Brasil de Fato PR - Edição 191

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A culpa não é da vítima

Cultura | p. 7

Divulgação

Esportes | p. 8

Música na rede

Times de futebol se mobilizam contra a violência a mulheres

Festival internacional de percussão de Curitiba começa dia 9

Divulgação

PARANÁ

Ano 4

Edição 191

5 a 11 de novembro de 2020

distribuição gratuita

Militarização, não! Mães de estudantes de escolas públicas explicam por que não querem projeto de Ratinho Jr. Paraná | p. 5 Giorgia Prates

www.brasildefatopr.com.br

CANDIDATURAS E RESISTÊNCIA Contra descaso das gestões, trabalhadores têm opções na eleição Paraná | p. 4

Cidades | p. 6 Alimentos para quem precisa Ocupação planta 20 mil mudas em horta agroecológica

Editorial | p. 2 Batalha pelo futuro A educação é uma trincheira contra políticas de Bolsonaro

Brasil | p. Cidades | p.66 Agentes populares de saúde Vila Torres forma moradores para prevenir contágio


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Paraná, 5 a 11 de novembro de 2020

A educação sob ataque

Brasil de Fato Paraná nas ruas para discutir crise hídrica

EDITORIAL

OPINIÃO

Coordenação Brasil de Fato Paraná

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epois de sete meses, o Brasil de Fato Paraná voltou a produzir uma tiragem impressa, com a quantidade de 15 mil exemplares. Desde o final de março, início da pandemia do coronavírus, a edição semanal de toda quinta-feira continuou, porém on-line, para evitar aglomerações, não expor trabalhadores da distribuição e ajudar a evitar a difusão da Covid-19. Agora, a edição que trouxe o tema da falta de água no Paraná – resultado de escolhas políticas equivocadas, falta de planejamento de governos municipal e estadual, e tentativa de privatização da Sanepar -, foi entregue de casa em casa nas cidades de Curitiba, Londrina, Francisco Beltrão, São José dos Pinhais, Araucária, Colombo, entre outros municípios. A edição contou com o apoio do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), ao lado de várias entidades sindicais, Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR-SC), Federação Única dos

Brasil de Fato PR

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Petroleiros (FUP), Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge), Seção Sindical dos Docentes da Universidade Tecnológica do Paraná (Sindutfpr) e Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Paraná (Sindiedutec). Na capital, em parceria com entidades sociais, caso da União de Moradores/as e Trabalhadores/as, e curso de Agentes Populares de Saúde, o jornal circulou na Vila das Torres, Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Vila Nossa Senhora da Luz, bairro Novo Mundo, além de ter sido distribuído por partidos de esquerda. “A novidade desse material foi a parceria com entidades sociais nas periferias para que a edição chegasse de casa em casa, na caixinha dos Correios. Evitamos aglomeração no centro da capital e distribuímos a edição em sacos plásticos, para prevenir ao máximo o risco de contágio. Mas os temas são urgentes, ao lado dos ataques contra os direitos, o que vai exigir outros materiais especiais como este para diálogo com o povo”, afirma Pedro Carrano, integrante da coordenação do Brasil de Fato Paraná.

educação é uma frente de batalha entre aqueles que prezam pelo desenvolvimento crítico dos estudantes contra aqueles que a usam como forma de reprodução da ideologia dominante. No Paraná, o projeto empreendido por Ratinho Junior (PSD) e o secretário da educação Renato Feder tem caráter liberal, privatista e autoritário, seguindo a cartilha do governo Bolsonaro. Na semana passada, abriu-se nova disputa em

torno da militarização, imposta pelo governo para mais de 200 escolas públicas. A notícia chegou de surpresa até para os diretores dessas escolas, que precisaram realizar uma consulta pública feita às pressas e sem nenhum debate com a comunidade escolar. A proposta destina recursos de diferentes ordens a poucas escolas no estado e fere o princípio da gestão democrática, colocando um militar à frente das direções gerais.

Na mesma semana, é lançado edital para aplicação de prova no Processo Seletivo Simplificado (PSS), que contrata milhares de professores e funcionários todos os anos. Em lugar de realizar concurso público, o governo insiste em manter esse serviço essencial de forma precarizada e ainda cobrar para fazer a seleção dos profissionais. Mesmo em período de pandemia, precisamos manter acesa a resistência por uma escola pública de qualidade.

SEMANA

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 191 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Anna Sandri e Letícia Freitas ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com


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Paraná, 5 a 11 de novembro de 2020

Geral | 3

COLUNA DA

FRASE DA SEMANA

Após três meses de queda, Paraná volta a ter saldo positivo na geração de empregos O mês de setembro teve uma tímida geração de empregos no Paraná. É o que mostra os dados do Caged. Foram gerados 19.732 postos de trabalho. Saldo positivo de 0,75%. O resultado é o melhor após as quedas em março, abril e maio. O pior mês foi abril, quando o saldo das demissões foi maior do que as contratações, em 59 mil. No acumulado do ano (janeiro a setembro), o Paraná acumula a geração de 1.092 postos de trabalhos, que representa uma alta de 0,04% no nível de emprego. Em nível nacional, em setembro de 2020 foram criados 313.564 postos de trabalho no Brasil, decorrentes de 1.379,5 mil de contratações e 1.065,9 mil de demissões. A exemplo do ocorrido no Paraná, o mês de setembro apresentou o melhor resultado desde o início do agravamento da pandemia de Covid-19. Segundo o Dieese, 16 estados apresentaram redução e 11 geração de empregos. O Paraná foi o nono dentre os estados que apresentaram geração de postos de trabalho. Já Curitiba configura como a cidade do estado com mais perda de postos de trabalho em 2020. Foram 240 mil empregos gerados contra 253 mil demissões.

JUVENTUDE

“O veneno que corrói o Brasil como nação é a injustiça”

O preço da comida só sobe e o auxílio só desce

Disse em seu Twitter o cineasta Kleber Mendonça Filho ao comentar sobre o caso Mari Ferrer, jovem que acusou de estupro o empresário André de Camargo Aranha, em Florianópolis. André foi absolvido por, segundo o juiz e o procurador, não ter como provar a intenção de tê-la estuprado

Divulgação

NOTAS REDAÇÃO

Debate “na rua” Os candidatos de oposição ao prefeito Rafael Greca (DEM) fazem novo debate “na rua”. Será nesta quinta (5), a partir das 11h, com início na Boca Maldita de Curitiba, palco de várias lutas democráticas históricas como a pela Anistia e a pelas Diretas. De lá, seguem em caminhada até a praça Santos Andrade onde acontecerá o debate, que seguirá os moldes dos dois anteriores. Tudo poderá ser conferido por meio do canal Palco Aberto Curitiba, no Youtube.

Vem, Greca “Em tempos sombrios, a democracia deve prevalecer. Todos os partidos têm propostas que merecem e devem ser ouvidas, é disso que a democracia é feita”, diz Paulo Opuszka, candidato pelo PT. Opuszka e os demais candidatos à Prefeitura têm insistido para que o atual prefeito participe das conversas. Além disso, defendem que todos os concorrentes possam ter espaço. Além de Opuszka, já confirmaram presença Professora Samara (PSTU), Fernando Francischini (PSL), Camila Lanes (PC do B), João Arruda (MDB) e Professor Mocellin (PV).

Integração com a RMC A integração da capital com a Região Metropolitana de Curitiba está no plano de governo do candidato Goura (PDT). “Diálogo e desenvolvimento integrado vão nortear nossa governança, numa ponte permanente entre a capital e a Região Metropolitana para políticas ambientais, habitacionais, de saneamento, saúde, educação, turismo, geração de emprego e transporte coletivo”, afirma.

Conselhos populares A candidata professora Samara (PSTU) tem em seu programa a proposta de criação de comitês ou conselhos populares. Seriam “organizados pelos moradores nas periferias, nos locais de trabalho e de estudo. Eles seriam órgãos da classe trabalhadora e do povo pobre para decidir sobre o que fazer com 100% do dinheiro do orçamento público e fiscalizarem sua aplicação”, escreve.

No Brasil, a insegurança alimentar grave atingiu 10,3 milhões de pessoas entre 2017 e 2018, conforme dados do IBGE. A fome se tornou ainda mais presente na realidade dos brasileiros, agravada pelo aumento do desemprego e pelo corte no valor do auxílio emergencial. Inclusive o atual preço dos alimentos demandaria que o salário mínimo necessário para manutenção de uma família de 4 pessoas fosse de R$ 4.892,75, conforme pesquisa do Dieese de setembro. Desse modo, a dificuldade de acesso à alimentação adequada intensificou-se com o aumento no preço dos alimentos, que também é resultado do desmonte de órgãos públicos como a Companha Nacional de Abastecimento (Conab), responsável pela regulação do preço dos alimentos. Além disso, é fundamental destinar maiores investimentos para a agricultura familiar, que efetivamente garante a comida na mesa dos brasileiros, já que a produção do agronegócio é majoritariamente destinada para a exportação. Em razão desse descaso do governo é fundamental, para combater a fome, o avanço da organização popular, que torna possível a realização de atividades como distribuição de marmitas e cultivo de hortas comunitárias. Anna Sandri, advogada, militante do Levante Popular da Juventude Letícia Freitas, estudante de ciências sociais, militante do Levante Popular da Juventude


Brasil de Fato PR 4 Paraná

Candidaturas do PC do B e Rede apresentam propostas para Curitiba

Soluções para Colombo e para os trabalhadores de Curitiba

Camila Lanes e Professor Eloy Casagrande foram entrevistados no BDF 11h30 Divulgação

Redação

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Paraná, 5 a 11 de novembro de 2020

ontinuando com a série de entrevistas que vem fazendo todas as semanas com candidatos à prefeitura de Curitiba, o Brasil de Fato Paraná entrevistou na quinta (29) o professor Eloy Casagrande (Rede) e a estudante de Letras Camila Lanes (PC do B). Eloy Casagrande tem 60 anos, é professor da UTFPR, PhD em Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente, pós-doutor em Inovação Tecnológica e Sustentabilidade. Justamente por sua formação e atuação em meio ambiente, entre as propostas que apresentou destaca-se a de pensar uma cidade mais saudável e sustentável. “Tudo precisa ser pensado junto, de forma transversal. Quando invisto na qualidade do meio ambiente, na limpeza dos rios, em mais arborização, investir em hortas urbanas, eu estou investindo em saúde”, disse. Em seu plano de governo, existe o programa Curitiba, Cidade Jardim. “Não podemos mais chamar Curitiba de “cidade ecológica” com este número de rios poluídos. Por isso,

Foram entrevistados também Aline Neves, candidata à Prefeitura de Colombo, e o candidato a vereador em Curitiba Ivan Pinheiro Divulgação

Divulgação

queremos construir parques lineares num projeto para 10 anos. Criaremos nestes parques o que chamamos de “jardins de chuvas”, que são tecnologias para aumentar a drenagem da água,” explicou. Já a candidata do PC do B, Camila Lanes, tem 24 anos, cursa Letras e presidiu a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas. Ao falar sobre o desenvolvimento da cidade, destacou o problema das enchentes e a falta de uma política para moradias de pessoas de baixa renda. “Temos duas Curitibas. A Curitiba do prédio, do parque, do shopping e asfalto e a Curitiba das pessoas que não têm acesso a saneamento básico, energia e moradia. As políticas públicas da Prefeitura devem ser voltadas àqueles que precisam de políticas públicas,” disse. Uma das propostas para resolver os problemas citados, segundo a candidata é criar a Secretaria Municipal de Habitação. “Além de resolver a fila da Cohab, problema que se arrasta há várias gestões, vamos regularizar as ocupações urbanas”, defendeu Camila.

Redação

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o Brasil de Fato 11h30 da sexta (6), foram entrevistados a candidata à Prefeitura de Colombo, a professora Aline Neves (Psol), e o candidato a vereador em Curitiba e trabalhador dos Correios Ivan Carlos Pinheiro (PT). Aline falou de suas propostas para uma das maiores cidades da Região Metropolitana de Curitiba, principalmente ter uma visão na Prefeitura para quebrar o pacto que existe em Colombo de ser governada sempre pelas famílias tradicionais que se revezam no poder. ”Essas famílias estão aparelhadas por grupos de direita. Por não votar nessas alternativas, começamos a construir uma frente de esquerda socialista, para além das eleições unificar e fortalecer as forças progressistas na cidade. A candidatura é expressão da vontade de trabalhadores e lutadores sociais

não representados pelas alternativas que existem aqui”, disse. Aline falou também sobre as ameaças (até de morte) que vem sofrendo no jogo político pesado que existe na cidade. Já Ivan relatou a realidade de um trabalhador que mora na periferia da cidade e dos problemas enfrentados por lá. “Sou candidato a vereador porque vejo o prefeito da cidade dizer que fez e faz, mas nós que estamos na periferia de Curitiba, nas regiões de ocupações, não vemos isso. Temos problemas ambientais, rios que viraram esgoto por causa da poluição, uma política que acaba atacando os moradores, tirando das áreas de ocupação, que estão lá há 30, 40 anos, em que em várias legislaturas não houve capacidade de fazer um programa habitacional decente. Também diz lutar pelos servidores públicos municipais e por trabalhadores dos Correios que, como ele, vêm sendo atacados pelos governos com a retirada de direitos. Divulgação


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Paraná, 5 a 11 de novembro de 2020

Paraná | 5

Mães são contrárias à militarização das escolas estaduais no Paraná Em entrevista ao Brasil de Fato, as famílias explicaram os motivos que as fizeram não aderir ao projeto do governo Ana Carolina Caldas

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m 26 de outubro o governador Ratinho Jr. anunciou a transformação de 200 colégios públicos estaduais em escolas militarizadas. Professores, alunos, pais e mães foram surpreendidos com a proposta, já que em nenhum momento anterior o tema foi debatido junto à comunidade. A Secretaria de Educação, após aprovação do projeto na Assembleia Legislativa, convocou mães, pais ou responsáveis para irem às escolas votar pela adesão ou não à militarização. Famílias ouvidas pelo BDF-PR se posicionaram contrárias ao projeto e disseram que não houve explicação da proposta e que as escolas não atendiam critérios definidos pelo governo, como vulnerabilidade e baixo rendimento.

Matilde Aparecida Antunes mãe de 6 filhos, dois estudam em colégio estadual

Luciana Mendes mãe do Enzo, aluno do 8º ano de escola estadual

“Eu sou contra esse projeto porque temos um ótimo diretor, excelentes professores. Meu esposo estudou nesse colégio, e minhas duas outras filhas também.Eu Divulgação não tenho nada a reclamar, só a agradecer. Eu tenho um filho com epilepsia que estuda lá e sempre foi acompanhado de perto pela equipe pedagógica. Se esse projeto for aprovado, meu filho já não irá poder estudar lá porque vai ter outra proposta.“

“Sou contra porque a gestão, equipe pedagógica do colégio que meu filho estuda são excelentes, acolhedores e sempre dialogaram e posicionaram aos pais Divulgação sobre tudo o que acontece na escola. Sou fã do jeito que eles conduzem a educação e acredito que não é preciso mudar. Se tem melhorias que o governo quer fazer, que faça com a gestão que já existe.”

Juliana Santos mãe da Ana Julia, aluna do 6º ano “Como mãe. votei não à militarização da escola. Primeiro, entendendo que a escola não possui os requisitos de vulnerabilidade e baixo rendimento no Ideb. Aqui no bairro, é

uma referência, foi revitalizada graças à atuação da diretora com a comunidade, tem curso de línguas, prática de esportes, entre outros projetos. Eu acho que a militarização vem acabar

Sindicatos denunciam ao MP irregularidades na consulta Redação Paraná

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inco sindicatos protocolaram denúncia no Ministério Público do Paraná, na sexta (30), contra irregularidades na consulta à comunidade escolar realizada pelo governo do Estado sobre a mudança dos colégios para a chamada escola cívico-militar. A denúncia pede a anulação da consulta em 215 colégios em todo Estado. Os sindicatos denunciam a pressa do governo para implementação da medida. A consulta à comunidade escolar foi iniciada no dia seguinte ao anúncio por Rati-

nho sobre a coleta de assinaturas nas escolas. A denúncia se refere também à ampla propaganda do governo para aprovação da proposta nas escolas, porém, não permitindo o devido esclarecimento à comunidade escolar sobre o que de fato significa a militarização das escolas, a diferença entre escola militar, colégio militar e colégio cívico-militar. A consulta, a toque de caixa, consistiu apenas na coleta de assinaturas em lista aberta, expondo o voto dos integrantes da comunidade escolar ao constrangimento e ao assédio, limitada ao percentual de 50% mais um.

com todos esses projetos, incluindo o Eja, que eu mesma fiz o curso de Línguas. Além disso, essa votação foi em cima da hora e não foi explicada a proposta para os pais.”

PROFESSORES PROTESTAM CONTRA ATOS DO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO Na quarta-feira (4), trabalhadores(as) da educação e a APP-Sindicato realizaram um ato estadual contra os retrocessos e a violência de estado causada pelo governador Ratinho Jr. e pelo secretário da Educação, Renato Feder. A concentração aconteceu em frente à Praça Tiradentes, em Curitiba, a partir das 9h da manhã e seguiu em caminhada até o Palácio do Iguaçu, no Centro Cívico. Entre as principais pautas da educação estão a terceirização dos funcionários de escola, critérios para contratação pelo processo seletivo simplificado (PSS), a militarização das escolas públicas, o congelamento de promoções e progressões, as alterações na lei de eleição para diretores(as) de escola e a pressão pelas aulas presenciais extracurriculares no período de pandemia.

Divulgação

Giorgia Prates


Brasil de Fato PR 6 Cidades

Ocupação planta 20 mil mudas em horta agroecológica na Grande Curitiba A ação homenageou Marielle Franco e Ênio Pasqualin, ambos assassinados

Ednubia Ghisi

Redação

Caminhada na Vila Torres defende SUS e medidas de prevenção contra Covid 19 “Só vão nos respeitar se estivermos organizados”, diz padre local

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a ocupação Nova Esperança, em Campo Magro (PR), a terra em que 1.200 famílias lutam pelo direito à moradia também é solo fértil para a produção de alimentos agroecológicos. Na segunda (2), a comunidade consolidou uma horta comunitária de 15 mil metros quadrados, que vai garantir alimentação saudável e reforço na geração de renda aos moradores. A área está localizada a cerca de 10 quilômetros de Curitiba. Mais de 20 mil mudas de hortaliças, além de sementes de amendoim, feijão, milho e abóbora cobriram a terra. O trabalho foi possível a partir de um mutirão com participação de aproximadamente 150 moradores, entre adultos, jovens, idosos e crianças. A orientação técnica ficou por conta de agrônomos, camponeses, técnicos e estudantes de agroecologia integrantes do Movimento dos Tra-

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Paraná, 5 a 11 de novembro de 2020

Pedro Carrano

balhadores Rurais Sem Terra (MST). Eles são ligados à Escola Latino Americana e à Cooperativa Terra Livre, ambas localizadas no assentamento Contestado, na Lapa. Também foi de lá que vieram as mudas e o adubo utilizado no plantio. As sementes foram doadas pela Rede Sementes da Agroecologia - Resa, formada por “guardiões” de sementes crioulas. Para Valdecir Ferreira, morador da ocupação e integrante da coordenação do Movimento

Popular por Moradia (MPM), a criação da horta coletiva “é um passo gigantesco”, sinal do avanço da união entre o campo e a cidade e do fortalecimento da luta das famílias. A abertura da atividade foi marcada por homenagens à vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, e ao agricultor e militante do MSTPR Ênio Pasqualin, morto em 24 de outubro. “Isso aqui é prova de que nossa luta e a luta dos companheiros que se foram nunca será em vão”, disse Ferreira.

Uma caminhada no interior da Vila Torres, em Curitiba, distribuiu kits de álcool gel para moradores, máscaras de proteção, entre outros itens preventivos contra a Covid 19. Conduzida por entidades religiosas, pela associação de moradores local e pelos integrantes do curso Agentes Populares de Saúde (que é parte da campanha Periferia Viva), a caminhada entregou também materiais informativos sobre a Covid-19, reforçando que a pandemia está longe de ter acabado. O ato ocorreu na tarde de sábado, 31 de outubro, e foi também uma forma de manifesto contra decreto do governo Bolsonaro, sinalizado e retirado, no qual ameaçava introduzir a iniciativa pri-

vada no atendimento primário do Sistema Único de Saúde (SUS), na prática abrindo portas para a privatização do sistema. “Recuaram do decreto com a pressão popular, temos que seguir mobilizando este grupo em torno da saúde. Só vão nos respeitar se estivermos organizados”, convocou o padre Redentorista Joaquim Parron. O religioso afirma que já foram distribuídos até o momento 15 mil kits apenas na Vila das Torres, uma das áreas de periferia mais conhecidas da capital. O evento é a sétima caminhada pela Vila das Torres, o que, segundo Parron, gera uma conscientização importante entre os cerca de oito mil habitantes locais. A oitava caminhada está prevista para o mês de dezembro.

AGENTES POPULARES DE SAÚDE A comunidade tem trabalhado também com o curso dos Agentes Populares de Saúde, da campanha Periferia Viva, em parceria com juventude e entidades locais. Já foram três módulos do curso que tem como objetivo empoderar a e capacitar pessoas comuns a trabalhar prevenção e formas de conter o contágio da pandemia nas comunidades periféricas. Conta com a presença de movimentos, médicos populares, no marco da Campanha Periferia Viva.


Brasil de Fato PR 7 | Cultura

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Paraná, 5 a 11 de novembro de 2020

Começa no dia 9 o 3º Festival Internacional de Percussão de Curitiba Evento vai até 19 de novembro, com transmissões no YouTube e Facebook Ana Carolina Caldas

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FIP- Festival Internacional de Percussão de Curitiba – chega à terceira edição em 2020 e, devido à pandemia, acontecerá em formato on-line. O evento será realizado de 9 a 19 de novembro com transmissões gratuitas, sempre das 16h às 21h, no canal do YouTube e no Facebook do festival (FIP). O evento trará apresentações musicais e palestras com percussionistas reconhecidos internacionalmente. Com curadoria e idealização de Vina Lacerda, serão apresentadas 22 lives. O público poderá conferir peças inéditas dos músicos: Ari Colares, Caíto Marcondes, Marcos Suzano, Roberto Angerosa, Rubén Zuniga, Sérgio Reze e Leonardo Gorosito, além de solos das pratas da casa, os músicos curitibanos André Ribas, Gabriel Schwartz, Glauco Solter, Julião Boêmio, Vina Lacerda e Vinicius Chamorro. Para saber mais acesse: https:// www.fipcuritiba.com.br/

Divulgação

Programação dos primeiros dias: 9 de novembro 16h, Alberto Ikeda – Dessacralizando tambores no Brasil: uma perspectiva etnomusicológica. 21h, Vina Lacerda e convidados 10 de novembro 16h, Aglaê Frigeri – Formação Rítmica do Percussionista 21h, Leonardo Gorosito – Chocalhos 11 de novembro 16h, Edwin Pitre-Vásquez – La Clave: O time-line caribenho 21h, Marcos Suzano – Novas Possibilidades 12 de novembro 16h, Denis Mariano – Contando com sons 21h, Roberto Angerosa – Ciclos Expandidos

Por Pedro Carrano

Gibran Mendes

DICAS MASTIGADAS

Eu não faço o sacrifício Há noites inteiras gania, chorava. Rosana tinha dó de ver o filhote naquela situação. Presente raro do tio que partira no início desse 2020. Os outros sete amigos dele, mais velhos, um pouco menos barulhentos, pareciam com pena do companheiro. Bicho não gosta de ver dor nem de estendê-la. O veterinário da região, preço alto com ajuda de amigos, logo definiu: Cinomose. O tique da pata traseira sem controle. Não coloque por favor ele no chão por causa dos outros animais. Teria tratamento? Sim. - Mesmo? Mas daí começou uma bateria de sentenças que deixaram Rosana inconsolável: - Outros sete cães? Esse vírus espa-

lha rápido e ataca o sistema nervoso do cão. Tem que ficar de olho. - Mas todas as casas têm cachorro ali na rua. - Era só ter dado vacina por 130 reais. Veio então o choro de Rosana. Porra, 130 neste ano? Antes de irmos embora, ainda tentei intervir, afinal o realismo é faca cortante mas necessário nesses dias. - Doutor, vamos tentar o medicamento, mas, pra saber aqui: qual é a chance e a hora de sacrificar? - Não sei, eu não faço o sacrifício. - Não? - Me dá pena, não gosto. - Mas... - Posso indicar outro local. Mas já aviso que é caro.

Suflê de chuchu A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Reprodução

Ingredientes 4 chuchus orgânicos com casca (cozidos e picados) ½ xícara de leite ½ colher de sopa de margarina ½ colher de sopa de farinha de trigo 2 colheres de sopa de queijo ralado 2 ovos orgânicos sal a gosto Modo de Preparo Misture o leite e a farinha muito bem e junte as gemas, o queijo e a margarina. Continue mexendo até obter um creme. Acrescente o chuchu e misture. Bata as claras em neve e acrescente à mistura, mexendo levemente, de baixo para cima, até incorporar. Unte uma forma com margarina e farinha e leve ao forno médio por 10 minutos.


Brasil de Fato PR 8 Esportes

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Paraná, 5 a 11 de novembro de 2020

Um lance no escuro Por Cesar Caldas

Precursor do gênero neo-noir, o fi lme de 1974 que dá título à coluna conta a história do detetive Harry (Gene Hackman), contratado por atriz decadente para encontrar a fi lha púbere e ninfomaníaca Delly (a estreante Melanie Griffith), que fugiu com o padrasto. Todos os personagens mergulham no desconhecido – do primeiro marido da contratante até a esposa do detetive, passando pela polícia, o padrasto... e o atônito espectador. Foi nesse corredor escuro que o Coritiba ingressou em 26/10. Seus futuros conselheiros terão de dizer “Fiat Lux” e obrigar o soturno “movimento estratégico” do clube a apresentar seu até aqui secreto (ou inexistente?) relatório à instância deliberativa alviverde. O site oficial revela que ele optou por metodologia de 50 anos atrás, sem “balanced scorecards”, e que ignora o valor da inovação. A Ala Jovem vive a Síndrome de Peter Pan.

Confrontos decisivos Por Marcio Mittelbach

O ex-técnico do Paraná Clube Allan Aal não resistiu ao retrospecto de uma única vitória nos últimos oito jogos e foi demitido pela direção do Paraná Clube. Quem chega para tentar devolver o tricolor ao caminho das vitórias é um conhecido da torcida, o técnico Rogério Micale. Aos 51 anos, Micale volta após um intervalo de pouco mais de dois anos desde sua saída, em 2018. Nas 18 primeiras rodadas da Série A, o desempenho dele foi de três vitórias, cinco empates e dez derrotas. Um aproveitamento lamentável, que abriu caminho para uma das piores campanhas da história dos pontos corridos. Micale terá metade de um campeonato para fazer seu trabalho, como teve em 2018. As coincidências param por aí. O time de 2020 é muito mais competitivo com relação aos adversários, o que joga em cima dele uma pressão por resultados imediatos que não teve na primeira passagem.

Quando o futebol diz que não aceita estupro Maioria dos grandes clubes se posicionou contra sentença de “estupro culposo” Frédi Vasconcelos

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uma unanimidade rara, na terça, 3, os maiores clubes brasileiros se posicionaram em suas redes sociais contra a sentença que absolveu um acusado de estupro em Santa Catarina. Com a mensagem “estupro culposo não existe”, por exemplo, os três maiores times da capital do Paraná se posicionaram. O mesmo aconteceu em Minas, em que Atlético, Cruzeiro e América postaram mensagens com teor parecido questionando a vítima ser culpabilizada no julgamento e o réu sair inocentado. Em São Paulo, os maiores clubes também se posicionaram. Palmeiras, São Paulo e Corinthians adotaram a mesma linha de que é necessário respeitar as mulheres. Até onde se sabe, a exceção foi o Santos, talvez por conta da repercussão negativa do caso Robinho. Inter, Grêmio, Chapecoense, Sport, Fluminense, Botafogo, Flamengo, Goiás, Bahia, entre outros, também publicaram mensagens. Segundo o jornalista Juca Kfouri, em seu blog, “Os clubes de futebol estão conclamando seus torcedores a denunciarem violência contra mulher e solidariedade à Mari Ferrer. Juiz, promotor, advogado do réu e, é claro, o acusado que acabou inocentado no monstruoso julgamento

em Santa Catarina devem estar surpresos com a reação da sociedade brasileira”, disse. Futebol e machismo A ação dos clubes foi interessante, mas como questionou a jornalista Ana Thaís Matos, do SporTV, é necessário ver se há um verdadeiro engajamento contra a violência. “Você põe na rede social, o torcedor repercute, os jornais repercutem, mas quais as ações práticas feitas dentro dos clubes para de fato melhorar o ambiente para as mulheres? Divulgação

ELAS POR ELA Segunda chance Por Douglas Gasparin Arruda

Os três confrontos do Athletico nesta semana serão decisivos para o restante da temporada. Primeiro, tenta defender a faixa de campeão da Copa do Brasil contra um Flamengo que busca se recompor da goleada sofrida em casa contra o São Paulo pelo Brasileirão. Em seguida, fecha em casa o primeiro turno contra o Fortaleza, que também vem de derrota. Por fi m, pela A2 no Feminino, o Furacão pega o Brasil de Farroupilha fora. Três vitórias nos mantêm vivos nas três competições. Cada derrota, por seu lado, representa um grande peso: contra o Flamengo, a eliminação da Copa do Brasil; contra o Fortaleza, nos obriga a ter um segundo turno milagroso no Brasileirão; contra o Brasil, torna a classificação para a próxima fase praticamente impossível, dependendo de uma série de resultados na última rodada.

Fernanda Haag

Que venham as semifinais! O Brasileirão A1 chegou no seu mata-mata e do jeito que a gente gosta. Teve clássico decisivo, disputa tranquila, empate garantindo classificação e pênaltis, claro! O Corinthians fez o seu favoritismo prevalecer e ganhou os dois jogos contra o Grêmio. Em Porto Alegre, foi de 3x0 para as alvinegras e, na volta, as gremistas foram derrotadas por 2x1. Avaí/Kindermann e Internacional tiveram dois prélios muito disputados. Na Ressacada, as catarinenses fizeram 3x2 nas Gurias Coloradas. Já no Beira-Rio, o Internacional levava a disputa para os pênaltis, mas aos 35

do segundo tempo saiu o gol da classificação do Avaí/Kindermann. O clássico San-São rendeu dois jogos bem parelhos. No Morumbi, os times saíram com um 0x0 e, em Barueri, o São Paulo venceu por 2x0 carimbando a vaga. Ferroviária e Palmeiras garantiram fortes emoções. As alviverdes, contra as atuais campeãs, arrancaram uma vitória de 2x1 no Allianz Parque. Em Araraquara, as guerreiras grená fizeram 1x0 e, mesmo com uma a mais em campo, não conseguiram marcar mais gols, levando para os pênaltis. A goleira palmeirense Vivi brilhou e o Verdão bateu a Ferroviária.


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