A dança dos técnicos Em 10 rodadas do Brasileirão, 11 perderam o emprego
Cultura | p. 7
Bonecões de Curitiba
Ariane Figueira
Esportes | p. 8
Livro retrata criação coletiva em bairros da cidade
Divulgação
PARANÁ
Ano 4
Edição 184
17 a 23 de setembro de 2020
distribuição gratuita Giorgia Prates
POVO SEM CASA
www.brasildefatopr.com.br
Risco desnecessário Comandante expõe PM à aglomeração e sem equipamento Paraná | p. 6 Reprodução
Mesmo com pandemia, despejos continuam acontecendo Brasil | p. 4
Paraná | p. 5
Brasil | p. Editorial | p.6 2
Eleições | p. 6
Educação sofre
Renda mínima é urgente
Sem unidade em Curitiba
A dura rotina na pandemia. MP age para manter escolas fechadas
Mas governo abandona novo programa de renda
Partidos de esquerda mantêm quatro candidaturas a prefeito
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Paraná, 17 a 23 de setembro de 2020
Sociedade deve lutar por renda mínima EDITORIAL
N
o Brasil, as dores de um capitalismo dependente, que carrega o peso de uma elite racista e patrimonialista, dificultam o debate sobre programas de renda para a população trabalhadora. Sabe-se que a correção de desigualdades de renda é saudável para a economia, uma vez que tem no consumo dos trabalhadores seu principal motor. Neste momento de crise gravíssima, porém, Bolsonaro anunciou, no dia 15, a enterrada de um programa de renda mais abrangente (sinalizado como “Renda Brasil”) mantendo o programa Bolsa Família. Por parte da população desempregada ou informal, após o recebimento da última
parcela do auxílio emergencial de R$ 600, com queda para R$ 300 até o fim do ano, é fato que não se pode simplesmente cortar esse patamar de sobrevivência. Isso porque a previsão de desemprego é maior ao final de 2020 e a economia não se recupera tão cedo. Diante deste cenário, alguns parlamentares apontam a criação de programa de renda mínima, mais abrangente que os programas atuais. As forças populares e de esquerda devem pressionar com garra por uma pauta urgente neste grave momento de crise. Bolsonaro precisa ser derrotado para que as prioridades do Brasil, enfim, prevaleçam.
SEMANA
Brasil de Fato PR
Aprovada greve da Educação em defesa da vida OPINIÃO
Hermes Silva Leão,
Educador e presidente da APP-Sindicato
N
o sábado (12), ocorreu a primeira assembleia virtual da APP-Sindicato. Centenas de educadores/ as participaram deste momento histórico e aprovaram uma greve em defesa da vida, caso o governo do Paraná insista em retomar as aulas presenciais neste ano letivo 2020. Temos avaliado que o Brasil, bem como o Paraná, perdeu a batalha para a pandemia da Covid-19. O número de contaminações e de óbitos insiste, há semanas, em manter-se num patamar que indica a impossibilidade de retomada das aulas com garantias suficientes para evitar o agravamento do quadro. Outro dado grave é o número cada vez mais reduzido de isolamento. A chegada antecipada do calor e o vai e vem de decretos municipais, e o péssimo exemplo do presidente, confundem a sociedade e deixam longe a superação da crise no Brasil. Diante desse ambiente, a retomada de aulas nas escolas, ainda que com número reduzido de estudantes, professores/as e funcionários/as, não garantirá nem a vida e a saúde. E a aprendizagem estará prejudicada diante da insegurança de um convívio marcado por protocolos que, dificilmente, serão cumpridos na maioria das escolas. Temos afirmado que o ano de 2020 só estará perdido para as vidas levadas pela doença. Todo os conteúdos escolares poderão ser retomados no momento oportuno quando a segurança esteja garantida. Por isso, cresce no Brasil a reflexão sobre estabelecer um calendário unificado entre 2020 e 2021, com planejamento participativo em que, na sua retomada, cada comunidade escolar garanta que nenhum estudante avance com lacunas de aprendizagens. Num cenário em que prefeitos/as, governadores (com exceções), e o governo federal se subordinam às pressões de agentes econômicos, desdenham a ciência e banalizam a vida, cabe aos trabalhadores e, sobretudo, aos que trabalham com o conhecimento o protagonismo da defesa da vida.
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição xx do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas e Lia Bianchini COLABOROU NESTA EDIÇÃO Hermes Silva Leão ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Roger Pereira REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
Brasil de Fato PR
Brasil de Fato PR
Paraná, 17 a 23 de setembro de 2020
Geral | 3
FRASE DA SEMANA
“A democracia, que veio desde 1979 e passou pela Constituição de 1988, não existe mais.”
TRE do Paraná cria site de checagem às fake news O presidente do TRE Paraná, desembargador Tito Campos de Paula, disse que o Tribunal está se preparando para combater as fake news nas eleições municipais. Ele mostrou preocupação com o aumento da velocidade na propagação das notícias falsas. Antes, as mentiras eram feitas via panfletos apócrifos. “Isso evoluiu, infelizmente, e agora é utilizado pelas redes digitais e em uma velocidade quase instantânea”, compara. Por isso, o TRE criou o site “Gralha Confere”, responsável pela checagem de notícias e informações falsas. O Tribunal ainda fez convênios com mais de 50 entidades públicas e imprensa para colaborar na checagem. “Em tempos de internet, precisamos ser ágeis para coibir as notícias falsas. Às vezes, em uma hora, o estrago é grande”, comenta Tito Campos. Além do site gralhaconfere.tre-pr.jus. br, as denúncias ainda podem ser feitas por Whatsapp do TRE, no número 41 98700-5100. Segundo Campos, o Paraná deve ter cerca de 30 mil candidatos a prefeito ou a vereador nos 399 municípios do estado. O estado tem 186 zonas eleitorais para lidar com essa situação.
Disse o ex-deputado José Genoino no programa BDF Paraná 11h30 ao falar sobre o “ativismo judicial” como parte de acordo entre mídia corporativa, Justiça e militares para destruir as conquistas sociais no Brasil. Alex Silva | PT
NOTAS BDF
Por Frédi Vasconcelos
“Rolando Lero” da economia Para tentar explicar a alta do preço dos alimentos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve a cara de pau de dizer numa videoconferência na terça, 15, que: “O preço do arroz está subindo porque eles estão comprando mais”, referindo-se a uma suposta melhoria na qualidade de vida dos brasileiros mais pobres. “Esqueceu” da falta de política para alimentos de seu governo, diminuição da área plantada e aumento das exportações apontadas por especialistas.
Se a moda pega Pela primeira vez, em mais de 170 anos, a revista “Scientific American”, uma das mais importantes dos Estados Unidos, declarou apoio a um candidato presidencial, o democrata Joe Biden. Os motivos foram porque Donald Trump: “prejudicou gravemente os Estados Unidos e seu povo” ao “rejeitar as evidências e a ciência”. E medidas do presidente que prejudicaram o combate ao coronavírus, como desencorajar o uso de máscaras e o desrespeito às medidas de segurança.
Giorgia Prates
Não sabe nada Neste ano, a economia já vinha mal antes da pandemia, mas no segundo trimestre deste ano havia cerca de 13% de desempregados e 37% da força de trabalho em atividades informais, segundo números oficiais do governo. Mas o ministro e o presidente Bolsonaro ainda devem ser responsáveis por dois recordes, o maior déficit público e a maior queda do PIB da história brasileira. Só foram “eficientes” em uma coisa, os bilionários brasileiros ficaram 34 bilhões de dólares mais ricos na pandemia, segundo a ONG Oxfam.
Trabalhadores morrem Segundo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, 74 motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista morreram pela Covid-19 até 31 de agosto. Em junho, eram 35 óbitos.
EDITAL DE CONVOCAÇÃO O Presidente da COOPERATIVA CENTRAL DE REFORMA AGRÁRIA DO PARANÁ - CAA/PR, em cumprimento às disposições legais (Lei n° 5.764/1971 e Lei nº 14.030/2020) e estatutárias convoca suas associadas para a Assembleia Geral Ordinária Semipresencial, a realizar-se no dia 28 de setembro de 2020, às 08:00 horas em primeira convocação, às 09:00 horas em segunda convocação e às 10:00 horas em terceira e última convocação na Alameda Princesa Isabel, número 714, Bairro Mercês, Curitiba/PR, para deliberarem sobre a seguinte ORDEM DO DIA: 1° Prestação de Contas do Exercício 2019; 2° Destinação das sobras apuradas ou rateio de perdas; 3° Análise do plano de metas da CCA/ PR para o exercício de 2020; 4° Eleição da nova Diretoria e membros do Conselho Fiscal; 5° Outros assuntos de interesse das associadas. NOTAS: 1. As associadas poderão participar e votar a distância mediante o envio de Boletim de Voto a Distância. Maiores informações serão disponibilizadas por meio do seguinte endereço eletrônico: cooperativacentralpr@gmail.com. 2. Para participar da Assembleia Geral Ordinária semipresencial na modalidade a distância, a associada deve enviar cópia de documento oficial com foto de seu representante legal para o seguinte e-mail: cooperativacentralpr@gmail.com ou físico na sede da Cooperativa, ambos com pelo menos 30 minutos antecedentes ao início da Assembleia. Lapa/PR, 15 de setembro de 2020 Olcimar da Rosa Presidente
Brasil de Fato PR 4 Brasil
Paraná, 17 a 23 de setembro de 2020
Despejos em todo o país poderiam ser evitados Nesta semana houve reintegração de posse na ocupação Monte União, em Almirante Tamandaré Giorgia Prates
Pedro Carrano e Giorgia Prates
N
a manhã de 11 de setembro, moradores da ocupação Monte União, há pouco tempo instalada na cidade de Almirante Tamandaré, divisa com Curitiba, tiveram que deixar o local, a partir de notificação de reintegração de posse, com a presença de grande contingente de policiais no local. A ocupação foi organizada pelo Movimento Popular de Moradia (MPM). Em outros dois episódios durante período de pandemia, na Ilha do Mel e em Araucária, a execução do despejo resultou em violência e ferimentos. Diante desse cenário, nacionalmente foi lançada a campanha Despejo Zero, uma articulação de mais de 100 entidades que conta com uma base de dados do Observatório das Metrópoles. De acordo com a campanha, foram identificados mais de 30 casos de despejos durante a pandemia, atingindo mais de 6.373 famílias. Mais de 50% dos casos ocorreram em São Paulo, com despejos contabilizados também em outros 13 estados. Até o mo-
mento, a campanha contabiliza ainda 85 casos de ameaças de despejo, impactando mais de 18.840 famílias. Tratam-se, muitas vezes, de ações violentas, no campo e na cidade. E os dados são menores do que a realidade. Daisy Ribeiro, advogada popular, assessora jurídica da Terra de Direitos, e que integra a Campanha Despejo Zero, afirmou, no programa BDF 11h30 desta semana, que despejos forçados poderiam ser evitados, de acordo com o conceito de função social da propriedade. “É uma campanha de luta pela suspensão dos despejos e remoções forçadas. Temos muitas ameaças de despejos, no Paraná temos mapeado 6 casos em relação a 700 famílias, número menor do que a realidade. É fundamental uma rede de solidariedade.” Sobrevivemos dia após dia Juliana dos Santos Inácio, integrante do MPM e moradora da ocupação Nova Esperança, relata a situação de carestia e limitação de renda que obriga as pessoas a lutarem por moradia. De acordo com ela, as pessoas que
estão na comunidade Nova Esperança e estavam na Monte União são: “Pessoas desempregadas, que não têm lugar para morar, idosos e idosas, que têm aposentadoria negada, pessoas que vêm atrás de uma luta a favor de moradia”, afirma. Para criar os oito filhos, produz doces e pães para sobreviver. “Todo mundo aqui luta para ter o seu ganha-pão, para sustentar seus filhos, sobrevivemos dia após dia”, afirma. Julian, membro do MPM, morador da ocupação Tiradentes, na Cidade Industrial, reforça que o despejo desrespeita o direito das pessoas, que não têm muitas vezes para onde ir, e o terreno por sua vez segue sem uso social. “As pessoas voltam a morar de aluguel ou de favor, ou para o alojamento da ocupação Nova Esperança”, relatou.
Brasil de Fato PR
NÚMEROS
mais de 30 é o número de despejos
6.373
famílias foram atingidas
14
estados tiveram despejos
85
são as ameaças de despejo
18.840
são as famílias impactadas
Giorgia Prates
Brasil de Fato PR
Brasil de Fato PR
Paraná, 17 a 23 de setembro de 2020
Brasil | 5
A dura vida de professor na pandemia Trabalhar muito mais e não ter contato com os alunos são alguns dos problemas Ana Carolina Caldas
E
m tempos de pandemia, as aulas pelas telas de um dia para outro se tornaram realidade. No Paraná, o ensino a distância im-
posto pelo governo estadual tem sido bastante criticado por professores, que se dizem sobrecarregados com o trabalho o dia inteiro e pela falta de acesso à internet pelos alunos.
Para falar sobre essa realidade, o Brasil de Fato Paraná entrevistou professoras da rede estadual de ensino sobre o “novo” cotidiano e os motivos por que persistem na profissão.
Ministérios Públicos se unem para manter proibição de volta às aulas Ana Carolina Caldas
Arquivo Pessoal
“Sigo em frente quando vejo meus alunos bem-sucedidos” Desde 2003, a professora Adriana Modena trabalha no Colégio Estadual Silveira da Motta e diz que o seu cotidiano mudou drasticamente com as aulas virtuais. “Estou sendo professora em tempo integral, ajudando os alunos nos mais diversos problemas, desde conteúdos às dificuldades no uso das novas plataformas.” Para ela, a educação a distância na educação básica não deve ser aplicada, nem parcialmente, devido à falta de acesso. “Poucos alunos acessaram as plataformas, assistiram às aulas, e alguns desistiram”, conta. Adriana diz que o baixo salário e a estrutura precária já foram motivos que a levaram a pensar em desistir, mas persiste por causa dos alunos. “Sigo em frente quando vejo meus alunos formados, trabalhando e bem-sucedidos. Minha energia se renova.”
Evelise Pereira Miller trabalha em três escolas em São José dos Pinhais como professora de Biologia. Antes se desdobrava nas idas e vindas às três instituições, mas diz que a sobrecarga de trabalho maior é agora. “Sinto-me mais cansada com o ensino remoto. São aulas para gravar, tarefas que precisam ser postadas nas plataformas, tirar dúvidas o dia inteiro e as reuniões pedagógicas.” Ela acorda todos os dias às 6 da manhã e ainda tem os cuidados com a casa e o filho pequeno. Mas diz que o pior é a perda do vínculo com o aluno. “Com o relacionamento virtual, não temos o vínculo afetivo. E isso tem dificultado o progresso deles.” Mesmo com tantas dificuldades, diz que persiste na profissão porque pode fazer a diferença na vida de alguns dos alunos.
Arquivo Pessoal
“Dou aulas em três escolas. Mas me sinto mais cansada agora”
Arquivo Pessoal
“Já postei aula à 1h da manhã para liberar o computador para minha filha Com 40 horas aulas semanais no ensino presencial, a professora de História Maria José Teixeira diz que, agora, a distância, tem trabalhado muito mais. Além das dificuldades com as novas plataformas, ela divide o único computador com a filha. “Me faz prolongar meu horário de trabalho. Já postei aula à 1h da manhã para liberar o equipamento para ela no outro dia”, diz. Desde 1994 na rede estadual, lamenta a falta de condições e de entendimento do governo. “Não tenho um bom computador para uso do “meet”, por exemplo. Vários alunos não conseguem acessar as plataformas. Fico o dia inteiro no WhatsApp mandando áudios para dirimir dúvidas.” Mas complementa: “Amo o que faço e tento conscientizar meus alunos sobre a importância do conhecimento para o futuro deles.”
O
O Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (GIAC), grupo instituído pela Procuradoria-Geral da República, emitiu comunicado conjunto em que se manifesta contra o retorno às aulas presenciais no estado neste momento, possibilidade aventada pela rede particular de ensino. O Giac Paraná é composto por integrantes do Ministério Público do Paraná, do Ministério Público Federal e do Ministério Público do Trabalho. O comunicado informa que a defesa do retorno às aulas, principalmente pelas escolas particulares, é uma atitude precipitada, tendo em vista os ainda presentes elevados riscos à saúde de crianças, adolescentes, professores e demais profissionais da educação diante da progressão de pandemia de Covid-19. Destaca ainda que o retorno às aulas envolve não apenas a área da infância e juventude, mas também a educação, saúde e trabalho, o que impõe a busca de uma solução jurídica mais adequada e equilibrada. Na nota, os promotores e procuradores ainda avisaram que caso o poder público autorize o retorno às aulas sem prévio fundamento técnico e científico poderá responder administrativa, civil e criminalmente pelos eventuais danos. Divulgação
Brasil de Fato PR 6 Paraná
Brasil de Fato PR
Paraná, 17 a 23 de setembro de 2020
Policiais militares denunciam operações sem medidas de segurança
PUBLICIDADE
Relatos indicam descuido com pandemia, falta de equipamentos de proteção e testes Lia Bianchini
E
m plena pandemia, a Polícia Militar do Paraná tem feito, diariamente, operações com cerca de 200 policiais, migrando entre bairros de Curitiba, abordando pessoas e veículos. “O comando reúne o efetivo de várias partes da cidade num único local. Embarca esses homens em viaturas e vai para uma parte da cidade, revistando pessoas, revirando carros, tocando em tudo. No outro dia, tudo de novo, em outro canto da cidade”, relata um policial ouvido pela reportagem, cuja identidade será preservada. As operações têm foco nas regiões mais empobrecidas da cidade. O PM conta que, em um dia, chega a revistar mais de 30 pessoas. “As máscaras e álcool em gel foram só na primeira semana de março. De lá para cá, é cada um por si”, diz. Ele relata ainda que não são realizados testes nos policiais e não existe informação sobre o número infectados.
Quem coordena o policiamento em Curitiba é o coronel Hudson Teixeira, comandante do 1º Comando Regional de Polícia Militar (CRPM). Em março, ele foi denunciado por violar medidas de segurança contra o coronavírus. O PM ouvido pelo Brasil de Fato Paraná pertence a um efetivo subordinado ao coronel Hudson. Ele relata que, além do risco de contágio, a tropa está cumprindo jornadas mais longas de trabalho, muitas vezes de 50 horas semanais. “Nem as escalas de trabalho estão sendo divulgadas. Ficamos sabendo com poucas horas de antecedência”, diz. Reprodução
A polícia está criando suas próprias leis Apenas nesta semana, o movimento Policiais Antifascismo recebeu denúncias de outros três policiais sobre a mesma situação. “A polícia não está agindo como um órgão de estado. Eles estão criando suas próprias leis. A Secretaria de Saúde do Estado e do município estão tomando medidas para evitar o contágio. A polícia está fazendo o contrário, como se ela não tivesse que cumprir a lei”, diz Martel Del Colle, policial militar aposentado e coordenador estadual do movimento. A demanda dos Policiais Antifascismo é que a PM do Paraná investigue a atuação do coronel Hudson Teixeira. “Se a situação coloca em risco outros policiais, ele tem que ser afastado”, diz Del Colle. A reportagem procurou a PM, relatando o teor das denúncias e solicitando posicionamento oficial. Até o fechamento desta edição, não houve resposta.
Em Curitiba, esquerda não alcança unidade e partidos confirmam candidaturas
ELEIÇÕES
Houve conversas para apoio à candidatura do deputado estadual Goura, do PDT Redação Paraná No sábado (13), com a retirada do ex-prefeito Gustavo Fruet (PDT), que contava com 12% e o segundo lugar nas intenções de voto, e com a definição da candidatura do atual deputado estadual Goura, com referência na juventude e no campo progressista, abriu-se uma chance de unificação da esquerda nas eleições para a Prefeitura de Curitiba. Mesmo com tempo escasso, houve forte debate nas redes sociais e nos bastidores.
A Consulta Popular, por exemplo, que reúne militantes de movimentos populares, publicou nota pela unidade, defendendo que o nome de Goura poderia aglutinar as demais organizações. “A aliança entre esses dois símbolos da velha política tem se consolidado como a grande ameaça conservadora com possibilidades de vitória, o que fortaleceria a reeleição de Greca por mais quatro anos. Na extrema-direita, o bolsonarista delegado Francischini (PSL) é a candida-
tura ainda mais antipovo. A unidade das forças populares é um princípio fundamental, sempre submetido às condições históricas, mas, sem dúvida, neste momento essa questão se coloca acima da autoconstrução de nossas organizações”, provocou o documento. Ao final, foram mantidos nomes pré-definidos. Além de Goura pelo PDT, o PSOL segue com a candidatura de Leticia Lanz, o PC do B com Camila Lanes e o PT com Paulo Opuszka. Rede e PV também têm
candidaturas confirmadas. Em conversas com lideranças, fatores que pesaram, ao lado da falta de tempo hábil elencada por Goura em nota na segunda (14), foi também a dificuldade de reverter as definições já tomadas devido às dinâmicas e divergências internas nas organizações. Mesmo com a pulverização de nomes, as organizações de esquerda apontam a crítica ao atual projeto de Rafael Greca, que aprofundou a desigualdade social na cidade.
Brasil de Fato PR 7 | Cultura
Brasil de Fato PR
Paraná, 17 a 23 de setembro de 2020
Ariane Figueira
Livro narra a construção de bonecos gigantes em Curitiba Personagens foram construídos a partir de histórias de moradores do Bracatinga e Bairro Alto Ana Carolina Caldas
O
processo de criação de bonecos gigantes com mais de 3 metros de altura em Curitiba é contado em detalhes em livro que será lançado numa transmissão “ao vivo” no próximo sábado, 19, com convidados que participaram do processo e a mediação de Alessandra Flores, autora do livro e idealizadora do projeto Lugar de Gigantes. Os personagens foram
construídos no ano passado a partir de histórias de vida de moradores dos bairros Bracatinga e Bairro Alto: uma agricultora estudante e uma mulher indígena. Depois de criadas elas desfilaram nas regiões onde nasceram e também participaram do “Encontro de Gigantes”, no Largo da Ordem. O livro reúne fotos, relatos e registros de todas as etapas do processo criativo desenvolvido com estudantes de escolas públicas da capital pa-
ranaense. A publicação será distribuída gratuitamente para bibliotecas de escolas e de centros culturais. Processo criativo Primeiro foram ouvidas histórias do bairro, das pessoas que vivem ali, lendas e mitos da região. Depois cada criança desenhou as imagens mais marcantes desses “causos” locais. Com isso, os personagens nasceram de uma criação coletiva e, com seus traços, contam
histórias da região. “Todo o processo foi realizado coletivamente, os participantes são os criadores e construtores de suas próprias criaturas, gigantes de seu próprio lugar”. A matéria-prima utilizada é o vime, muito comum na construção de móveis. Depois de pronta, a estrutura recebe uma camada de papel de seda, cores, adereços e figurinos. Os bonecos são extremamente leves e, por isto, podem ser de fato gigantes!
Para ficar por dentro O quê: Lançamento do livro “Lugar de Gigantes” Quando: 19 de setembro, 17h Onde: Perfil do projeto no Instagram: @ lugardegigantes
DICAS MASTIGADAS
Maionese de inhame Por Pedro Carrano
Meu nome é Paulo Oi dá licença, não, desculpe, não vou precisar pedir nada não, é que eu acabei de me tocar que vai sobrar uns reais aqui, o doble ali é doze? Então vai sobrar. Que bom. É vintão por quarto, nesta noite eu estou cansado, eu sei que é duro vocês me olharem assim, o jeans sujo, eu sempre fui pequeno empresário, não, não, eu entendo, eu entendo, vocês têm consideração, obrigado, obrigado, valeu, eu sei que muitos não gostam da minha barba suja, estou de boa, obrigado amigos pela atenção, eu não vou pedir nada hoje, é duro né, vou ali comprar um doble, obrigado amigo, obrigado por dividir esse chopp,
hoje está calor né, todo mundo na rua né, todo mundo olhando a gente ainda mais distante agora, nunca fui olhado desse jeito, eu perdi tudo, mas logo vou recuperar, não tem problema, estou calmo, tem que ficar calmo, logo a gente se recupera, ou não? Recupera ou não? Pois é, eu sou empresário, eu sou grande, olha o meu tamanho, hoje eu quero dormir bem, no macio, estou com dor nas coxas de tanto raspar no chão, sabe? Vou pedindo pro pessoal, um dia eu pago o que devo, pode ter certeza, pra cada um. Mas hoje sobrou aqui. Vou pedir lá. Esperem aí, já volto. Meu nome é Paulo.
A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br
Reprodução
Ingredientes 300 gramas de inhame orgânico cru picado. 4 colheres (de sopa) de azeite. 1 colher (de sopa) de suco de limão. 1 dente de alho pequeno. Sal a gosto. Pimenta do reino a gosto. Modo de Preparo Cozinhe o inhame. Coloque no liquidificador, adicione azeite, alho, suco de limão e tempere com sal e pimenta a gosto. Bata tudo até ficar uniforme e, caso necessário, coloque um pouco mais de azeite. O ideal é deixar na geladeira por cerca de 2 horas antes de servir.
Brasil de Fato PR 8 Esportes
Brasil de Fato PR
Paraná, 17 a 23 de setembro de 2020
Em dez rodadas, onze técnicos já perderam emprego Série A do Brasileirão responde por sete trocas. Na B, são quatro Frédi Vasconcelos
C
omo é rotina no futebol brasileiro, quando ler esse texto ele já pode estar desatualizado. Se há algo que une os times da série A e B do Brasileirão, rivais como Coritiba
e Athletico, ou Sport e Náutico, são as trocas constantes de técnicos. Do início até a décima rodada das duas séries do campeonato nacional, onze técnicos já tinham perdido o emprego. Sete na A e quatro na B. Os últimos deles, Thiago Nu-
Divulgacão
Times que trocaram de técnicos
Athletico e Coxa mandaram técnicos embora nas primeiras rodadas do Brasileirão
Athletico Bahia Corinthians Coritiba Cruzeiro CSA Figueirense Goiás Náutico Red Bull Bragantino Sport
nes, no Corinthians, e Enderson Moreira, no Cruzeiro. Não à toa times que eram para estar na parte de cima das tabelas terão de suar muito para não caírem para as séries B e C. Na série A, as primeiras trocas foram na quarta rodada, no Goiás e no Coritiba. Ney Franco, que agora assumiu o Cruzeiro, foi um dos pioneiros. Como Eduardo Barroca, no Coxa. Os times até tiveram pequenas melhoras, mas, rodadas depois, ainda estão perigando voltar para a segundona. No Athletico, que sentiu tanto a saída de Thiago Nunes no ano passado, se a diretoria engolir o orgulho e os problemas do abandono, pode até trazer de volta o ex para o lugar do demitido Dorival Júnior. A exceção Até o momento, a exceção entre as duas séries do Brasileirão é o Operário de Ponta Grossa (PR). O técnico Gerson Gusmão está há quatro anos e meio no banco, com acessos contínuos no Brasileirão e a manutenção do time na Série B em 2019.
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Giro da semana O Brasileirão encerrou a sua nona rodada – são 15 antes do mata-mata – com o Santos na liderança, com 24 pontos, seguido de perto pelo Corinthians, com a mesma pontuação. Na zona de rebaixamento, Vitória e Ponte Preta ainda não pontuaram no campeonato. Audax e Minas Icesp completam o quarteto. O grande destaque foi a goleada de 7x0 da Ferroviária em cima do rubro-negro baiano, as guerreiras grenás, atuais campeãs, interromperam a sequência ruim de quatro jogos sem vencer. O campeonato terá uma breve pausa na maioria dos jogos – com exceção somente de Flamengo x Vitória – por conta da convocação da Seleção Brasileira. Pia e suas selecionadas estão na Granja Comary para um período de treinamentos visando às Olímpiadas de Tóquio 2021, ficam lá de 14 a 22 de setembro. Infelizmente, Cris Rozeira foi desconvocada por conta de lesão, mas Vanessa, meio-campista do Cruzeiro, foi chamada em seu lugar. Além disso, a seleção sub-20 também foi convocada para um período de preparação de olho no Sul-Americano da categoria, os treinos ocorrem em Pinheiral (RJ).
72 meses em três?
Na boa
Vitória histórica na altitude
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
Assembleia de sócios do Coritiba decidirá, em 3 de outubro, se mantém o calendário que prevê as eleições do clube para 12/12 ou se transfere o pleito para 06/3/2021, estendendo o mandato de Samir Namur. O pedido de adiamento foi formulado em dois ofícios dirigidos ao presidente do Conselho Deliberativo, Marcelo Foggiato Licheski. O primeiro do presidente do Consultivo, Rafael Melhim Abou Rejaile, da chapa situacionista “Coritiba do Futuro”. O outro é firmado, sobretudo, por conselheiros que demandam em causa própria – 86% de seus signatários eleitos também integram o grupo há seis anos no poder. É a continuidade da malsucedida “Coxa Maior”, que apequena o clube desde a gestão de Rogério Bacellar. Uma pergunta paira no ar: o que se pretende fazer de diferente, em três meses, do que teimosamente se fez de errado ao longo de seis anos?
Mesmo sob o risco de ficar de fora do G4 depois de muito tempo em caso de derrota, o Paraná Clube entrou em campo para duelo contra o CRB, dia 14, com toda a tranquilidade do mundo. Ao natural, o tricolor reencontrou o bom futebol e construiu o placar de 2 a 0 sobre o time de Alagoas. Claro que a presença do Bressan ajudou, ele assumiu um papel de liderança técnica que poucos times têm no elenco. No entanto, a boa apresentação foi além das jogadas do camisa 10. Com a exceção de Marcelo, que teve a difícil missão de substituir Andrey, todo o time recebeu da crítica nota acima de sete. Do fim da partida com o CRB até o próximo confronto, contra o Brasil, dia 26, em Pelotas, o tricolor terá 12 dias sem compromisso. Período fundamental para corrigir os erros enquanto assistimos de camarote aos nossos adversários se digladiarem.
A vitória do Athletico contra o Jorge Wilstermann foi, antes de tudo, histórica: o time nunca havia vencido na altitude, tendo dois empates e cinco derrotas. Em poucos minutos de jogo foi perceptível a dificuldade de se jogar na Bolívia. Completamente acuados, em menos de 10 minutos o rubro-negro sofreu o primeiro gol. Duas jogadas faltosas e desnecessárias do time boliviano foram decisivas: o pênalti na primeira etapa, que levou ao empate, com a cobrança de Lucho, e a expulsão de Serginho, já no fi nal do segundo tempo. Na falta de oxigênio, sobrou sorte para o Furacão. Com um jogador a mais, o fi nal da partida foi emocionante, com direito a gol de Walter, choro em campo e o time inteiro abraçando o atleta e sua superação. Alento importante para quem até semana passada estava em crise.