ½ maço de couve 1 cebola Azeite, sal e pimenta do reino para temperar Modo de fazer Pique os legumes e verduras crus em pedacinhos bem pequenos e misture, em seguida adicione o azeite, o sal e a pimenta para temperar. Por fim, adicione, aos poucos, a farinha de mandioca e mexa. Esta pronta! Fonte: Livro “Receitas da floresta que a gente planta”, produzido pelo projeto Flora, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do Paraná


Brasil de Fato PR

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

11 | Cultura

AGENDA 0800

Cultura indígena no Pavilhão Étnico

Música na Biblioteca com Bruno Hrabovksy

Três aldeias da Região Metropolitana estarão representadas – Kakané Porá, Tupã Nhe’e Kretã e Araca’i nas atividades do Pavilhão Étnico. Os povos indígenas farão apresentação de danças, exposição e venda de artesanatos e comidas típicas. Também haverá exposições de fotografias, recortes de jornais, reportagens e desenhos de crianças indígenas. A ação é organizada pela prefeitura de Curitiba. Quando: 6 de agosto, domingo, das 11h às 15h. Onde: Memorial de Curitiba, Rua Claudino dos Santos, 79, São Francisco. Quanto: Entrada franca. Cido Marques

Divulgação

Mostra Ebulição Marginal homenageia Carolina Maria de Jesus O quê: Conhecido por interpretar clássicos do rock com uma roupagem erudita, o pianista curitibano Bruno Hrabovsky é a atração da próxima edição do projeto Música na Biblioteca. Rock ao Piano é o nome do concerto, que conta com temas de 10 bandas de todos os tempos — de Pink Floyd a Metallica, passando por Radiohead, Rolling Stones e Linkin Park, entre outras. Quando: Dia 4 de agosto, sextafeira, a partir das 17h30. Onde: Hall térreo da Biblioteca Pública do Paraná, rua Cândido Lopes, 133, Centro de Curitiba. Quanto: Gratuito.

4º Ilha do Mel Jazz Festival

Em cada atividade, mulheres apresentarão suas artes e saberes Redação | Curitiba (PR) A escritora brasileira Carolina Maria de Jesus é a homenageada da mostra Ebulição Marginal de 2017, que ocorre entre 7 a 12 de agosto. Apesar de ser nascida numa comunidade rural em Sacramento, Minas Gerais, foi em uma favela de São Paulo que Carolina viveu o que escreveu. A catadora de materiais reciclados registrou no livro “Quarto de Despejo” o cotidiano do povo pobre, os conflitos, o trabalho, a fome. O tema “Mulheres à margem resistem” explica a conexão com a trajetória de Carolina de Jesus. A

programação da Mostra prevê rodas de leitura e de conversa, cinedebate, oficina cultural, mesa redonda, curso de formação, exposições, intervenções urbanas, varal de rima, sarau. Em cada atividade, mulheres apresentam suas artes e saberes. A ação é organizada pelo grupo Canô Produções. Onde: No Centro da Juventude Eucaliptos, rua Pastor Antônio Pólito, 2200, Alto Boqueirão; e na Casa da Leitura Wilson Bueno, Portão Cultural, Av. Rep. Argentina, 3430 Água Verde. Quanto: Gratuito. >> Para saber mais, acesse a página Ebulição Marginal no Facebook.

Cursos gratuitos de arte para crianças e adolescentes Leco de Souza

O quê: O festival vai reunir, ao longo dos finais de semana de agosto, gastronomia, yôga, praia, artes, discotecagem, oficinas, além de mutirão de limpeza da ilha. Quando: O festival ocorrera de sexta a domingo, nos finais de semana de agosto. Onde: Nova Brasília e Encantadas, Ilha do Mel, litoral do Paraná. Quanto: Gratuito. Para saber mais, acesse a página do Facebook: Ilha do Mel Jazz Festival.

O quê: O Centro Juvenil de Artes Plásticas (CJAP) está com matrículas abertas para as oficinas do segundo semestre. São oficinas de Desenho, Modelagem, Mosaico e Pintura que despertam o interesse das crianças e dos adolescentes para a arte, estimulam a imaginação e a criatividade. Ainda há vagas para o período da manhã, das 8h30 às 11h30, e para o período da tarde, das 14h às 17h. As aulas são gratuitas Divulgação e destinadas a crianças e jovens de 6 a 17 anos. Matrícula: Para efetuar a matrícula em qualquer um dos cursos é necessário que o responsável pela criança ou adolescente compareça ao CJAP com a fotocópia da certidão de nascimento ou carteira de identidade e uma foto 3x4 de quem irá frequentar as aulas. Onde: Centro Juvenil de Artes Plásticas, Rua Mateus Leme, 56 - São Francisco, em Curitiba. Quanto: Aulas gratuitas. Informações, ligue (41) 3323-5643


12 | Esportes

Brasil de Fato PR

Paraná, 03 a 09 de agosto de 2017

Pelé vem a Curitiba para lançar projeto em escolas Ex-jogador divulga programa que propõe mudanças nas aulas de Educação Física Agência Brasil

Preparar a reação Por Cesar caldas A derrota (0x2) do Coritiba para o Atlético-MG no Couto Pereira no último 30 de julho marcou o ingresso na desconfortável “ZR” do Campeonato Brasileiro. Restam dois jogos para o término da primeira metade da competição e a torcida espera que a equipe possa iniciar o returno ao menos em 16º lugar. Entre a chegada do novo treinador e o jogo diante do Atlético-GO, no próximo 12 de agosto, terão se passado 20 dias – prazo razoável para defi nir titularidades e esquema tático. Do sucesso na empreitada de obter vaga em competição internacional dependerá o sucesso de eventual chapa da situação no pleito em dezembro próximo. Há três anos, a promessa era não brigar contra o rebaixamento. Os pífios resultados de 2015 e 2016 (15º lugar em ambos) têm descredenciado a atual diretoria para buscar a continuidade administrativa para mais um triênio.

Firmes na luta Por Marcio Mittelbach

Redação | Curitiba (PR) Considerado o maior jogador da história do futebol, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, estará em Curitiba no dia 18 para divulgar a nova fase do Programa Esportivo Lúdico Educacional (PELE). A proposta é ousada: oferecer atividades esportivas no contraturno escolar e replanejar o currículo de Educação Física nos colégios. A agenda do ex-atleta inclui uma conversa com prefeitos e secretários municipais às 15 horas, no hotel Four Points, na região central da cidade. O programa PELE está em vigor há quatro anos, e a visita a Curitiba é uma tentativa de estabelecer novas parcerias para ampliar o raio de atuação. Recurso Elaborado por pedagogos, esportistas

e educadores, sob a supervisão de Pelé, o projeto prevê 60 módulos anuais de atividades para cada série. Além dos esportes coletivos mais comuns nas escolas, como futebol, vôlei, handebol e basquetebol, serão disponibilizados materiais para a prática de atletismo, ginástica, jogos circenses, lutas, danças e atividades olímpicas menos convencionais, como esgrima. A ideia é que as aulas tenham caráter lúdico e menos competitivo. Segundo o Ibope, mais

A ideia é que as aulas tenham caráter lúdico e menos competitivo

da metade das escolas não têm espaço físico ou materiais adequados para prática esportiva. Pelé defende que todos os materiais e cursos para capacitação de professores sejam oferecidos pelo programa. O recurso para custear o projeto é todo arrecadado a partir de contribuições de pessoas físicas e jurídicas, podem abater o valor no Imposto de Renda. Memória Como jogador de futebol, Pelé veio 16 vezes ao Paraná e marcou dez gols. No primeiro jogo, aos 16 anos, ele deixou o banco de reservas e balançou as redes duas vezes na vitória por 7 a 1 do Santos sobre o Londrina, há seis décadas. Por incrível que pareça, essa não foi a maior goleada dele em solo paranaense: em maio de 1965, o Santos venceu o Maringá por 11 a 1.

A semana que o Paraná teve para treinar surtiu efeito. Se o problema era o ataque, oito gols foram feitos em dois jogos. Se a dificuldade era se fi rmar no campeonato, já estamos a quatro partidas sem perder e a um pontinho do G4. Isso é resultado de uma soma de fatores. A diretoria fez o seu papel e contratou um técnico experiente, que aplicou uma injeção de ânimo na equipe. Já os jogadores estão comendo a bola. Sem a garra que eles estão demonstrando dentro de campo, nada disso seria possível. Mas o maior feito é o da torcida. É incrível como a nação tricolor não se abala e segue esperançosa por dias melhores. Os dois últimos jogos em casa foram festas lindas, recheadas de mulheres e crianças. Gente louca pelo Paraná e sedenta pelo acesso. Nada está ganho, restam 20 jogos. Mas com essa atmosfera, com esse sangue no olho, temos grandes chances de atingir o objetivo!

Até a próxima eleição Por Roger Pereira A diretoria do Atlético anunciou, na última quarta-feira (2), o rompimento com a principal torcida organizada do Atlético, Os Fanáticos, além uma série de medidas restritivas à torcida. As medidas reagem às recentes cenas de vandalismo e violência protagonizadas por alguns integrantes da agremiação, que depredaram parte do estádio e tentaram invadir o Centro de Treinamentos. Não é o primeiro, nem o segundo, atrito entre o clube e a torcida, que já foi responsável por interdições da Arena da Baixada, perdas de mando de campo e multas ao Atlético, trazendo prejuízos econômicos e desportivos ao clube e aos demais torcedores. O problema é que os integrantes da torcida organizada são sócios do clube, que têm direito a voto e cuja participação no processo político do clube é decisiva. Assim, o “banimento” da torcida tem prazo: até a próxima eleição.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.