Brasil de Fato PR - Edição 183

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Divulgação

O Flamengo sabia

Peça de Nena Inoue faz sucesso nas redes do BDF

PARANÁ

Ano 4

Esportes | p. 8

Reprodução

“Para não morrer”

credito foto

Cultura | p. 7

Problemas elétricos foram relatados meses antes de incêndio

Edição 183

11 a 16 de setembro de 2020

Preço do arroz dispara Alimentos sobem por política governamental. MST produz e doa Brasil | p. 5

distribuição gratuita

www.brasildefatopr.com.br

Política em modo conservador Pesquisa mostra favoritos à Prefeitura de Curitiba Eleições | p.4 ão uç od r p Re

Joka Madruga

Paraná | p. 6

Greca errou Prefeitura de Curitiba volta atrás em liberação de atividades

Brasil | p. Editorial | p.6 2

Mais golpes na América Latina Elites e EUA buscam barrar governos e candidaturas populares

Cidades | p. 6

Ato na Universidade Federal Comunidade quer respeito à eleição para reitor


Brasil de Fato PR 2 Opinião

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 16 de setembro de 2020

América Latina em alerta contra mais golpes antipopulares

EXPEDIENTE

EDITORIAL

A

crise econômica impacta o continente latino-americano. No início de 2020, as previsões eram de queda da economia e desemprego. Com a pandemia de Covid-19, o cenário piorou. E os governos não souberam proteger seus povos. Brasil, Peru, Colômbia, Chile, Equador e México (este no início da pandemia) são países com graves crises sa-

nitárias e sociais, com índices elevados de contágio. Por outro lado, Cuba e Venezuela destacam-se com políticas de saúde pública e preventiva. Nesse cenário turbulento, as elites e a direita latino-americana, aliadas aos EUA, buscam barrar governos e candidaturas populares. Na Bolívia, o presidente Evo Morales foi arrancado

do poder em 2019, num golpe de Estado de caráter racista e antipopular, e agora Evo é inabilitado para disputar o Senado. Nas eleições de outubro próximo, mesmo que seu partido tenha maioria, corre o risco de não assumir. No Equador, o ex-presidente Rafael Correa não pode disputar eleições. O ativismo judicial contra líderes

de esquerda cresce em nossa América. No dia 9, houve protesto de 50 viaturas da polícia de Buenos Aires diante do palácio de governo. O presidente argentino, Alberto Fernández, criticou a ação. A elite em cada país da América Latina despreza a democracia e se mostra agressiva, principalmente neste momento de crise. Resistência popular é urgente!

SEMANA

OPINIÃO

O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 183 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais. EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Joka Madruga, Fernan Silva e Ana Keil ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/ bdfpr CONTATO pautabdfpr@ gmail.com

Apoio à greve dos funcionários dos Correios Pedro Carrano,

A

Brasil de Fato PR Desde fevereiro de 2016

Jornalista, militante da organização Consulta Popular e da União de Moradores/as e Trabalhadores/as do bolsão Formosa

greve dos trabalhadores dos Correios tenta se contrapor à tentativa de retirada de direitos fundamentais dos ecetistas. A direção dos Correios, comandada pelo general Floriano Peixoto, retirou 70 das 79 cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) que teria vigência até 2021. Embora os meios de comunicação comerciais e políti-

cos neoliberais classifiquem os funcionários ecetistas como “privilegiados”, a realidade é distante disso. O salário inicial da maior parte dos trabalhadores dos Correios é de R$ 1.700, o menor entre as empresas públicas do Brasil. Além disso, os aproximadamente 100 mil funcionários do quadro da empresa, na condição de serviço essencial, estão expostos desde o início da pandemia, atuando nas ruas, sem as devidas condições, sujeitos ao contágio e morte. Os ecetistas acusam o governo de não fornecer Equipamentos de Prote-

ção Individual (EPI) em suas atividades cotidianas nas agências de atendimento, o que já levou a 115 óbitos na categoria em diversos estados. As trabalhadoras, em particular, têm até onze itens de retirada de direitos expressos, muitos deles direitos fundamentais, caso da licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, além do auxílio para dependentes e familiares especiais, homens e mulheres, o que prejudicará o atendimento a este segmento social. Neste momento, é hora de seguir apoiando lutas como essas, contra

a privatização dos Correios, contra as demissões no ramo metalúrgico, também em defesa da autonomia universitária e contra as intervenções de Bolsonaro, além, fundamental, das lutas por melhores condições de vida nos territórios. Empresa pública com 350 anos, defender os Correios é defender o patrimônio que pretende ser vendido por Bolsonaro, reeditando a onda de privatizações que, nos anos 1990, entregou a mineradora Vale “de grátis” aos bancos, causando inclusive desastres ambientais e humanos.


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Paraná, 11 a 16 de setembro de 2020

Geral | 3

FRASE DA SEMANA

Câmara libera R$ 10 bilhões no combate ao Covid-19. TCU alerta para irregularidades A Câmara dos Deputados liberou crédito extraordinário de R$ 10 bilhões para o combate à pandemia de Covid-19. Os recursos serão destinados ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), que vai repassá-los aos fundos de saúde dos estados, Distrito Federal e municípios. De acordo com o governo, entre as ações que serão beneficiadas nos entes federados estão vigilância em saúde e funcionamento da rede de postos e hospitais. A maior parte dos recursos da medida provisória, cerca de R$ 8,148 bilhões, será oriunda de operação de crédito (emissão de títulos públicos). A liberação de mais recursos não significa que ela chegue na ponta. No final de julho, o presidente Bolsonaro havia gasto apenas 29% dos recursos destinados ao combate à pandemia, segundo o Tribunal de Contas da União. Foram empenhados R$ 418,3 bilhões e pagos R$ 286,5 bilhões. O TCU ainda alerta para a possibilidade de irregularidades na aplicação dos recursos relacionados à pandemia. “Há risco de criação e execução de despesas em desacordo com as regras do Orçamento de Guerra. É possível que o orçamento autorizado para combate à pandemia se estenda além do tempo estabelecido nos normativos”.

“Bilionários brasileiros ficaram 34 bilhões de dólares mais ricos. E saco de arroz chega a 40 reais”

COLUNA DA

JUVENTUDE

O desafio de garantir a existência da espécie

O ex-candidato à Presidência Guilherme Boulos afirmou em seu Twitter que essas duas manchetes resumem a desigualdade no Brasil no atual momento político e econômico e com os atuais governos.

Sul 21

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

Trump escondeu gravidade da pandemia No livro “Rage” (Raiva), do jornalista Bob Woodward, que será lançado na próxima semana nos Estados Unidos, é revelado que o presidente Donald Trump (foto) sabia da gravidade da pandemia de Covid-19 e minimizou deliberadamente sua importância, num país recordista de casos e em que quase 200 mil pessoas já morreram pelo vírus.

“Gripezinha” Segundo o jornal “The Washington Post”, que teve acesso às conversas gravadas, Trump falava à população que a Covid-19 não era pior que uma gripe, mas sabia que a taxa de mortalidade era várias vezes superior. “É mais mortal inclusive que uma gripe intensa. Isto é algo fatal”, disse em entrevista no começo de fevereiro ao repórter. Em público, como aqui no Brasil, o presidente minimizava a gravidade da situação.

Lava-jatismo ataca novamente Escritório de advogados, entre eles o do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin, tiveram busca e apreensão de documentos e computadores por ordem do juiz da operação Lava Jato no Rio de Janeiro. Em entrevista à “Rede Brasil Atual”, o advogado Marco Aurélio de Carvalho, da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), disse que as ações têm “cunho indiscutivelmente midiático”, com o cometimento de “um número enorme de irregularidades”.

Divulgação

Alvo preferencial Para Marco Aurélio, Zanin foi um dos “alvos preferenciais” por ser “um dos maiores críticos da Lava Jato”. Ele destacou, inclusive, que os serviços prestados à Federação do Comércio do Rio de Janeiro, que justificariam a investigação, foram objeto de auditora externa. Na ação, a Polícia Federal apreendeu documentos e provas que nada têm a ver com o processo da Fecomércio, como documentos da empreiteira Odebrecht, obtidos após três anos de batalhas judiciais, que fazem parte da defesa do ex-presidente Lula.

O artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU), de 1948, conceitua o que é um ser humano e, a partir disso, garante a ele “o direito a uma vida capaz de lhe assegurar saúde e bem-estar”, ou seja, alimentação, vestuário, habitação, transporte, assistência médica e serviços sociais. E, pasmem, garante ainda o “direito à segurança em caso de desemprego”. No entanto, no Brasil atual esta é uma realidade para poucas/os. Tudo que já foi conquistado pela luta dos movimentos trabalhistas e sociais que nos antecederam está sendo retirado por um regime de pretensa “austeridade”. Que amanhã nos espera? O Sistema Único de Saúde, SUS, via planos de saúde? A educação via Estado de vales (“voucher”)? Os direitos trabalhistas em que o próprio trabalhador precisará “garantir” se autogerenciando? Com Campanhas de Solidariedade pelo Brasil, movimentos sociais apontam outro caminho: mais que a retirada de Bolsonaro, queremos ainda um Brasil popular, em que o artigo 25 seja um reflexo da realidade, não uma utopia. Ana Keil e Fernan Silva militantes do Levante Popular da Juventude e pesquisadores na área de arte e linguagem


Brasil de Fato PR 4 Eleições

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 16 de setembro de 2020

Pesquisa mostra cenário conservador para eleição em Curitiba

Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas aponta atual prefeito como favorito Lia Bianchini

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a sexta (4), o Instituto Paraná Pesquisas divulgou a primeira pesquisa de intenção de votos à Prefeitura de Curitiba para as eleições de 2020. Em decorrência da pandemia, o primeiro turno das eleições municipais acontece em 15 de novembro e, até o dia 16 deste mês, partidos realizam convenções para oficializar os nomes lançados. De acordo com o levantamento do Instituto, 67,1% dos eleitores curitiba-

nos ainda não sabem em quem votarão. Na pesquisa espontânea, o nome que mais apareceu foi o de Rafael Greca (DEM). O atual prefeito teve 16,8% de intenção de voto. Os outros nomes foram Ney Leprevost (PSD), Gustavo Fruet (PDT), Delegado Francischini (PSL), Christiane Yared (PL) e Luizão (Republicanos), todos com porcentagem entre 0,4% e 2,1%. Nas pesquisas estimuladas, Greca aparece com mais de 40% das intenções. Feito com 800 eleitores, através de

entrevistas telefônicas, o levantamento mostra aprovação dos atuais representantes, em nível municipal, estadual e federal. Entre os entrevistados, 71,3% aprovam a gestão Greca; 76,1%, Ratinho Júnior (PSD); e 59,8%, a gestão Bolsonaro (sem partido). É nesse cenário conservador que Curitiba terá, possivelmente, uma eleição municipal com número recorde de candidatos à Prefeitura. Até o momento, já se colocaram à disposição de seus partidos 19 nomes.

PRÉ-CANDIDATOS

Brasil de Fato Paraná faz série de entrevistas Todas as sextas-feiras, às 11h30, o Brasil de Fato Paraná vem fazendo uma série de entrevistas com pré-candidatas (os) a vereador de Curitiba e outras principais cidades do Estado. As transmissões acontecem pelas páginas do Facebook e YouTube do BDF-PR. A ideia é entrevistar pessoas do campo progressista. Já houve debate entre candidatas (os) a prefeita (o) e novas entrevistas devem ser feitas em breve.

CANDIDATURAS PROGRESSISTAS

Camila Lanes - PCdoB

Paulo Opuska - PT

Com 24 anos, Lanes construiu sua história política a partir da militância estudantil. Foi presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) e, atualmente, é presidenta da União da Juventude Socialista do Paraná (UJS-PR) e membro da frente de Juventude do PCdoB. “Curitiba tem muito a melhorar e um desses pontos é ouvir mais os cidadãos, sair do Centro da cidade e ir até os bairros, as regiões mais afastadas”, afirma Lanes. Ela não aparece no levantamento do Paraná Pesquisas.

Advogado e professor de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Opuska foi chefe de gabinete da reitoria, secretário-geral da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR) e superintendente do Instituto Municipal de Administração Pública de Curitiba (IMAP). “A cidade precisa ser governada para todos, precisa de política pública para atender aos que mais necessitam”, diz Opuska. Na pesquisa estimulada do Paraná Pesquisas, o candidato do PT aparece com 0,3% das intenções de votos.

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Letícia Lanz - PSOL

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Psicanalista, economista e mestre em administração, Lanz será a primeira mulher trans a ser candidata à prefeitura de Curitiba. A chapa psolista será totalmente feminina, tendo como pré-candidata à vice a advogada Giana de Marco. “O objetivo do PSOL é trazer de volta a utopia e o sonho na política. Defendemos qualidade de vida para toda a população, com solidariedade, sustentabilidade e justiça social”, diz Lanz. Na pesquisa estimulada do Paraná Pesquisas, ela aparece com 0,1% no primeiro cenário e 0,3% no segundo cenário de intenção de voto.

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PT


Brasil de Fato PR

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Paraná, 11 a 16 de setembro de 2020

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Política do governo explica a alta do arroz e outros alimentos Prioridade ao agronegócio e descaso com segurança alimentar estão entre os motivos Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual

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aumento do preço do arroz e de outros alimentos básicos voltou às manchetes. Mais que os vaivéns da inflação, a política – ou a falta de política – ajuda a explicar algumas situações. Algumas altas podem ser atribuídas, também, a fatores como a prioridade ao agronegócio e o descaso com a segurança alimentar. O que se viu desde o início do atual governo: um dos primeiros atos foi extinguir o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). No caso do arroz, o aumento acumulado neste ano, até agosto, é de 19,17%, segundo o INPC-IBGE. Segundo o Dieese, que faz acompanhamento em 17 capitais, o preço

médio do arroz agulhinha teve alta em 15 capitais no mês passado. De acordo com o instituto, essa elevação “se deve à retração dos produtores, que aguardam melhores preços para comercializar o cereal e efetivam apenas vendas pontuais”.

Pauta de exportação Um dos produtos mais básicos na mesa do brasileiro, o arroz parece estar mais presente na pauta dos exportadores do que na produção local. Apenas em agosto, as vendas ao exterior cresceram 93% sobre igual peReprodução

ríodo do ano passado. A economista Patrícia Costa, do Dieese, observa que alguns produtos têm oscilações intensas, especialmente os in natura, que precisam ser consumidos logo. Ela também aponta fatores como exportação e clima. “Essa estiagem às vezes não é boa para os produtos.” E vê com preocupação algumas notícias de que alguns mercados estão limitando vendas. “Vamos ter problemas se as pessoas começarem a estocar.” Para ela, “Quem está pagando a conta mesmo é a família de baixa renda”, acrescenta Patrícia. Aliás, vem pagando várias contas, lembra a economista: antes da pandemia, sofreu com a alta do gás. Agora, com falta de uma política de alimentação.

MST e entidades fazem ações de solidariedade no 7 de setembro

Joka Madruga

Frédi Vasconcelos

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esponsáveis pela maioria dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros, os agricultores familiares e participantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, MST, têm adotado postura bem diferente dos grandes produtores do agronegócio durante a pandemia. Além de venderem produtos por preços justos, também estão fazendo diversas ações de solidariedade. Só no Paraná, já são mais de 430 toneladas de alimentos doadas. Ações de solidariedade que também passam pela distribuição de marmitas para populações carentes e em situação de rua, como aconteceu neste 7 de Setembro, em Curitiba. No Grito dos Excluídos, as ma-

nifestações tradicionais foram substituídas por ações de solidariedade. Com o lema “Basta de miséria, preconceito e repressão! Queremos trabalho, terra, teto e participação!”, foram feitas doações de marmitas a quem necessitava. No centro da cidade, houve missa transmitida da Catedral e a benção das marmitas pelo arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo. Para ele, as doações representam: “A linguagem da partilha, diante de quem precisa não existe outro argumento que não a partilha. E os que têm maior sensibilidade por essa urgência têm maior sensibilidade à causa do senhor Deus. Comunhão de mesa é comunhão de vida.” As cerca de 550 marmitas abençoadas foram entregues

a pessoas em situação de rua e trabalhadores informais. As ações de solidariedade também ocorreram em bairros da capital como Portelinha, Jardim Santos Andrade e Vila Formosa, onde existe um núcleo de associações, com cozinha comunitária que preparou marmitas distribuídas na Vila Leão, Uberlândia, Formosa, Ferrovila e Canaã.

MAIS SOLIDARIEDADE Cerca de 5 mil marmitas foram distribuídas entre os dias 7 e 9 de setembro em Curitiba e Região Metropolitana, com doações do MST e do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR e SC). Além da capital, foram entregues marmitas em Araucária e Campo Magro. Botijões de gás e alimento in natura também foram doados a associações de moradores.


Brasil de Fato PR 6 Cidades

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 16 de setembro de 2020

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“Vai e vem” de Greca fragiliza prevenção ao coronavírus em Curitiba Para Sindicato da saúde Prefeitura foi negligente com população e trabalhadores da área Ana Carolina Caldas

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Prefeitura de Curitiba teve de voltar atrás com a liberação de atividades que estava fazendo na cidade. Na última segunda, 7, retornou à bandeira laranja, com restrições em atividades comerciais como shoppings, supermercados, panificadoras, lanchonetes, restaurantes e salões de beleza. Para o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Paraná (Sindsaúde), o retorno à bandeira laranja é resultado da negligência da administração municipal contra a população e contra profissionais de saúde que trabalham nas unidades do município. Em 17 de agosto, a Prefeitura mudou para a bandeira amarela e permitiu a abertura ampla do comércio na capital. Os reflexos vieram duas semanas depois, com novo salto na taxa de contaminação. Os dias que antecePUBLICIDADE

deram o feriado do dia 7 de setembro foram de aglomerações em parques e outros locais públicos, o que poderá acarretar aumento ainda maior de casos e mortes. Para a presidente do Sindsaúde, Olga Estefânia, decisões como a que a Prefeitura vem tomando acontecem em todo o Brasil, fragilizando a prevenção contra o coronavírus. “Parques, praças e até praias (nas cidades

litorâneas) ficaram abarrotados de pessoas e com um clima de festa inadequado à situação do País numa pandemia que já matou mais de 129 mil pessoas”, disse. Para ela, “enquanto os profissionais da saúde e a população ficam expostos à contaminação, a Prefeitura mostra mais uma vez que a prioridade é atender os interesses de grandes empresários, em detrimento da vida dos curitibanos.” Giorgia Prates

Comissão Eleitoral da Universidade Federal aguardará parecer do MEC para compor lista tríplice Ana Carolina Caldas Na quinta, 10, os membros do Colégio Eleitoral da Universidade Federal do Paraná, UFPR, se reuniram para compor a lista tríplice com os nomes mais votados para reitor. A reunião acontecia no Teatro da Reitoria, enquanto do lado de fora estudantes, professores e técnicos administrativos protestavam, pedindo que o candidato Horácio Tertuliano, derrotado nas eleições, retirasse o nome em respeito ao processo democrático, que reelegeu o atual reitor e a vice reitora. A reunião acabou suspensa e será remarcada, pois houve dúvidas quanto à necessidade de enviar três nomes. Por isso foi decidido aguardar parecer do Ministério da Educação (MEC). Por lei, a lista tríplice indicaria para no-

meação do presidente da República os nomes dos candidatos mais votados. Na eleição da UFPR, apenas duas chapas concorreram, tendo a UFPR de Todos Nós, com os professores Ricardo Marcelo Fonseca e Graciela Inês Bolzón de Muniz, obtido 91,11% dos votos. “Retira Horácio” O protesto que aconteceu em frente ao teatro teve buzinas, faixas e pedidos com o mote, “Retira Horácio”, para que o candidato derrotado a reitor pela Chapa 1 retirasse seu nome à indicação de Bolsonaro. O movimento é para que seja respeitada a vontade da comunidade acadêmica, demonstrada amplamente com o resultado da eleição. O candidato é ligado à “direita” da universidade e joga nisso suas fichas para ser nomeado por Bolsonaro, mesmo derrotado.


Brasil de Fato PR 7 | Cultura

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Paraná, 11 a 16 de setembro de 2020 Lídia Ueta

Peça da atriz Nena Inoue reúne centenas de pessoas em apresentação “on-line” Transmissão foi feita “ao vivo” pelas redes sociais do Brasil de Fato Redação

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a última sexta-feira, 4, o Brasil de Fato Paraná fez sua primeira transmissão de teatro “ao vivo”, com a apresentação em suas redes sociais do espetáculo “Para Não Morrer”, monólogo encenado pela atriz Nena Inoue. A peça deu a Nena o Prêmio Shell de Teatro 2019 e, presencialmente, foi assistida por mais de 27 mil pessoas. Na transmissão do BDF, foram mais de 500 pessoas vendo simultaneamente e interagindo de vários lugares dentro e fora do Brasil.

Para Nena, a apresentação pela internet foi importante para perceber que a emoção da peça chega de qualquer forma. “Pela reação do público, foi teatro vivo. Percebi que a peça chega às pessoas, como chegava presencialmente. Estou fazendo a minha parte, levando meu trabalho para outras ‘gentes’, para que nos contaminemos de histórias de coragem.” Após o espetáculo, a atriz conversou com a jornalista Ana Carolina Caldas, do BDF-PR, que trouxe perguntas do público sobre a construção da personagem. Nessa temporada “vir-

tual”, o espetáculo vem sendo transmitido em parceria com diversas entidades. A peça Nena se transforma numa mulher ancestral e onipresente, que se apropria da palavra e traz à memória várias personagens históricas: mulheres negras, indígenas, guerrilheiras, mães, avós, filhas, de diferentes épocas e lugares que foram violentadas, torturadas, assassinadas e esquecidas. O solo conta com dramaturgia de Francisco Mallmann a partir da obra “Mulheres”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano.

Couve-flor ao creme A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br

Por Andréia Gavita

A Moça Traça

Reprodução

Ingredientes 5 xícaras de couve-flor orgânica com as folhas. 1 xícara de leite. ½ xícara de cebola orgânica. 2 dentes de alho orgânico. ½ xícara de água. 1 colher de sopa de farinha de trigo. 2 colheres de sopa de óleo. Sal a gosto. Modo de preparo Lave a couve-flor e corte em pedaços grandes. Em uma panela, refogue a cebola e o alho no óleo, até dourar. Junte a couve-flor e o sal e refogue até ficar macia. Misture bem. À parte, misture a farinha, o leite e a água. Adicione a mistura ao refogado, mexendo bem até o creme encorpar. Deixe cozinhar e sirva quente.

Gibran Mendes

DICAS MASTIGADAS

Ela precisa pratear as palavras mais condenadas esta noite. Ela precisa costurar os trapos mais puídos esta noite. Ela precisa do não precisar esta noite. Arrasta a corrente da voz pelo sótão da respiração. Venta. Moça alvejada na chuva de alfi netes cadentes. Tremeluzindo no corpo de tapeçaria hindu, que é sua noite costurada. Moça vodu, olhos de gude e garoa. Colhendo louros & fungos na tempestade de espantalhos. Rabiscando com pés de urutau e unhas de flamingo uma carta cemitério na pele lápide da noite sempre sua noite de bruxedos. Magnética porcelana, a

face. Onde todos os santos balbuciam como feixe de vela, lanternas de páprica luz. O coração é um tear iluminado, candelabro polar. Moça marionete, sombreia o sono dos cães de caça. A noite ogiva imanta seus cabelos na cabeleira da infante constelação. Ursa maior, ursa minguante, girando roda da fortuna. Zumbindo no céu de cera o chapéu da moça, fantoche dos espectros. Pela noite os corpos são fantasmas. Seus sonhos comungam todos os brancos, voam do calcanhar dos leitos. Ela não precisa. Anoitece no livro da manhã. Astronauta, tecelã.


Brasil de Fato PR 8 Esportes

Brasil de Fato PR

Paraná, 11 a 16 de setembro de 2020

E-mails mostram que Flamengo foi avisado de problemas elétricos em alojamento que incendiou Frédi Vasconcelos

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UOL Esporte publicou, nesta semana, e-mails trocados entre funcionários do Flamengo que mostram que, desde maio de 2018, nove meses antes do incêndio que matou 10 jogadores das divisões de base do clube, havia o conhecimento de problemas na rede elétrica do

alojamento do Ninho do Urubu. Segundo o site, “correspondências internas trocadas entre os então responsáveis pelo dia a dia do CT apontaram aos dirigentes do Flamengo as ‘não conformidades’ das instalações e “suas gravidades”, mostrando que os seguidos autos de infração da Prefeitura não eram os únicos probleCrédito

mas para o funcionamento do lugar como dormitório.” Segundo a descrição feita, foram verificados problemas na parte elétrica, foi chamado um técnico de segurança do trabalho do clube para a realização de uma inspeção no local, que constatou os problemas, mas as medidas de segurança necessárias não foram tomadas. Posição do Flamengo O clube soltou nota oficial na quarta, 9, colocando-se à disposição das autoridades para fornecer acesso a todos os documentos necessários e dizendo que os problemas ocorreram em gestão anterior. E também que a: “Atual gestão do Clube providenciou com celeridade e perícia todos os reparos e melhorias devidos no CT, que hoje dispõe de alvará, aprovação dos Bombeiros e todas as liberações necessárias para pleno funcionamento, prezando a segurança de todos os atletas e colaboradores que frequentam o local.”

Clássico e calendário eleitoral Por Cesar Caldas

Cerca de 48 horas separam dois eventos de grande importância para a nação alviverde nos próximos dias. Na tarde do sábado (12/9), o time joga, na Baixada, um dos mais tradicionais clássicos do futebol brasileiro diante do Athletico. Na noite de segunda-feira, o Conselho Deliberativo do Coritiba discute propostas de adiamento do processo eleitoral e consequente extensão, por alguns meses, do mandato da atual diretoria (dezembro de 2020). Verdão e Furacão terminam a primeira quarta parte do Brasileirão com baixíssimo aproveitamento (29,6%) e pontuação de time rebaixado. A nenhum o empate favorece, depois dos maus resultados de quarta-feira. O debate em torno do calendário eleitoral coxa-branca se deve ao temor, externado por alguns conselheiros, de que a tensão eleitoral venha a repercutir no rendimento da equipe antes do final do campeonato.

Prova de resistência Por Marcio Mittelbach

O tricolor perdeu em casa para o América-MG e deu adeus à pouca vantagem que havia conquistado em relação a seus concorrentes. A tabela está bagunçada, muita gente ainda vai jogar pela nona e até pela oitava rodada. Se tudo der errado, isto é, se todos nossos adversários diretos vencerem os jogos que têm a menos, o Paraná pode encerrar a rodada em terceiro ou até em quinto lugar. Significa dizer que é hora de firmar os pés no chão. Nem estávamos jogando para liderar o campeonato e nem seria justo ficar fora do G4. Foi uma boa largada, mas ainda faltam 29 voltas. Vencer o duelo contra o CRB, na Vila, dia 14, será fundamental para manter o fôlego e provar que o tricolor tem condições de brigar na ponta de cima até a última rodada, prevista para acontecer no dia 30 de janeiro de 2021.

ELAS POR ELA Fernanda Haag

Bons ventos soprando Na semana passada, contamos aqui sobre a paridade de gênero em diárias e premiações na seleção brasileira e sobre a nova coordenação do futebol feminino na CBF, Aline Pellegrino e Duda Luizelli aceitaram o desafio. A despedida de Pelle, como é carinhosamente chamada, da Federação Paulista de Futebol, foi transmitida pelas redes sociais na terça-feira, 8, e marcada pela emoção, balanço do trabalho e a passagem do bastão para Ana Lorena Marche. Mas, felizmente, os bastidores continuaram agitados nos últimos dias. A fornecedora de material esportivo Puma anunciou o patrocínio individual com todo o elenco do time feminino do Palmeiras – 23 das 27 jogadoras assinaram, 4 já possuíam contratos prévios. Além do fornecimento de material, a Puma confirmou que as atletas participarão de campanhas, posicionamentos e terão voz na estratégia da marca. Esses avanços são fundamentais, pois se por um lado representatividade importa (e muito!), por outro, investimentos materiais garantem o desenvolvimento do futebol de mulheres.

Crise no Athletico ou imediatismo? Por Douglas Gasparin Arruda

O imediatismo é a palavra definidora do futebol brasileiro. Ela é abrangente, já que não se refere apenas ao torcedor de ocasião, mas também aos dirigentes e membros da imprensa esportiva – salvo exceções. O Athletico conquistou dois títulos importantes em sequência, ambos sob um mesmo projeto. Somos um dos poucos times que pensa o futebol desde a base até o profissional. Mas não somos o time que tem recursos para manter um elenco campeão por muito tempo. Jogadores são caros e têm seus próprios projetos individuais. Perdemos 16 atletas. Estamos em reconstrução. Mas o imediatismo tem dessas: ano passado os torcedores estavam fascinados com a vitória na Copa do Brasil, e hoje pedem a cabeça de dirigentes que ontem idolatravam. Que venha uma vitória no Atletiba para apaziguar os ânimos.


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